CLAIREA noite caiu com um céu carregado de nuvens escuras, o tipo de cenário que sempre parece anunciar algo inevitável. Lucas e eu estávamos na sala de estar, um silêncio confortável pairando entre nós enquanto ele analisava mais relatórios. Embora eu soubesse que ele estava concentrado, não pude evitar o impulso de me aproximar e acariciar levemente seu braço.— Você está se sobrecarregando, Lucas. — Minha voz era suave, mas carregava preocupação genuína.Ele olhou para mim, seus olhos cansados, mas ainda brilhando com intensidade.— Não posso me dar ao luxo de descansar, Claire. Cada segundo conta quando estamos lidando com alguém como Ricardo. — Havia algo em seu tom que misturava determinação e vulnerabilidade, uma combinação que eu estava começando a entender como parte essencial dele.— Então, deixe-me ajudar. — Sentei-me ao seu lado, pegando um dos relatórios que ele estava analisando. — Somos uma equipe, lembra?Ele suspirou, passando a mão pelos cabelos escuros e bagunçados
LUCASAs horas pareciam intermináveis desde que Claire saiu pela porta. A espera era um teste à minha paciência, algo que nunca foi o meu forte. Minha mente não parava de criar cenários sobre o que poderia acontecer naquele encontro misterioso que ela foi obrigada a comparecer. Por mais que confiássemos um no outro, o medo do desconhecido era algo que eu não podia controlar.Estava sentado no meu escritório, as luzes baixas criando sombras que dançavam pelas paredes. O celular repousava sobre a mesa como um peso morto, esperando uma mensagem que nunca chegava. As palavras de Claire ainda ecoavam na minha mente: —Prometo que vou voltar para você.— Eram um conforto frágil diante do perigo que ela enfrentava.Não consegui mais suportar a ansiedade e disquei o número de um dos meus seguranças. —Alguma novidade?— perguntei, tentando manter a voz firme.—Nada até agora, senhor. Estamos monitorando, mas tudo está calmo.—Continue me informando. Qualquer movimento estranho, quero saber imedia
LUCASAs ruas estavam mais agitadas do que de costume, mas o barulho dos carros e das pessoas não passava de um pano de fundo distante para o turbilhão na minha mente. Depois do encontro com Claire no restaurante e o confronto com aqueles homens, a sensação de urgência crescia a cada minuto. Algo estava sendo tramado, e minha prioridade era garantir que ela ficasse segura. Porém, havia outra questão me incomodando: os documentos mencionados por Lorenzo. Se realmente existiam, eram a chave para entender tudo o que estava acontecendo.Ao chegar na mansão, encontrei Claire sentada na sala de estar. Seus olhos estavam fixos na lareira, mas sua expressão estava distante, como se tentasse desvendar um mistério que nem ela sabia por onde começar.— Claire — chamei, aproximando-me devagar. — Preciso que me conte tudo o que sabe sobre o que seu pai poderia ter deixado.Ela levantou os olhos para mim, hesitante. — Lucas, eu não sei de nada. Meu pai nunca mencionou documentos ou algo parecido. S
LUCASA madrugada era fria, mas meu sangue fervia enquanto atravessava a sala de estar da mansão. Cada passo ecoava nos corredores vazios, uma lembrança constante da solitão que eu havia escolhido como estilo de vida até Claire aparecer. Agora, essa solitão parecia menos como um refúgio e mais como uma prisão. O peso da informação que Lorenzo trouxera era esmagador. Claire estava em perigo, um perigo que vinha de um passado que ela nem sabia carregar.— Marco, quero uma lista completa de todas as propriedades que Lorenzo mencionou — ordenei ao meu homem de confiança assim que entrei no meu escritório.Ele acenou com a cabeça, já digitando algo no celular.— E mande reforçar a segurança no perímetro. Ninguém entra ou sai sem minha autorização.Marco saiu sem dizer uma palavra, deixando-me sozinho com meus pensamentos. A ideia de Claire carregando involuntariamente uma chave para destruir a organização rival era algo que me deixava inquieto. Mas, acima de tudo, a necessidade de protegê-
LUCASEu mal tinha dormido nas últimas noites. Depois dos eventos no restaurante, parecia que o perigo não estava apenas à nossa porta, mas dentro de casa, nos cercando em todos os momentos. Claire tentava manter a calma, mas eu via em seus olhos a preocupação crescente. Cada olhar furtivo, cada suspiro mais longo, era um lembrete de que estávamos em território perigoso.Naquela manhã, sentei-me na beirada da cama enquanto Claire ainda dormia. A luz do sol entrava pelas cortinas, lançando um brilho suave sobre seu rosto. Apesar de tudo, ela ainda conseguia parecer serena, como se estivesse em um mundo onde nossa realidade não existia. Mas eu sabia melhor. Precisávamos agir.Levantei-me com cuidado, para não acordá-la, e caminhei até o escritório. Lorenzo havia me dado informações suficientes para trabalhar, mas era hora de confrontar aquilo de frente. Peguei meu celular e disquei o número de um dos meus contatos mais antigos, alguém que sempre teve um pé em ambos os lados da lei.— En
CLAIREDepois do tumulto que enfrentamos no restaurante, achei que Lucas finalmente me deixaria respirar. Mas ele estava mais vigilante do que nunca, seguindo-me como uma sombra constante. Sua preocupação era tocante, mas também sufocante. Apesar disso, não podia culpá-lo. Estávamos em território perigoso, e o peso das descobertas recentes ainda pairava sobre nós.Naquela manhã, acordei com o som de passos no corredor. Lucas estava do lado de fora, conversando em voz baixa com um de seus seguranças. Não era incomum, mas algo na tensão de seu tom me deixou inquieta. Decidi que era hora de tomar as rédeas da situação.Vestindo um robe leve, fui até ele.— Lucas, o que está acontecendo? — perguntei, cruzando os braços enquanto o olhava. Ele se virou rapidamente, o rosto marcado pelo cansaço e pela preocupação.— Nada que você precise se preocupar agora. Apenas questões de segurança. — Ele tentou minimizar, mas eu sabia que não era toda a verdade.— Questões de segurança? Depois do que ac
LUCASOs primeiros raios de sol atravessavam a janela do quarto quando acordei. Claire ainda estava dormindo, sua expressão tranquila, como se os eventos das últimas semanas não tivessem deixado marcas. Mas eu sabia que estavam ali, escondidos em cada suspiro mais pesado que ela soltava durante a noite.Eu me levantei devagar, tentando não acordá-la, e fui até o escritório. Minha mente estava inquieta, como sempre. Desde que Lorenzo revelou que Claire era a chave para aqueles documentos, eu sabia que nossas vidas estavam penduradas por um fio ainda mais tênue. Matteo podia estar quieto agora, mas a máfia nunca deixava pontas soltas por muito tempo.Sentei-me à mesa e abri o laptop. Um dos meus homens havia enviado uma atualização durante a madrugada. Um dos contatos de Matteo, um tal de Vittorio, estava agindo de forma suspeita. Ele havia sido visto em um armazém nos arredores de Milão. Isso podia ser a pista que precisávamos.Peguei o celular e liguei para Lorenzo. A relação entre nó
LUCASEnquanto o silêncio da madrugada tomava conta da mansão, meus pensamentos estavam longe de qualquer possibilidade de descanso. Claire finalmente havia adormecido depois de horas de conversa intensa sobre os riscos que enfrentávamos. Ver o cansaço em seu rosto, misturado com a força inabalável que ela sempre demonstrava, só reforçava minha determinação de mantê-la segura, custasse o que custasse.Caminhei até meu escritório, onde a luz suave de um abajur iluminava os documentos espalhados pela mesa. Lorenzo havia entregado informações valiosas, mas incompletas. Os tais documentos que Claire supostamente possuía eram a chave para desmantelar um esquema criminoso que ia muito além do que imaginávamos. Porém, o que Lorenzo não explicou era como essas informações estavam ligadas ao passado dela.Peguei o telefone e disquei o número de Matteo. Ele era o próximo na minha lista de suspeitos. Precisava de respostas, e ele era uma das poucas pessoas que poderiam fornecê-las.— Matteo, sou