— Eu quero ir procurar o Alfa Romano, mamãe. Quero ouvir o que ele acha do meu vestido.Eu sorri enquanto assistia Maia sair, e aquela sensação quente voltou a surgir em mim.Hoje é o dia.Nos últimos três dias, Romano e eu estivemos muito próximos. Eu contei a ele o que aconteceu com Danis e o meu encontro com Hélder.Eu contei tudo o que Hélder disse e expliquei tudo a ele - o fato de que eu acabei colocando a Alcateia em mais perigo ao pedir para ele me marcar e dar aquele último passo para nos tornarmos companheiros oficiais.Ele me disse que foi um prazer me marcar.Ele queria, desde o momento em que eu mostrei o quanto eu faria para proteger minha filha e aqueles que amo.Romano disse que, se qualquer perigo se aproximasse, a Alcateia Garra-Férrea estaria firmemente ao meu lado. Ele, estaria ao meu lado.Até o fim.Houve uma batida na porta e minha cabeça se virou na direção dela. Marta não esperou eu dizer para ela entrar antes de fazê-lo.Romano a liberou para que ela cuidasse
Ponto de Vista de Scarlett— Scarlett.Tap tap tap.— Scarlett?Minhas pálpebras se abrem devagar, e a confusão turva os recantos da minha mente. Eu pisco lentamente, repetidamente.O que... O que aconteceu?Meus olhos se movem das luzes ofuscantes à minha frente para o lado, encontrando o rosto do meu companheiro. Eu sei que ele está lá.Já sei que ele está preocupado comigo porque sinto essa preocupação. Eu a sinto como se fosse minha, e, ao encontrar os olhos azuis gélidos de Romano, minha mente clareia por um segundo.Não estávamos diante do Conselho dos Alfas há um instante?O pânico toma conta de mim, e eu me levanto de repente. Estrelas dançam atrás das minhas pálpebras fechadas, e minha visão fica turva. É como se alguém tivesse virado o mundo de cabeça para baixo e minha cabe...A mão de Romano no meu ombro me paralisa. O mundo para, e todo aquele pânico desaparece.Meu companheiro me puxa para perto de si, embora eu mal consiga entender a situação, e ele me segura assim por u
Ponto de Vista de Romano— Vamos deixar você ficar com a fêmea e o filho dela.Scarlett está inconsolável.Erasmus e os outros anciãos do alto conselho me observam de seus assentos, com expressões endurecidas, sem um vestígio de piedade em seus olhos.Assim é o nosso mundo.Eles foram Alfas excepcionais em seu auge, e agora, envelhecidos, ocupam o topo do poder. Anciãos do conselho Alfa, e as últimas vozes sobre o que acontece em minha vida e na vida da minha companheira.— O que mudou?Sinto a aura do meu pai me tocar levemente, enquanto ele se mantém imóvel, mas Fenrir rosna e a raiva arde em meu coração. Devagar e com firmeza.Levanto os olhos para olhar para eles, cada rosto envelhecido e marcado pelo tempo, mas ainda repleto da juventude que os genes e a biologia de um lobo lhes concedem.Encaro cada ancião do conselho, e faço a pergunta que venho querendo fazer desde que começaram a atacar minha fêmea com suas observações irônicas e despreocupadas.— O conselho realmente ia me or
Ponto de Vista de ScarlettRomano irrompe no quarto, e seu cheiro me acalma de uma maneira que nunca senti antes. As lágrimas ainda escorrem pelo meu rosto.Minha mão ainda treme enquanto abraço minha filha contra o peito. Há milhares de coisas que penso em fazer neste momento, mas não consigo fazer nenhuma delas. Seguro Maia tão perto de mim que sinto que talvez esteja apertando-a um pouco demais. Então, ela resmunga daquele jeito dela... como um pequeno gato mal-humorado, e murmura no meu pescoço:— Você está me apertando como um marshmallow, mamãe.Eu rio.O riso brota diretamente do meu coração, forçando mais lágrimas a saírem dos meus olhos, mas minha bebê está bem. Minha bebê está bem e...— Você está bem, Maia?Romano se ajoelha e fala com ela de uma maneira tão suave que preciso conter os soluços para poder observar a interação entre eles. Maia levanta o olhar para ele e dá de ombros, ainda nos meus braços.— Estou um pouco com fome, mas estou bem.Meu coração derrete quando Ro
Ponto de vista de Scarlett– Mamãe? Eram nove da noite e hora do jantar quando Maia olhava para mim de sua tigela de mingau. Meu coração se derrete com a maneira como ela disse essa palavra, como se significasse o mundo para ela. Isso me fez sentir que ela me vê como sua fonte de conhecimento. Quando olhei para minha filha, com seus cabelos castanho claro e olhos azuis profundos, um sorriso iluminou meu rosto e belisquei sua bochecha levemente.– Sim, querida?– Eu vou ter um companheiro um dia?Pisquei os olhos quando um olhar ligeiramente divertido se espalhou pelo meu rosto.– Por que está perguntando sobre isso? Você ainda é muito jovem.– Mas vamos falar hipoteticamente.Meus olhos se arregalaram e eu dei uma risadinha.– Hipoteticamente? Quem lhe ensinou essa palavra, Maia? É uma palavra grande para uma criança de seis anos.Ela dá de ombros.– O Sr. Marco disse isso quando estava fazendo uma pergunta à Srta. Sara na aula de hoje, ele disse hipoteticamente falando...?Outra ri
– Maia, Corra! Maia gritou e saiu correndo por onde veio, mas Hélder a perseguia, tropeçando em seus pés, mas continuando atrás da minha filha.Não.Prefiria morrer antes de permitir que ele pusesse as mãos nela.Eu me levantei do chão e corri o mais rápido que pude para interceptá-lo. Ele continuava bêbado, por isso seus passos eram lentos, mas estava quase chegando à porta do quarto dela. Cheguei antes dele e a fechei com força.– Hélder, deixe a Maia fora disso! Ela nunca fez nada com você, é a mim que você quer machucar.Ele me agarrou pelo pescoço antes mesmo que eu percebesse e me puxou para cima, sufocando-me enquanto faz isso.– Você terá sua vez, sua vagabunda estúpida. Você acha que eu não vejo a maneira como você adora ela, sua preciosa filha, enquanto eu sou ridicularizado por todos ao meu redor. Vou matá-la hoje e depois vou foder seus miolos, talvez a morte de uma criança faça com que seu corpo traga outra, e se você ainda se recusar, mato você também.Hélder me jogou co
Dirigimos por três horas antes de qualquer pensamento atravessar minha mente. O primeiro que me ocorreu foi o medo disparando em meu coração. Para onde iríamos? Não podia levar-nos para a matilha dos meus pais. A matilha de Hélder era muito forte e seria apenas uma questão de tempo até que ele me persiga. Ele me acusaria de tentativa de homicídio e tiraria Maia de mim antes de me matar. Meus pais não conseguiriam impedi-lo, e a matilha de Hélder o apoiaria. Por isso, é melhor se eu nos levasse para outro lugar. Tenho um primo distante que morava a algumas cidades de distância. Meu caixa multibanco e um dos meus cartões de crédito estavam no bolso. Felizmente, é o único ao qual Hélder não tinha acesso. Tinha guardado algum dinheiro para a educação de Maia, caso Hélder decidisse não patrocinar mais seus estudos, teria de usar parte dele para nos afastar dele. As lágrimas picaram o fundo dos meus olhos e eu pisquei para as conter, mantendo meus olhos na estrada e observando as nuv
Ponto de vista de RomanoAlgumas horas antes...– Você estava sendo tolo, Romano.Meu pai passeava atrás da mesa. – Pense na matilha, nos lobos que você tem de proteger. Você vai deixá-los sem um herdeiro? – Eu farei o que eu bem quiser, pai.Minha raiva se apoderava de mim e apertava caneta com força, contendo a frustração que sentia e controlando de novo minhas emoções.– Não serei forçado a ir a encontros às cegas com alguém que mal conheço. Farei o que for melhor para mim quando estiver pronto.Em silêncio, meu pai me avaliava.Descendemos de uma longa linhagem de Alfas e, mesmo aos 62 anos, conseguia ainda ver traços evidentes do homem que ele já foi. O homem que ele seria para sempre, embora o título que ele possuía fosse agora meu. Ele se virou para me olhar e no seu olhar posso observar sua teimosia.– Esta situação não pode continuar por muito mais tempo, Romano. Uma matilha precisa de uma Luna tanto quanto precisa de um Alfa, e apegar-se ao passado não fará nada por si a nã