Khadija
Caminhei me sentindo dentro de um ritual de abate, onde o cordeiro seria sacrificado, no caso "eu".
Meu destino?
Unir-me a um homem que nunca vi na vida.
Eu não o conheço.
Estremeci pensando nisso. Minhas pernas quase falharam na breve caminhada até a porta em formato de arco, que foi logo aberta por uma das mulheres. Eu caminhei até ela como uma condenada, meus pés pesados como se estivessem presos em correntes, carregando duas bolas de chumbo.
No momento que pisei na sala, eu o avistei. Ele era alto. Os cabelos grossos como carvão. Passei meus olhos pela sua calça social preta que envolvia suas pernas e acentuava sua estreita cintura. A camisa branca não era apertada, mas realçava seu corpo. O casaco preto e a gravata preta completavam o visual e emanava poder e sexo. Ele estava de perfil, pensativo, em frente a uma janela, olhando para um lindo jardim.
Quando ele nos ouviu, ele se virou.
Olhos nos olhos.
Choque!
Allah! Meu coração parou, pulou e agora martelava forte no meu peito.
Ele é....jovem, deve ter uns trinta anos. Lindo é pouco para descrevê-lo....
Minha boca secou imediatamente quando senti o baque violento da perfeição daquele homem. Ele era simplesmente o oposto do que eu imaginava. Meus olhos não conseguiam desgrudar dos deles. Aqueles lindos olhos negros pareciam hipnóticos.
O tipo de olhos que nunca se esquece. Nem por um único segundo de sua vida. Muito expressivos e agora eles me diziam que eles estavam surpresos.
Eu o olhava enigmática, sem demonstrar minhas emoções, mas fervendo por dentro.
Ele sorriu e me observou astutamente, me lembrando o de um falcão à espreita de sua presa, seus olhos correndo por minha figura parada ali na entrada da sala.
Um misto de sentimentos me assolou, sensações confusas, e o que mais eu identifiquei foi “medo.”
Desde que meus pais morreram, eu vivia cercada por lembranças de um passado que não voltava mais. Meus tios quando me assumiram, o fizeram com uma condição, a que eu lhes fosse submissa. Confesso que no fundo eu queria mudar meu mundinho certinho e solitário. Eu realmente gostaria que meu casamento desse certo.
Mas vendo-o agora, eu me perguntava:
Ele era um gênio ruim vestido com suas melhores roupas? Ou um cordeiro vestido com roupas de Lobo?
Lindo! Engoli minha baba antes que ela descesse pela minha boca.
Ainda bem que eu era muito hábil para esconder meus sentimentos. Aprendi com anos de sofrimento sem meus pais e tendo que lidar com às tradições rígidas que meus tios me impuseram.
Ele também me avaliava com interesse. O vento que entrou pela janela aberta, soprou mais forte e empurrou uma parte de seu cabelo em sua testa, transformando-o num elegante caos, o deixando mais sexy.
Sexy?
Allah! Nunca permiti aflorar minha sexualidade e agora apenas alguns minutos na frente desse homem, e já usava termos quentes. Com certeza despertada por aquelas sensações desconhecida.
Seu grande corpo se moveu em minha direção. Eu baixei meus olhos, sentindo um tremor me percorrer. Mordi meu lábio inferior para impedir que eles tremessem.
Ele parou alguns passos da onde eu estava. Eu ergui meu rosto para ele.
—Zafir Youseef Xarif, seu noivo. —Ele se apresentou com uma voz profunda e bela.
Eu balancei minha cabeça suavemente. Ele passou a mão nos cabelos escuros e densos, para ajeitá-los como se estivesse deslocado, como eu.
—Khadija Zahrah Abdala.
Observei seu rosto de traços bem másculos com aquelas sobrancelhas negras, marcando os olhos negros e profundos. Foi então que a boca carnuda e sensual se moveu em um sorriso. Meu coração que já estava agitado, agora parecia que participava de saltos ornamentais. Fiquei encantada quando dentes perfeitamente brancos e covinhas na face se revelaram.
Ele então tirou a caixinha preta do bolso do paletó e estendeu a sua mão para mim. Eu engoli em seco antes de erguer a minha mão para ele. Quando ele abriu a caixinha, revelou alianças grossas com inscrições em árabe: "Maktub!"
Seus dedos morenos pegaram a minha mão branca, me causando arrepios. Ele colocou a aliança no meu dedo e logo em seguida me deu uma grande para eu fazer o mesmo na dele. Gritos de alegria encheram a sala quando finalizou esse rito. Só então me dei conta que havia muitas pessoas nos observando na sala.
Estávamos oficialmente casados agora.
Zafir não tirou sua mão da minha, pelo contrário ele a acariciou com o seu polegar, levando-a em seguida aos lábios. O meu nervosismo colocou tudo a perder pois eu senti os cantos da minha boca se inclinarem em um sorriso, que eu ainda não tinha dado, desde a hora que eu o tinha visto.
Seus olhos negros imediatamente foram atraídos para minha boca e pararam ali por alguns momentos e depois procuraram os meus olhos novamente.
Quando foi servido o sharbat, uma bebida de frutas e flores feita para comemorar essa ocasião, Zafir se afastou de mim e pegou duas taças, me entregando uma.
Zafir incitou um brinde.
—'iilaa zawaji walfarah walhabi w allah yamnahuna al'atfala. —Então olhou meus olhos. — Ao nosso casamento, a alegria, o amor e que Allah nos conceda filhos.
—Inshalá. (Se Allah quiser.)
Ao desejar, senti uma forte angústia, como se fosse uma advertência de Allah. Zafir sorriu para mim e pegou minha mão, e me levou até as cadeiras douradas com almofadas de veludo vermelho, onde nos sentamos para assistir o recital.
Ele, 1,85 metro, alto, ombros largos, peito estufado, efetivamente passava uma impressão de força. Seu rosto estava voltado para o cantor árabe que entrou. Eu, 1,60 metro, magra, frágil.
Eu me sentia como uma criança indefesa. Estremeci.
Eu fui jogada à fera?
Quem era Zafir Youseef Xarif?
Eu encontraria o caminho para o seu coração?
E eu? Amaria Zafir?
Quando ele virou a cabeça na minha direção, eu imediatamente desviei meus olhos dele e voltei minha atenção para o cantor. O recital começou.
Uma música árabe de amor se iniciou. Enquanto a música enchia a sala com uma melodia triste, eu podia sentir os olhos de Zafir postados em mim, um arrepio correu pelos meus braços ao sentir o calor dos olhos dele.
Estava vivendo um conto de fadas?
Rico, bonito, parecia ser educado. A impressão que ele passava era de um homem sensato, se assim não o fosse, não seria um CEO da empresa da família. Líder no mercado têxtil.
Eh, mas eu não podia esquecer que uma boa história de amor tinha um toque de drama ou tragédia antes do final feliz.
Nos apaixonaríamos e nosso amor seria provado? Ou eu passaria por essa etapa rumo à felicidade plena?
Seria um amor fulminante que se extinguiria em lágrimas e às vezes em guerra?
Uma coisa era certa, o amor teria que ser o suficiente para vivermos o "para sempre"....
Na minha cultura o "casamento halal" (halal- onde a intenção nunca foi de estabelecer uma família) Era algo condenável.
O divórcio não era visto como um brinquedo. Por isso o Islã ordenava que ele fosse levado muito a sério. Utilizando-se da separação somente em casos extremos, como no caso do adultério.
Na minha cultura o homem poderia repudiar a mulher, mas a mulher não tinha o direito de repudiar o homem. Ele tinha que consentir que o casamento terminasse, e antes disso passaríamos pelo conselho dos mais velhos. Se ele não quisesse separar, eu não poderia escolher a tormenta da solidão, mas sim à dor de viver com um homem sem amor, numa eterna decepção.
Sem ele perceber, eu passei meus olhos sobre ele. Agora que eu estava mais calma, pude observá-lo melhor. Ele parecia cansado, exaurido. Percebi isso pela sua expressão abatida, denunciada pelas suas olheiras.
Seus olhos caíram sobre mim e meu rosto ficou vermelho. Droga! Ele me pegou olhando para ele!
Zafir sorriu para mim. Meus lábios tremeram com um leve sorriso, tão leve que foi quase imperceptível. Forcei meus olhos se desviarem dos hipnóticos dele e me concentrei no cantor e na melodia.
Quando finalizou o espetáculo, aplaudimos com alegria. Ele me ajudou a me levantar da cadeira me dando sua mão. Estremeci em contato com ela.
Essas sensações sentidas pelo meu corpo, ao mais leve toque dele, era tudo muito novo para mim. Pisando firmemente no ladrilho vermelho, seguida pelos olhares de todos os presentes, eu e Zafir chegamos à outra sala.
Iabá, 65 anos, uma das tias de Zafir. Uma mulher bonita para sua idade, firme e decidida. Que com certeza seguia a religião, pois não usava maquiagem, joias ou adornos. Uma pequena mulher de pele dourada e olhos calorosos, nos trouxe um prato cheios de pequenos barquinhos de diversos recheios, ricota, patês de vários tipos.
Eu sorri gentil para ela, em agradecimento. O tempo todo, pela minha visão periférica, eu podia sentir os olhos de Zafir postados em mim.
Movida pela curiosidade e atração, que era difícil admitir, pois eu mal o conhecia, eu procurei seus olhos.
Ele sorriu e disse-me em árabe:
—Aibti samtuk jamila tun.
Eu não entendi suas palavras e envergonhada, expliquei:
—Eu falo pouco o árabe.
Zafir sorriu.
—Perdoe-me. Eu disse que seu sorriso é lindo. —Sua voz saiu suave, seus olhos passaram de leve por todo o meu rosto e eu saboreei a paz dele.
—Obrigada. — Sorri com o coração disparado.
Desviei meus olhos dos dele e me forcei a comer um canapé para ocupar minha mente com o sabor deles e me fortalecer para não desmaiar em seus braços.
Mastiguei pequenos pedaços, para não engasgar. Era impressionante como aqueles olhos negros me deixavam nervosa. Como se eles tivessem o poder de me tocar com eles.
Rico, sozinho, bonito, sexy: eu era a presa ideal para cair de amores por ele. Eu já me sentia nocauteada pelo seu charme.
Devia ter algo de errado com esse homem!
Eu me sentia como se tivesse ganhado um grande prêmio sozinha.
Não! Eu não queria estar enganada!
Clamei a Allah: Que nossa união seja perfeita. Alma e carne confundidas numa mesma chama. Uma doação, onde lutaríamos pela felicidade um do outro.
Zafir
Ela estava ali, ereta, altiva, rígida como uma rainha.
Lindaaaaaaaaaaaa.
Impressionante.
Enruguei minha testa. Fiquei ali me perguntando que diabos tinha acontecido? O que ela tinha, que provocou dentro de mim tamanho rebuliço interno?
Talvez o fato dela parecer madura mesmo sendo tão jovem. Parecia do tipo de garota mais difícil de se impressionar. Daquelas que precisavam ser conquistadas.
Autêntica, espontânea, do tipo que não forçava a barra tentando ser uma coisa que não era.
Eu estava ali, passando toda segurança e paz no meu rosto, mas por dentro eu fervia, como um adolescente na sua primeira explosão de hormônios. Como se um ímã imaginário que me puxava para mais perto dela. Nunca senti tal magnetizado por alguém. Eu queria que tudo acabasse logo. Todo rito, toda festa, tudo.
Passei meus olhos por seu colo coberto com aquele tecido grosso do vestido, pensei em como seria ela debaixo dele. Eu podia facilmente imaginá-la deitada nua na cama, clamando por meu toque, chamando meu nome. Os cabelos espalhados pelo travesseiro...seus olhos verdes alaranjados procuraram os meus.
Ela olhou para mim.
Allah!
Eu segurei seu olhar e lhe dei um sorriso, afastando qualquer pensamento indecoroso, por puro medo de assustá-la.
Algo me dizia que, com ela, as coisas deveriam ser bem devagar e, eu não queria passar a imagem de um lobo babão.
Ela pegou um copo de suco de uva que minha tia ofereceu lhe entregando o prato vazio, eu fiz o mesmo. Ainda pensativo, suspirei pensando na cerimônia que teríamos amanhã. Só depois dela, poderíamos ficar sozinhos.
Um lampejo de preocupação passou por meu rosto quando me lembrei com amargura de Jamile. A rainha má, que adorava ser o centro das atenções.
Agora seu trono, antes soberano, seria dividido, ameaçado por uma lindíssima jovem.
Eu podia ver Jamile de frente ao espelho, como nos contos de fada, perguntando:
"Espelho, espelho meu, existe alguém mais bela do que eu? "
A sua imagem diria, sim, uma linda jovem de olhos verdes, pele de porcelana, magra, linda. Em contraste com uma igualmente bela, morena de olhos negros e cabelos negros, magra.
Vinte dois anos vs trinta.
Eu estava ferrado!
KhadijaO jardim estava banhado de sol naquele fim de tarde. Sereno, verde e dourado. Me afastei da janela e sentei na minha cama.Uma coisa eu tinha que reconhecer, nosso povo era muito amistoso. As mulheres, mesmo que não falassem minha língua, não sabiam o que fazer para eu me sentir feliz e confortável.Titia nem se deu ao trabalho de ficar comigo, estava aproveitando as despesas pagas pelo meu noivo, agora marido, e batendo perna na Medina.A porta se abriu e minha tia entrou no meu quarto, sorriu quando me viu. Tirando o lenço preto que usava na cabeça suspirou:—Allah! Aqui é tudo tão lindo. Essa casa, então, maravilhosa.—Gostei muito da tia de Zafir. Uma pessoa simples e prestativa. Tem uma casa tão grande e nem parece dona dela.Zilá se aproximou de mim com uma sacola na mão.—E dele? Vo
ZafirKhadija se afastou de mim e se enfiou no banheiro com algumas roupas nas mãos. Eu tirei a minha também e só coloquei uma calça de pijama. Logo minha mente me avisou para ter cautela, por isso coloquei também uma camiseta, cobrindo completamente meu corpo.Caminhei até a janela e pela vidraça pude ver a lua cheia. Uma coisa eu tinha, paciência. Casado há três anos com Jamile, eu adquiri convivendo com ela. Ouvi muitas palavras atravessadas em seus dias de mau humor por causa da maldita TPM, suas negativas ferozes quando eu a convidava a um jantar de negócios. Ela só queria sair para festas da alta sociedade. Minhas reuniões, ela não se interessava. Dizia que só haveria “conversas chatas".Eu sabia que meu casamento era um fracasso total, mas eu me acomodei e ela nunca cometeu um grave delito para que eu pudesse repudi&a
KhadijaDizem que ninguém se esquece da primeira vez que pisa em Paris. Eu seria uma delas....Encanto, espanto, surpresa, deslumbramento, alegria e prazer. Tudo isso ao lado de um homem maravilhoso....Às dez horas da noite descemos no Aeroporto Charles de Gaulle. Fomos até área de desembarque e pegamos nossas malas; uma minha, só com poucas roupas. Duas grandes de Zafir.Quando nos viramos, um senhor de meia idade, se aproximou dele.— Seigneur. Avez-vous fait un bon voyage?— Oui, merci. Charles. C'est ma femme, Kajira.Eu fitei a cena confusa. Quem era esse senhor?—Bienvenue, mademoiselle. —Ele se inclinou para mim.Eu sorri. Quando ele pegou nosso carrinho e se dirigiu para a saída, Zafir colocou sua mão na minha cintura.—Quem é esse senhor? Por que ele está levando nossas malas? —Eu
ZafirEu me inclinei e beijei suavemente ao longo de sua mandíbula e logo abaixo da orelha.Ela cheirava tão bem, um perfume doce, como jasmim e rosas. Tão diferente... khara! (Merda!) Não quero pensar em Jamile agora.Voltei a beijar-lhe suavementea concha de sua orelha.—Eu não vou pressioná-la para qualquer coisa. —Sussurrei em seu ouvido, sentindo como ela estava nervosa. Então eu a encarei com as pupilas dilatadas de desejo. Torcendo para ela se entregar de coração e alma. —Não quero que faça amor comigo por obrigação ou gratidão.Ela me olhava afogueada, sua respiração agitada soprando em meu rosto.—Não, eu te desejo. Eu quero isso.Eu sorri de satisfação, retornei com beijos leves por todo seu pescoço antes de chegar a sua boca. Be
KhadijaAqui em Paris, gula não é pecado nem algo imperdoável. Aliás, era um rito indispensável que nos leva ao paraíso.Saímos para almoçar fora. Fomos na Brasserie Balzar (49 Rue des Ecoles 75005. Os mâitres e garçons foram muito atenciosos e alegres, prontos a sugerir o prato do dia. O cardápio foi maravilhoso a experiência de comeraile de raie française façon grenobloise, pommes vapeur,que eraarraia com muita manteiga e alcaparras acompanhada com batatas cozidas. Delicioso, como um manjar dos deuses. Eu sei que muito tinha a ver com o lugar que estávamos, segundo Zafir, era o prato predileto do Johnny Depp.Aqui em Paris, os turistas compravam desenfreadamente. Os franceses olhavam tudo com certo desdém para as imensas sacolas que todos carregavam. E eu e Zafir éramos um desses
KhadijaAqui em Paris, andar de bicicleta não era mais comum do que pegar um carro. Crianças, jovens e mulheres de meia-idade, com suas bicicletinhas com cestinhas na frente, todos andavam. Conclui que por isso as francesas eram tão magrinhas.Estar com Zafir, descobri que podia fazer coisas diferentes. Me reinventar.Eu e ele pedalamos muito. Mesmo num friozinho de dez graus, não ficamos morgando em casa. Pode parecer uma coisa banal andar de bicicleta. Mas foi uma experiência maravilhosa. Eu aprendi a pedalar, na época que meus pais eram vivos, e viver essa experiência novamente e com ele, era algo extraordinário, libertador, e muito, mas muito gratificante.A Cidade Luz era maravilhosa. Não estava aconchegante, porque o vento provoca um frio de rachar, mas eu me sentia viva. Zafir então, parecia um menino. Lindo, jovial naquela calça de veludo marrom
Zafir—Zafir! Como ousa? Como ousa sumir assim sem dar notícias? —Sua voz tremia do outro lado.—Jamile. É natural. Eu acho que mereço umas férias depois de matar um leão por dia para te dar o melhor.—Mas esse tempo todo você deixou o celular desligado! E se algo acontecesse comigo?—Meu pai me ligaria aqui.—Eu liguei para a casa de sua tia no Marrocos, ela disse que você viajou. Mas não me abriu nada. Aonde vocês foram? —Minha tia conhecia Jamile e seu jeito inoportuno, ela com certeza me ligaria aqui, por isso ela não revelou nada.—Quando eu chegar, conversaremos.—Você comprou alguma coisa para mim? —Ela perguntou melosa.Merda!—Não, ainda não.—Ainda não? Você vem amanhã! Qu
O taxi deslizava pelas ruas de Londres. Zafir acariciou minha mão e a segurou na sua enquanto o taxista dirigia em direção aquilo que seria “nossa casa.”—Antes de chegarmos, teremos que falar daquilo que evitamos esses dias. — Ele disse com lábios apertados. Havia apreensão em seu comportamento.Eu olhei para ele em confusão.—Seja mais claro habibi.Ele suspirou e me trouxe em seu peito, acariciando meu cabelo enquanto eu descansei minha bochecha contra ele.—Evite Jamile. Ela fez de tudo para eu me casar pela segunda vez, mas tem tido acessos de arrependimento tardio. Quero que você e ela tenham uma convivência pacífica.Eu endureci meu corpo contra o dele. Me afastei.—Você está se casando pela segunda vez? Quem é Jamile?Olhei para ele no escuro do carro. Ele estava ansiosamente olhando para mim com os