4

Hazel

Ofegante, fito a porta do quarto e corro para fechá-la com chave. Respiro fundo algumas vezes e olho para as paredes de vidro, me perguntando se realmente estou segura nessa casa. Outro grito ecoa e esse parecia refletir uma grande dor. E curiosa, giro a chave lentamente na fechadura, abrindo apenas uma brecha da porta, para bisbilhotar o corredor vazio.

— NÃO! — Outro grito surge na porta em frente a minha e me pergunto se devia ir até lá ajudá-lo.

Céus, você está na casa dele, Hazel. Ajudá-lo é o mínimo que deveria fazer agora. Minha consciência aconselha-me e trêmula, respiro fundo, saindo do quarto com cautela para ir até a porta do quarto da frente.

— Se… Senhor… Tristan? — gaguejo ao chamá-lo.

Sim, estou muito nervosa. A verdade, é que Atlas, o lobo que me resgatou falou-me um pouco sobre esse homem. Ele é um Alfa poderoso. É temido por todos, é rígido e intolerante em suas decisões.

Não o olhe nos olhos”. Ele disse. “E não diga nada, deixe que eu mesmo falo com ele”.

E agora? Devo olhá-lo? Devo falar-lhe?

E se ele decidir me destruir inteira?

— NÃO! — Penso em desistir, mas outro grito me faz estremecer por dentro e me vejo entrando de uma vez no cômodo. Engulo em seco ao vê-lo tão indefeso. Tristan está chorando e ele luta enquanto está preso a esse sonho estarrecedor.

Então percebo que não sei exatamente o que fazer.

Entretanto, como se fosse puxada na sua direção, me aproximo da sua cama e trêmula, estendo a minha mão na direção do seu peito, do lado do seu coração. Inesperadamente ma luz surge das minhas palmas, ofuscando a minha visão e palavras que eu não compreendo começa a sair da minha boca.

— Achaiah  Aladial.

Começo a proferir algumas palavras para acalmá-lo e logo o sinto o efeito da magia penetrar o seu sistema.

Achaiah  Aladial Eiael.

Seus gritos param simultaneamente. Contudo, logo sinto um forte aperto nos meus pulsos e assustada abro os meus olhos, encontrando um olhar intenso, tão vermelhos quanto raivosos. Seus lábios estão rígidos e tremer, enquanto ele range seus dentes para mim.

— O que você pensa que está fazendo comigo, feiticeira? — Tristan ruge, enquanto gemo baixinho com a dor do seu aperto rude nos meus pulsos.  

— Eu só… eu… só queria ajudá-lo — gemo uma explicação, tentando me livrar do seu agarre.

— Nunca mais ouse me tocar assim! — Seu rugido se torna mais forte e seus olhos parecem ganham um tom de amarelo cintilante. E o seu hálito quente demais aquece sobremaneira a minha pele. A dor se torna insuportável e fraca, me, ajoelho diante dos seus pés.

— Eu não… não farei outra vez. Eu… eu prometo ficar longe, Alfa. Eu… prometo!

Relutante, Tristan afrouxa o seu aperto e me larga sem qualquer delicadeza, porém, não me atrevo a erguer o meu olhar molhado. Apenas, fito os seus pés parados bem diante de mim e sem saber o que fazer realmente, começo a massagear os meus pulsos doloridos, ansiando por sair daqui o mais rápido possível.

— Me desculpe! — Ouso dizer com um sussurro. — Eu só… eu juro que… queria apenas ajudá-lo — explico, sentindo a minha voz embargar.

— Você não pode. — Ele rebate mais calmo, porém, não menos irritado. — Ninguém pode me ajudar. — Sinto um tom amargo na sua voz.

Contudo, apenas suspiro baixo e não ouso perguntar nada. No entanto, quando Tristan se afasta, dando-me as costas, decido erguer a minha cabeça para fitá-lo melhor. O Alfa é realmente muito alto e muito forte também. Penso observando as suas costas largas, com seus músculos rígidos, contraindo-se quando se apoia no espaldar de uma janela. No entanto, percebo que ele carrega algumas marcas em sua pele também. Elas são como garras profundas e me pergunto como ele as conseguiu? E se elas têm algo a ver com esses seus sonhos mais horrendos.

— Saia!

Ele ordena sem ao menos me olhar. E o som que saiu de sua garganta é sólido como um iceberg e tão áspero e aproveito o momento para me retirar, a final, lobos costumam ser irracionais quando estão com muita raiva. Entretanto, não consigo evitar de olhá-lo mais uma vez antes de fechar a porta e voltar para os meus aposentos.

… Você precisa aceitar o seu destino, minha querida.

Novamente a voz da minha avó preenche os meus ouvidos. Contudo, eu não quero esse destino para mim. Não quero ter que me unir ao povo que dizimou toda a minha geração. Antes prefiro fazer vingança… ou a minha própria morte.

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