Atordoado pelos próprios pensamentos, Sandro desviou o olhar e cortou a conversa: — É melhor chamar o médico logo.Naquele momento, Clara percebeu a gravidade da situação. O ferimento dele necessitava de novos curativos, e tanto as vestes quanto os lençóis estavam completamente encharcados.— Vou chamar agora mesmo! — Exclamou ela, se levantando num impulso. No entanto, ao pisar no chão, uma dor lancinante atravessou seu tornozelo como uma flecha. Desequilibrada, tombou sobre o colchão enquanto lágrimas brotavam involuntariamente, misturando dor física e profunda frustração.Ao contemplar o choro dela, Sandro apenas soltou um suspiro cansado. Em silêncio, esticou o braço e apertou o botão de chamada da enfermagem.Não demorou muito para que uma enfermeira aparecesse à porta. Com palavras breves, Sandro explicou a situação, e ela se retirou rapidamente para buscar assistência médica.Quando o doutor finalmente chegou, Sandro foi categórico: — Por favor, levem primeiro a Clara de volta
Com a voz quase sumida, Isabela apenas suspirou: — Deixa para lá, não vale a pena.Lançando um olhar carregado de desprezo na direção de Danilo, Jorge se abaixou sem pronunciar palavra alguma. Tomou Isabela nos braços com delicadeza e girou o corpo em direção à entrada do condomínio.Paralisado como se tivesse recebido uma descarga elétrica, Danilo permaneceu imóvel. Na sua cabeça, com Sandro fora do caminho, era apenas questão de tempo até ter Isabela para si. Agora, porém, surgia esse tal de Jorge de repente. E não era um rival qualquer, era um advogado de renome, com estabilidade financeira e, para seu desgosto, ainda mais atraente que Sandro.Os punhos de Danilo se fecharam enquanto uma onda de ciúme e determinação fervia em seu peito. Já a havia perdido uma vez. Dessa vez não. Não permitiria que isso acontecesse novamente.Observou, com olhos ardentes, Jorge carregando Isabela para dentro do prédio, e em seu íntimo tomou uma decisão inabalável. Isabela seria sua. Não importava o
Jorge baixou o olhar, tentando ocultar a tempestade que se agitava por trás de seus olhos. — Tá, que bom que você já está melhor. Preciso ir embora. — Murmurou ele, enquanto alcançava seu casaco e caminhava em direção à porta.— Espere, Dr. Jorge! — Chamou Isabela, sua voz ecoando pelo pequeno apartamento.Ele congelou onde estava, mas não se virou, evitando deliberadamente qualquer encontro visual com ela.— O senhor passou a noite toda cuidando de mim, não é? — Perguntou ela com suavidade. — Deve estar morrendo de fome. Posso preparar um café da manhã rapidinho antes do senhor sair.Era o jeito dela de demonstrar gratidão.No fundo, Jorge queria ficar. No entanto... Do jeito que ela estava agora... Permanecer ali seria um verdadeiro suplício. Temia não conseguir controlar seus impulsos.— Não se preocupe comigo. — Respondeu ele secamente. — Guarde isso.Sem mais palavras, abriu a porta e saiu.Lá fora, o frio cortava muito mais que dentro do apartamento. Mesmo assim, nem a brisa gel
Os olhos estavam fixos nos comprimidos que o rapaz loiro lhe oferecia, Danilo sentiu a hesitação percorrer seu corpo. Mas bastou a imagem de Isabela sendo levada por Jorge invadir seus pensamentos para que sua determinação se solidificasse.— Quero sim. Mas tem certeza de que isso funciona mesmo? O loiro soltou uma risada debochada, balançando a cabeça.— Mano, dá para perceber que você não frequenta muito esse lugar, né não? Te dou minha palavra que é infalível. Se não funcionar do jeito que prometi, devolvo até o último centavo. E se ainda tiver com pé atrás, posso chamar alguém para fazer um teste na sua frente agora mesmo.Percebendo a segurança estampada na expressão do vendedor, Danilo respirou fundo e, após breve momento de indecisão, concordou com um aceno:— Tá bom. Confio em você.Com um tapinha amigável no ombro de Danilo, o loiro abriu um sorriso satisfeito.— Está vendo só? Não sou nenhum pilantra, mano. Faço negócio sério aqui, jamais arriscaria minha reputação por causa
Danilo ligou para Viviane de novo....Sob a luz da manhã, Isabela e Jorge adentraram juntos o escritório.Na recepção, Janete se levantou num pulo ao avistar os dois chegando.— O que te traz aqui tão cedo? — Indagou Isabela, surpresa.Com os olhos brilhando de curiosidade, Janete percorreu o olhar de cima a baixo em ambos, um sorriso malicioso se desenhando em seus lábios.— Chegando juntos logo nas primeiras horas do dia? — Comentou ela, com um tom sugestivo que não deixava dúvidas.Aquele jeito insinuante escondia uma pergunta não formulada: "Será que passaram a noite juntos?"Foi naquele instante que Isabela finalmente percebeu a rápida amizade entre Janete e Viviane. A tendência para fofocas e conclusões apressadas era praticamente idêntica nas duas.Com um sorriso educado voltado para Jorge, ela anunciou: — Dr. Jorge, já estou subindo.Ele apenas respondeu com um aceno discreto antes de rumar para sua sala.Num movimento rápido, Isabela puxou Janete para um canto mais reservado
Ao perceber que era Hélio quem se aproximava, Isabela ergueu o olhar e um sorriso iluminou seu rosto.— Sim, combinei de encontrar uma amiga aqui. — Respondeu ela, com um tom caloroso.Por um breve instante, a expressão facial de Hélio se transformou, revelando certa inquietação.— Não se preocupe, não é a Vivi. — Esclareceu Isabela rapidamente, notando sua apreensão. Em seguida, perguntou com curiosidade. — E você? Veio jantar também?— Na verdade, trabalho neste restaurante. — Explicou Hélio, demonstrando uma tranquilidade surpreendente, sem qualquer sinal de constrangimento quanto ao seu trabalho.— Trabalha aqui? — Exclamou Isabela, só então reparando no uniforme de garçom que ele trajava.Naquele exato momento, Janete surgiu apressadamente.— Dra. Isabela, mil perdões pelo atraso! — Ofegou ela. — O trânsito estava simplesmente caótico.— Não se preocupe, eu também acabei de chegar. — Tranquilizou Isabela, se levantando para recebê-la.Janete se acomodou à mesa enquanto Hélio, com
Era algo insuportável para qualquer homem, especialmente para um militar com patente.— Por acaso você sabia do envolvimento do seu irmão com essa mulher? — Questionou Isabela, com os olhos fixos em Janete.Com um semblante abatido, Janete negou com um movimento de cabeça.— Só vim a descobrir depois que tudo veio à tona. — Confessou ela, suspirando. — Antes disso, ele apenas mencionava ter uma namorada, mas depois recuou da ideia do casamento. Quando a família o questionou, ele apenas murmurou que ela era divorciada e não queria compromisso formal agora. Não demos muita atenção ao assunto... Quem poderia imaginar que se tratava da esposa de um oficial? Nunca houve divórcio algum! A situação é grave? Sem rodeios, Isabela respondeu:— Melhor não alimentar grandes expectativas.O corpo de Janete pareceu murchar instantaneamente, como se toda esperança tivesse se esvaído de uma só vez.— Vou conversar com o Dr. Jorge para ver se existe alguma solução possível. — Prometeu Isabela. — Consi
Os olhos de Isabela se arregalaram num misto de horror e incredulidade ao pronunciar:— Danilo... As palavras dele a deixaram completamente atordoada. Como ele poderia falar algo tão absurdo?Com esforço visível para controlar o tremor na voz, ela tentou esclarecer:— Você interpretou tudo de maneira errada. Entre mim e ele existe apenas um vínculo profissional. Ele não nutre sentimento algum por mim, tampouco eu por ele...— Será mesmo? — Rebateu Danilo com voz áspera, o ceticismo evidente em cada sílaba. — Aceita que ele te leve para casa, mas recusa minha companhia. Por quê? Oito anos de amizade valem menos que alguns meses ao lado dele? Ele merece mais sua confiança do que eu?Se apoiando no sofá, Isabela se ergueu com dificuldade e murmurou:— Não estou bem. Preciso ir embora...O desejo de escapar daquele ambiente a consumia.Entretanto, Danilo permaneceu impassível.— Hoje você não vai a lugar algum. — Ele declarou com firmeza.Ao tentar avançar, Isabela sentiu as pernas cedere