As forças haviam abandonado Isabela completamente. Restava apenas suplicar, com voz a trêmula, na esperança de despertar qualquer vestígio de humanidade naquele homem.— Nos conhecemos por oito anos... Nunca houve amor entre nós, eu sei disso... Mas sempre te considerei meu melhor amigo. A confiança que depositei em você sempre foi total... Se você levar isso adiante... Além de cometer um crime, saiba que jamais, em tempo algum, vou conseguir te perdoar...Uma risada sombria e perturbadora escapou dos lábios de Danilo.Um calafrio percorreu a espinha de Isabela como gelo líquido. Havia algo profundamente aterrador na escuridão que emanava dele.— Depois que nos tornarmos um só, você vai me amar. — Murmurou ele com voz pastosa, enquanto seus dedos alcançavam o primeiro botão do casaco dela. — É natural entre homem e mulher. Que crime pode existir nisso?Com dedos invasivos, ele deslizou pelo pescoço delicado dela, sentindo a frieza de sua pele.Todo o corpo de Isabela se arrepiou em pro
Com um gesto brusco, Danilo encerrou a chamada. Seus olhos, carregados de fúria, pousaram sobre Isabela.— Então é verdade que não sente absolutamente nada por mim? — Indagou com voz trêmula.Agora que tudo estava às claras, as máscaras haviam caído. Não havia mais espaço para fingimentos. Danilo jamais voltaria a confiar em suas palavras.Isabela ergueu o queixo e retrucou, sem esconder o desprezo que escorria em cada sílaba:— Sabe, Danilo, nunca imaginei que por trás dessa fachada existisse alguém tão podre. O que sinto agora? Repulsa! Cada vez que olho para você, meu estômago se revira! Como pode pensar que eu ficaria com uma pessoa como você?Um tremor involuntário percorreu o canto do olho de Danilo.— Repulsa? Você sente repulsa de mim? — Ele balbuciou antes de soltar uma risada amarga, cheia de ressentimento. — Perfeito! Se é nojo que sente, vou dar motivos para sentir ainda mais!Cegado pela raiva que o consumia, Danilo avançou sobre ela num impulso selvagem, a agarrando com v
Empurrado para o canto, Hélio permaneceu imóvel, completamente desorientado diante da situação.Viviane, por outro lado, demonstrou familiaridade com Jorge. Hélio não teve alternativa senão recuar silenciosamente.Com um olhar penetrante, Jorge examinou Isabela dos pés à cabeça. Apesar do frio cortante daquela noite, o rosto dela exibia um rubor intenso, enquanto pequenas gotas de suor brotavam em sua testa pálida.— Aquele desgraçado a drogou. — Sibilou Viviane, com a voz trêmula de ódio e os punhos cerrados.Os olhos de Jorge se tornaram gélidos como o aço.— Quem foi o responsável? — Indagou ele, com uma tranquilidade que apenas intensificava sua ameaça velada.— O Danilo. — Respondeu ela entre dentes, com veneno na voz. — E pode acreditar, ele vai pagar caro por isso.Sem perder nem um segundo sequer, Jorge tomou Isabela nos braços com surpreendente delicadeza.— Vou cuidar dela. — Ele afirmou com determinação, enquanto Viviane disparava pelos corredores em busca de assistência méd
— Você não ouviu coisa nenhuma. — Cortou Jorge secamente, encerrando a ligação sem dar chance para réplicas.Do outro lado da linha, Luan ficou paralisado, encarando o telefonema com os olhos arregalados. "Será possível que o Sr. Jorge finalmente está namorando?", pensou ele, incrêdulo.Com movimentos calculados, Jorge guardou o celular no bolso e se ergueu para buscar um copo de água em uma mesa próxima. Voltou para se sentar na beirada do colchão e, com delicadeza, apoiou gentilmente a nuca de Isabela, a ajudando a se levantar um pouco.Ele aproximou o copo dos lábios ressecados dela.Sentindo o alívio da água tocando sua garganta, Isabela tomou o líquido com avidez, como se não bebesse há dias. Em questão de instantes, o copo estava vazio.— Quer mais um pouco? — Perguntou Jorge em tom quase inaudível.Isabela ergueu o olhar, encontrando aquele rosto de traços firmes e bem definidos tão próximo do seu. Agora, com a mente um pouco mais clara, percebia o quanto seu corpo estava frágil
Apressado, Hélio desapareceu pelo corredor.O celular de Jorge silenciou por breves segundos antes de vibrar novamente. Ao atender, uma voz melosa atravessou a linha:— Cadê você, Jorge? — Estou chegando já. — Respondeu Jorge sucintamente.Do outro lado, alguém respondeu, e ele encerrou a chamada.Ao contemplar a tela do celular, Jorge percebeu que não havia visto a mensagem de Isabela no momento oportuno. Por precaução, configurou imediatamente o número dela como prioritário nas notificações.Somente Isabela recebia tal privilégio.Depois de ajustar as configurações, ele guardou o aparelho e se dirigiu a outro quarto do hospital....No interior do quarto, Viviane captou nas entrelinhas a intenção de Isabela.— Tem certeza disso, mesmo? — Ela questionou, com preocupação estampada no rosto.— O que mais eu poderia fazer? — Retrucou Isabela, ainda com os olhos assustados.Apenas ao lembrar do que quase tinha acontecido, um calafrio lhe percorria a espinha.Graças a Deus tudo acabou bem
Isabela interrompeu o gesto de se despir. A lembrança de Danilo se aproximando lhe invadiu os pensamentos como uma onda violenta, provocando um tremor involuntário em seu corpo. Mesmo com tudo já terminado, o impacto daquela experiência persistia, impossível de ser apagado tão rapidamente.Esforçando-se para não alarmar Viviane, que aguardava do outro lado da porta, controlou a respiração e respondeu com voz aparentemente firme:— Não... Viviane exalou profundamente, sentindo o peso da preocupação diminuir um pouco."Graças a Deus", pensou consigo mesma. "Se algo irreparável tivesse acontecido, jamais me perdoaria."No chuveiro, Isabela esfregava a pele com tanta força que a deixou avermelhada e sensível. Porém, não importava quanto se lavasse, aquela sensação de impureza persistia, incrustada além da superfície que a água poderia alcançar.Após um banho demorado, finalmente saiu do banheiro já vestida. Enquanto secava os cabelos úmidos com uma toalha, o som de batidas na porta interr
Jorge encarou a tela do celular, com os olhos presos na mensagem de Isabela. No íntimo, ele se perguntava sobre o estado emocional dela naquele instante. Havia tanto a dizer, tantas palavras engasgadas na garganta, mas precisava se conter.Com um suspiro pesado, guardou o aparelho no bolso, se levantou vagarosamente do sofá e foi rumo ao closet para se vestir. O dia ainda reservava pendências a resolver....Na solidão de seus pensamentos, Isabela ponderou demoradamente sobre sua situação. Sem evidências contundentes, levar Danilo aos tribunais e conseguir sua condenação seria uma batalha árdua. Determinada, decidiu elaborar uma petição inicial."Preciso provocá-lo", ela refletiu enquanto digitava. "Fazer com que ele venha até mim."Se as provas não existiam no momento, ela as extrairia dele, custe o que custar.O trâmite processual levaria tempo até ser aceito. Enquanto isso, aproveitou seu dia de folga para visitar os pais.Notando as olheiras que denunciavam seu cansaço, aplicou um
Isabela arregalou os olhos e encarou Lara com uma expressão confusa. De onde, afinal, sua mãe havia tirado tal conclusão?— Namorando? Eu? — Balbuciou ela, franzindo a testa.Com um olhar analítico, Lara examinou a filha da cabeça aos pés. A maquiagem suave e o rubor natural nas maçãs do rosto davam a Isabela aquele brilho característico de quem estava vivendo um romance.Talvez o relacionamento fosse recente demais para ser compartilhado. Fazia sentido. Coisas assim não se anunciava às pressas.— Querida... — Disse Lara com voz macia, apertando com carinho a mão da filha. — Você é jovem. O que me deixa feliz, a mim e ao seu pai, é ver como você superou aquele divórcio tão rápido.O verdadeiro alívio de Lara era constatar que a filha não havia perdido a fé no amor após um casamento que desmoronou.Isabela ficou sem reação.— Mãe, eu...— Assunto encerrado, não vamos falar mais disso. — Interrompeu Lara, se levantando. — Preciso preparar o arroz.Para o sushi ficar perfeito, o arroz pre