Capítulo 6

      O hospital Alasca Reed  recentemente havia adotado  um programa para internos, depois das candidaturas excessivas no Seattle Reed.

       Havia sido a primeira da minha turma, graças às  notas perfeitas e conseguido uma vaga no tão sonhado Seattle Reed por causa da minha mãe, e seus contatos.

       Depois de ter minha vida virada de cabeça para baixo, decido que queria transferida para o Alasca.

      As portas automáticas abrem quando me aproximo, entrando no hall do hospital com um grupo a frente, diante de uma mulher ruiva.

–  Sejam bem vindos. Sou a Dra. Sanders – Sua voz delicada soa não muito alto – Me sigam – O grupo em torno de vinte pessoas a segue prontamente – Acredito que todos já devem conhecer o interior de um hospital. O Alasca Reed não é diferente – Subimos alguns andares pelas escadas, passando por vários setores do hospital, parando na ala de cirurgia, nosso andar.

        Não sabíamos ao certo quem no grupo conseguiria se tornar um cirurgião. Só sabíamos que para isso, precisávamos daquele programa para conseguir e teríamos que lutar com unhas e dentes para nos destacar.

        O grupo foi dividido em duas partes, levado aos vestiários. No interior do meu armário no vestiário, havia dois uniformes azul– claro, visto  um pouco hesitante, já que os banheiros estavam ocupados e não tinha tempo a perder.

      Saio do banheiro prendendo meu cabelo num rabo– de– cavalo quando meu olhar se cruza com o de Sebastian e o tempo desacelera.

      Ele mesmo.

      Se não estivesse com os olhos fixos nele, não acreditaria que era o mesmo homem da noite anterior.

      Estava poucos metros de mim vestido em um jaleco, com os olhos semicerrados. Com certeza querendo ter certeza de que era a mulher do bar que passou a noite.

      Sem dúvidas, passava um filme em nossas cabeças.

–  Será que é ele mesmo? – Uma interna pergunta, não conseguindo disfarçar a animação na voz.

–  É ele mesmo – Outra comenta ao seu lado – Sebastian Reed, o herdeiro da rede de hospitais Reed.

       Como eu não...? Argh.

       Sabia quem era os Reed, só não conhecia o herdeiro dos Reed.

       Nunca fui de me interessar pela família Reed. Só sabia que existiam por causa que era uma referência para minha mãe e as Universidades de Medicina. Se não fosse isso, nunca saberia.

       Mas o foco ali não era este.

       Havia transado com Sebastian Reed e sido talvez a primeira ninfomaníaca que conheceu. Já que a perder de ser bem dotado, fui até o fim e repeti.

       E só de estar diante dele, já sentia meu corpo reagir.

       Uma enfermeira se aproxima, entregando um bip para cada um.

      Seria por ali que seríamos chamados em qualquer situação. Fosse emergência ou não.

      Dra. Sanders para de conversar com Sebastian no instante em que seu bip toca.

–  Venham comigo – diz quase correndo, indo em direção da emergência.

      Uma socorrista entra empurrando uma maca.

–  O que aconteceu? – pergunta.

–  Katie Bryce, 15 anos, convulsões irregulares na última semana. Pulso perdido a caminho, iniciou convulsão quando chegamos – Entramos em uma sala, nos colocando ao redor da paciente.

–  O.k. Coloquem ela de lado – Dra. Sanders orienta – Jacob, 10 miligramas de Diazepam IM – Seus olhos fixam em mim – Não, não. A faixa branca fica na direita. Direita– branca. Direita– branca – instrui – Agulha grande. Não deixem o sangue hemolisar. Vamos! – Seguimos suas orientações, notando a convulsão parar devagar – Quero todos os exames de rotina: CT,CBC, químico– 7, toxicológico. Jacob, você nos laboratórios, April, examinar pacientes. Grace, leve a Katie para a tomografia. Ela é sua responsabilidade agora. O restante vem comigo.

       Observo April a examinar com dificuldade, fazendo anotações no prontuário.

       Após ser liberada, tendo permissão para a levar para a tomografia, sem saber ao certo qual caminho ir.

–  Onde está minha mãe? – Ela pergunta, quando volto para o elevador, depois de ter certeza que estava no andar errado.

–  Deve estar a caminho – Aperto o botão do andar superior.

–  Ela deve estar preocupada comigo. Não ficou quando bati a cabeça jogando bola. Mas hoje sem dúvida, deve estar.

–  É. Com certeza ela deve estar.

       Depois de encontrar a sala de tomografia e realizar os demais exames listados pela Dra. Sanders, ainda consigo pegar a hora do almoço.

       Me aproximo onde Jacob e April estavam sentados.

–  Posso? – pergunto indicando uma das cadeiras vazias.

–  Fique à vontade  – diz ele sem tirar os olhos de um livro.

–  Você é a interna que está com a Katie, não é? – April pergunta, se inclinando para frente.

–  Eu mesma.

– Ouvi a mãe dela falar que ela j**a em um filme feminino – comenta voltando a comer.

–  Ela comentou algo sobre isso.

–  Bem que gostaria de ter tempo para esportes.

–  Se queria tempo – diz Jacob, desviando a atenção do livro – Por quê escolheu ser cirurgiã? – pergunta em tom de deboche.

       Poderia jurar que vi veneno voando.

       April endireita a postura, erguendo o queixo.

–  Ainda tenho tempo.

–  Não sei que horas – Ele volta para o livro.

–  Quando não estiver no hospital – rebate.

–  Que vai ser...?

–  Ainda vou ter uma vida, além de trabalhar – argumenta.

        Jacob me olha, pegando o copo com canudo.

–  Você também acha que vai conseguir ter uma vida sendo cirurgiã? – Ele suga o líquido do copo pelo canudo.

–  Tenho esperança que sim – murmuro.

–  Iludidas – Ele volta a ler, nos ignorando.

       Dra. Sanders se aproxima com passos firmes, fazendo o garfo de plástico parar perto da minha boca.

–  Boa tarde, internos – diz nos olhando. Jacob para de ler para olhar para ela e April limpa os cantos da boca com um guardanapo – Está no quadro, mas resolvi dar a boa notícia pessoalmente. Como sabem, a honra de auxiliar a primeira cirurgia é reservada ao interno mais promissor. Como estou no comando das cirurgias, sou eu quem escolhe – Continuo o trajeto da colher, mastigando a comida. Ela coloca uma mão sobre meu ombro – Grace Jones.

–  Eu? – pergunto surpresa, quase engasgando. Sob o olhar surpresos de Jacob e April.

–  Irá fazer uma apendectomia hoje à tarde. Parabéns. Desfrute.

–  Ela disse eu? – Olho para ambos, desejando que dissessem o contrário. Porém, apenas voltam a fazer o que faziam antes.

      Não estava pronta para uma cirurgia.

      Parecia loucura. Mas não estava.

      O que me fazia lembrar que tive várias oportunidades para abandonar a faculdade e ir para qualquer outro curso. Mas por medo em desapontar a pessoa que mais admirava, decidi continuar e ali estava eu, quase entrando em pânico com minha primeira cirurgia de apendicite.

      Disfarçadamente, pego um comprimido dentro do frasco laranja, colocando dentro da boca.

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