Mira deve ter visto o olhar em meus olhos porque balançou a cabeça. — Não é uma reunião. O Alfa Caio apenas quer vê-la. Há... membros do conselho na sala com ele.Ri quase amargamente. — Então é uma reunião, certo?Mira desviou o olhar timidamente, um pequeno sorriso curvando seus lábios. — Acho que sim.Assenti, respirei fundo e assenti novamente. — Obrigada pelo aviso, Mira.Eu sabia onde o pai de Romano e o restante do conselho da Garra-Férrea estariam reunidos, e, apesar de toda a minha coragem, meu estômago ainda temia uma reunião com o conselho da Garra-Férrea.Eles são como lobos, essas pessoas, e tenho a sensação de que sei o que querem discutir, e talvez eu não goste disso.— O conselho decidiu que não pode mais se manter em uma posição de neutralidade em relação às questões atuais da Alcateia.O pai de Romano me encara firmemente enquanto um membro do conselho se dirige à sala.— Precisamos que o Alfa Romano nos diga o que ele pretende fazer com sua companheira, que acabou de
— Preciso lembrar ao conselho que as decisões do Alfa são de responsabilidade única e exclusiva do Alfa? Sim, eu sei que Elara fazia parte da Alcateia há oito anos, mas isso foi há oito anos. As coisas mudaram desde então.— Você está minimizando a tragédia que nos custou a maior parte de nossa Alcateia e de nossos companheiros, Luna Scarlett?Sinto uma irritação fria penetrar em meus ossos ao ouvir isso, e o olhar de Greta me diz que ela está pronta para me provocar ainda mais. Ela pergunta novamente:— Você está insinuando que o que aconteceu há oito anos não tem impacto no que está acontecendo agora, Luna Scarlett? Que uma tragédia fundamental que se abateu sobre a Alcateia Garra-Férrea, tirou vidas e quase nos levou à ruína total, não importa agora?Cerro os dentes e encaro a mulher mais velha.O olhar feroz que ela me devolve tem igual intensidade e, talvez, só um vislumbre... um vislumbre de desprezo.Uma voz masculina se junta ao embate de Greta.— O conselho terá de apoiar a po
Meu corpo dói agradavelmente quando terminamos, e Romano está beijando meu pescoço em movimentos suaves e lentos, circulando as marcas de mordida que enviam uma onda de prazer ao meu núcleo toda vez que sua língua passa por aquela área.Deixo escapar sons suaves, sons agradáveis que não podem ser confundidos com outra coisa.Viro-me para encarar Romano e jogo minhas pernas sobre sua cintura desnuda, literalmente abraçando-o com força e deixando o som da sua risada ecoar em meus ouvidos, trazendo um sorriso ao meu rosto.— Sentiu tanto a minha falta assim, Sra. Matos?A voz de Romano é um murmúrio profundo que faz meu corpo vibrar agradavelmente mais uma vez, então eu aceno, me enterrando no calor do corpo dele sem me importar com minha aparência agora.Romano me beija, suas mãos percorrem meu corpo enquanto ele se vira para mim, e seus lábios se selam nos meus. Ele me faz derreter ainda mais contra ele e apaga minha mente.Eu precisava disso.Eu precisava disso mais do que sabia que pr
Hélder está andando de um lado para o outro na sala de espera quando chego lá, e não consigo evitar o sorriso irônico que aparece no meu rosto.Ele tem coragem! Isso é uma coisa que posso dizer dele. Ele realmente tem coragem de vir aqui e mostrar a cara para mim novamente. Posso sentir a raiva estampada no rosto de Hélder, a irritação enrijecendo seus ombros e a impaciência em seus passos.Uma frase sai da minha boca assim que ele se vira e encontra meu olhar:— Quem deixou você entrar?Hélder dá um riso irônico e passa a mão pelos cabelos.— Eu venho te ver, e a única coisa que você pergunta é quem me deixou entrar?Eu faço que sim com a cabeça.— Quem, diabos, deixou você entrar? E eu te pedi para vir me ver, Hélder? Não quero te ver. Saia.Sinto o veneno escorrendo do meu tom de voz, e eu tinha prometido a mim mesma que não seria assim. Prometi que não agiria como se estivesse com raiva ou ressentida por qualquer coisa. Não agiria como se a visão dele me irritasse, como se sua pres
Scarlett entra correndo na sala com o pânico estampado no rosto. Ela ignora os membros do conselho, ignora Flávio e a única pessoa que eu achei que ela ficaria feliz em ver, vindo direto até mim.Ela não precisa se inclinar muito para sussurrar em meu ouvido, mas a única coisa que diz é: — Ele sabe.Franzo a testa e olho para Scarlett, mas há certeza em seus olhos.Misturado aos sinais leves de pânico e falta de ar, há convicção nos olhos da minha companheira, e eu não duvido dela nem por um segundo. Mesmo assim, preciso perguntar, minha voz em um tom baixo. — Sabe o quê?Um leve vestígio de diversão ameaça curvar os lábios de Scarlett, mas ela se inclina novamente e responde. — Hélder, ele sabe. Só está fingindo que não sabe.Uma voz irritada nos interrompe. — A Luna pretende tomar mais do nosso tempo?O comentário de Greta faz a aura de Scarlett intensificar, mas inclino minha cabeça para sussurrar em seu ouvido. — Ignore-a.Scarlett assente e se endireita, enfrentando o conselho. —
Ponto de vista de Scarlett– Mamãe? Eram nove da noite e hora do jantar quando Maia olhava para mim de sua tigela de mingau. Meu coração se derrete com a maneira como ela disse essa palavra, como se significasse o mundo para ela. Isso me fez sentir que ela me vê como sua fonte de conhecimento. Quando olhei para minha filha, com seus cabelos castanho claro e olhos azuis profundos, um sorriso iluminou meu rosto e belisquei sua bochecha levemente.– Sim, querida?– Eu vou ter um companheiro um dia?Pisquei os olhos quando um olhar ligeiramente divertido se espalhou pelo meu rosto.– Por que está perguntando sobre isso? Você ainda é muito jovem.– Mas vamos falar hipoteticamente.Meus olhos se arregalaram e eu dei uma risadinha.– Hipoteticamente? Quem lhe ensinou essa palavra, Maia? É uma palavra grande para uma criança de seis anos.Ela dá de ombros.– O Sr. Marco disse isso quando estava fazendo uma pergunta à Srta. Sara na aula de hoje, ele disse hipoteticamente falando...?Outra ri
– Maia, Corra! Maia gritou e saiu correndo por onde veio, mas Hélder a perseguia, tropeçando em seus pés, mas continuando atrás da minha filha.Não.Prefiria morrer antes de permitir que ele pusesse as mãos nela.Eu me levantei do chão e corri o mais rápido que pude para interceptá-lo. Ele continuava bêbado, por isso seus passos eram lentos, mas estava quase chegando à porta do quarto dela. Cheguei antes dele e a fechei com força.– Hélder, deixe a Maia fora disso! Ela nunca fez nada com você, é a mim que você quer machucar.Ele me agarrou pelo pescoço antes mesmo que eu percebesse e me puxou para cima, sufocando-me enquanto faz isso.– Você terá sua vez, sua vagabunda estúpida. Você acha que eu não vejo a maneira como você adora ela, sua preciosa filha, enquanto eu sou ridicularizado por todos ao meu redor. Vou matá-la hoje e depois vou foder seus miolos, talvez a morte de uma criança faça com que seu corpo traga outra, e se você ainda se recusar, mato você também.Hélder me jogou co
Dirigimos por três horas antes de qualquer pensamento atravessar minha mente. O primeiro que me ocorreu foi o medo disparando em meu coração. Para onde iríamos? Não podia levar-nos para a matilha dos meus pais. A matilha de Hélder era muito forte e seria apenas uma questão de tempo até que ele me persiga. Ele me acusaria de tentativa de homicídio e tiraria Maia de mim antes de me matar. Meus pais não conseguiriam impedi-lo, e a matilha de Hélder o apoiaria. Por isso, é melhor se eu nos levasse para outro lugar. Tenho um primo distante que morava a algumas cidades de distância. Meu caixa multibanco e um dos meus cartões de crédito estavam no bolso. Felizmente, é o único ao qual Hélder não tinha acesso. Tinha guardado algum dinheiro para a educação de Maia, caso Hélder decidisse não patrocinar mais seus estudos, teria de usar parte dele para nos afastar dele. As lágrimas picaram o fundo dos meus olhos e eu pisquei para as conter, mantendo meus olhos na estrada e observando as nuv