— O que faz aqui, espionando Minsk, e tão longe de seu castelo, Vossa Majestade? — Não lhe devo satisfação, pois ainda estou em minhas terras. Além do mais, não estou espionando nada, apenas dando uma pausa em minha cavalgada para meu cavalo descansar. Como ousa me abordar dessa maneira, cavaleiro? — Desculpe-me, senhor, peço que Vossa Alteza me perdoe por lhe incomodar e abordá-lo dessa maneira, apenas fiquei curioso. Não esperava encontrá-lo por aqui.Havia certa arrogância em suas palavras e isso me deixou irritado. — E você? O que faz aqui em minhas terras? Será que não percebeu que já atravessara a fronteira? — Percebi sim, senhor. Estava a caminho de vosso castelo a fim de procurá-lo para uma conversa. — Mas o que poderia conversar com um Rei? — falei, zombando e rindo de suas palavras. Aron saltou de seu cavalo aproximando-se. — Tenho certeza que sabe o assunto e o motivo dessa conversa. Não gostei da vossa atitude com a minha Rainha e vim em
Havia chegado o dia do casamento de Bethany. Devido aos atuais acontecimentos, tinha até me esquecido de que, daria a bênção a ela e seu noivo, e que poderiam além de celebrar as bodas no castelo, assim como foi com Agnes. Seu noivo era filho de meu conselheiro Frederico que trabalhava no planejamento das terras e plantações do nosso reino, junto a Robert, pai da noiva. Richard Jonas Mendice e Bethany Helena Forense tinham a mesma idade e desde o primeiro instante que se conheceram apaixonaram-se. Seus pais concordaram com a união e planejaram o casamento com minha autorização. Todos estavam muito felizes, principalmente eu. Bethany era uma grande amiga também, muito doce e sempre alegre, eu a admirava muito e a seu jeito leve de ver as coisas. Gostava muito de Richard também, conhecia-o desde bem pequeno e o achava bonito e encantador. Os dois eram perfeitos juntos. Aquela era mais uma história de amor que me inspirava e, no meio de tantas coisas estranhas e tantas
Fui ao encontro dos visitantes inesperados que me aguardavam. Entrei na sala de chás e fui recebida com reverências, retribuindo a eles. Sentamo-nos e começamos nossa conversa. — A que devo a honra dessa visita tão repentina, Rainha Eugênia? Theodore como está crescido, quase não o reconheci. — Sim, Vossa Majestade, já completei doze anos. Em breve serei treinado para ser um guerreiro também, assim como meu irmão. — Que bom! Fico feliz que esteja tão entusiasmado assim! Tenho certeza que será um ótimo guerreiro! — Ele apenas sorriu meio sem jeito e sua mãe, percebendo o momento, começou a falar. — Me perdoe vir assim, sem avisar, sem mandar um mensageiro antes, mas tinha que vir conversar com Vossa Majestade, precisava lhe pedir desculpas e interceder por Estevam. — Interceder por Estevam? — Sim! Quando fiquei sabendo da atitude intempestiva dele, fiquei horrorizada. Como ele pôde fazer isso com vossa pessoa, minha querida? Como pôde ser tão agressivo? Nã
Os próximos dias e noites seriam bem intensos. Não teria mais paz, nem em meus aposentos, em nenhum lugar do castelo e do reino. Assim que os soldados fossem convocados para compor o exército, todos saberiam o que estava acontecendo. Enfim, teria minha guerra para lutar. Peguei-me pensando se sabia mesmo no que estava me metendo quando comecei os treinamentos. Meu desejo de seguir a herança de guerreiros da minha família talvez tenha me cegado para o que aquilo era na realidade. Treinava há anos para saber lutar, mas não imaginava que o dia em que colocaria tudo em prática realmente chegaria. Me sentia preparada sim, contudo estava encarando aquele terror pela primeira vez e sinceramente não esperava que viesse do reino vizinho, de amigos de longa data. Analisando de modo frio o que estava acontecendo, podia jurar que o intuito de Estevam, a princípio, também não era esse. Imagino que, influenciado por sua mãe, ele desde o começo queria juntar os reinos. Isso se
Uma semana após o último encontro com Estevam, nenhum outro contato fora feito. Acordávamos cedo todos os dias e os arredores do castelo estavam sempre tomados por homens treinando, praticando golpes, preparando suas armas e suas armaduras. Todos treinavam juntos e aguardavam o dia em que fosse preciso sair em batalha. Mesmo o frio que já se aproximava não afugentava ninguém. Não nevaria tão logo; pelo menos o tempo parecia estar a nosso favor. Passeava entre meus soldados para ver como estavam indo e treinava também com Aron, como fizera nos últimos anos. Cada dia mais tinha a certeza de que estávamos realmente preparados para o que fosse preciso, para o que viesse pela frente. Apesar de toda a correria e tensão dos últimos dias, decidi juntar-me a Agnes e Bethany para o descanso da tarde, precisava estar um pouco com elas e paparicar nosso pequeno Serafim. Não as encontrava há dias e estava com muitas saudades. — Minhas amigas e meu pequeno, desculpem a
Naquela manhã fria e cinzenta, como tudo parecia calmo e até então não havia nenhuma ameaça, decidimos não treinar e nos fortalecer no aconchego do castelo. Mandamos cada soldado ficar em sua casa na companhia de suas famílias. Foi a melhor decisão que tomamos, pois aquele foi nosso último dia de paz. Fomos surpreendidos pela visita de um mensageiro do Rei Estevam. Ele vinha representando os interesses dele e do reino de Neveri. Assim que soube de sua presença, pedi para que fosse recebido pelo meu Conselho. Ao entrar na sala de reuniões, todos estavam discutindo, pois Demétrio, secretário de Estevam, não queria comunicar nada a eles sem minha presença. Todos me receberam com reverências e nos sentamos para começar a conversa. — A que devo a honra de vossa visita, Senhor Demétrio? Traz alguma mensagem de vosso Rei, Estevam? — Sim, Vossa Majestade. Trago em primeiro lugar uma pergunta e dependendo da resposta, uma mensagem! — Devo então querer saber primeiro qua
Decidi procurar Abdus naquela noite para conversarmos sobre o que aconteceria e saber quais seriam as suas previsões para o futuro, se é que ele as tinha. Ao entrar em sua sala, senti um cheiro delicioso de ervas. O espaço que ele ocupava para trabalhar era aconchegante. Seus aposentos ficavam ao lado da sala e havia uma porta entre os dois, separando-os. Cortinas vermelhas cobriam todas as janelas, uma grande mesa com algumas cadeiras distribuídas, um sofá verde musgo com um xale por cima, que parecia muito convidativo a sentar e descansar. Em uma das paredes, um armário cheio de vidros com poções e remédios, nele também havia muitos potes com ervas variadas e é claro um fogão a lenha para fazer suas infusões. Uma cama para atender os pacientes ficava em um canto, um pouco mais reservada, separada por um biombo. A lareira estava acesa, esquentando e deixando o ambiente muito acolhedor. Sentei-me no sofá e ele logo trouxe uma xícara de chá; era aquele o cheiro bom que senti
O reino amanhecia sob um forte nevoeiro. As pessoas se abraçaram, mulheres e filhos despediam-se de seus homens e pais. Todos choravam e, ao mesmo tempo, estavam orgulhosos, desejavam forças e tinham fé de que venceríamos. Toda aquela comoção que via, por onde passava com meu cavalo negro, vestida e montada como um guerreiro, deixava–me triste porém orgulhosa daquelas pessoas que entregavam suas vidas e suas habilidades à Coroa. Elas faziam isso sem pestanejar, sem querer satisfações, simplesmente pelo fato de servirem a mim, ao nosso reino e poderem lutar pelos nossos direitos, pela nossa sobrevivência. Poucos sabiam que eu estava ali caminhando junto a eles para o acampamento, onde aguardaríamos o começo de tudo. Aron achou melhor não contarmos para mais ninguém que eu também lutaria, que estava em treinamento há muitos anos e seria a líder daquela batalha. A maioria acreditava que Aron liderava os soldados, o que não era mentira, pois ele me ajudava em todos os