Danilo ligou para Viviane de novo....Sob a luz da manhã, Isabela e Jorge adentraram juntos o escritório.Na recepção, Janete se levantou num pulo ao avistar os dois chegando.— O que te traz aqui tão cedo? — Indagou Isabela, surpresa.Com os olhos brilhando de curiosidade, Janete percorreu o olhar de cima a baixo em ambos, um sorriso malicioso se desenhando em seus lábios.— Chegando juntos logo nas primeiras horas do dia? — Comentou ela, com um tom sugestivo que não deixava dúvidas.Aquele jeito insinuante escondia uma pergunta não formulada: "Será que passaram a noite juntos?"Foi naquele instante que Isabela finalmente percebeu a rápida amizade entre Janete e Viviane. A tendência para fofocas e conclusões apressadas era praticamente idêntica nas duas.Com um sorriso educado voltado para Jorge, ela anunciou: — Dr. Jorge, já estou subindo.Ele apenas respondeu com um aceno discreto antes de rumar para sua sala.Num movimento rápido, Isabela puxou Janete para um canto mais reservado
Ao perceber que era Hélio quem se aproximava, Isabela ergueu o olhar e um sorriso iluminou seu rosto.— Sim, combinei de encontrar uma amiga aqui. — Respondeu ela, com um tom caloroso.Por um breve instante, a expressão facial de Hélio se transformou, revelando certa inquietação.— Não se preocupe, não é a Vivi. — Esclareceu Isabela rapidamente, notando sua apreensão. Em seguida, perguntou com curiosidade. — E você? Veio jantar também?— Na verdade, trabalho neste restaurante. — Explicou Hélio, demonstrando uma tranquilidade surpreendente, sem qualquer sinal de constrangimento quanto ao seu trabalho.— Trabalha aqui? — Exclamou Isabela, só então reparando no uniforme de garçom que ele trajava.Naquele exato momento, Janete surgiu apressadamente.— Dra. Isabela, mil perdões pelo atraso! — Ofegou ela. — O trânsito estava simplesmente caótico.— Não se preocupe, eu também acabei de chegar. — Tranquilizou Isabela, se levantando para recebê-la.Janete se acomodou à mesa enquanto Hélio, com
Era algo insuportável para qualquer homem, especialmente para um militar com patente.— Por acaso você sabia do envolvimento do seu irmão com essa mulher? — Questionou Isabela, com os olhos fixos em Janete.Com um semblante abatido, Janete negou com um movimento de cabeça.— Só vim a descobrir depois que tudo veio à tona. — Confessou ela, suspirando. — Antes disso, ele apenas mencionava ter uma namorada, mas depois recuou da ideia do casamento. Quando a família o questionou, ele apenas murmurou que ela era divorciada e não queria compromisso formal agora. Não demos muita atenção ao assunto... Quem poderia imaginar que se tratava da esposa de um oficial? Nunca houve divórcio algum! A situação é grave? Sem rodeios, Isabela respondeu:— Melhor não alimentar grandes expectativas.O corpo de Janete pareceu murchar instantaneamente, como se toda esperança tivesse se esvaído de uma só vez.— Vou conversar com o Dr. Jorge para ver se existe alguma solução possível. — Prometeu Isabela. — Consi
Os olhos de Isabela se arregalaram num misto de horror e incredulidade ao pronunciar:— Danilo... As palavras dele a deixaram completamente atordoada. Como ele poderia falar algo tão absurdo?Com esforço visível para controlar o tremor na voz, ela tentou esclarecer:— Você interpretou tudo de maneira errada. Entre mim e ele existe apenas um vínculo profissional. Ele não nutre sentimento algum por mim, tampouco eu por ele...— Será mesmo? — Rebateu Danilo com voz áspera, o ceticismo evidente em cada sílaba. — Aceita que ele te leve para casa, mas recusa minha companhia. Por quê? Oito anos de amizade valem menos que alguns meses ao lado dele? Ele merece mais sua confiança do que eu?Se apoiando no sofá, Isabela se ergueu com dificuldade e murmurou:— Não estou bem. Preciso ir embora...O desejo de escapar daquele ambiente a consumia.Entretanto, Danilo permaneceu impassível.— Hoje você não vai a lugar algum. — Ele declarou com firmeza.Ao tentar avançar, Isabela sentiu as pernas cedere
As forças haviam abandonado Isabela completamente. Restava apenas suplicar, com voz a trêmula, na esperança de despertar qualquer vestígio de humanidade naquele homem.— Nos conhecemos por oito anos... Nunca houve amor entre nós, eu sei disso... Mas sempre te considerei meu melhor amigo. A confiança que depositei em você sempre foi total... Se você levar isso adiante... Além de cometer um crime, saiba que jamais, em tempo algum, vou conseguir te perdoar...Uma risada sombria e perturbadora escapou dos lábios de Danilo.Um calafrio percorreu a espinha de Isabela como gelo líquido. Havia algo profundamente aterrador na escuridão que emanava dele.— Depois que nos tornarmos um só, você vai me amar. — Murmurou ele com voz pastosa, enquanto seus dedos alcançavam o primeiro botão do casaco dela. — É natural entre homem e mulher. Que crime pode existir nisso?Com dedos invasivos, ele deslizou pelo pescoço delicado dela, sentindo a frieza de sua pele.Todo o corpo de Isabela se arrepiou em pro
Com um gesto brusco, Danilo encerrou a chamada. Seus olhos, carregados de fúria, pousaram sobre Isabela.— Então é verdade que não sente absolutamente nada por mim? — Indagou com voz trêmula.Agora que tudo estava às claras, as máscaras haviam caído. Não havia mais espaço para fingimentos. Danilo jamais voltaria a confiar em suas palavras.Isabela ergueu o queixo e retrucou, sem esconder o desprezo que escorria em cada sílaba:— Sabe, Danilo, nunca imaginei que por trás dessa fachada existisse alguém tão podre. O que sinto agora? Repulsa! Cada vez que olho para você, meu estômago se revira! Como pode pensar que eu ficaria com uma pessoa como você?Um tremor involuntário percorreu o canto do olho de Danilo.— Repulsa? Você sente repulsa de mim? — Ele balbuciou antes de soltar uma risada amarga, cheia de ressentimento. — Perfeito! Se é nojo que sente, vou dar motivos para sentir ainda mais!Cegado pela raiva que o consumia, Danilo avançou sobre ela num impulso selvagem, a agarrando com v
Empurrado para o canto, Hélio permaneceu imóvel, completamente desorientado diante da situação.Viviane, por outro lado, demonstrou familiaridade com Jorge. Hélio não teve alternativa senão recuar silenciosamente.Com um olhar penetrante, Jorge examinou Isabela dos pés à cabeça. Apesar do frio cortante daquela noite, o rosto dela exibia um rubor intenso, enquanto pequenas gotas de suor brotavam em sua testa pálida.— Aquele desgraçado a drogou. — Sibilou Viviane, com a voz trêmula de ódio e os punhos cerrados.Os olhos de Jorge se tornaram gélidos como o aço.— Quem foi o responsável? — Indagou ele, com uma tranquilidade que apenas intensificava sua ameaça velada.— O Danilo. — Respondeu ela entre dentes, com veneno na voz. — E pode acreditar, ele vai pagar caro por isso.Sem perder nem um segundo sequer, Jorge tomou Isabela nos braços com surpreendente delicadeza.— Vou cuidar dela. — Ele afirmou com determinação, enquanto Viviane disparava pelos corredores em busca de assistência méd
— Você não ouviu coisa nenhuma. — Cortou Jorge secamente, encerrando a ligação sem dar chance para réplicas.Do outro lado da linha, Luan ficou paralisado, encarando o telefonema com os olhos arregalados. "Será possível que o Sr. Jorge finalmente está namorando?", pensou ele, incrêdulo.Com movimentos calculados, Jorge guardou o celular no bolso e se ergueu para buscar um copo de água em uma mesa próxima. Voltou para se sentar na beirada do colchão e, com delicadeza, apoiou gentilmente a nuca de Isabela, a ajudando a se levantar um pouco.Ele aproximou o copo dos lábios ressecados dela.Sentindo o alívio da água tocando sua garganta, Isabela tomou o líquido com avidez, como se não bebesse há dias. Em questão de instantes, o copo estava vazio.— Quer mais um pouco? — Perguntou Jorge em tom quase inaudível.Isabela ergueu o olhar, encontrando aquele rosto de traços firmes e bem definidos tão próximo do seu. Agora, com a mente um pouco mais clara, percebia o quanto seu corpo estava frágil