06. Capitulo

Lucas

Nicole me tira do eixo… Detesto desentendimentos, por isso sempre vivi na minha própria bolha, tendo contato apenas com quem realmente desejo. Não mantenho contato com as minhas tias, primos ou qualquer outra pessoa, exceto o meu primo Humberto, não mantenho pessoas por perto nem mesmo pelo vínculo sanguíneo. Ele não é apenas família, mas também sinônimo de lealdade. Nicole acha que pode fazer o que quiser, mas não é assim, especialmente sob o meu teto e a minha tutela. Não entendo como essa pessoa sem juízo ainda não me enlouqueceu; a sua falta de juízo está afetando a minha sanidade. Ela é a primeira pessoa na minha vida com quem me sinto obrigado a conviver. Poderia, sim, abrir mão de sua tutela e deixá-la a Deus-dará, mas não tenho coragem pra isso. Sabe por que não desisti dela? Porque ela tem uma mãe muito interesseira, que nem mesmo o pai dela a quis presente em sua vida - pelo menos foi o que descobri por meio de uma carta deixada com a minha mãe. A dona Carmem entregou essa carta à minha mãe quando estava hospitalizada.

Houve dias em que pensei em relevar tudo isso. Afinal, ela passava a maior parte do tempo trancada no quarto ou na sala, com fones de ouvido, mal percebendo minha presença quando eu chegava do trabalho. Mas sempre que eu começava a pensar que poderíamos ter uma convivência decente, ela arruinava tudo.

Não vou negar, também sou difícil: mandão, arrogante e posso ser muito implicante quando quero. Administro a minha casa como se fosse minha empresa, com regras para tudo. No entanto, Nicole nunca demonstrou interesse em segui-las e sempre deixou isso claro e por isso tantos desentendimentos entre nós.

Brian estava diante de mim, após testemunhar a má educação daquela endiabrada que ousou apontar o dedo do meio na minha direção. Recusei-me a acreditar que era direcionado a mim. Nunca antes alguém tinha agido assim na minha presença.

Uma das coisas que admiro na Nicole é sua ousadia; ela fala o que pensa, demonstrando uma sinceridade franca. Ao longo da minha vida, estive rodeado por muitos bajuladores, pessoas que se aproximavam apenas em busca de benefícios próprios. Nicole poderia ter agido assim em seu próprio favor, mas não. Em vez disso, optou por ser uma diaba na minha vida, sem buscar benefícios pessoais.

— Brian, quero que você encontre um homem de sua confiança para acompanhar a Nicole enquanto ela estiver na casa da Lara. Só porque ela não está aqui, não significa que vou permitir que ela faça o que quiser. Avise também que até mesmo se ela espirrar, quero ser notificado. — Dei as ordens ao Brian que assentiu.

— Está bem, senhor Foster, mas e se eu mesmo fosse o segurança pessoal dela? Pergunto isso porque já temos uma certa amizade mútua, algo que aprecio nela. — Brian mencionou algo que sempre me incomoda. Sim, não aprecio o fato de Nicole ser tão tranquila e amigável; ironicamente, para mim, ela só causa transtornos. Tenho observado que ela cultiva muitas amizades, enquanto sempre fui alguém com poucos amigos. Portanto, não considero saudável ela ter tantos, já que isso só atrai pessoas desnecessárias.

— Não, você já faz parte da minha segurança pessoal, é quem mais confio aqui. Você consegue encontrar alguém em quem confie?

— Claro, senhor, assim que tiver alguém em mente, farei questão de informá-lo. Espero não ter causado desconforto ao oferecer-me como segurança para a Nicole.

— De jeito nenhum. É apenas que preciso de você aqui. — Afirmei isso, e era verdade. Optei por não mencionar o meu incômodo naquele momento.

— Há mais alguma coisa que o senhor precise? — ele perguntou como sempre muito prestativo.

— Sempre mantivemos uma relação de confiança, não é mesmo, Brian?

— Com certeza, senhor, sou grato por tudo que fez pela minha família.

— Não estou falando de gratidão, mas sim de lealdade. — servi bebida a mim e a ele e lhe entreguei o copo.

— Serei leal ao senhor sempre. Não esqueço quem foi leal a mim quando mais precisei, senhor.

— Então, responda-me sinceramente, qual é o seu nível de interesse na Nicole? — perguntei preocupado, ha dias percebo o quanto ele esta se aproximando da Nicole, e meu receio são suas intenções.

— Na Nicole? — ele perguntou notoriamente desconfortável com a minha pergunta.

— Sim, na Nicole.

— Bem, ela é linda, simpática, doidinha, uma boa amiga, mas eu a vejo apenas como amiga. Acredito que é porque vejo nela muitas semelhanças com a minha irmã. O senhor sabe que a minha irmã é muito parecida com a Nick, age por impulso. — Ele me fez lembrar da sua irmã, e isso trouxe à tona a lembrança do meu conflito com o irmão dele. Sim, eu e o irmão dele não nos entendemos, podemos dizer que Brian e o seu irmão são completamente opostos em muitos aspectos. O irmão dele vem sendo um incômodo a mim e se associou com um grande concorrente meu nos negócios.

— Seria bom evitar mais problemas para minha cabeça. Já é complicado lidar com ela desse jeito. Espero sinceramente que ela não cogite arranjar namorados enquanto estiver sob a minha responsabilidade. Lidar com uma pessoa rebelde já é difícil, imagina ter que lidar com um casal rebelde? Seria um grande desafio para mim. — Brian sorriu.

— Você não acha que um relacionamento amoroso poderia ajudá-la a superar tudo pelo que passou? Talvez até melhorar a vida dela, fazendo com que ela concentre as suas energias em um outro alvo além de detestar o senhor. — Brian e o seu jeito único de me motivar.

— Você também percebe que ela me vê como alvo, não é? Eu também percebo isso. Toda essa rebeldia parece ser direcionada exclusivamente a mim. Mas sei que é porque ela não gosta de seguir as minhas regras e evita conviver comigo. Mas o que posso fazer se foi um pedido da avó dela?

(Risos)

— Acho que ela realmente está mexendo com a sua cabeça, nunca conversamos sobre esse tipo de coisa. — Brian disse sorrindo e me neguei.

— Caramba, percebeu também? Essa rebelde vai acabar comigo. Mas acredito que agora terei alguns dias de tranquilidade em casa, com ela longe.

— Rsrs, eu também acredito, senhor.

Estava mesmo perdendo a cabeça ao conversar com Brian sobre isso. Nunca tinha discutido nada além da sua função em minha casa e assuntos triviais, como os negócios que possuo. Ele é um homem inteligente, com o sonho de ter a sua própria empresa, e além de ser meu segurança também tem auxiliado o seu pai a expandir o comércio. Eu os ajudei nisso, com investimentos e isso também virou motivo de desagrado para o seu irmão que não me suporta.

— Posso retornar ao meu posto, senhor? — Ele perguntou enquanto eu me sentava no sofá.

— Claro, obrigado. Aguardo o nome para tornar-se segurança da Nicole.

— Sim, senhor. Escolherei com cuidado. Brian saiu me deixando em minha sala que enfim estava organizada graças a dona Lourdes.

Nicole pode ser uma verdadeira dor de cabeça na minha vida, sim, ela é. Acredite. No entanto, quero proporcionar a ela a mesma segurança que a sua avó oferecia-lhe, mesmo que ela não tivesse um segurança pessoal antes. Mas preciso considerar a situação dela sob a minha tutela. Aqui em casa, ela é mais vulnerável, especialmente porque sou uma pessoa influente nos negócios e a minha vida está constantemente exposta, mesmo que eu não deseje isso. O meu maior temor são os lugares que essa rebelde frequenta. Sei que ela tem amizades em ambientes desfavoráveis e até os convidou para vir à minha casa naquela fatídica, noite em que decidiu arruinar o meu lar. Ainda não vi todas as gravações, mas tenho uma equipe cuidando disso por mim. Mesmo tendo uma casa protegida por seguranças, eles ainda se deixaram influenciar pelas ordens daquela menina sem nenhum juízo, como se ela comandasse a minha casa na minha ausência.

Sentei no sofá e peguei o meu celular, abri o I***a'gram e percebi que uma das moças com quem converso frequentemente não havia feito nenhuma postagem nas últimas 48 horas.

"Confesso que sou viciado em ver as suas fotos, o seu corpo é perfeito, delineado, e a suas curvas são como as de um violão. O que me enlouquece é que ela sempre cobre o rosto de alguma maneira."

Porém, pior ainda é que ela não havia deixado nenhuma mensagem para mim. Decidi, pela primeira vez, tomar a iniciativa de falar com ela em vez de esperar que ela o fizesse, como sempre faço.

Mensagem no I***a'gr@m:

"Olá gata! Por que sumiu? Esqueceu de mim, docinho? Espero que esteja tudo bem. Estou ansioso para desvendar a sua identidade. Quando vamos nos encontrar?"

Enviei a mensagem e guardei o celular quando vi a porta da sala se abrir.

— Senhor Foster, é o senhor Humberto. — fui avisado por um dos seguranças.

— Por favor, peça a ele para entrar. — solicitei, avistando o meu primo entrar pela porta.

— Finalmente voltou da lua de mel com a sua amada. — Humberto comentou e imediatamente neguei, ele sabia que eu e Lara havíamos simulado um relacionamento para a mídia e para as pessoas ao nosso redor. Não posso negar que fiz isso com o conhecimento de que Nicole viria morar na minha casa. Também queria evitar qualquer possibilidade dela pensar que tínhamos algum vínculo por causa daquela situação que enfrentamos há 5 anos. Então decidi assumir um relacionamento de fachada com Lara para que Nicole visse que havia uma barreira, entre nós. No entanto, surpreendentemente, ela parece não se importar com a minha presença atualmente, ao contrário, ela detesta a minha presença em sua vida.

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