Capítulo 3
Diante das provocações constantes da Nilda, eu não me alterei. Pelo contrário, escolhi relevar uma, duas, três vezes.

Afinal, aquilo ainda era, um reencontro de ex-colegas. Eu não queria transformar a noite em um espetáculo de baixarias, embora, para alguns ali, fosse exatamente isso o que desejavam.

Mas, quando tentei dar alguns passos para finalmente ir embora, os seguranças da Nilda me agarraram com força, impedindo qualquer movimento.

Ela veio até mim com um sorriso cheio de arrogância e me dava tapinhas no rosto, de forma provocadora.

— Ah, então você acha mesmo que é alguém importante, né? — Ela cuspiu as palavras com desprezo. — Quer sair assim, como se nada tivesse acontecido? Fácil? Na época da equipe de líderes de torcida, você adorava correr pra contar tudo pra treinadora, não era? Vamos ver agora, nesse mundo, quem vai te proteger!

Eu a encarei firme, segurando o olhar dela com frieza, minha voz soando baixa, mas carregada de ameaça contida:

— Nilda, vou te dar um último aviso. Desde o colégio, você sempre fez dessas panelinhas ridículas, transformando a equipe de líderes de torcida na sua corte particular, expulsando quem não se curvava aos seus caprichos. Mas agora somos adultas. E, por isso, sugiro que pense muito bem nas consequências antes de continuar nesse caminho.

Ela me olhou por um segundo e, então, soltou uma risada alta, debochada, como se tivesse acabado de ouvir a maior piada da noite.

Virou-se para os outros, passando o olhar por cada rosto no salão, se exibindo:

— Vocês ouviram, né? — Ela ria, apontando para mim. — Olha o que ela tá dizendo! Tá me ameaçando! Quer saber? Nem que eu te mate aqui, o que você vai poder fazer? Hein? Eu sou a futura senhora Laporta, não esquece disso! Pra mim, te esmagar é como pisar numa formiga. Fácil.

Senti a raiva queimando dentro de mim, mas continuei controlada.

Levantei o olhar devagar, encarando-a com a frieza de quem sabe o próprio valor.

— Nilda... Já ouviu aquele ditado? " Sempre existe algo além do que a gente conhece, e alguém além de nós." Tem gente nesse mundo que você não pode se dar ao luxo de provocar. Meu conselho? Me solta agora. Porque, quando chegar a hora do arrependimento, quem vai sofrer não sou eu. Vai ser você.

Os colegas ao redor começaram a cochichar, as vozes carregadas de escárnio.

— Olha só… — Um deles murmurou, alto o suficiente pra eu ouvir. — Uma sem influência nenhuma, achando que pode bancar a durona aqui?

— Ah, por favor… — Outra garota zombou, rindo. — Trabalhar na cidade, e daí? Continua sendo uma ninguém. Uma vira-lata que voltou pra cá.

O representante de turma, claramente nervoso, se aproximou, a voz baixa, quase implorando:

— Vitória, por favor… Pede desculpas. Não bate de frente com a Nilda. Você sabe o que a família Laporta é capaz de fazer... Se até gente teve que se ajoelhar diante deles, imagina você...

Eu olhava em volta, para aqueles rostos tão familiares no passado, e uma ponta de sarcasmo brilhava no meu olhar.

Era isso o que chamavam de amizade?

Só porque eu queria ir embora antes do tempo, virei alvo de humilhação, deboche e até violência?

Podiam falar o que quisessem: que eu era pobre, que andava de carro simples...

Nada disso me importava.

Mas levantar a mão para me bater? Isso era uma linha que ninguém deveria cruzar.

Nilda, achando que tinha vencido, abriu um sorriso cruel.

Enfiou a mão no bolso e puxou um maço de dinheiro grosso, balançando na frente de todos com um olhar de puro desprezo:

— Vitória, aqui tem cem mil. — Balançou o dinheiro diante do meu rosto e completou, com um sorriso venenoso. — Se você se ajoelhar agora e lamber a sola do meu salto até tirar toda a sujeira, o dinheiro é seu.

Fez uma pausa, saboreando a humilhação que queria me impor e continuou:

— Caso contrário... Pode considerar isso como adiantamento pro hospital, depois que eu terminar com você.

Meu olhar se estreitou, ficando cortante como lâmina:

— Nilda... Acho que você não faz ideia do que está fazendo. Você sabe mesmo quem é a pessoa que está tentando impedir de sair daqui?

Ela me encarou por um segundo e, em seguida, explodiu em gargalhadas:

— Hahaha! — Nilda riu, se aproximando ainda mais, com aquele olhar arrogante. — Você? Ter alguma importância? Não me faz rir! — Ergueu o queixo, o olhar transbordando desprezo, e apontou com o queixo em direção à porta. — Tá vendo aquele Bugatti ali fora? Qualquer pedacinho da pintura dele vale mais do que você inteira! Qualquer arranhão naquela lataria paga o seu carro inteiro, e ainda sobra troco!

Ao ouvir aquilo, não consegui conter um leve sorriso irônico, quase divertido diante de tanta ignorância.

Se ela soubesse…

Se ao menos tivesse noção do que aquele velho Ford representava.

Só pela placa dele, qualquer família mafiosa do mundo se curvaria em respeito.

O que realmente me preocupava era a falta de noção da Nilda, a completa ignorância do tamanho do problema que ela estava criando para si mesma.
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