LUCASA tempestade que ameaçava ruir nosso mundo parecia ter amainado. Depois de semanas de incertezas e perigos, a mansão estava envolta em um raro silêncio. Ainda assim, meu coração não conseguia encontrar descanso. Claire estava a poucos passos de mim, sentada no sofá da sala, mas era como se uma distância intransponível nos separasse.— Claire — minha voz cortou o silêncio. Ela ergueu os olhos, e por um instante, eu vi a sombra de algo que já foi tão nosso: cumplicidade.— O que foi, Lucas? — ela perguntou, seu tom suave, mas cauteloso.Caminhei até ela, cada passo carregado de intenção. Sentei-me ao seu lado, mas não a toquei. Minhas mãos estavam cerradas sobre meus joelhos, lutando para encontrar as palavras certas. Eu sempre fui um homem de ação, mas Claire fazia com que eu quisesse ser também um homem de palavras.— Estive pensando em tudo o que passamos. Em tudo o que você enfrentou por minha causa — comecei. Ela não respondeu, mas não desviou o olhar. Isso era encorajante. —
LucasAs palavras de Claire ainda ecoavam em minha mente enquanto caminhava em direção à sala de reuniões improvisada no subsolo da mansão. O que quer que estivesse prestes a acontecer, eu precisava encarar com clareza, não apenas como o homem que a ama, mas como alguém que finalmente aprendeu a lutar ao lado dela.Giovanni, meu braço direito, esperava por mim, os mapas e relatórios espalhados sobre a mesa. Ele ergueu os olhos assim que entrei, e a tensão no ambiente parecia quase palpável.— Lucas, temos um problema. — Ele apontou para uma área marcada no mapa. — Matteo movimentou seus homens para o armazém na zona portuária. Parece que é lá que vão fazer a troca pelos documentos.Meu estômago revirou. Matteo era a última peça do quebra-cabeça, a conexão entre o passado de Claire e o esquema que ameaçava não apenas nossas vidas, mas tudo pelo que lutamos. Não havia mais tempo para dúvidas ou hesitações.— Reúna todos. Quero que estejam preparados em 20 minutos. — Minha voz era firme,
CLAIREA volta para a mansão foi silenciosa, mas não desconfortável. O ar ainda estava impregnado de adrenalina, mas, pela primeira vez em semanas, senti uma leveza. Matteo estava fora do jogo, os documentos que tanto perseguiam estavam seguros, e Lucas… Bem, Lucas estava mais próximo do homem que eu sabia que ele poderia ser.Assim que chegamos, ele foi imediatamente para a sala de reuniões com Giovanni e os outros, revisando cada detalhe do que havia acontecido. Eu, no entanto, precisava de um momento para mim mesma. Subi para o quarto e me joguei na cama, encarando o teto como se ele pudesse me dar respostas.Minha mente vagava. Era esse o fim da luta? Ou apenas o começo de algo maior? Matteo era apenas um intermediário, e, embora estivesse preso, as forças que ele representava ainda estavam por aí. E havia outro detalhe que não conseguia esquecer: meu pai. Os documentos que Matteo tentava proteger tinham o nome dele. O que ele estava envolvido antes de morrer? Eu precisava entende
CLAIREA manhã chegou antes que eu estivesse pronta para enfrentá-la. A luz do sol que atravessava as cortinas parecia zombar da inquietação que ainda dominava meu coração. Dormir havia sido impossível, mas o abraço de Lucas durante a noite me deu uma força que eu não sabia que precisava.Depois de um café da manhã apressado, ele e eu nos dirigimos ao endereço do antigo amigo de meu pai, Pietro Moretti. O nome trazia lembranças vagas de jantares formais e conversas em voz baixa no escritório de casa. Meu pai sempre falava de Pietro como alguém de confiança. Esperava que essa confiança ainda existisse.O carro deslizou pelas ruas estreitas de Milão até parar diante de uma casa discreta, mas elegante. Lucas segurou minha mão antes que eu saísse do carro, seus olhos fixos nos meus.— Seja o que for que descobrirmos aqui, enfrentaremos juntos, Claire. Não se esqueça disso.Eu assenti, absorvendo suas palavras como uma âncora para meu coração acelerado.LUCASPietro nos recebeu com uma mis
LUCASA tensão no carro era palpável enquanto retornávamos à mansão com o diário de Claire em mãos. Cada página daquele pequeno caderno parecia pesar como chumbo em meus pensamentos. O conteúdo era explosivo: nomes de líderes mafiosos, políticos corruptos e transações ilegais que ligavam tudo a uma rede internacional. Aquilo não era apenas uma arma; era um grito de guerra.Olhei para Claire ao meu lado. Ela segurava o diário como se fosse a coisa mais preciosa — ou perigosa — que já teve nas mãos. Sua expressão estava firme, mas eu conseguia perceber o turbilhão de emoções nos olhos dela.— Estamos entrando em um terreno perigoso, Claire — disse, quebrando o silêncio. — Não há garantias de que sairemos ilesos dessa vez.Ela se virou para mim, os olhos brilhando com uma determinação que eu raramente via. — Não estou pedindo garantias, Lucas. Só quero justiça. Meu pai deu a vida por isso. Não posso recuar agora.Assenti, respeitando sua coragem, mas uma parte de mim queria protegê-la a
CLAIREA manhã seguinte chegou carregada de uma sensação estranha, como a calma que precede uma tempestade. Lucas estava no escritório desde as primeiras horas, e o silêncio na mansão era quase ensurdecedor. Levantei-me, determinada a fazer algo útil. A espera era sufocante, e ficar parada me fazia sentir impotente.Ao descer as escadas, encontrei Enzo, que parecia tenso, mas focado. Ele levantou os olhos quando me viu e me deu um breve aceno.— Alguma novidade sobre Donato Greco? — perguntei diretamente.Ele hesitou antes de responder. — Estamos monitorando os movimentos dele. Parece que ele estará em um evento privado hoje à noite, em um dos clubes de elite da cidade.Meu coração acelerou. — Isso é perfeito. Podemos confrontá-lo.Antes que Enzo pudesse responder, Lucas apareceu no corredor. Sua expressão era uma mistura de surpresa e reprovação ao ouvir minha sugestão.— Você não vai a lugar nenhum, Claire. — Sua voz era firme, cortante.— Lucas, esse é o momento que estávamos esper
CLAIREAs palavras de Greco ainda pairavam no ar, impregnadas de ameaça. Ele parecia saborear a tensão que criava, seu olhar fixo em mim como se pudesse decifrar cada um dos meus pensamentos.— Você é ousada, senhora Moretti. Isso é bom. A ousadia geralmente vem acompanhada de um ponto fraco. — Greco apoiou o queixo na mão, seus olhos dançando entre mim e Lucas. — Mas me diga, o que exatamente vocês acham que sabem?Troquei um olhar rápido com Lucas, que manteve a expressão fria. Ele apertou minha mão por baixo da mesa, um gesto discreto, mas que me deu forças.— Sabemos o suficiente para acabar com você, Greco, — respondi, minha voz firme. — Os documentos que meu pai deixou são apenas o começo.Greco sorriu, mas seu olhar endureceu. — Ah, então você acredita que esses documentos são uma arma? Talvez sejam. Ou talvez sejam a chave para algo muito maior, algo que pode destruir não só a mim, mas todo o equilíbrio que mantém esta cidade funcionando.Lucas cruzou os braços, sua presença i
CLAIREA noite caiu sobre a mansão como um véu pesado, mas o silêncio não trazia paz. Cada sombra parecia esconder uma ameaça, e cada ruído era um lembrete da urgência de nossa situação. Lucas e eu estávamos no escritório, debruçados sobre os documentos que haviam causado tanto tumulto em nossas vidas.— Precisamos encontrar o ponto fraco de Greco, — disse Lucas, sua voz carregada de determinação. — Algo que possamos usar contra ele antes que ele nos alcance.Assenti, meus olhos passando rapidamente pelas páginas. Entre as inúmeras transações ilegais e nomes codificados, um detalhe chamou minha atenção.— Espere... aqui, — apontei para um trecho. — Essa conta bancária. Está vinculada a uma empresa de fachada que meu pai mencionou antes de morrer. Ele disse que era a chave para derrubar Greco.Lucas aproximou-se, analisando a informação. Seus olhos se estreitaram, e um leve sorriso curvou seus lábios. — É isso. Se rastrearmos essa conta, podemos expor a ligação de Greco com o tráfico i