Carlos saiu do quarto e eu, que estava com um vestido curtinho, pedi para que Cássia me emprestasse uma roupa para que eu tomasse um banho e voltasse para casa antes que o homem das regras viesse atrás de mim.
Tomei um banho e me vesti com roupas dela, sentando-me para me alimentar. Dona Sônia é um amor, fez um café da manhã maravilhoso, já alertada por Carlos de que eu estava aqui.
Assim que Dona Sônia me avistou, abriu os braços e me deu um abraço apertado e aconchegante.
— Menina, já te falei, venha aqui quando quiser, mas não precisa entrar pela janela. Ouviu, Cássia. — Dona Sônia nos repreendeu e dei um sorriso contido para Cássia.
— A senhora iria brigar se nós te acordasse, mãe, te conheço bem. — disse Cássia.
— Eu sei, a bronca ia vir com força total, mas vocês se controlem, e Nicole, você é muito nova pra viver assim e beber desenfreada, pode para com isso. Você acha esse homem tão arrogante, porém ele está sabendo te colocar limites. — Fiquei pasma ao ouvir a tia Sônia.
— Quem tem limite é fronteira, tia, ele está parando a minha vida do jeito que ele quer. Por favor, esse cara deve achar que é o gerente do G****e Maps, controlando cada movimento meu!
— Não sei porque falam tão ma'l do homem.
— Isso é amor encubado, mãe, vai por mim. — Cássia falou me fazendo olhá-la com repreensão.
— Até parece, te enxerga, Cássia, eu em. Não sinto mais nada por aquele arrogante não.
— Quer dizer que já sentiu? — Dona Sonia perguntou curiosa.
— Sim, não nego. Quando era tola, burra, achava que todo homem que olhava pra mim tinha interesse, mas hoje eu sei como é.
— E como é, ó sábia? — Dona Sonia brincou.
— Homem só mostra interesse após o "Ctrl+Alt+Del" do relacionamento, mulher é que se ilude.
— O que é isso, menina? — Dona Sonia questionou confusa.
— Após o sexo!
— O Carlos gostava de você, vocês já… — Ele sorriu ao ouvir.
(Ah, o Carlos... Ele é o erro ortográfico no corretor automático da minha vida!)
— Nãoooo! Nós nunca. E por isso não fomos para frente, e agora ele achou uma que dá o que ele quer, coisa que eu não fiz. Sou puritana, deve ser por isso que o senhor caótico quer me enviar a um convento rsrs. — ele sorriu novamente, Carlos é um bom amigo, um ótimo ficante, mas também é homem e nunca escondeu o que queria.
— Nem eu acredito nessa sua virgindade, Nick, rsrs. — A tia Sônia comentou. Acreditar na minha virgindade é tão crível quanto acreditar que unicórnios existem e entregam pizzas nos finais de semana, porém ela existe rsrs. — A cada dia você arruma um apelido diferente para o rapaz. Pensa demais nele não acha não? — Ela sorriu ao dizer.
— Ai, não, por favor, não pense que sou malvada… Ele só vai pagar pelo que ele me fez, eu vou me vingar dele em grande estilo, e se brincar ele ainda come na minha mão e ainda terá a minha rejeição. — Falei e Cássia sorriu, já negando com a cabeça, sabendo dos meus planos.
— Eu acho que você está andando demais com a Cássia. Agorinha vou separar vocês duas.
— Mãe, não fale mal de mim. — Cássia reclamou.
— Te conheço bem, minha filha, sei bem o que vocês duas conversam e não quero você influenciando a Nicole, você é mais velha que ela. Não quero que fique incentivando esses pensamentos dela, você me entendeu não é, Nick?
— Oh, minha mãe, sempre tentando separar a dupla dinâmica! Ela teme mais a nossa parceria do que o Batman teme o Coringa! — Cássia disse brincando.
— Entendo tia, mas quem colocou isso na minha cabeça fui eu mesma, a Cássia não me influenciou sobre isso não.
— Nick, os seguranças do Fossa estão te procurando. — Carlos disse ao adentrar pela porta.
— Meu filho não fala assim. É "Foster".
— Ele faz ma'l a Nick, mãe, e não admito isso.
— Fica de boa, maninho, eu sei lidar com ele. — Tranquilizei Carlos.
— Cuidado, minha filha, vai com Deus. — Beijei o dorso da mão da tia Sônia.
— Amém, tia, talvez mais tarde eu esteja aqui. — Me despedi deles calmamente enquanto comia um pedaço de bolo e tomava café. Peguei minhas chaves e parti para o carro; Brian estava à minha espera com outros dois seguranças.
— Ah, Brian e seus amigos, sempre prontos para me resgatar e me levar de volta ao calabouço. — Brinquei com ele.
— Que lindo, fujona. Acha que não te encontro. Comigo, como segurança, você não vai muito longe. — Sorrio ao ouvi-lo, entrei no carro e ele fechou a porta. Carlos estava na porta, abaixei o vidro; ele pegou minha mão e beijou.
— Cuidado, manda notícias. — Ele disse no mesmo momento que sua namorada se aproximou correndo, virou seu rosto e beijou seus lábios, logo após olhou pra mim e sorriu com deboche.
— Pode deixar, anjo, mando sim. — Ela me olhou revoltada com o "anjo"; ela ode'ia que eu o chame assim e faço por implicância por mais que não role mais nada entre mim e o Carlos.
O carro partiu, e agora eu teria que lidar com a fera que com certeza já está em casa. Vamos ver se minha paciência está à prova de fogo diante do monólogo em casa!
— O que eu fiz, meu Deus, agora aguenta, Nick!
Já estava preparando o meu psicológico para aguentar as 5 horas de falação na minha cabeça. Que comece a maratona de sermões!
No carro, segui com os seguranças mal-humorados na frente e o Brian, que sempre tira onda comigo, sentado ao meu lado. Ele desligou a ligação que com certeza era com o Sr. Foster e soltou essa pérola:— Quando vou ver sua amiga novamente? — Brian brincou comigo. Entre os seguranças ele é o mais tranquilo, e em pouco tempo de convívio nos tornamos amigos, acredito que ele tenha compaixão por mim, é claro, é difícil aturar Lucas Foster.— Acredite em breve vocês trocam mais alguns beijos, Brian. Mas você pode procurar por ela já que sabe onde ela mora. — Comentei com ele. Ele e Cássia ficam quando querem, por mais que nenhum dos dois queira levar um romance a sério.— Procurarei ela, sim, principalmente agora que você irá sumir por uns tempos. — Olhei para ele com as sobrancelhas erguidas. — Brincadeira, rsrs, mas e o seu juízo onde enfiou? Está na hora de criar juízo.— Amanhã, depois do furacão que atingirá o Brasil, eu criarei juízo.— Pode ser depois da chuva? É mais provável rsrs.
Passamos por ruas cheias de movimento, pessoas da minha idade se divertindo. Tem horas que me pego pensando como seria a minha vida se algo tivesse mudado, se meu pai ainda estivesse aqui. Será que seria muito diferente? Será que eu seria uma jovem mais ajuizada?Talvez eu tivesse inventado uma desculpa melhor para escapar das situações loucas em que me meto! Como minha avó dizia, tenho o sangue ruim do meu pai, de gostar de ir contra a quem me impõe regras, odeio segui-las.O carro se aproximou da casa que tem sido minha morada, o portão se abriu e avistei o carro da Lara estacionado.— O casal sem sal já deve estar falando de mim, não é à toa que minha orelha está pegando fogo. — comentei com Brian.— Rsrs, saiba que estarei aqui para desabafar quando quiser, está bem. — Brian disse. Assenti e desci do carro antes que ele fosse o cavalheiro de sempre e abrisse a porta para que eu saísse.Ao adentrar na casa, pude ver o olhar da dona Lourdes para mim. Ela tinha os olhos marejados e v
LucasNicole me tira do eixo… Detesto desentendimentos, por isso sempre vivi na minha própria bolha, tendo contato apenas com quem realmente desejo. Não mantenho contato com as minhas tias, primos ou qualquer outra pessoa, exceto o meu primo Humberto, não mantenho pessoas por perto nem mesmo pelo vínculo sanguíneo. Ele não é apenas família, mas também sinônimo de lealdade. Nicole acha que pode fazer o que quiser, mas não é assim, especialmente sob o meu teto e a minha tutela. Não entendo como essa pessoa sem juízo ainda não me enlouqueceu; a sua falta de juízo está afetando a minha sanidade. Ela é a primeira pessoa na minha vida com quem me sinto obrigado a conviver. Poderia, sim, abrir mão de sua tutela e deixá-la a Deus-dará, mas não tenho coragem pra isso. Sabe por que não desisti dela? Porque ela tem uma mãe muito interesseira, que nem mesmo o pai dela a quis presente em sua vida - pelo menos foi o que descobri por meio de uma carta deixada com a minha mãe. A dona Carmem entregou
Cumprimentei o meu primo com um abraço e nos acomodamos, então pude responder à sua provocação.— Não brinque com isso, você sabe que sou um homem livre e não troco a minha liberdade por nada neste mundo. — Tirei o celular do bolso e o coloquei sobre a mesa, bem no centro da sala.— Pensei que a lua de mel teria mudado um pouco os seus conceitos, cara. — Humberto brincou, sorrindo.— Lua de mel? Coitada da Lara, merece um marido que lhe dê uma lua de mel onde o cara não arranje outras escapadas.— Sério que fez isso? Saiu com outras mulheres na sua viagem de reconciliação? — ele fingia estar surpreso. Humberto, melhor que qualquer um, sabe que eu e Lara não temos nada. Eu jamais olharia para ela com malícia ou luxúria, por mais que ela seja uma bela mulher. Eu a admiro, sempre foi uma boa amiga e sei dos sentimentos dele por ela.— Cara, você sabe que foi tudo fachada. Apenas continuei com a nossa rotina, nada mudou, até nessas horas mantive o nosso padrão de sempre.— Mas você e a La
NicoleO caminho para a casa da Lara foi meio entediante, sabe quando a pessoa tenta puxar papo de todas as maneiras, mas você simplesmente não está no clima? Foi exatamente assim. Não tenho nada contra a Lara, aliás, acho que ela não merece um cara que passa o tempo todo conversando com outras mulheres, como seu suposto amado faz. Tive a prova disso através do meu perfil fake e devo dizer, ela é uma das razões pelas quais ainda não coloquei em prática meus planos, já que o namorado dela está super insistente em marcar um encontro comigo.Pena que ele não tem a mínima ideia de que sou eu por trás daquele perfil, e se depender de mim, vai continuar sem saber. Tenho tudo planejado. Que ele pense que dita as regras, como faz com aquelas mulheres que nem sequer leva para o quarto de casa. Quem já ouviu falar de uma mulher se arriscando a transar com um homem no escritório de casa quando há vários quartos disponíveis? Talvez seja algum fetiche estranho, ou ele reserva sua cama exclusivamen
LaraObservei Nicole entrar no quarto e fechar a porta, deixando-me com um peso no peito. Respirei fundo, consciente de que lidar com ela seria crucial para ajudar Lucas. Afastar Nicole dele neste momento se torna uma necessidade premente; do contrário, temo que ele mergulhe em um estado de desequilíbrio emocional. A relação entre os dois é permeada pelo ódio mútuo, e testemunhar Lucas assim, tomado pela raiva e sem paciência, é doloroso. É uma ocorrência rara, mas quando acontece, mal consigo suportar vê-lo tão perturbado. Surpreendentemente, mesmo os problemas prementes na empresa não conseguem provocar nele um estado tão caótico quanto o causado por Nicole. É intrigante como ela é a única pessoa capaz de verdadeiramente tirá-lo de seu estado passivo. É por isso que desejo cultivar uma amizade com ela: para compreender como estabelecer limites e para estar ciente de todas as suas ações contra Lucas. Não permitirei que ela o prejudique de forma alguma. Meu objetivo é garantir que ele
No dia seguinteNicole— Ai, que preguiça, bora acordar, Nick... o sol já nasceu.Acordei cedo com a intenção de ir até a faculdade. Tranquei os meus estudos após a doença da minha avó, e sinto a necessidade de retomar a minha rotina. Não posso passar o dia todo em casa. Estou planejando iniciar um estágio para colocar em prática os meus estudos. O meu sonho sempre foi cursar veterinária, embora a minha avó tenha me incentivado bastante a seguir odontologia ou pediatria, ela tinha o sonho de me ver cuidando de pessoas. No entanto, acabei optando por gestão de empresas para compreender melhor como administrar a herança do meu pai. Até então, ela era gerida por uma empresa particular que sempre cuidou disso para a minha avó, que não sabia de nada sobre o assunto. No entanto, não desejo dedicar o meu tempo somente aos negócios do meu pai; também quero direcionar a minha energia para os animais, minha grande paixão. Quando tiver a minha própria casa, pretendo ter os meus próprios animais d
Na volta para casa, passei na residência da Cássia e compartilhei com ela as últimas novidades. Ela é a única pessoa que realmente me ouve quando desabafo e também é a única que está ciente dos meus planos. Sentamos juntas na calçada de sua casa e mostrei a ela a última mensagem que recebi no perfil fake. Cássia ficou surpresa, já que o Lucas nunca havia iniciado uma conversa comigo. Geralmente era eu quem o procurava e iniciava qualquer diálogo.— Ele parece estar bem interessado, não acha? — ela comentou, e eu concordei, surpresa com a situação e incomodada por estar tão próxima de Lara.— Acho que sim, mas estou me sentindo culpada pela namorada dele.— É por estar na casa dela, não é?— Acredito que sim. Estou considerando desistir disso tudo. Não parece que vai me levar a lugar algum. — Dei de ombros, percebendo que o melhor que posso fazer é permanecer na casa de Lara sem causar problemas e, quando completar meus 24 anos, seguir meu próprio caminho.— Não era você que dizia que