Na verdade, eles não estavam exatamente mentindo. O plano deles era mesmo lidar com Danilo.Isabela ergueu o copo de vinho e declarou: — Vocês já sabem que não sou boa com bebidas. Vou tomar só esta taça. É um brinde a vocês, como agradecimento. Quanto ao assunto com Danilo, imagino que já perceberam que não consigo lidar com ele sozinha. Embora os métodos de vocês não sejam muito convencionais, não será uma injustiça para ele. Então, bebo a esta taça e fiquem à vontade.Com um só gole, Isabela esvaziou o copo! O álcool desceu rasgando sua garganta, queimando. Ela desprezava homens que não respeitavam mulheres, especialmente como Danilo, que recorria à força bruta.Recentemente, um caso de abuso em outro país havia chocado o mundo. Uma jovem médica, linda como uma flor, foi brutalizada até a morte por dezenas de pessoas. As mulheres, por mais que lutassem, ainda eram frequentemente vistas como o elo mais fraco.— Nós também vamos beber. — Disse Gabriel, levantando seu copo.Fabiano se
Sandro cerrou os punhos com tanta força que seus nós dos dedos ficaram brancos. O vazio e a saudade o dilaceravam por dentro. Sentia que estava prestes a enlouquecer.Isabela, Isabela... Repetia esse nome sem parar, a voz carregada primeiro de anseio, depois de amargura. Não era ela quem dizia amá-lo tanto? Por que tinha ido embora daquele jeito, sem olhar para trás? Como ela podia ser tão cruel? Nem mesmo quando o viu machucado, com o braço engessado, demonstrou qualquer sinal de preocupação. Na frente de todos, ela se manteve fria e impassível. O que aconteceu com a mulher que conhecia? A Isabela de antes teria ficado desesperada ao vê-lo ferido.Num impulso, Sandro se levantou e foi até o bar da sala. Pegou uma garrafa de vinho e, como só podia usar uma das mãos, arrancou a tampa com os dentes. Cuspiu-a no chão e virou a garrafa direto na boca. O álcool desceu queimando sua garganta, mas não parou. Bebeu rápido demais, se engasgando logo em seguida. Começou a tossir sem parar, o p
Gabriel não teve alternativa a não ser se levantar para buscar vinho para ele.Sandro virou mais meia garrafa e, sem conseguir aguentar, caiu desmaiado de tão bêbado.Com muito esforço, Gabriel o arrastou até o sofá, deixando escapar um suspiro frustrado: — Se sabia que ia ficar nesse estado, por que fez o que fez?De repente, a porta se abriu.Gabriel levantou o olhar e viu Clara entrando com uma garrafa térmica nas mãos.Ela tinha aberto a porta sozinha. Será que sabia a senha para entrar na casa de Sandro? Teria sido ele quem deu o código para ela?O que Sandro realmente queria, afinal? De um lado pensava em Isabela, do outro estava envolvido com Clara? Desse jeito, acabaria se metendo em uma grande confusão!— Srta. Clara, não é mesmo? — Gabriel sorriu educadamente.Clara fez um aceno com a cabeça para ele. — E você é?— Amigo do Sandro. Ele está completamente bêbado. — Gabriel respondeu em tom seco.Clara colocou a garrafa térmica sobre a mesa. — Obrigada, eu cuido dele agora.
O rosto de Clara ganhou um leve tom rosado, como flores de pessegueiro desabrochando na primavera, delicado e encantador. Diante da pessoa que amava, seus pensamentos involuntariamente tomaram um rumo um tanto indecente.Ela engoliu em seco e estendeu a mão para tocar o peito dele.Sandro recuou um passo, a encarando com olhos assustados.A mão de Clara ficou suspensa no ar, constrangida, enquanto seu rosto ficava ainda mais vermelho.Mordendo os lábios, ela recolheu a mão. — Desculpa...Sandro baixou os olhos, fixando o olhar no rosto corado dela. Lembrou como ela havia passado a noite inteira ao seu lado e como tinha se dedicado na cozinha pela manhã, preparando o café para ele.Clara, que sempre foi uma dama da alta sociedade, acostumada a ter tudo feito para ela, uma mulher de tanta classe, estava ali cozinhando para ele, enquanto Isabela só sabia ser fria, ignorar suas ligações e tratá-lo com total indiferença!Diante de uma mulher que cuidava dele de corpo e alma, ele se sentiu
Fabiano respondeu no grupo com um simples: [Ok.]Gabriel, curioso, logo perguntou: [Só nós três?]Ainda tinha mais alguém?Sandro deu uma olhada nas respostas do grupo, pegou o celular e enviou uma mensagem de voz com tom misterioso: [Vou apresentar uma pessoa para vocês conhecerem.]Sentada ao seu lado, Clara já estava com o rosto completamente vermelho de vergonha.Era como se Gabriel tivesse um sexto sentido sobre o que Sandro estava prestes a fazer.Ele mandou uma mensagem direta, sem rodeios: [Sério que você está com a Clara?]Na noite passada, depois de encher a cara, Sandro estava com aquela cara de fim do mundo, e agora, do nada, já estava todo de bem com a Clara?Será que não iria se arrepender depois?Com tom de quem entendia do assunto, Gabriel avisou: [A Clara gosta mesmo de você. Se você embarcar nessa, depois não tem volta. Pensa bem, cara.]Sandro olhou para Clara e disse com voz suave: — Eu queria mais um pouco dessa sopa.Clara se levantou na hora para servi-lo, com u
Lara empurrou a porta do carro e desceu com um movimento decidido, erguendo a cabeça com uma confiança evidente. Qualquer um diria que estava pronto para enfrentar algum parente numa discussão.Isabela também saiu do veículo.— Tomara que sua mãe se controle hoje. — Comentou Caio, com ar preocupado.Isabela soltou um sorriso. — Você conviveu com ela metade da sua vida e ainda não entendeu como ela funciona?— Ah, sua mãe não é má pessoa, só é um pouco...— Olha só quem resolveu aparecer! — Exclamou Luiza, que morava ao lado da tia, interrompendo Caio com um sorriso caloroso.Ele retribuiu o gesto, simpático. — Pois é, finalmente chegamos.— Meu Deus! Essa é a filha de vocês? Nossa, cada dia mais linda, parece artista de televisão!Caio manteve o sorriso amigável, trocando as gentilezas habituais.Isabela apenas sorriu educadamente.— Entrem, fiquem à vontade — Insistiu Luiza, gesticulando para a porta.— Vamos lá. — Respondeu Caio, fazendo um sinal para a filha acompanhá-lo.Isabela
Lara não esperava que Fernanda encontrasse Sandro e Maria ali.Fernanda se virou para Isabela com os olhos arregalados e indagou:— Isa, isso tudo é verdade mesmo?Lara parecia completamente perdida e atordoada. Até pouco tempo atrás, era admirada por todos, mas agora se encontrava numa situação ridícula, virando motivo de chacota.Ela não suportava aquele baque. Seu corpo vacilou, à beira de um desmaio.Caio a amparou num impulso.Lara se desvencilhou do toque do marido, tentando se defender com voz trêmula: — Vocês entenderam tudo errado! A Isa jamais se divorciaria...— Tenho fotos aqui, sim! — Disparou Fernanda, mais rápida que um raio, sacando o celular da bolsa e exibindo a foto que havia tirado de Clara amparando Sandro na rua, numa cena mais que comprometedora. — Lara, você acha que eu mentiria? Só quero o bem da Isa! Se separou, separou, ué! Por que esconder? Se tivesse contado antes, a gente pensaria em algo para te ajudar, sei lá...Lara lançou um olhar rápido para a tela.
Fernanda mostrou a foto para Isabela.— Que dedicação dessa mulher, hein?Isabela abaixou os olhos.Era uma foto de Clara cuidando de Sandro no hospital depois do acidente de carro, tirada por Fernanda.Ela já sabia disso há muito tempo, então não se surpreendeu nem um pouco. Apenas sorriu de leve, com um toque de ironia e tristeza.Tomas também olhou e comentou com desprezo:— Que sem-vergonha mesmo.— Pois é! Essa mulher é muito cara de pau. — Disparou Fernanda com desprezo. — Com certeza já tavam se agarrando antes do divórcio! Hoje em dia essas moças não têm um pingo de moral, veem um homem casado e já pulam em cima! Mas até que ela é bonita... Esse Sandro tem mesmo sorte com as mulheres...— Já chega, mãe! — Tomas a interrompeu, segurando Fernanda pelo braço. — Tem um monte de gente aqui, para de falar disso.Ele tentou afastá-la antes que a conversa rendesse ainda mais. Depois, olhou para Isabela e piscou:— Nem ligue com isso.Entre eles, os mais jovens se davam bem. O problema