Tristan— Você disse que colocou uma espiã dentro da minha casa? — O tom gélido o faz engolir em seco.— Foi necessário, Alfa.— Onde está a necessidade disso, Atlas? Por que está me espionando? — rujo ferozmente.— Não o estou espionando, Alfa. — Atlas ousa erguer os seus olhos para encontrar os meus. — Com o Senhor fora de casa, a Hazel fica completamente desprotegida…— Os meus homens estão cuidando da feiticeira. E você sabe que eu jamais falho com os meus compromissos. — Ele respira fundo e ousa me encarar outra vez, porém, ele não me desafia, consigo ver a submissão em suas retinas e isso me tranquiliza.— Asterin disse que a sentiu dentro da sua mansão. — Uno as sobrancelhas.— Do que você está falando, homem?— Alfa, eu preciso que me escute. E se depois quiser me castigar, receberei a minha punição sem reclamar. — Paro para pensar por alguns instantes. Contudo, aponto-lhe uma cadeira e me sento de frente para ele. — Sabemos sobre a profecia…— Isso já tem décadas e nada nunca
HazelNo meio da noite decido sair do meu quarto e aproveitar a quietude da casa para apreciar o luar direto do jardim. Eu sei, estou desobedecendo as ordens do Alfa todo poderoso. Mas essa é a única chance de liberdade que eu tenho. No mais, quem ousaria invadir a impenetrável muralha do Senhor Tristan Tybalt? Nem mesmo um louco ousaria fazer tal coisa. Resmungo mentalmente, deitando-me na grama verde para apreciar um céu totalmente escuro e estrelado, com um luar resplandecente em toda a sua glória. E por um mísero segundo sinto que sou arrebatada para o mundo dos sonhos.De repente, uma luz se projeta na minha frente e curiosa, me levanto para observá-la melhor.Sekhmet?Não, não seria a Santa da cura. Penso, ficando de pé para tentar aproximar-me. Entretanto, ao estender a minha mão para tocar na sua áurea, um barulho nos arbustos me desperta e percebo que tudo não passou de um sonho.— Quem está aí? — pergunto, levantando-me da grama e em estado de alerta preparo-me para um
Hazel… Tristan está em busca da verdade e quando ele descobrir, você se transformará em um reles pedaço de carne fresca que será devorada em poucos minutos por toda a alcateia.Essas palavras de Latifa não saem de dentro da minha cabeça. E elas estão me perturbando demais. Estão tirando o meu sono e me deixando inquieta. O meu coração está em agonia. E eu sei que não estou segura dentro dessa casa. Contudo, eu deveria saber disso desde o primeiro momento que pisei a planta dos meus pés nesse lugar. Lobos não são confiáveis. Eles nunca foram, ainda mais quando estão sedentos por vingança. Chegam a se tornarem irracionais e os donos da razão.Você precisa sair daqui Hazel. Precisa ir para bem longe desse lugar. Penso determinada e vou imediatamente para perto da cama, abaixo-me e puxo uma bolsa que mantenho lá embaixo com algumas coisas de que preciso. E cautelosa, saio do quarto sem fazer barulho.Controle a sua respiração. Aconselho-me antes que eles me escutem. Controle os seus medo
Hazel— Mande-os parar! Mande-os parar! — peço no mais completo pânico, mas eles não param e continuam avançando com seus ganidos raivosos. Logo sinto um par de mãos pesadas nos meus ombros e ao erguer a minha cabeça, encontro os seus olhos horrendos e brilhantes, apagando logo em seguida.***Um frio descomunal me faz abraçar o meu corpo trêmulo em uma tentativa absurda de me esquentar, mas é praticamente impossível. Atordoada, abro uma brecha de olhos e encaro as turvas grades brancas na minha frente. Então percebo que estou dentro de uma jaula quadrada, grande o suficiente para ficar de pé e caminhar dentro dela. Contudo, tudo ao meu redor está coberto de gelo.— Mas o que aconteceu? — pergunto, sentando-me em uma cama improvisada, coberta por peles macias tão brancas quanto o gelo que me cerca. — Ei? — grita, chegando perto das grades congeladas. — Tem alguém aí? — Um logo cinzento surge com seus passos lentos e olhar devorador, fazendo-me afastar mediamente. — Alguém! — Volto a gr
TristanQuando esse tormento vai se acabar? Quando terei paz dentro de mim outra vez?Me pergunto, enquanto sou atormentado por mais um pesadelo, onde todas as cenas daquela maldita noite se repetem incansavelmente dentro da minha cabeça. Em um ato de desespero, chego a apertar as laterais da minha cabeça, pressionando a minha fonte em uma tentativa de fugir desse meu fracasso.— Tristan? Tristan, acorde! — A voz impetuosa de Tino, junto a algumas batidas fortes na porta do meu quarto me arrancam do meu eterno sofrimento e imediatamente abro a porta para encarar o olhar amedrontado do frágil adolescente humano.— Tino, o que faz acordado a essa hora? — Ele respira fundo algumas vezes. Parece querer recobrar o seu fôlego. E isso me faz acreditar que ele correu até aqui.— É a Hazel! — Ele diz entre uma respiração pesada e outra. Contudo, uno as sobrancelhas.— O que tem a Hazel?— Ela… ela… — Tino toma o fôlego outra vez. — Eles a levaram, Tristan. A pegaram a caminho da floresta negra
TristanEu disse que a protegeria e é exatamente isso que irei fazer.Não demora para o dia finalmente amanhecer e logo estamos pisando em terras cobertas de gelo. No topo de uma montanha é possível ver Alfhein com suas paredes de tijolos grandes e azuladas, forjadas no mais duro gelo. E do lado de fora, alguns homens de peles pálidas demais, com seus cabelos brancos e compridos guardam a sua entrada larga, como se guardassem o mais preciso tesouro. Por alguns segundos os meus olhos percorrem a grande muralha congelada, por onde um vento quase congelante joga fagulhas de neve como se elas fossem meras poeiras e algo me chama a atenção.— Vamos! — ordeno com um ganido, guiando os lobos para um pequeno monte que nos dará acesso aos seus muros. Um salto preciso e logo estamos dentro da cidade. — Algum sinal da Hazel? — pergunto assim que volto a minha forma humana.— Não consigo sentir o cheiro dela, Alfa. — Draco fala, olhando além das incontáveis janelas desse lugar. Meneio a cabeça.—
HazelA imagem grotesca das duas feras se atacando ferozmente ainda está desenhada dentro da minha cabeça. Os rosnados violentos ainda gritam dentro dos meus ouvidos, enquanto sou estupidamente carregada para fora dos muros de gelo. As lágrimas embaçam os meus olhos à medida que tenho dificuldade para respirar, enquanto corremos pela terra branca de neve, entre os galhos secos de uma floresta. E quando as minhas forças pensam em me abandonar, penso em desistir.— Vamos, Hazel, levante-se! — A garota-lobo pede com desespero, fazendo-me ficar de pé outra vez e ela torna a me puxar.— Eu não… eu não aguento mais!— Você precisa aguentar. Eu prometi para o Tristan que a manteria segura. Agora vamos, corra ou eles vão nos alcançar!Tristan. Pelos deuses, ele veio a minha procura! Ele me protegeu mesmo acreditando que sou a garota da vila que matou um dos seus. Eu conheço essa lealdade entre os lobos e eles jamais perdoam quem ataca qualquer um da sua alcateia.Então, por que ele quis me sa
AsterinDentro do quarto de hóspede que conheço muito bem, vou para perto de uma janela e no mesmo instante os meus olhos percorrem ávidos por cada extremidade na esperança de vê-lo voltar, mas isso não acontece e já tem horas.— Que você esteja bem! — sussurro uma prece como um lamento, porque eu bem sei que tudo isso é culpa minha.Se eu não tivesse fugido.Se eu tivesse confiado nele.Se eu não fosse tão burra, ele estaria seguro aqui e agora.Uma batida na porta me faz despertar dos meus murmúrios angustiantes e um serviçal passa por ela carregando uma bandeja farta.— O que é isso? — questiono, porém, ele não me responde. Contudo, Asterin entra no meu campo de visão logo em seguida.— Pedi para servirem as suas refeições no seu quarto.— Por quê?— Porque não a quero transitando pela casa, Hazel. E menos ainda do lado de fora dela.— Então eu sou sua prisioneira?— Não, mas prometi protegê-la. E estamos com poucos membros da alcateia aqui. Portanto, não ouse sair desse cômodo! —