Com a carta na mão direita, eu estava de cabeça baixa, olhos fechados e esfregando a esquerda no rosto, pensando.– Eu nunca vou ficar zangada por ter passado dezoito anos ao seu lado, seu velho rabugento. – Murmurei. Apesar de não gostar por saber o motivo de ter ficado naquela cabana, eu não posso reclamar da vida que tinha, pois foram os melhores anos para mim.Levantei do banco e fui buscar a Kamilla. As crianças já estavam indo embora com seus pais e eu precisava encontrar onde ficava a casa do Dindo. Peguei-a nos braços e perguntei para a senhora que ficou responsável por ela onde ficava a casa do Edmundo Stevens.Segui o caminho em direção à casa. Quando a encontrei dei um suspiro de felicidade. Ela era parecida com a cabana no meio da floresta, só que mais moderna, maior, com duas árvores em frente de cada lado da entrada e tinhas flores caindo das árvores ao chão, deixando tudo mais bonito. Abri a porta e entrei, ela estava limpa e bem conservada, acho que isso tem o dedo do
Corri para o banheiro onde tinha um barril com água e comecei a lavar minha mão, eu estava chocada! Não era um sonho, foi real, aquilo foi real e o Lúcius tinha me visto. Eu estava lá no dia em que seu pai o ordenou matar os envolvidos da fuga, eu apareci para ele enquanto o garoto passava a noite toda ao lado daquelas pessoas mortas que ele mesmo matou, na noite em que sua mãe morreu, e também foi quando ele se tornou o homem que é hoje.Mas como? Como isso aconteceu? Qual a explicação eu posso dar para esse evento? Foi porque meus poderes aumentaram durante a audiência? Que poderes são esses? E por que eu tive que ir justamente de encontro ao Lúcius na provável pior noite da sua vida?Todo esse mistério sobre mim está me deixando maluca igual quando eu perdi a sanidade há cinco anos. Tenho medo de aquilo acontecer novamente, pois agora eu tenho uma filha que depende de mim para tudo. Preciso me recompor e esquecer que esse sonho aconteceu, mas o Lúcius se lembra? Espero que não, tal
– Deixe-a ao seu lado, Karolina, a garota é uma pessoa boa. – Augusto estava se referindo à Clara, minha escrava.A porta do salão se abriu e o Alec entrou em passos firmes acompanhado dos seus três Bethas e logo atrás as Gamas. Ele estava com o semblante zangado, mas assim que passou por mim deu um leve sorriso de lado e eu sorri de volta.– Tudo bem, vou deixá-la comigo, já que foi o Alfa quem quis mandar a garota para minha casa. – Disse.– Você e o Alec parecem estar se entendendo. – Arregalei os olhos para aquele velho intrometido. Ele riu.– Obrigada por arrumar a casa e mandar roupas pra mim e a Kamilla, deve ter custado caro. – Mudei de assunto.– Não saiu nada do meu bolso, comprei tudo aquilo com a herança que você herdou do seu tio e... da Katharina.– Minha mãe. Ela foi sua Gama, verdade? – Ele confirmou com a cabeça e ficou sério, finalmente o homem tirou o sorriso do rosto.– Como ela era? – Ele tomou um gole da sua bebida.– A mulher mais linda e dócil do mundo. – Deu u
Estávamos nos olhando e sorrindo um para o outro, feito dois bobos. Ele me puxou e sentamos em um dos bancos que tinha no jardim. Alec me dava selinhos demorados e eu o acompanhava. Sorríamos como dois adolescentes.– Você gostou desse jardim? – Me perguntou.– É lindo, adorei. – Fui sincera.– Você pode vim a hora que quiser, será seu local para poder pensar. – Fiquei animada com a ideia de ter um lugar como aquele para que eu pudesse ficar sozinha. Alarguei meu sorriso e agradeci.– Alec, posso te fazer uma pergunta?– Fique à vontade.– Do que se trata essa profecia que existe e que somente os Alfas sabem?– Profecia?! – Ele franziu o cenho. Parecia não se lembrar. – A Profecia da Ascensão. – Se lembrou. – É uma profecia em que nenhum Alfa terá uma companheira, até ser concretizada. Eu soube dela no dia em que ascendi com Alfa Boldwin.– Ela está escrita em algum lugar que só os Alfas têm acesso? – Eu sabia que estava sendo bem intrometida, mas fiquei curiosa sobre essa profecia. E
Não! Não vou mais chorar por ele! Nunca mais! Alec é muito mais digno que o Lúcius! Tem caráter e acima de tudo: Me respeita. Passar aqueles momentos com o Alec no jardim foi perfeito, romântico, tudo o que uma mulher pode querer, em poucos dias, ele me deu muito mais do que o Lúcius em cinco anos, me aceitou na sua tribo, tenho uma casa para mim e minha filha, até jantar no salão de festa como parte da alcateia eu fui. Aqui eu sou tratada como gente e não como escrava. Kamilla é uma criança, mas com o tempo ela vai entender.Enxuguei minhas lágrimas e respirei fundo antes de sair do quarto. Fui até a cozinha e a escrava estava encostada no canto de cabeça baixa.– O que diabos você está fazendo aí parada? Por que não foi dormir? – Perguntei zangada.– De-desculpe senhora, mas preciso da sua autorização para me retirar. – Achei aquilo ridículo.– Minha autorização? Se estiver com sono apenas vá dormir. – Respirei fundo enquanto sentava na cadeira ao lado da mesa, eu estava descontando
Eu estava paralisada diante daquela mulher de pele dourada e olhos azuis cristalinos. Fiquei louca? Não, não, não. Não pode ser... Eu luto contra a doença da alma durante anos pela Kamilla. Não posso perder a sanidade novamente... Não posso.Mas lá estava ela na minha frente, a centímetros de distância de mim. Seu semblante não transmitia emoção alguma, eu não conseguia parar de encarar aqueles olhos azuis que pareciam ver o mais profundo da minha alma. Ela movimentou seus lábios.– Você terá visões do passado, presente e futuro e eu as levarei para cada uma delas. Prepare-se! Esta é a última fase. Você verá o que nenhum mortal jamais viu. Se permanecer sã até a última visão, poderá cumprir o seu destino. – A senti pegando na minha mão e de repente tudo ficou escuro.Percebi que a escuridão era porque meus olhos estavam fechados, então os abri. Mas eu não estava em casa, imagens começaram a se passar diante de mim, enquanto eu escutava a voz da Deusa na minha cabeça.– Terra... – Vi m
No choque, o lobisomem com suas patas enormes empurrou Drakon para bem longe, mas o Imperador rapidamente ficou de pé e deu uma gargalhada, ele parecia estar se divertindo com a luta. O lobo não se importou com a autoconfiança do seu inimigo e avançou novamente com sua boca aberta, preparando-se para mordê-lo. Drakon permanecia parado no mesmo lugar e tinha um sorriso largo no rosto. Aquele ataque do lobisomem era imprudente e o Imperador sabia, estava esperando por aquilo. Dei um passo na direção deles, eu queria impedir, mas não conseguia.Quando o lobo chegou perto do vampiro, Drakon pulou e rodou no ar por cima do lobisomem, ficando de cabeça para baixo fazendo uma aerial ou estrela sem mão.O lobo parou subitamente seu ataque, virando-se em direção do vampiro que já o esperava, Drakon golpeou sua mandíbula com a mão direita fazendo o lobisomem cair bruscamente no chão. Ele subiu em cima do lobo que estava tonto pelo golpe e cravou seus dentes na lateral o pescoço. O lobisomem vol
Todas aquelas pessoas tinham desaparecido, só estávamos eu e Deusa da Lua frente a frente. Encarando-a com sua pele cor normal, sem ser dourada, fiquei com menos medo, na verdade não me sentia assustada, só confusa. Ela bem que podia ter aparecido para mim desse jeito antes, evitaria muito dos meus surtos na aldeia.– Do que você está falando? Não me considero uma prostituta nem nada disso. O que é isso tudo? Essas visões?– Você sempre se prendeu ao seu mundinho, acreditando e aceitando tudo o que as pessoas falavam de você, se as palavras deles lhe afetam é porque você crê nelas. Nunca se importou em olhar ao redor daqueles que não lhe diziam nada, que apenas mantinham distância enquanto a encaravam, você simplesmente julgou uma tribo inteira pelas atitudes de poucos, os odiando. Escravas sofrendo esperando alguém para salvá-las, esperando por você. Você só agia quando aquilo lhe afetava. Egoísta, Karolina, você é egoísta.– Eu não sou egoísta, era uma escrava. Não podia fazer nada.