– Eu também pertenço a sua tribo? Quer dizer que meu tio é alguém de lá? – Fiquei perplexa. Minha vida toda parecia estar em volta de um mistério. Nem meu próprio nome eu sabia, ou o nome do meu tio e da minha mãe. Saber que eles poderiam ser de lá me deu esperança. Descobrir o passado da minha família, quem são meus avós ou até mesmo se tenho algum parente vivo que não seja a Kamilla. Algum primo, sobrinho ou outro tio. Nossa! Fiquei em êxtase. E se minha mãe teve outra filha? Será se ela me amaria como irmã ou me trataria como a Arlete trata? Provavelmente ela me trataria melhor, pois a Arlete tem ódio de mim por causa do Lúcius. Ela me odeia e me culpa pelo seu casamento fracassado.– Temos muita coisa a discutir e você ainda precisa se esclarecer com a minha tribo pelos eventos ocorridos, preciso fazer uma audiência com você e meu povo na alcateia, portanto Apenas Karolina, quero que compareça lá daqui a duas noites, ou seja, amanhã. Você aceita?Eu estava disposta a esclarecer tu
Eu estava encarando aquela cicatriz esbranquiçada na lateral do corpo do Lúcius, quando me dei conta já estava tocando e passando meu dedo por toda sua extensão.– Você não se lembra? – Ele me perguntou com o braço esquerdo levantado.– Não. – O encarei. – O que mais aconteceu?– Você quer mesmo que eu fale? – Ele parecia estar com receio.– Quero.– Você dizia que via a Deusa da Lua, que ela sempre a chamava de tola, que ela estava zangada e ficava lhe cobrando algo.– Cobrando o que?– Você falava que ela te chamava para adentrar com ela na floresta, que você deveria aprender algumas coisas para que seu destino fosse cumprido.– E o que acontecia depois? – Lembro-me de algumas aparições dela, mas não essas coisas que ele me contou.Ele baixou o braço e a camisa.– Você tentava ir para a floresta, eu não permitia, então... então a trancava. Reforcei as paredes dos lugares onde você mais ficava.– Na cabana afastada e no dormitório das escravas. – Afirmei.– Eu não sabia o que fazer,
Uma espada do cabo prata com um diamante redondo vermelho escarlate no meio das laterais, mais outros três diamantes ovais da mesma cor que o outro pela extensão do cabo. A lâmina cor prata estava toda desenhada, os desenhos representavam a floresta. Tinha as fases da Lua, folhas e raízes.Sua bainha era toda vermelha, com um desenho sendo destacado nela, era o símbolo da Tribo Boldwin, uma Lua Prata com duas espadas cruzadas na frente dela. A espada era menor que as dos Alfas, pois foi feita sob medida para mim e sou mais baixa que eles. As espadas que os lobisomens usavam sempre foram mais curtas que as dos humanos para que pudéssemos colocá-las atrás das costas e poder empunhá-las quando necessário, dependia muito do tamanho dos nossos braços. No entanto, eram pesadas e extremamente afiadas, pois tínhamos força para suportar o peso. Porém alguns preferiam espadas maiores e as colocavam na cintura para manuseá-las.Minha espada era linda e pela cor prata e o símbolo que estava na ba
– Bem-vinda a minha tribo! – Alec falou assim que chegamos.Eu estava segurando a mãozinha da Kamilla com um pouco mais de força que o habitual enquanto observava aquela aldeia e seus habitantes. Todos os lobisomens estavam parados olhando para mim, alguns sérios, outros mais zangados, tinham pessoas que pareciam me temer. Eu me tornei uma lenda para aquelas pessoas.“Karolina, a loba que estava ao lado do tão temido e sombrio Imperador.”O Drakon realmente tinha fama e não era para menos, o vampiro com seu exército de mortos-vivos derrotou um exército poderoso e armado até os dentes de lobisomens e humanos na Guerra Maldita.Entrando com passos lentos, de cabeça erguida sem demonstrar nenhuma fraqueza ou medo, mantive-me o mais natural possível, mas observando até a respiração daquelas pessoas que não paravam de me encarar, até a Kamilla ao meu lado estava tão normal quanto eu. Acho que aprendi essa compostura do babaca do Lúcius enquanto a menina herdou dele.Observei um pouco aquel
Todos da aldeia estavam sussurrando, conversando entre si, eu não escutava nada o que eles diziam, fiquei encarando a Kamilla sentadinha ao meu lado comenda enquanto balançava as perninhas animadamente. Perdida em meus pensamentos imaginei ela já adulta encontrando seu companheiro, casando-se, vivendo uma vida feliz ao lado dos seus filhos e marido naquele lugar bonito, mas por enquanto seríamos apenas nós duas vivendo cada segundo intensamente.– Podemos continuar? – A voz do Alec me fez sair dos meus devaneios.– Aaah... sim, sim... podemos sim. – Disse.– Karolina, diga-nos como foi seu primeiro encontro com o Imperador. – Ele já estava sentado novamente.– Eu estava perto da fronteira entre as duas tribos com a minha amiga Maria Elena e minha filha Kamilla. Conversávamos sobre o desaparecimento de algumas escravas humanas da Tribo Calmon e ninguém sabia quem estava causando aquele evento. Até que escutei passos entre as árvores e o vi.– Você já sabia quem ele era? – Alec pergunto
– Foi assim que vocês aceitaram se juntar a ele? – O Alec falou depois de ter mandando os lobisomens se calarem novamente.– Mais ou menos, ele tinha água e nós estávamos com sede, então eu preferi ficar perto de uma possível ameaça contra mim e as meninas, pois assim ele não tentaria nada porque eu o observaria o tempo todo, impossibilitando do Imperador nos atacar.– “Mantenha seus amigos por perto e seus inimigos mais perto ainda”. – Ele disse uma frase de um dos filósofos que eu estudava quando criança, Alec estava muito pensativo.– Karolina, você pode nos confirmar de que estava com o Imperador apenas porque precisava de comida e água e não por estar unida com ele e a Tribo Calmon para atacar a Tribo Boldwin?– Sim. Apesar de ter o sangue da tribo, afirmo que não tenho nada com o Alfa Calmon e sua alcateia.– Então por que você fugiu da gente quando nos encontramos?– Fiquei com medo de que atacassem a minha filha, Kamilla, por ela ter o sangue da Tribo Calmon.– Conte-nos como
Parada olhando aquele retrato do meu tio, eu não conseguia parar de admirá-lo. Edmundo Stevens, um Betha da Tribo Boldwin. Com certeza foi um grande homem, apesar de sua morte prematura e ele nunca ter dito nada sobre quem era, dava para ver que ele parecia ser um homem honrado e de grandes feitos. Naquele momento pude sentir meu coração cheio de cicatrizes finalmente se aliviando um pouco.Meu tio certamente teria morrido mil vezes pelo Lúcius se isso fosse me proteger ou lutar contra a Tribo Calmon. Eu sabia que um Betha nunca conseguiria derrotar um Alfa, ele também sabia disso e talvez tenha escolhido morrer lutando para que me desse tempo o suficiente de fugir, mas só consegui fazer isso cinco anos depois.Ao menos, eu fugi e voltei para o que eu posso chamar de casa.Olhei para o retrato da mulher e vi que ela tinha a mesma cor de cabelo e olhos do meu tio. Seus cabelos eram grandes como o meu, pele branca e ela parecia ser alguém dócil. Poderia ser minha mãe?Li novamente a pla
Eu estava apertando minha mandíbula com força e meus punhos estavam fechados. Aquilo soava tão patético! Ridículo! Fiquei desconfiada quando o vi relutante para falar o motivo de o antigo Alfa entregar aquele terreno para meu tio, mas ter a confirmação me fez sentir tanta raiva.Se fosse outra mulher de qualquer tribo estaria eufórica agora já pensando no seu vestido de casamento e em como ela era a pessoa mais sortuda do mundo por se casar com um Alfa como o Alec. Mas eu sou eu, a Karolina, sou a pessoa que ama liberdade e em tomar minhas próprias decisões. E descobrir que durante minha vida inteira fiquei isolada em uma cabana sem conhecer o mundo afora e também nenhuma alma viva além da do meu tio, apenas porque decidiram que eu deveria passar dezoito anos aprendendo a ser uma esposa ideal para um homem que eu nem sabia da sua existência, me fez sentir a mulher mais patética do mundo.Eu tinha que todos os dias passar por estudos e treinos pesados, aprendi a ser uma menina boba e i