O hospital Alasca Reed recentemente havia adotado um programa para internos, depois das candidaturas excessivas no Seattle Reed.
Havia sido a primeira da minha turma, graças às notas perfeitas e conseguido uma vaga no tão sonhado Seattle Reed por causa da minha mãe, e seus contatos.
Depois de ter minha vida virada de cabeça para baixo, decido que queria transferida para o Alasca.
As portas automáticas abrem quando me aproximo, entrando no hall do hospital com um grupo a frente, diante de uma mulher ruiva.
– Sejam bem vindos. Sou a Dra. Sanders – Sua voz delicada soa não muito alto – Me sigam – O grupo em torno de vinte pessoas a segue prontamente – Acredito que todos já devem conhecer o interior de um hospital. O Alasca Reed não é diferente – Subimos alguns andares pelas escadas, passando por vários setores do hospital, parando na ala de cirurgia, nosso andar.
Não sabíamos ao certo quem no grupo conseguiria se tornar um cirurgião. Só sabíamos que para isso, precisávamos daquele programa para conseguir e teríamos que lutar com unhas e dentes para nos destacar.
O grupo foi dividido em duas partes, levado aos vestiários. No interior do meu armário no vestiário, havia dois uniformes azul– claro, visto um pouco hesitante, já que os banheiros estavam ocupados e não tinha tempo a perder.
Saio do banheiro prendendo meu cabelo num rabo– de– cavalo quando meu olhar se cruza com o de Sebastian e o tempo desacelera.
Ele mesmo.
Se não estivesse com os olhos fixos nele, não acreditaria que era o mesmo homem da noite anterior.
Estava poucos metros de mim vestido em um jaleco, com os olhos semicerrados. Com certeza querendo ter certeza de que era a mulher do bar que passou a noite.
Sem dúvidas, passava um filme em nossas cabeças.
– Será que é ele mesmo? – Uma interna pergunta, não conseguindo disfarçar a animação na voz.
– É ele mesmo – Outra comenta ao seu lado – Sebastian Reed, o herdeiro da rede de hospitais Reed.
Como eu não...? Argh.
Sabia quem era os Reed, só não conhecia o herdeiro dos Reed.
Nunca fui de me interessar pela família Reed. Só sabia que existiam por causa que era uma referência para minha mãe e as Universidades de Medicina. Se não fosse isso, nunca saberia.
Mas o foco ali não era este.
Havia transado com Sebastian Reed e sido talvez a primeira ninfomaníaca que conheceu. Já que a perder de ser bem dotado, fui até o fim e repeti.
E só de estar diante dele, já sentia meu corpo reagir.
Uma enfermeira se aproxima, entregando um bip para cada um.
Seria por ali que seríamos chamados em qualquer situação. Fosse emergência ou não.
Dra. Sanders para de conversar com Sebastian no instante em que seu bip toca.
– Venham comigo – diz quase correndo, indo em direção da emergência.
Uma socorrista entra empurrando uma maca.
– O que aconteceu? – pergunta.
– Katie Bryce, 15 anos, convulsões irregulares na última semana. Pulso perdido a caminho, iniciou convulsão quando chegamos – Entramos em uma sala, nos colocando ao redor da paciente.
– O.k. Coloquem ela de lado – Dra. Sanders orienta – Jacob, 10 miligramas de Diazepam IM – Seus olhos fixam em mim – Não, não. A faixa branca fica na direita. Direita– branca. Direita– branca – instrui – Agulha grande. Não deixem o sangue hemolisar. Vamos! – Seguimos suas orientações, notando a convulsão parar devagar – Quero todos os exames de rotina: CT,CBC, químico– 7, toxicológico. Jacob, você nos laboratórios, April, examinar pacientes. Grace, leve a Katie para a tomografia. Ela é sua responsabilidade agora. O restante vem comigo.
Observo April a examinar com dificuldade, fazendo anotações no prontuário.
Após ser liberada, tendo permissão para a levar para a tomografia, sem saber ao certo qual caminho ir.
– Onde está minha mãe? – Ela pergunta, quando volto para o elevador, depois de ter certeza que estava no andar errado.
– Deve estar a caminho – Aperto o botão do andar superior.
– Ela deve estar preocupada comigo. Não ficou quando bati a cabeça jogando bola. Mas hoje sem dúvida, deve estar.
– É. Com certeza ela deve estar.
Depois de encontrar a sala de tomografia e realizar os demais exames listados pela Dra. Sanders, ainda consigo pegar a hora do almoço.
Me aproximo onde Jacob e April estavam sentados.
– Posso? – pergunto indicando uma das cadeiras vazias.
– Fique à vontade – diz ele sem tirar os olhos de um livro.
– Você é a interna que está com a Katie, não é? – April pergunta, se inclinando para frente.
– Eu mesma.
– Ouvi a mãe dela falar que ela j**a em um filme feminino – comenta voltando a comer.
– Ela comentou algo sobre isso.
– Bem que gostaria de ter tempo para esportes.
– Se queria tempo – diz Jacob, desviando a atenção do livro – Por quê escolheu ser cirurgiã? – pergunta em tom de deboche.
Poderia jurar que vi veneno voando.
April endireita a postura, erguendo o queixo.
– Ainda tenho tempo.
– Não sei que horas – Ele volta para o livro.
– Quando não estiver no hospital – rebate.
– Que vai ser...?
– Ainda vou ter uma vida, além de trabalhar – argumenta.
Jacob me olha, pegando o copo com canudo.
– Você também acha que vai conseguir ter uma vida sendo cirurgiã? – Ele suga o líquido do copo pelo canudo.
– Tenho esperança que sim – murmuro.
– Iludidas – Ele volta a ler, nos ignorando.
Dra. Sanders se aproxima com passos firmes, fazendo o garfo de plástico parar perto da minha boca.
– Boa tarde, internos – diz nos olhando. Jacob para de ler para olhar para ela e April limpa os cantos da boca com um guardanapo – Está no quadro, mas resolvi dar a boa notícia pessoalmente. Como sabem, a honra de auxiliar a primeira cirurgia é reservada ao interno mais promissor. Como estou no comando das cirurgias, sou eu quem escolhe – Continuo o trajeto da colher, mastigando a comida. Ela coloca uma mão sobre meu ombro – Grace Jones.
– Eu? – pergunto surpresa, quase engasgando. Sob o olhar surpresos de Jacob e April.
– Irá fazer uma apendectomia hoje à tarde. Parabéns. Desfrute.
– Ela disse eu? – Olho para ambos, desejando que dissessem o contrário. Porém, apenas voltam a fazer o que faziam antes.
Não estava pronta para uma cirurgia.
Parecia loucura. Mas não estava.
O que me fazia lembrar que tive várias oportunidades para abandonar a faculdade e ir para qualquer outro curso. Mas por medo em desapontar a pessoa que mais admirava, decidi continuar e ali estava eu, quase entrando em pânico com minha primeira cirurgia de apendicite.
Disfarçadamente, pego um comprimido dentro do frasco laranja, colocando dentro da boca.
Fazia algumas anotações do progresso da saúde de Katie Bryce depois do almoço, quando os pais dela entra de repente no quarto, indo até a filha.– Katie, amorzinho, mamãe e papai estão aqui – diz a mãe acariciando seu rosto.– Ela tomou um sedativo para a tomografia, está um pouco grogue – digo atraindo ambos os olhares, me arrependendo no mesmo instante.– Ela vai ficar boa? – A mãe pergunta rapidamente.– Nosso médico disse que talvez ela precise ser operada. É verdade? – O pai pergunta.– Que tipo de operação? – A mãe volta a questionar, os olhos fixos em mim.– Ela...bem... – balbucio sem saber o que dizer, nem por onde começar a responder – Sabem de uma coisa? Não sou a médica. Sou médica, mas não sou a médica responsável pela Katie, então vou chamar o médico responsável para vocês – Saio o mais depressa que posso, sem saber enfiar minha cara com a minha gafe, quase que trombando em Dra. Sanders no corredor.– O que foi?– Os pais da Katie têm perguntas. Você f
Vou até a recepção do andar da cirurgia, pegando alguns prontuários.– 4– B está com pneumonia pós– operatória. Inicie com os antibióticos – diz April para uma enfermeira.– Tem certeza que é o diagnóstico certo?– Bem, não sei. Sou apenas uma interna. Por que não passa quatro anos na Universidade de Medicina e depois me diz se é o diagnóstico certo? Está respirando mal. Tem febre. É pós– operatório. Inicie os antibióticos – Ela se aproxima folheando alguns prontuários numa pasta – Deus, odeio enfermeiras.– Talvez ela não tenha pneumonia. Pode ser embolia pulmonar – Separo alguns prontuários.– Como disse, odeio enfermeiras – Ela vai para o outro lado do balcão.– O que foi que você disse? – Me viro para ela, a olhando com atenção – Acabou de me chamar de enfermeira?– Bem, se a touquinha serviu – Ela dá de ombros. Meu bip toca, fazendo ter que me afastar, após ver o número do quarto de Katie. Só não esperava que não fosse os pais de Katie com mais perguntas. Qu
– Tudo bem? – Sebastian pergunta, quando passo por ele horas mais tarde em um corredor, após os internos serem convocados para uma reunião. O dia acabara de “amanhecer” e me sentia vitoriosa por não ter cochilado em nenhum momento. Ignoro Sebastian, ainda chateada pelo o que fez no quarto de Katie Bryce e pelos demais acontecimentos. Aquele meu primeiro dia não sairia tão fácil da minha mente. Entro na sala com Sebastian logo atrás.– Bom dia.– Bom dia – Os demais respondem num coro. – Vou fazer algo raro para um cirurgião. Vou pedir ajuda aos internos. Tem essa garota, Katie Bryce. No momento ela é um mistério. Não responde às medicações. Os exames estão limpos, a tomografia está pura, mas esta tendo convulsões agudas sem causa visível. Ela é uma bomba– relógio. Morrerá se eu não tiver um diagnóstico e é aí que vocês entram. Preciso que sejam detetives. Que descubram porque está tendo convulsões – Os olhos dele percorrem todos na sala – Sei que estão cansad
Jacob fazia anotações num bloco de notas, quando o resultado da radiografia saiu na tela do computador. Sebastian olha com atenção o visor.– Macacos me mordam – murmura surpreso. Quem falava isso ainda? – Aí está. É mínimo, mas está lá. É uma hemorragia sub– aracnóide. Uma hemorragia no cérebro. Jacob me olha, contendo um sorriso.– Ela poderia ter passado a vida toda sem ter qualquer problema – continua – Uma batidinha no lugar certo e...– Estourou – Jacob o interrompe animado.– Agora posso concertar. Fizeram um bom trabalho. Adoraria ficar aqui mas preciso contar aos pais da Katie que ela será operada – Sebastian faz menção em sair, sendo impedido por Jacob.– Dr. Reed, disse que escolheria alguém se ajudássemos.– Ah, sim. Certo. Sinto não poder ajudar as duas. A sala já estará cheia – Ele desvia o olhar de Jacob para mim – Grace, te vejo na cirurgia – Jacob me olha, indicando com a cabeça para que falasse com Sebastian. Mas as palavras não saem. Seb
Não consigo pensar numa única razão para eu querer ser cirurgiã. Mas tinha mil razões para desistir. Eles dificultavam tudo de propósito. Temos vidas nas nossas mãos. Chega um momento em que é mais que um simples jogo e ou você dá aquele passo à frente ou vira as costas e vai embora. Auxiliando a cirurgia de Katie e vendo Sebastian tão ágil e preciso, cheguei em uma conclusão: Eu poderia desistir, mas eu amo o campo de jogo. Adrenalina foi o que sempre me moveu e quase foi meu fim. Horas depois da cirurgia, me encontro do lado de fora da sala, sentada em uma das cadeiras, exausta e caindo de sono.– Foi uma boa cirurgia – diz Jacob se aproximando.– É – concordo com um sussurro.– Não precisa nos fazer aquela coisa em que eu digo algo, daí você diz também, aí alguém chora e temos esse momento lindo.– Eca – brinco sonolenta.– Ótimo – Ele me olha – Devia ir dormir. Tá com a cara péssima.– Tô melhor que você.– Isso não é possível –
Sebastian me observa comer, sem tocar no seu prato. Enquanto eu, praticamente estava devorando a comida do prato como se fizesse dois dias que não via comida.– Não vai comer? – pergunto mastigando.– Estou sem fome.– Então por quê...? Aquele sorriso de canto...– Não sabia o quê dizer quando fui na casa da Sra. Bailey. Assinto, dando outra mordida no meu hamburguer.– Desde quando você está a frente dos hospitais Reed? – pergunto querendo que não passaremos no assunto nós. Ele dá de ombros.– Pouco mais de dois meses.– E por quê aqui?– Gosto do frio. Das montanhas. De pescar – Ele suspira – E precisava tomar as rédeas deste hospital. O olho surpresa. Imaginando ele com uma vara de pesca, esperando pacientemente os peixes morderem a isca. Era algo que o Sebastian sem dúvida faria. Se conectar com a natureza.– Vou ensinar você a pescar.– O quê?– Você vai gostar. Da natureza. O silêncio.– Não tenho tempo para isso. Sou uma
Caminhava em direção do vestiário, quando sou puxada rapidamente para dentro de uma sala com a única iluminação vindo de um poste do lado de fora. Arfo com meus olhos se acostumando com a pouca iluminação.– Oi – Sebastian sussurra, praticamente me segurando em seus braços.– ...Oi – Sussurro de volta surpresa. Os olhos dele vagam pelo meu rosto.– Quero fazer isso desde ontem – Sua boca pressiona a minha, com sua língua invadindo minha boca, acariciando minha língua. Gemo segurando seu rosto entre ás mãos, passando ás pernas ao redor de sua cintura e o prendendo contra meu corpo, sentindo sua ereção pressionar a calça jeans. As mãos de Sebastian vão para de baixo da minha blusa, apertando meus seios. As levando em seguida para dentro da minha calça jeans, apertando minhas nadegas com força.– Quero transar... – digo com a voz urgente. Talvez fosse daquele tipo de escape da realidade que precisava. Tento desabotoar os botões, falhando.– Ou
Paro na porta da sala do pós– operatório, encontrando um senhor ao lado da cama da Sra. Paterson. Hesitante, ando até ele.– Oi, Sr. Paterson. Em enfermeiro administrava medicação.– Oi – Ele responde.– Hemodinâmica estável? – pergunto ao enfermeiro, olhando o prontuário.– Mapa em torno de 80. Rendimento cardíaco a 5.– Isso é bom, Dra. Grey? – Sr. Paterson pergunta.– É bom, Sr. Paterson – Faço anotações.– Mas não o ideal.– A cirurgia cardíaca exige muito do paciente. Estamos monitorando sua esposa com cuidado, ela deve ficar bem. Ele volta a olhar para a esposa entubada. Continuo com minhas visitas matinais, tentando de toda forma esquecer o incidente com o coração. Dias como aquele, só queria ficar em baixo das cobertas e fingir que não existia. Não ter que enfrentar uma dúzia de pacientes doentes. De volta para a recepção do pós– operatório, faço mais anotações. Sebastian se apoia no balcão, para me olhar.– Você