Daniel Devo admitir, os dias no engenho da Drin'ks Drive foram bem divertidos, embora alguns contratempos bem perturbadores me arrebataram por algumas quase infinitas horas. Fazia tempo que não usava essa palavra no meu dicionário “diversão”. A minha vida em seis longos anos se resumiu em trabalho, lamentos, bebedeiras pela noite e isso para conseguir uma migalha de sono sossegado. Nada além disso. Aquela maluca sabe mesmo me tirar da minha zona de conforto. Me aproximar do Cris da forma que fiz hoje foi... indescritível. Uma mistura insana de medo e de felicidade. Felicidade, a quanto tempo não a sinto dentro de mim? Desde que ela se foi. Com a Isabelly não tive medo, nem senti pânico. Com ela ao meu lado foi fácil me aproximar do meu filho. Às vezes penso que ela consegue me ver por dentro, que consegue me desvendar mesmo com as minhas barreiras de pé e por pouco, muito pouco ela quase a derrubou. — Obrigado, pai! — Eu posso, papai? As palavras do menino ainda ecoam dentro da mi
Daniel — Não diga nada, Estela. Onde está Brito? — A mulher balbucia, ela parece atônita e me fira com olhos arregalados. Impaciente, reviro os olhos e aguardo a resposta que não vem nunca. — Fala mulher, onde está o Jonas? — rosno. Ela respira fundo.— É... que o senhor... disse para não falar nada — gagueja. — Estela, paciência tem limites — aviso. — Onde está o Jonas?— Aguardando em sua sala. — Assinto e lhe dou as costas. — Prepare a sala para a vídeo conferência e me dê dois minutos — ordeno, abrindo a porta do meu escritório.— Sim senhor. — Medinho do ogro, Isabelly? — Escuto o meu assessor dizer ao telefone assim de adentro a sala. O infeliz está sentado na ponta da minha mesa e de costas para mim, usando o meu telefone e falando com uma puta intimidade com a minha administradora. — Querida, ele vai passar em sua casa para pegá-la, segundo o chefe não tem cabimento pagar para guardar dois carros... Isabelly pare para pensar... — Ele diz após uma pausa. Contudo, tomo o tele
Daniel — Ah, meu Deus, é sério filho? Você está vindo almoçar com a sua família? — Ela parece sorri.— S É sério, mãe. Eu devo chego em uns vinte minutos.— Tudo bem, querido, vamos aguardá-lo. — Dona Laura parece não se conter de felicidade e acredite, eu me sinto tão bem fazendo isso. Desligo o celular e saio da sala pegando algumas coisas que preciso levar para casa. Aviso para Estela que demorarei para voltar e saio pegando o trânsito em seguida. No caminho me pego parando em uma loja infantil. Eu entro e olho as várias opções, mas não faço a menor noção do que o Cris gosta, então opto por alguns CD's de filmes infantis, a saga completa de Toy Story, já que não tenho certeza de que assistiu algum desses. Volto apressado para o carro e dirijo ansioso. No entanto, ao entrar casa fico nervoso e automaticamente o meu corpo começa a suar. Afrouxo a gravata e me livro do terno, depois, abro os primeiros botões da camisa. Droga, essa é a primeira vez que tento me aproximar do meu filho
Daniel — Nossa, vocês demoraram! — Dona Laura resmunga entusiasmada. — O que estavam fazendo esse tempo todo?— E que a gente estava... — Cris começa a falar e corre para os braços da vovó coruja.— Fazendo coisas de pai e filho, não é Cris? — Completo a sua frase com o meu melhor modo divertido. O garoto sorri com cumplicidade e pisca um olho para mim, assentindo em seguida.— É vovó, coisas de pai e filho. — Para a min há total satisfação, durante o almoço Cris não desgrudou de mim. Ele conversou sobre a sua escola, sobre a nova professora que eu nem sabia que havia mudado e sobre uma coleguinha em especial, a Samanta. Uma garotinha que se senta ao seu lado. Cris é um garoto muito animado, é extrovertido e bem-falante. Ele gosta de falar sobre as suas coisas, as suas ideias e eu descobri que estou amando ouvir tudo o que ele quer me dizer. Não sei como farei isso, mas quero recuperar o tempo perdido. Também não sei se isso é possível, mas farei de tudo para estar ao lado dele de ag
Isabelly— OGRO! IMBECIL! TROGLODITAAA! — grito para o meu celular furiosa. Ele desligou na minha cara, que filho da puta! Se você pensa que vai me fazer de capacho como faz com os seus funcionários, está muito enganado, Daniel Ávila!— Minha nossa, você está falando sozinha filha? — Ergo a minha cabeça, tiro os olhos da tela do meu celular e encontro a minha mãe entrando em minha sala com uma elegância sem tamanho. Não é porque ela é a minha mãe não e nem querendo me gabar, mas Mônica Sampaio Albuquerque, a minha mãezona é linda pra caramba. E não é à toa que o senhor Marcos Albuquerque morre de ciúmes dela. A mulher anda em cima dos seus saltos altíssimos, vestida com um tubinho preto de alcinhas colado ao seu corpo e os cabelos negros e cacheados estão presos em um coque igualmente elegante, deixando alguns cachos caírem na lateral do seu rosto. Ela abre um sorriso branco, de dentes bem alinhados e se senta de frente para mim.— O que você está fazendo aqui? — questiono sem esconde
DanielObservo os meus cabelos úmidos no espelho e passo as pontas dos dedos para dá um jeito em algumas mechas desgarradas, que insistem em cair nos meus olhos. Eles estão precisando um corte. Penso e dobro as mangas da camisa vermelha até o meu antebraço. Borrifo um pouco do meu perfume, analiso a minha aparência no espelho outra vez e percebo que não tenho visto mais o meu rosto abatido de sempre. Em meus lábios agora tem um sorriso bobo e persistente e através do reflexo vejo o meu filho ainda adormecido na minha cama. Isso mesmo que vocês estão entendendo. Desde segunda Cris insiste em dormir comigo em minha cama, mas é claro que antes de uma boa noite de sono, aprontamos todas dentro do meu quarto. A bagunça começa no meu closet, pois Cris descobriu que gosta de vestir as minhas roupas, calçar os meus sapatos e até a usar os meus assessórios como o barbeador, meu perfume, relógios e outras coisas. Depois, corremos pelo cômodo e pulamos em cima da cama por horas. A brincadeira no
Daniel — Aceita uma bebida, senhor Ávila? — Iolanda, a comissária de bordo oferece e eu assinto sem tirar os meus olhos da tela do notebook. Em algum momento a moça esfrega a sua coxa no meu braço. Eu paro o que estou fazendo, ergo a minha cabeça e a safada morde o lábio inferior em um convite explicito para uma transa. Seus olhos estão cheios de luxúria, porém, faço um gesto sutil com a cabeça dizendo não para. Iolanda e eu já fizemos algumas coisas aqui nesse avião em algumas das minhas viagens para o exterior. Sei que falei que não gosto de repetir, mas ela foi uma exceção já que não costumo viajar muito, apenas uma vez no mês e as vezes nem isso. Contudo, isso não vai rolar, não com Isabelly aqui por perto. A garota entende o meu sinal, faz um bico de desagrado e se afasta, e eu volto a me concentrar no meu trabalho. — Ou! Ei, garota, não está me vendo aqui não? — Escuto Isabelly reclama. A aeromoça se vira para a minha administradora sem graça e força um sorriso.— Desculpe. se
IsabellyOgro... troglodita... estupido... como ele consegue ser tudo isso com uma cara tão linda como aquela? Não consigo agir diferente com Daniel, parece que o homem consegue destacar o pior de mim só de estar perto de mim. O que custava me acompanhar até um restaurante? Vai doer? Não vai, mas não ele é um ogro e não consegue satisfazer os desejos de uma mulher por pura educação. Depois de entrar no meu quarto, que modéstia parte é um show de luxo esbanjado nas cores dourada, branco e tons pastéis, tomo um banho demorado e tento relaxar a cabeça. Prometi para mim mesma que não deixaria acontecer entre nós o que quase rolou em Minas. Aquilo foi só uma brincadeira da minha parte, apenas para mexer com ele. Na verdade, eu queria mesmo era ver se ele tinha um coração de verdade batendo naquele peito, ao invés de uma pedra dura e fria. O resultado na minha experiência? Tenho certeza de que o homem não tem um coração de carne, mas a boba aqui estava quase caindo nos encantos daquele trog