(Letícia)Eu estava varrendo a calçada de casa quando vi o Bispo indo em direção a venda, ele passou alguns minutos lá dentro e saiu sem nada nas mãos, o que era estranho, pois era sinal que ele não havia ido lá pra comprar.Mãe: O que você tá fazendo parada igual um poste aí Letícia?Eu fechei os olhos tentando controlar a minha irritação, afinal ela sempre buscava uma forma de chamar a minha atenção de algo.— Nada, estou só pegando um vento? Não posso?Mãe: Que bicho te mordeu menina? preciso que você vá na venda comprar alguns legumes pra eu fazer o almoço.Eu fiquei animada, pois era tudo o que eu queria, assim iria descobrir o que o Bispo foi fazer na venda. Eu olhei pra igreja e ela permanecia fechada, e isso só fez aumentar as minhas desconfianças de que o Bispo havia ido até lá pra conversar com o Leandro sobre o que houve, e isso significava também que foi o próprio Leandro que o chamou lá, afinal como o Bispo iria descobrir se não pela própria boca do Leandro?Assim que ch
Durante a tarde eu estava no quarto e ela bateu na porta pedindo pra entrar.Ela entrou, sentou na beirada da cama e me encarou. Mãe: Ele vai amanhã!— Que horas?Mãe: Isso eu não sei, a Meire não sabe, o Bispo só foi lá deixar a chave reserva da igreja porquê ela é uma das pessoas que cuida da organização da Santa Missa, e é ela que tem o número da faxineira, ela é uma pessoa de confiança do bispo, mas ela não sabe de assuntos pessoais do padre e nem de ninguém da liderança.— Não tem como a senhora conseguir essa chave pra mim não?Mãe: Tá louca menina? Você tá me achando com cara de quê? Não me peça esse tipo de coisa Letícia. — Desculpa mãe, eu só não sei como eu vou fazer pra falar com ele.Mãe: A Meire disse que ele não apareceu na venda hoje, e ele sempre aparece pra comprar algo, isso significa que ele está evitando encontrar as pessoas, então se você quer um palpite, ele vai sair ou de madrugada ou de manhã bem cedo, pra que ninguém o veja.— Mas é claro! Você tem toda razã
(Leandro) —TRÊS MESES DEPOIS—Eu não vou dizer que foi fácil, pois não foi, eu chorei, bati boca com Deus, me desperei, e vivi um confronto interno que eu pensei ser quase impossível de suportar.Todos os dias o Bispo me ligava e me perguntava se eu estava com as minhas orações em dias, eu estava, mas tinha momentos que eu achei que tudo era só uma forma de camuflar o meu verdadeiro eu, aquele eu que ignorei a minha vida toda.Quando o Bispo ligava e começava a falar de como as coisas estavam indo na paróquia, eu pedia pra ele mudar de assunto, eu não queria que nada influenciasse nas minhas escolhas, eu troquei de celular, fiz uma rede social pra mim e fiquei buscando vestígios da Letícia, o que acabava sendo uma tremenda hipocrisia, pois eu mesmo estava buscando uma influência pra minha decisão. Acontece que no último mês tudo se estabilizou, eu parei de sofrer e de fazer perguntas sem respostas, eu não tinha vivido o bastante pra ter certeza que viver um amor era o certo pra mim,
(Letícia)Três meses pra quem está feliz passam voando, mas três meses pra quem está triste, parece uma maratona de tentativas pra se manter vivo.Quando o Leandro foi embora, parte de mim tentou se adaptar ao fato de que eu não iria mais vê-lo, de que eu deveria esquecê-lo, a outra parte de mim queria esperar pra ver se ele voltaria, mesmo sem saber o tempo que isso poderia levar, e foi essa parte que venceu.Depois da cirurgia da minha mãe, eu fiquei responsável por exatamente tudo da casa, o que eu achei ótimo, pois eu pude ocupar a minha mente, mas nas madrugadas eu me via chorando até pegar no sono, buscando entender como eu pude me apaixonar por alguém tão rápido e impossível de ter.A relação com a minha mãe melhorou 80%, os outros 20% se devia ao temperamento difícil dela, e se ela já nasceu assim não tinha como mudar, ela me ajudou, me aconselhou, e passou horas conversando comigo sobre os amores dela que não deu certo, e que ela achou ser o fim do mundo mais não foi.Ninguém
(Leandro)A cada passo que eu dava em direção a casa da Letícia, mais a minha mente me alertava que eu estava repetindo os mesmos erros.— O que você está fazendo? Você já fez sua escolha. Pensei assim que cheguei de frente a casa dela.Eu subi os degraus como se eu não tivesse controle nenhum sobre os meus pés, e antes que eu pudesse chamar a dona Maria, a Letícia apareceu. Eu perguntei como ela estava, e tudo o que recebi foi uma pergunta fria sobre o motivo de eu estar lá. Eu olhei no fundo dos olhos dela procurando encontrar resíduos de algum sentimento, qualquer mínimo sinal que me fizesse acreditar que ela ainda me queria, mas tudo o que eu recebi foi um olhar indiferente, ou uma tentativa dela esconder seus verdadeiros sentimentos.Eu fiquei calado, e mais uma vez ela insistiu em saber o que eu queria.Eu baixei a minha cabeça e puxei todo o ar possível pra conseguir me manter equilibrado diante dela, era como se parte de mim não aceitasse que ela tinha me esquecido, e então
(Letícia)Eu cheguei na venda da Meire e fui logo subindo as escadas pra ir ao encontro do André, aquele papinho dela e da minha mãe da gente namorar sob a supervisão delas nunca existiu.— Oi? Posso entrar?Perguntei assim que abri a porta do quarto dele, ele estava com o notebook na mão .André: Entra gostosa!Assim que entrei, ele olhou pras minhas pernas e foi logo colocando o notebook de lado e se levantando da cama pra me agarrar. André: Letícia você não pode aparecer aqui vestida desse jeito, você tira toda a minha concentração do meu trabalho.Ele me encostou na porta e me beijou, levantou a minha saia e passou a mão por cima da minha calcinha. — A intenção é essa André, eu vim de saia só pra facilitar o processo. André: Essa tua safadeza me deixa duro, sabia?Ele tirou a minha calcinha, abriu o zíper da bermuda dele e tirou o pau pra fora da cueca, me levantou usando o braços pra sustentar as minhas pernas e me penetrou.Ele voltou a me beijar enquanto entrava e saia de d
(Leandro)A vida sacerdotal não é uma vida fácil, eu não fui enganado quando tomei a decisão de entrar nela, mas eu sabia que o fato do bispo ter acompanhado toda a minha trajetória, contribuiu pra que eu recebesse uma disciplina amena, eu sabia que se ele não me conhecesse intimamente, eu não teria recebido outra chance, não da parte dele, eu teria sim que receber o perdão do papa.O fato é que como todo ministério, existem aqueles que se defendem, e de certa forma o bispo estava me defendendo, e por saber disso, eu não poderia mais falhar.Eu sabia que a reunião de que seria em quinze dias poderia ser facilmente antecipada, mas isso foi só uma desculpa pra ele me dar mais tempo pra pensar, ele estava me dando uma chance de voltar a ver a Letícia e firmar a minha certeza ou mudá-la completamente.Eu não sabia ao certo o que estava me prendendo a essa decisão de ser padre, eu já não tinha mais certeza de nada, mas existia um bloqueio que me impedia de abrir mão de tudo.— Eu tenho que
(Letícia)Eu estava me preparando pra dormir quando o meu celular apitou avisando que havia chegado uma nova mensagem, eu olhei e vi que era o André pedindo pra eu encontrar ele na praça, eu olhei o horário e já estava tarde, logo eu imaginei que ele queria me dar uns amassos longe da vista das pessoas.A minha mãe já tinha ido se deitar, então eu coloquei um vestido, dei uma leve ajeitada nos cabelos e fui ao encontro do André.Eu abri a porta e o portão lentamente e fechei com cuidado pra minha mãe não acordar e fui caminhando em direção a praça.No meio do caminho eu tive uma leve sensação de estar sendo observada, e por alguma razão eu senti vontade de olhar pra porta da igreja, talvez eu tivesse o dom da adivinhação, pois quando olhei pra lá eu vi o Leandro olhando na minha direção.Saber que ele estava olhando pra mim fez com que eu sentisse um friozinho na barriga, eu não sabia se ele já estava ali antes de eu aparecer, ou se apareceu na hora que eu estava indo pra praça.Eu co