(Leandro) —TRÊS MESES DEPOIS—Eu não vou dizer que foi fácil, pois não foi, eu chorei, bati boca com Deus, me desperei, e vivi um confronto interno que eu pensei ser quase impossível de suportar.Todos os dias o Bispo me ligava e me perguntava se eu estava com as minhas orações em dias, eu estava, mas tinha momentos que eu achei que tudo era só uma forma de camuflar o meu verdadeiro eu, aquele eu que ignorei a minha vida toda.Quando o Bispo ligava e começava a falar de como as coisas estavam indo na paróquia, eu pedia pra ele mudar de assunto, eu não queria que nada influenciasse nas minhas escolhas, eu troquei de celular, fiz uma rede social pra mim e fiquei buscando vestígios da Letícia, o que acabava sendo uma tremenda hipocrisia, pois eu mesmo estava buscando uma influência pra minha decisão. Acontece que no último mês tudo se estabilizou, eu parei de sofrer e de fazer perguntas sem respostas, eu não tinha vivido o bastante pra ter certeza que viver um amor era o certo pra mim,
(Letícia)Três meses pra quem está feliz passam voando, mas três meses pra quem está triste, parece uma maratona de tentativas pra se manter vivo.Quando o Leandro foi embora, parte de mim tentou se adaptar ao fato de que eu não iria mais vê-lo, de que eu deveria esquecê-lo, a outra parte de mim queria esperar pra ver se ele voltaria, mesmo sem saber o tempo que isso poderia levar, e foi essa parte que venceu.Depois da cirurgia da minha mãe, eu fiquei responsável por exatamente tudo da casa, o que eu achei ótimo, pois eu pude ocupar a minha mente, mas nas madrugadas eu me via chorando até pegar no sono, buscando entender como eu pude me apaixonar por alguém tão rápido e impossível de ter.A relação com a minha mãe melhorou 80%, os outros 20% se devia ao temperamento difícil dela, e se ela já nasceu assim não tinha como mudar, ela me ajudou, me aconselhou, e passou horas conversando comigo sobre os amores dela que não deu certo, e que ela achou ser o fim do mundo mais não foi.Ninguém
(Leandro)A cada passo que eu dava em direção a casa da Letícia, mais a minha mente me alertava que eu estava repetindo os mesmos erros.— O que você está fazendo? Você já fez sua escolha. Pensei assim que cheguei de frente a casa dela.Eu subi os degraus como se eu não tivesse controle nenhum sobre os meus pés, e antes que eu pudesse chamar a dona Maria, a Letícia apareceu. Eu perguntei como ela estava, e tudo o que recebi foi uma pergunta fria sobre o motivo de eu estar lá. Eu olhei no fundo dos olhos dela procurando encontrar resíduos de algum sentimento, qualquer mínimo sinal que me fizesse acreditar que ela ainda me queria, mas tudo o que eu recebi foi um olhar indiferente, ou uma tentativa dela esconder seus verdadeiros sentimentos.Eu fiquei calado, e mais uma vez ela insistiu em saber o que eu queria.Eu baixei a minha cabeça e puxei todo o ar possível pra conseguir me manter equilibrado diante dela, era como se parte de mim não aceitasse que ela tinha me esquecido, e então
(Letícia)Eu cheguei na venda da Meire e fui logo subindo as escadas pra ir ao encontro do André, aquele papinho dela e da minha mãe da gente namorar sob a supervisão delas nunca existiu.— Oi? Posso entrar?Perguntei assim que abri a porta do quarto dele, ele estava com o notebook na mão .André: Entra gostosa!Assim que entrei, ele olhou pras minhas pernas e foi logo colocando o notebook de lado e se levantando da cama pra me agarrar. André: Letícia você não pode aparecer aqui vestida desse jeito, você tira toda a minha concentração do meu trabalho.Ele me encostou na porta e me beijou, levantou a minha saia e passou a mão por cima da minha calcinha. — A intenção é essa André, eu vim de saia só pra facilitar o processo. André: Essa tua safadeza me deixa duro, sabia?Ele tirou a minha calcinha, abriu o zíper da bermuda dele e tirou o pau pra fora da cueca, me levantou usando o braços pra sustentar as minhas pernas e me penetrou.Ele voltou a me beijar enquanto entrava e saia de d
(Leandro)A vida sacerdotal não é uma vida fácil, eu não fui enganado quando tomei a decisão de entrar nela, mas eu sabia que o fato do bispo ter acompanhado toda a minha trajetória, contribuiu pra que eu recebesse uma disciplina amena, eu sabia que se ele não me conhecesse intimamente, eu não teria recebido outra chance, não da parte dele, eu teria sim que receber o perdão do papa.O fato é que como todo ministério, existem aqueles que se defendem, e de certa forma o bispo estava me defendendo, e por saber disso, eu não poderia mais falhar.Eu sabia que a reunião de que seria em quinze dias poderia ser facilmente antecipada, mas isso foi só uma desculpa pra ele me dar mais tempo pra pensar, ele estava me dando uma chance de voltar a ver a Letícia e firmar a minha certeza ou mudá-la completamente.Eu não sabia ao certo o que estava me prendendo a essa decisão de ser padre, eu já não tinha mais certeza de nada, mas existia um bloqueio que me impedia de abrir mão de tudo.— Eu tenho que
(Letícia)Eu estava me preparando pra dormir quando o meu celular apitou avisando que havia chegado uma nova mensagem, eu olhei e vi que era o André pedindo pra eu encontrar ele na praça, eu olhei o horário e já estava tarde, logo eu imaginei que ele queria me dar uns amassos longe da vista das pessoas.A minha mãe já tinha ido se deitar, então eu coloquei um vestido, dei uma leve ajeitada nos cabelos e fui ao encontro do André.Eu abri a porta e o portão lentamente e fechei com cuidado pra minha mãe não acordar e fui caminhando em direção a praça.No meio do caminho eu tive uma leve sensação de estar sendo observada, e por alguma razão eu senti vontade de olhar pra porta da igreja, talvez eu tivesse o dom da adivinhação, pois quando olhei pra lá eu vi o Leandro olhando na minha direção.Saber que ele estava olhando pra mim fez com que eu sentisse um friozinho na barriga, eu não sabia se ele já estava ali antes de eu aparecer, ou se apareceu na hora que eu estava indo pra praça.Eu co
(Leandro)Quando eu fechei a igreja, a Letícia já tinha atravessado a porta de acesso a minha casa, e a cada passo que eu dava, era um medo diferente de estar fazendo besteira.Quando eu cheguei no meu quintal, eu passei pela cerca e vi a Letícia sentada no gramado, com as costas na árvore.— Você não quer entrar?Letícia: Não, se você quer só conversar nós podemos conversar aqui mesmo.— Então senta na cadeira, você vai acabar sendo picada por alguma formiga.Ela me encarou de baixo pra cima fazendo contato visual.Letícia: Você está procurando a melhor forma de iniciar essa conversa e não tá sabendo como, então eu vou facilitar pra você, o que você quer de mim?A Letícia tinha o poder de me enlouquecer de todas as formas possíveis, ela era persuasiva, perspicaz, além de manipular completamente a situação a favor dela, ela não me dava tempo pra pensar, não me dava tempo nem de sair correndo, ela conseguia me prender naquilo que ela queria, sem fazer parecer que ela queria, ela se pre
(Letícia) Quando eu fui pra casa do Leandro, eu não imaginava que as coisas que ele iria me falar, fossem me fazer chorar. Eu sentei no gramado disposta a ouvi-lo, mas não disposta a aceitar que eu era uma grande dúvida pra ele, porém ele fez com que eu me sentisse egoísta e pequena diante de tudo o que ele viveu. Quinze dias de fato era muito pouco, eu com certeza iria sobreviver a esse tempo, eu só não sabia se iria sobreviver à dura realidade de não ser a escolhida. Por mais que o Leandro tivesse me dito que aquilo não era uma competição, não existia outra forma de me sentir, parecia sim uma competição sobre quem levava a melhor, eu ou o todo poderoso, e por mais que eu entendesse que ele precisava de tempo, que ele precisava que eu tivesse paciência, algo dentro de mim dizia que a paciência não seria suficiente pra eu tê-lo no final, que seria uma espera com fracasso garantido. Eu sempre fui imediatista, tudo tinha que ser no meu tempo e na minha hora, e quando o amor chegou