— Romano.Romano ignora seu pai e continua andando.O Alfa Caio praticamente está pisando duro atrás dele a essa altura, mas Romano não para nem diminui o passo. O Alfa mais velho solta um grito áspero. — Romano!Romano ignora o pai, entra na sala e bate a porta. Coloco uma mão no ombro do Alfa Caio e sinto sua irritação tensionar seu corpo. Ele inspira superficialmente, solta um suspiro e vira-se para me dar um aceno de cabeça antes de se afastar.Fico na porta por um tempo depois que ele se vai, apenas sentindo o humor de Romano através do vínculo de companheirismo e tentando decidir se entrar ali seria uma decisão errada.Hélder teve um filho esse tempo todo.O filho pelo qual ele me espancou por não ter. O filho pelo qual ele me violou repetidamente por não ter.Oito anos. Passei oito anos sofrendo por um filho que já havia nascido e estava vivo, mas que simplesmente não tinha nascido de mim.Não sei como isso me faz sentir. Faz minha cabeça girar. Não sei se devo rir, chorar ou si
Nos três dias seguintes, mal vejo Elara ou Axios. Sei que o Alfa Caio os colocou em quartos no andar térreo da mansão porque Flávio me contou.Também sei que Axios é muito apegado à mãe, pois Maia mencionou isso uma vez durante o almoço.Sei ainda que Elara tem tentado obter uma audiência com Romano, mas foi negada.Ninguém precisa me dizer isso. Descubro pela carta que ela deslizou por debaixo da nossa porta.Olho para o envelope rosa pastel e leio as duas palavras escritas em letras grandes: “Por favor, Romano.”O pedaço de papel dobrado que contém a carta em si diz:“Eu sei que não tenho palavras para me desculpar pelo que fiz, Romano, e sei que você quer explicações. Por favor, me dê a chance de oferecê-las.Sinto muito.Com carinho, Elara.”Fey solta um rosnado baixo na minha cabeça ao ler essa última linha, mas digo a ela para se acalmar. É só assim que as pessoas escrevem cartas. Elara estava apenas assinando seu nome, nada mais.— Luna Scarlett.Jogo a carta na mesa como se fos
Eu pisquei e encarei o médico com curiosidade, bufando levemente, um pouco confusa.— Por que eu estaria preocupada? Esta não é a primeira vez que faço isso.O médico assentiu e pegou o teste novamente. Ele sorriu ao olhar para mim e virou o teste na minha direção. O sinal de positivo estava lá, e eu revirei os olhos, embora estivesse sorrindo.— Parabéns mais uma vez, Luna Scarlett.Eu assenti, sorrindo levemente, e fixei o médico com um olhar moderado. — Obrigada. Agora me diga por que perguntou se eu estava preocupada. Você soltou essa pergunta do nada, então não me diga que foi por nada.O médico riu, e algo quente pareceu percorrer o ar enquanto ele perguntava. — Bem, você está preocupada, quero dizer?Senti as palavras baterem contra os escudos que eu havia levantado. Isso era algo que eu prometi a mim mesma não pensar, mas, por algum motivo, senti que isso era um sinal para fazê-lo.Assenti, sentindo o pânico começar a arder em meus olhos.— Eu estou, quero dizer, preocupada.O
Mira deve ter visto o olhar em meus olhos porque balançou a cabeça. — Não é uma reunião. O Alfa Caio apenas quer vê-la. Há... membros do conselho na sala com ele.Ri quase amargamente. — Então é uma reunião, certo?Mira desviou o olhar timidamente, um pequeno sorriso curvando seus lábios. — Acho que sim.Assenti, respirei fundo e assenti novamente. — Obrigada pelo aviso, Mira.Eu sabia onde o pai de Romano e o restante do conselho da Garra-Férrea estariam reunidos, e, apesar de toda a minha coragem, meu estômago ainda temia uma reunião com o conselho da Garra-Férrea.Eles são como lobos, essas pessoas, e tenho a sensação de que sei o que querem discutir, e talvez eu não goste disso.— O conselho decidiu que não pode mais se manter em uma posição de neutralidade em relação às questões atuais da Alcateia.O pai de Romano me encara firmemente enquanto um membro do conselho se dirige à sala.— Precisamos que o Alfa Romano nos diga o que ele pretende fazer com sua companheira, que acabou de
— Preciso lembrar ao conselho que as decisões do Alfa são de responsabilidade única e exclusiva do Alfa? Sim, eu sei que Elara fazia parte da Alcateia há oito anos, mas isso foi há oito anos. As coisas mudaram desde então.— Você está minimizando a tragédia que nos custou a maior parte de nossa Alcateia e de nossos companheiros, Luna Scarlett?Sinto uma irritação fria penetrar em meus ossos ao ouvir isso, e o olhar de Greta me diz que ela está pronta para me provocar ainda mais. Ela pergunta novamente:— Você está insinuando que o que aconteceu há oito anos não tem impacto no que está acontecendo agora, Luna Scarlett? Que uma tragédia fundamental que se abateu sobre a Alcateia Garra-Férrea, tirou vidas e quase nos levou à ruína total, não importa agora?Cerro os dentes e encaro a mulher mais velha.O olhar feroz que ela me devolve tem igual intensidade e, talvez, só um vislumbre... um vislumbre de desprezo.Uma voz masculina se junta ao embate de Greta.— O conselho terá de apoiar a po
Meu corpo dói agradavelmente quando terminamos, e Romano está beijando meu pescoço em movimentos suaves e lentos, circulando as marcas de mordida que enviam uma onda de prazer ao meu núcleo toda vez que sua língua passa por aquela área.Deixo escapar sons suaves, sons agradáveis que não podem ser confundidos com outra coisa.Viro-me para encarar Romano e jogo minhas pernas sobre sua cintura desnuda, literalmente abraçando-o com força e deixando o som da sua risada ecoar em meus ouvidos, trazendo um sorriso ao meu rosto.— Sentiu tanto a minha falta assim, Sra. Matos?A voz de Romano é um murmúrio profundo que faz meu corpo vibrar agradavelmente mais uma vez, então eu aceno, me enterrando no calor do corpo dele sem me importar com minha aparência agora.Romano me beija, suas mãos percorrem meu corpo enquanto ele se vira para mim, e seus lábios se selam nos meus. Ele me faz derreter ainda mais contra ele e apaga minha mente.Eu precisava disso.Eu precisava disso mais do que sabia que pr
Hélder está andando de um lado para o outro na sala de espera quando chego lá, e não consigo evitar o sorriso irônico que aparece no meu rosto.Ele tem coragem! Isso é uma coisa que posso dizer dele. Ele realmente tem coragem de vir aqui e mostrar a cara para mim novamente. Posso sentir a raiva estampada no rosto de Hélder, a irritação enrijecendo seus ombros e a impaciência em seus passos.Uma frase sai da minha boca assim que ele se vira e encontra meu olhar:— Quem deixou você entrar?Hélder dá um riso irônico e passa a mão pelos cabelos.— Eu venho te ver, e a única coisa que você pergunta é quem me deixou entrar?Eu faço que sim com a cabeça.— Quem, diabos, deixou você entrar? E eu te pedi para vir me ver, Hélder? Não quero te ver. Saia.Sinto o veneno escorrendo do meu tom de voz, e eu tinha prometido a mim mesma que não seria assim. Prometi que não agiria como se estivesse com raiva ou ressentida por qualquer coisa. Não agiria como se a visão dele me irritasse, como se sua pres
Scarlett entra correndo na sala com o pânico estampado no rosto. Ela ignora os membros do conselho, ignora Flávio e a única pessoa que eu achei que ela ficaria feliz em ver, vindo direto até mim.Ela não precisa se inclinar muito para sussurrar em meu ouvido, mas a única coisa que diz é: — Ele sabe.Franzo a testa e olho para Scarlett, mas há certeza em seus olhos.Misturado aos sinais leves de pânico e falta de ar, há convicção nos olhos da minha companheira, e eu não duvido dela nem por um segundo. Mesmo assim, preciso perguntar, minha voz em um tom baixo. — Sabe o quê?Um leve vestígio de diversão ameaça curvar os lábios de Scarlett, mas ela se inclina novamente e responde. — Hélder, ele sabe. Só está fingindo que não sabe.Uma voz irritada nos interrompe. — A Luna pretende tomar mais do nosso tempo?O comentário de Greta faz a aura de Scarlett intensificar, mas inclino minha cabeça para sussurrar em seu ouvido. — Ignore-a.Scarlett assente e se endireita, enfrentando o conselho. —