– Foi assim que vocês aceitaram se juntar a ele? – O Alec falou depois de ter mandando os lobisomens se calarem novamente.– Mais ou menos, ele tinha água e nós estávamos com sede, então eu preferi ficar perto de uma possível ameaça contra mim e as meninas, pois assim ele não tentaria nada porque eu o observaria o tempo todo, impossibilitando do Imperador nos atacar.– “Mantenha seus amigos por perto e seus inimigos mais perto ainda”. – Ele disse uma frase de um dos filósofos que eu estudava quando criança, Alec estava muito pensativo.– Karolina, você pode nos confirmar de que estava com o Imperador apenas porque precisava de comida e água e não por estar unida com ele e a Tribo Calmon para atacar a Tribo Boldwin?– Sim. Apesar de ter o sangue da tribo, afirmo que não tenho nada com o Alfa Calmon e sua alcateia.– Então por que você fugiu da gente quando nos encontramos?– Fiquei com medo de que atacassem a minha filha, Kamilla, por ela ter o sangue da Tribo Calmon.– Conte-nos como
Parada olhando aquele retrato do meu tio, eu não conseguia parar de admirá-lo. Edmundo Stevens, um Betha da Tribo Boldwin. Com certeza foi um grande homem, apesar de sua morte prematura e ele nunca ter dito nada sobre quem era, dava para ver que ele parecia ser um homem honrado e de grandes feitos. Naquele momento pude sentir meu coração cheio de cicatrizes finalmente se aliviando um pouco.Meu tio certamente teria morrido mil vezes pelo Lúcius se isso fosse me proteger ou lutar contra a Tribo Calmon. Eu sabia que um Betha nunca conseguiria derrotar um Alfa, ele também sabia disso e talvez tenha escolhido morrer lutando para que me desse tempo o suficiente de fugir, mas só consegui fazer isso cinco anos depois.Ao menos, eu fugi e voltei para o que eu posso chamar de casa.Olhei para o retrato da mulher e vi que ela tinha a mesma cor de cabelo e olhos do meu tio. Seus cabelos eram grandes como o meu, pele branca e ela parecia ser alguém dócil. Poderia ser minha mãe?Li novamente a pla
Eu estava apertando minha mandíbula com força e meus punhos estavam fechados. Aquilo soava tão patético! Ridículo! Fiquei desconfiada quando o vi relutante para falar o motivo de o antigo Alfa entregar aquele terreno para meu tio, mas ter a confirmação me fez sentir tanta raiva.Se fosse outra mulher de qualquer tribo estaria eufórica agora já pensando no seu vestido de casamento e em como ela era a pessoa mais sortuda do mundo por se casar com um Alfa como o Alec. Mas eu sou eu, a Karolina, sou a pessoa que ama liberdade e em tomar minhas próprias decisões. E descobrir que durante minha vida inteira fiquei isolada em uma cabana sem conhecer o mundo afora e também nenhuma alma viva além da do meu tio, apenas porque decidiram que eu deveria passar dezoito anos aprendendo a ser uma esposa ideal para um homem que eu nem sabia da sua existência, me fez sentir a mulher mais patética do mundo.Eu tinha que todos os dias passar por estudos e treinos pesados, aprendi a ser uma menina boba e i
Augusto não se importou com a minha reação e continuou falando:– A mãe era uma mulher que aparentava ser uma pessoa fraca e submissa, mas lá no fundo ela era uma mulher incrível que morreu lutando para salvar seu filho da tirania do pai. – Continuei com as sobrancelhas franzidas, pois não sabia disso.– O pai dele era um dos homens mais cruel que eu já conheci na vida. Ele espancava a criança e a sua esposa se algum deles dissesse ao menos um não para ele. Lúcius teve uma infância difícil. O pai não permitia a aproximação da mãe, pois dizia que ela ia deixa-lo fraco e incapaz de liderar a tribo. Mas o pior aconteceu quando o ex-Alfa Calmon matou sua ex-Luna. – Ele parou de falar. Fiquei confusa e perplexa por saber dessas coisas.– O que aconteceu? – Perguntei.– A mãe do Lúcius tentou fugir com o filho quando ele tinha 10 anos e mais algumas pessoas, porém teve alguém do grupo que traiu a mãe dele e contou seu plano de fuga para o ex-Alfa. Quando o antigo Alfa Calmon soube, ele pren
Com a carta na mão direita, eu estava de cabeça baixa, olhos fechados e esfregando a esquerda no rosto, pensando.– Eu nunca vou ficar zangada por ter passado dezoito anos ao seu lado, seu velho rabugento. – Murmurei. Apesar de não gostar por saber o motivo de ter ficado naquela cabana, eu não posso reclamar da vida que tinha, pois foram os melhores anos para mim.Levantei do banco e fui buscar a Kamilla. As crianças já estavam indo embora com seus pais e eu precisava encontrar onde ficava a casa do Dindo. Peguei-a nos braços e perguntei para a senhora que ficou responsável por ela onde ficava a casa do Edmundo Stevens.Segui o caminho em direção à casa. Quando a encontrei dei um suspiro de felicidade. Ela era parecida com a cabana no meio da floresta, só que mais moderna, maior, com duas árvores em frente de cada lado da entrada e tinhas flores caindo das árvores ao chão, deixando tudo mais bonito. Abri a porta e entrei, ela estava limpa e bem conservada, acho que isso tem o dedo do
Corri para o banheiro onde tinha um barril com água e comecei a lavar minha mão, eu estava chocada! Não era um sonho, foi real, aquilo foi real e o Lúcius tinha me visto. Eu estava lá no dia em que seu pai o ordenou matar os envolvidos da fuga, eu apareci para ele enquanto o garoto passava a noite toda ao lado daquelas pessoas mortas que ele mesmo matou, na noite em que sua mãe morreu, e também foi quando ele se tornou o homem que é hoje.Mas como? Como isso aconteceu? Qual a explicação eu posso dar para esse evento? Foi porque meus poderes aumentaram durante a audiência? Que poderes são esses? E por que eu tive que ir justamente de encontro ao Lúcius na provável pior noite da sua vida?Todo esse mistério sobre mim está me deixando maluca igual quando eu perdi a sanidade há cinco anos. Tenho medo de aquilo acontecer novamente, pois agora eu tenho uma filha que depende de mim para tudo. Preciso me recompor e esquecer que esse sonho aconteceu, mas o Lúcius se lembra? Espero que não, tal
– Deixe-a ao seu lado, Karolina, a garota é uma pessoa boa. – Augusto estava se referindo à Clara, minha escrava.A porta do salão se abriu e o Alec entrou em passos firmes acompanhado dos seus três Bethas e logo atrás as Gamas. Ele estava com o semblante zangado, mas assim que passou por mim deu um leve sorriso de lado e eu sorri de volta.– Tudo bem, vou deixá-la comigo, já que foi o Alfa quem quis mandar a garota para minha casa. – Disse.– Você e o Alec parecem estar se entendendo. – Arregalei os olhos para aquele velho intrometido. Ele riu.– Obrigada por arrumar a casa e mandar roupas pra mim e a Kamilla, deve ter custado caro. – Mudei de assunto.– Não saiu nada do meu bolso, comprei tudo aquilo com a herança que você herdou do seu tio e... da Katharina.– Minha mãe. Ela foi sua Gama, verdade? – Ele confirmou com a cabeça e ficou sério, finalmente o homem tirou o sorriso do rosto.– Como ela era? – Ele tomou um gole da sua bebida.– A mulher mais linda e dócil do mundo. – Deu u
Estávamos nos olhando e sorrindo um para o outro, feito dois bobos. Ele me puxou e sentamos em um dos bancos que tinha no jardim. Alec me dava selinhos demorados e eu o acompanhava. Sorríamos como dois adolescentes.– Você gostou desse jardim? – Me perguntou.– É lindo, adorei. – Fui sincera.– Você pode vim a hora que quiser, será seu local para poder pensar. – Fiquei animada com a ideia de ter um lugar como aquele para que eu pudesse ficar sozinha. Alarguei meu sorriso e agradeci.– Alec, posso te fazer uma pergunta?– Fique à vontade.– Do que se trata essa profecia que existe e que somente os Alfas sabem?– Profecia?! – Ele franziu o cenho. Parecia não se lembrar. – A Profecia da Ascensão. – Se lembrou. – É uma profecia em que nenhum Alfa terá uma companheira, até ser concretizada. Eu soube dela no dia em que ascendi com Alfa Boldwin.– Ela está escrita em algum lugar que só os Alfas têm acesso? – Eu sabia que estava sendo bem intrometida, mas fiquei curiosa sobre essa profecia. E