CLAIREA manhã seguinte chegou carregada de uma sensação estranha, como a calma que precede uma tempestade. Lucas estava no escritório desde as primeiras horas, e o silêncio na mansão era quase ensurdecedor. Levantei-me, determinada a fazer algo útil. A espera era sufocante, e ficar parada me fazia sentir impotente.Ao descer as escadas, encontrei Enzo, que parecia tenso, mas focado. Ele levantou os olhos quando me viu e me deu um breve aceno.— Alguma novidade sobre Donato Greco? — perguntei diretamente.Ele hesitou antes de responder. — Estamos monitorando os movimentos dele. Parece que ele estará em um evento privado hoje à noite, em um dos clubes de elite da cidade.Meu coração acelerou. — Isso é perfeito. Podemos confrontá-lo.Antes que Enzo pudesse responder, Lucas apareceu no corredor. Sua expressão era uma mistura de surpresa e reprovação ao ouvir minha sugestão.— Você não vai a lugar nenhum, Claire. — Sua voz era firme, cortante.— Lucas, esse é o momento que estávamos esper
CLAIREAs palavras de Greco ainda pairavam no ar, impregnadas de ameaça. Ele parecia saborear a tensão que criava, seu olhar fixo em mim como se pudesse decifrar cada um dos meus pensamentos.— Você é ousada, senhora Moretti. Isso é bom. A ousadia geralmente vem acompanhada de um ponto fraco. — Greco apoiou o queixo na mão, seus olhos dançando entre mim e Lucas. — Mas me diga, o que exatamente vocês acham que sabem?Troquei um olhar rápido com Lucas, que manteve a expressão fria. Ele apertou minha mão por baixo da mesa, um gesto discreto, mas que me deu forças.— Sabemos o suficiente para acabar com você, Greco, — respondi, minha voz firme. — Os documentos que meu pai deixou são apenas o começo.Greco sorriu, mas seu olhar endureceu. — Ah, então você acredita que esses documentos são uma arma? Talvez sejam. Ou talvez sejam a chave para algo muito maior, algo que pode destruir não só a mim, mas todo o equilíbrio que mantém esta cidade funcionando.Lucas cruzou os braços, sua presença i
CLAIREA noite caiu sobre a mansão como um véu pesado, mas o silêncio não trazia paz. Cada sombra parecia esconder uma ameaça, e cada ruído era um lembrete da urgência de nossa situação. Lucas e eu estávamos no escritório, debruçados sobre os documentos que haviam causado tanto tumulto em nossas vidas.— Precisamos encontrar o ponto fraco de Greco, — disse Lucas, sua voz carregada de determinação. — Algo que possamos usar contra ele antes que ele nos alcance.Assenti, meus olhos passando rapidamente pelas páginas. Entre as inúmeras transações ilegais e nomes codificados, um detalhe chamou minha atenção.— Espere... aqui, — apontei para um trecho. — Essa conta bancária. Está vinculada a uma empresa de fachada que meu pai mencionou antes de morrer. Ele disse que era a chave para derrubar Greco.Lucas aproximou-se, analisando a informação. Seus olhos se estreitaram, e um leve sorriso curvou seus lábios. — É isso. Se rastrearmos essa conta, podemos expor a ligação de Greco com o tráfico i
LUCASO silêncio que se seguiu ao caos no galpão parecia quase ensurdecedor. O som dos tiros havia cessado, e o eco dos passos de nossos homens ressoava nas paredes vazias. Greco estava sob custódia, suas mãos algemadas atrás das costas enquanto dois de meus melhores seguranças o escoltavam.— Parece que o jogo acabou, Greco, — disse, minha voz baixa, mas firme.Ele não respondeu, apenas me lançou um olhar gelado, carregado de ódio. Sua derrota não apagava o perigo que ele representava, mas, naquele momento, eu sentia que finalmente estávamos um passo à frente.Virei-me para Claire, que estava ao meu lado. Seus olhos estavam fixos em Greco, e eu podia ver a mistura de alívio e determinação em seu rosto.— Você está bem? — perguntei, tocando levemente seu braço.Ela assentiu, soltando um suspiro trêmulo. — Sim. E você?— Melhor agora que isso acabou.CLAIREEnquanto Lucas dava ordens para que Greco fosse levado, eu me permiti respirar fundo. A batalha que parecia interminável finalment
CLAIREOs dias após a queda de Greco foram uma mistura de alívio e incerteza. A mansão, antes cercada por tensão e perigo iminente, estava agora em um silêncio quase estranho. Apesar de toda a vitória, eu sabia que ainda havia resquícios de um passado turbulento a serem enfrentados.Estava na biblioteca, folheando um dos muitos livros antigos que haviam se tornado meu refúgio. O cheiro de papel envelhecido sempre teve um efeito calmante sobre mim. Mas, naquele dia, mesmo os livros não conseguiam silenciar os pensamentos que me rondavam.Lucas entrou na sala, sua presença preenchendo o ambiente. Ele estava mais relaxado, mas os traços de cansaço ainda marcavam seu rosto.— Você está escondida aqui, — ele comentou, com um leve sorriso.— Não escondida, apenas refletindo, — respondi, fechando o livro e colocando-o de lado. — E você? Como está lidando com tudo?Ele se sentou ao meu lado no sofá, suspirando profundamente. — Melhor do que esperava, mas... ainda há muito para arrumar. Greco
CLAIREO dia parecia calmo, quase tranquilo demais. Lucas tinha uma reunião de negócios fora da cidade, algo de última hora que ele insistiu em resolver pessoalmente. Não era incomum, mas meu coração estava inquieto desde o momento em que ele saiu.Enquanto andava pelos corredores da mansão, sentia um peso inexplicável. Aquele tipo de pressentimento que você não consegue explicar, mas que se recusa a ignorar. Para tentar afastar o desconforto, fui até o jardim, o lugar que Lucas e eu costumávamos usar para planejar nosso futuro.Meu celular vibrou. Quando o peguei, vi que era um dos seguranças pessoais de Lucas. Meu coração parou por um instante antes de atender.— Senhora Claire... — a voz do homem soou hesitante, quase trêmula.— O que aconteceu? — perguntei imediatamente, sentindo o pânico subir pela garganta.— O helicóptero de Lucas sofreu um acidente. Ele foi levado ao hospital mais próximo, mas está em estado crítico.Meu mundo parou. Aquele momento parecia surreal, como se est
CLAIREO ar parecia pesar em meus pulmões enquanto caminhava pelos corredores brancos e silenciosos do hospital. Gabriel segurava minha mão com firmeza, seus olhos brilhando com a curiosidade de quem não entendia completamente a gravidade da situação. Ele tinha apenas três anos, mas era esperto o suficiente para perceber que algo estava errado.— Vamos ver o papai? — perguntou ele, sua voz suave e cheia de esperança.Meu coração apertou. Como explicar a ele que o homem que tanto amávamos não sabia mais quem éramos?— Sim, meu amor, vamos, — respondi, forçando um sorriso que não alcançava meus olhos.Quando chegamos ao quarto, Lucas estava sentado na cama, olhando pela janela com uma expressão distante. Ele parecia perdido, como alguém preso em um mundo que não fazia sentido.— Lucas? — chamei, minha voz baixa, quase hesitante.Ele virou a cabeça lentamente, seus olhos azuis fixando-se em mim. Por um breve momento, algo brilhou em seu olhar, uma sombra de reconhecimento. Mas desaparece
CLAIREOs dias desde o acidente de Lucas pareciam uma mistura de pesadelos e pequenos vislumbres de esperança. Gabriel não entendia completamente a situação, mas sua inocência era um bálsamo para a dor que eu carregava. Lucas, por outro lado, permanecia preso em uma névoa de incertezas. A cada visita ao hospital, tentávamos reconstruir o que havia sido destruído — nossa família, nossa confiança, e, acima de tudo, nosso amor.Naquele dia em particular, decidi levar algo especial. Algo que talvez pudesse ajudá-lo a reconectar os pedaços de sua memória. Era uma pequena caixa de madeira, gasta pelo tempo, com objetos que contavam nossa história. Fotografias, cartas, um pequeno ursinho de pelúcia que Gabriel havia dado a ele no aniversário do ano passado.— Por que estamos levando isso, mamãe? — perguntou Gabriel, segurando a caixa com cuidado enquanto caminhávamos pelo corredor do hospital.— Porque, meu amor, às vezes as coisas que guardamos com carinho podem ajudar a lembrar quem somos,