Capítulo 4
Mal terminei de falar, o salão foi tomado por uma salva de palmas ensurdecedora.

Aquelas garotas da equipe que seguiam a Nilda, o tal grupinho de irmãs dela, exibiam sorrisos empolgados no rosto, aplaudiam e bajulavam, como se estivessem venerando a própria rainha.

— A Nilda sempre nasceu pra ser rainha! — Exclamou uma delas, os olhos brilhando. — Tão jovem, noiva do herdeiro da máfia, desfilando com um carro que vale milhões! O sonho de qualquer mulher!

— Isso mesmo! — Completou outra, com aquele tom doce que escondia pura inveja. — Quem diria que a nossa capitã da torcida seria hoje uma dama da alta sociedade?

— E você, Vitória... — Uma terceira se meteu, o olhar carregado de malícia. — Para de bancar a durona e ajoelha logo! Ainda dá tempo de pedir desculpas pra Nilda! A tinta daquele Bugatti vale mais que anos da sua vida!

As risadas ecoaram, afiadas, como punhais invisíveis.

Pareciam se alimentar da expectativa de me ver ajoelhada, humilhada diante deles.

Nilda, no centro de tudo, recostou-se preguiçosamente no sofá, o sorriso de superioridade estampado no rosto.

— E aí, Vitória? Não era você que estava toda cheia de si agora há pouco? Cadê a valentia? Engoliu a língua? — Ela ergueu a mão com desdém, apontando para o meu velho Ford, estacionado do lado de fora, como quem aponta para um pedaço de lixo. — Quer saber? Se não ajoelhar aqui e agora e não me pedir desculpas, vou mandar destruir o seu carro. Peça por peça. Até não sobrar nada além de ferro retorcido.

— Eu não acredito.

Ela respirou fundo, o olhar cada vez mais escuro, e então fez um gesto largo com a mão:

— Todo mundo lá para fora! — Ordenou com autoridade. — Hoje eu vou mostrar para vocês como eu acabo com o carro dessa daí!

As meninas da antiga equipe gritaram de empolgação, como se estivessem indo assistir a um show, correndo atrás dela feito um bando de hienas.

Lá fora, o vento noturno trazia um leve frio, mas o clima era tenso como aço.

Os faróis dos carros iluminavam o rosto de Nilda, que mantinha aquela expressão arrogante.

Ela apontou o queixo na direção do meu carro, os olhos cheios de ódio:

— Destruam isso!

Os seguranças dela, obedientes, avançaram com barras de ferro em mãos.

Sem perder tempo, começaram a golpear o carro com violência: janelas, capô, lataria.

Mas, segundos depois, o som do metal batendo mudou.

Os movimentos deles ficaram mais lentos, confusos.

Um dos seguranças parou, ofegante, e se virou para Nilda, franzindo a testa:

— Senhorita Nilda... Esse carro... Não quebra.

Ela arregalou os olhos, furiosa, e arrancou a barra de ferro das mãos dele com brutalidade.

— Sai da frente, inútil!

Segurando a barra com as duas mãos, Nilda mesma se posicionou e desferiu um golpe brutal contra o capô.

Uma, duas, três vezes!

Faíscas voaram a cada pancada, o som seco ecoando.

Mas o carro permaneceu intacto, no máximo, alguns arranhões na pintura, mas nenhum amassado, nenhuma janela quebrada.

A cada golpe, a barra de ferro vibrava nas mãos dela, até que Nilda, ofegante, suada, soltou um gemido de dor e recuou.

— Que droga de carro é esse?! — Ela cuspiu as palavras, encarando o veículo como se ele estivesse zombando dela.

Nesse momento, meu celular vibrou no bolso.

Enquanto ela surtava, eu atendi a ligação, com a maior calma do mundo, como se aquilo tudo fosse uma cena entediante de um filme ruim.

— Sim? — Disse, com a voz tranquila. — Estou com um pequeno problema aqui. Não vou conseguir voltar agora.

Do outro lado, a voz masculina soou firme, autoritária:

— Endereço.

— No hotel da família Laporta. — Fiz uma pausa, olhando Nilda diretamente. — Traga todo mundo.

Desliguei devagar, guardei o celular no bolso, sem pressa.

Olhei para Nilda, que agora me encarava com raiva e confusão, e dei um leve sorriso, carregado de significado:

— Não sei se tem aço puro por dentro, mas esse carro é blindado. E muito mais caro do que você pode imaginar.

Ela bufou, com um sorriso frio:

— Ah, para! Quer me enganar? Isso é só um Ford velho! Que valor isso pode ter?

Antes que eu respondesse, alguém, no meio da multidão, gritou, com a voz tomada de choque:

— Gente... Olhem isso!

Todos se viravam ao mesmo tempo, e as expressões em seus rostos congelavam num instante.

Uma frota de mais de dez SUVs, todas ostentando o emblema da máfia Família Verdemar, avançava rugindo, cortando o silêncio da noite. A comitiva negra parecia uma matilha de leopardos furtivos, deslizando pela escuridão em nossa direção, sem emitir mais do que o som ameaçador dos motores.
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