Nesse sonho eu me situava em um lugar escuro, em que nada podia ser visto. Não sabia onde era, me sentia perdida e o medo inundava minha mente. Meu único desejo era fugir, mas não conseguia andar. Passos leves e regulares se aproximavam.
Uma luz fraca e esbranquiçada tomou minha visão, como um pontinho brilhando em meio ao breu, encarei até que aquela forma fantasmagórica se transformou em uma silhueta humana e por fim em um rosto quase desconhecido.— Eu disse que nos veríamos novamente.
— Fada?
Minha amiga estava muito diferente desde que a vi no castelo, lá ela sofria, vestia trapos. Agora, era uma garota linda, bem-tratada. Sua pele, antes pálida, agora era corada, reluzia, não parecia mai
Justin andou decidido em direção a casa de Perséfone, eu não sabia para onde ele a levaria, mas daria um jeito de ir junto. Como a falsa amiga, eu fingiria em todos os momentos que era seu apoio, que estava do seu lado. Há cada segundo uma tortura, mas eu seria incapaz de ir a outro lugar que não fosse ao seu encontro.Me escondi atrás de uma árvore, Justin encontrou Perséfone saindo. Era próximo do meio-dia, e supus que a mesma pretendia ir em direção à clareira.A missão Branca de Neve para matar Amália seria posta em prática.Seu rosto permanecia calmo, frio, como se o piquenique com Amália fosse um passeio comum e não um assassinato. Rapidamente, Justin se e
Meu desejo era ficar longe de todo o drama, principalmente do de Aylet. Mas precisava estar atenta a hora em que a família fosse chamada.Fui até a loja do senhor Ernie, que estava fechada. Passei o resto do dia, e também a manhã do dia seguinte, aparecendo de soslaio em frente à casa de Perséfone, e, cheguei a ver, em uma das vezes, guardas carregando livros, poções e cadernos para fora enquanto Aylet chorava.A situação não era favorável para ninguém, mas parecia pior para Ernie, que era completamente inocente. Não me atrevi a chegar perto para ver as reações dos dois, entretanto sabia que o desespero de Aylet era cínico. Poderia sim, estar conturbada, por ter perdido seu plano de vingança e pela possibilidade
Solução. Eu precisava encontrar uma solução imediatamente para alterar, ou pelo menos diminuir um pouco o sofrimento. Pensei em me jogar aos pés do conselheiro, mas era provável que o mesmo me chutasse para longe por lhe passar germes. Pensei em acusar Justin de mentir sobre uma pena branda, mas não era culpa dele; não sabia sobre a rixa entre Perséfone e a rainha.Pensei até mesmo em matar Evelyne e tomar a coroa, e isso pareceu a solução mais simples.O conselheiro se retirou com urgência, enfatizando que o horário de visitas tinha acabado para Ernie e Aylet saírem. Os dois gritavam com ele, revoltados, e Justin se apressou em levar Perséfone de volta a cela, que não ofereceu resistência encarava os pais co
Perséfone mexia os dedos e o pulso com um sorriso sádico estampado no rosto, aproveitando o prazer de ser livre para usar magia novamente. Deu alguns passos para frente, cambaleando, mas logo recuperou a postura.O que ela pretendia fazer? Se machucasse alguém, eu perderia completamente a razão de tê-la ajudado.Olhei preocupada para os corredores e inúmeras celas por perto. O guarda baixinho apareceu, estupefato ao ver Perséfone solta. Ele apenas estendeu a mão à frente do corpo e murmurou para que ficássemos paradas.Perséfone o empurrou com um simples gesto da mão, como se braços fortes e invisíveis tivessem ido ao encontro do homem que se encontrava a metros de distância. Seu corp
Os cavaleiros da rainha finalmente chegaram para combater o temível ataque mágico de Perséfone. Eles primeiro atiraram para depois perguntar o que exatamente aconteceu. Não os culpo, tendo em vista que tiveram que resgatar duas garotas quase mortas e conter um incêndio que podia muito bem se espalhar e alastrar o vilarejo.Um dos homens me puxou para o mais longe possível, apenas o suficiente para que nada na batalha que se seguiria me atingisse, e minhas narinas encontrarem um pouco de ar puro.Puxei o ar com força pela boca e tive uma crise de tosses antes de recuperar totalmente o fôlego, e quem sabe um pouco da consciência. Minha única preocupação era respirar, e só depois de conseguir fazer aquilo voltei meu olhar para Perséfone.
Acordei sentindo um gosto amargo na boca. Não conseguia enxergar nada ao meu redor além de uma fraca luz no canto do olho, que, aos poucos, conforme recobrava a consciência, se materializou em uma fogueira. Senti a areia escorrendo entre os meus dedos, e o cheiro de folhas podres e terra molhada me associou à floresta assombrada. As memórias de tudo que aconteceu voltavam gradativamente, o que me dava um tempo para relacionar minha situação atual e tentar encontrar explicações plausíveis para estar jogada no meio do nada.Quando a última constatação difícil se fez conhecer em minha mente, sentei e procurei desesperada por qualquer sinal de vida ao meu redor, mas estava sozinha. Era noite, e qualquer criatura horripilante poderia me devorar a qualquer momento.
Se eu perdesse a consciência mais uma vez nas próximas 24 horas, podia me considerar uma garota morta, meu corpo não teria mais forças para acordar.Era madrugada, e eu novamente largada no chão da floresta perto de uma fogueira e também de Perséfone. O cansaço tinha piorado, mas me sobressaltei com um grande sorriso, espalhando as folhas ao pular. Um sapo coaxou, uma criatura horripilante uivou. Eu tinha voltado a ouvir. Não pude segurar a risada, e depois veio um choro histérico de alívio misturado a angústia. Perséfone me observa do seu canto, calada, não dormia.Ela fez alguma coisa comigo, restaurou minha audição. Claro que minha vontade era de me jogar aos seus pés em agradecimento, mas me limitei a sustentar seu o
Eu deveria ter mais medo de Aristóteles, pois foi na minha mente que ele entrou. Simplesmente fiquei paralisada, com medo de que aquele monstro nos matasse.Encontrar uma criatura de dentes afiados e 10 olhos seria mais reconfortante.Quando ele miou e deu um passo a frente, nós duas corremos na direção contrária. Não importava quantos exércitos e flechas esperavam do outro lado, nada era pior do que Aristóteles.Troncos derrubados, poças enormes e galhos pontudos eram alguns dos obstáculos, mas saltávamos e corríamos como se nossa sobrevivência dependesse disso, e dependia mesmo. Após ficarmos cansadas e nos afastarmos o suficiente do lugar que ele estava, paramos um pouco, espiando todos