— Quem foi o responsável pelo crime? — Perguntou o policial.A mulher apontou para Danilo sem hesitar.Com os olhos cheio de raiva e cansaço, Danilo encarava a todos à sua frente.— Vocês... — Disparou ele, enquanto seu olhar avermelhado percorria Sandro e os outros presentes.Fabiano soltou uma risada seca, como quem dizia: "você mesmo se colocou nessa encrenca." No fim das contas, tinha sido por culpa própria que tudo tinha virado aquela bagunça.Enquanto o policial algemava Danilo com as algemas prateadas, orientou a mulher, que ainda mantinha as roupas propositalmente desarrumadas para fingir violência, a se vestir adequadamente. Sem alternativa, ela obedeceu.O silêncio tomou conta do quarto.Gabriel quebrou a tensão:— Galera, está na hora da gente ir embora, né?Sandro se virou para Fabiano:— Vai lá e pergunta para Viviane qual é o endereço completo da Isabela. Só sei que ela mora naquele condomínio, mas não faço ideia do prédio ou apartamento.Fabiano respondeu:— Gabriel, le
Isabela acenou com a cabeça.Jorge deu um passo à frente.Isabela o seguiu com dificuldade, arrastando os passos. Notando seu desconforto, Jorge diminuiu o ritmo para esperá-la.— Dr. Jorge, talvez seja melhor o senhor ir na frente? — Disse Isabela, envergonhada.Jorge olhou ao redor, não havia nenhum veículo por perto que pudesse facilitar o trajeto. Além disso, o haras era enorme e, para chegar ao outro lado, teriam que andar bastante.— Me desculpe, fui descuidado. — Comentou ele, apertando os lábios. — Sendo sua primeira vez montando, deve estar sentindo bastante desconforto. Quer que eu te carregue?Isabela hesitou por um momento e, em seguida, rapidamente fez um gesto de recusa.— Não, não precisa! — Depois de uma leve tosse, ela acrescentou. — Sério, estou bem. Consigo andar sozinha.Jorge baixou os olhos e, com um olhar que percorreu as pernas dela, perguntou:— Tem certeza?Isabela acenou várias vezes.— Tenho certeza. — Ela respondeu, decidida.Ela preferia aguentar o desconf
— Se eu vier, daqui para frente, não pago mais nada? — Brincou Isabela com um sorriso maroto.Jorge se virou para ela e respondeu com gentileza:— Exatamente, é de graça. E as portas estarão sempre abertas para você. Pode aparecer quando quiser.— Obrigada. —Agradeceu Isabela.Cavalgar proporcionava uma sensação única de liberdade e tranquilidade. Ela adorava essa experiência, principalmente porque, no dia a dia da advocacia, a pressão do trabalho não dava trégua. Montar a cavalo tinha se tornado sua forma de escape perfeita para aliviar o estresse.Quando entraram na cidade, Jorge de repente encostou o carro no acostamento. Isabela ficou quieta, imaginando que ele precisava resolver algo rápido. Não fez perguntas. Contudo, ao retornar, Jorge trazia consigo algumas caixas de remédios que entregou a ela. Só então Isabela notou que havia uma farmácia bem ali perto.— Dr. Jorge, isso é... — Gaguejou ela, sem jeito.— É um medicamento que melhora a circulação, diminui os hematomas e alivia
Viviane não suportava Sandro e desconfiava muito do caráter dele, mas na questão de como ele lidou com a situação do Danilo, ela reconheceu que ele demonstrou um pingo de consciência. Pelo menos quando insultaram Isabela, ele agiu em defesa da honra dela.— Nessa história, ele se portou como homem de verdade. Estou te contando só para você agradecer e não ficar devendo favor. Só isso mesmo. — Explicou Viviane, sem a menor intenção de promover qualquer reconciliação entre os dois.Apesar de ser mente aberta e não ver problema em curtir a vida antes de casar, Viviane acreditava piamente na fidelidade depois do casamento.Afinal, o que era casamento? Não era basicamente assumir responsabilidades? Responsabilidade cosigo mesma, com o parceiro, com a família. Se tivesse filhos, com eles também. Se era para trair depois de casamento, magoando o companheiro e desestabilizando a família, qual o sentido de casar? Melhor ficar solteira e aproveitar à vontade, sem machucar ninguém.Isabela captou
Na verdade, eles não estavam exatamente mentindo. O plano deles era mesmo lidar com Danilo.Isabela ergueu o copo de vinho e declarou: — Vocês já sabem que não sou boa com bebidas. Vou tomar só esta taça. É um brinde a vocês, como agradecimento. Quanto ao assunto com Danilo, imagino que já perceberam que não consigo lidar com ele sozinha. Embora os métodos de vocês não sejam muito convencionais, não será uma injustiça para ele. Então, bebo a esta taça e fiquem à vontade.Com um só gole, Isabela esvaziou o copo! O álcool desceu rasgando sua garganta, queimando. Ela desprezava homens que não respeitavam mulheres, especialmente como Danilo, que recorria à força bruta.Recentemente, um caso de abuso em outro país havia chocado o mundo. Uma jovem médica, linda como uma flor, foi brutalizada até a morte por dezenas de pessoas. As mulheres, por mais que lutassem, ainda eram frequentemente vistas como o elo mais fraco.— Nós também vamos beber. — Disse Gabriel, levantando seu copo.Fabiano se
Sandro cerrou os punhos com tanta força que seus nós dos dedos ficaram brancos. O vazio e a saudade o dilaceravam por dentro. Sentia que estava prestes a enlouquecer.Isabela, Isabela... Repetia esse nome sem parar, a voz carregada primeiro de anseio, depois de amargura. Não era ela quem dizia amá-lo tanto? Por que tinha ido embora daquele jeito, sem olhar para trás? Como ela podia ser tão cruel? Nem mesmo quando o viu machucado, com o braço engessado, demonstrou qualquer sinal de preocupação. Na frente de todos, ela se manteve fria e impassível. O que aconteceu com a mulher que conhecia? A Isabela de antes teria ficado desesperada ao vê-lo ferido.Num impulso, Sandro se levantou e foi até o bar da sala. Pegou uma garrafa de vinho e, como só podia usar uma das mãos, arrancou a tampa com os dentes. Cuspiu-a no chão e virou a garrafa direto na boca. O álcool desceu queimando sua garganta, mas não parou. Bebeu rápido demais, se engasgando logo em seguida. Começou a tossir sem parar, o p
Gabriel não teve alternativa a não ser se levantar para buscar vinho para ele.Sandro virou mais meia garrafa e, sem conseguir aguentar, caiu desmaiado de tão bêbado.Com muito esforço, Gabriel o arrastou até o sofá, deixando escapar um suspiro frustrado: — Se sabia que ia ficar nesse estado, por que fez o que fez?De repente, a porta se abriu.Gabriel levantou o olhar e viu Clara entrando com uma garrafa térmica nas mãos.Ela tinha aberto a porta sozinha. Será que sabia a senha para entrar na casa de Sandro? Teria sido ele quem deu o código para ela?O que Sandro realmente queria, afinal? De um lado pensava em Isabela, do outro estava envolvido com Clara? Desse jeito, acabaria se metendo em uma grande confusão!— Srta. Clara, não é mesmo? — Gabriel sorriu educadamente.Clara fez um aceno com a cabeça para ele. — E você é?— Amigo do Sandro. Ele está completamente bêbado. — Gabriel respondeu em tom seco.Clara colocou a garrafa térmica sobre a mesa. — Obrigada, eu cuido dele agora.
O rosto de Clara ganhou um leve tom rosado, como flores de pessegueiro desabrochando na primavera, delicado e encantador. Diante da pessoa que amava, seus pensamentos involuntariamente tomaram um rumo um tanto indecente.Ela engoliu em seco e estendeu a mão para tocar o peito dele.Sandro recuou um passo, a encarando com olhos assustados.A mão de Clara ficou suspensa no ar, constrangida, enquanto seu rosto ficava ainda mais vermelho.Mordendo os lábios, ela recolheu a mão. — Desculpa...Sandro baixou os olhos, fixando o olhar no rosto corado dela. Lembrou como ela havia passado a noite inteira ao seu lado e como tinha se dedicado na cozinha pela manhã, preparando o café para ele.Clara, que sempre foi uma dama da alta sociedade, acostumada a ter tudo feito para ela, uma mulher de tanta classe, estava ali cozinhando para ele, enquanto Isabela só sabia ser fria, ignorar suas ligações e tratá-lo com total indiferença!Diante de uma mulher que cuidava dele de corpo e alma, ele se sentiu