TristanQuando esse tormento vai se acabar? Quando terei paz dentro de mim outra vez?Me pergunto, enquanto sou atormentado por mais um pesadelo, onde todas as cenas daquela maldita noite se repetem incansavelmente dentro da minha cabeça. Em um ato de desespero, chego a apertar as laterais da minha cabeça, pressionando a minha fonte em uma tentativa de fugir desse meu fracasso.— Tristan? Tristan, acorde! — A voz impetuosa de Tino, junto a algumas batidas fortes na porta do meu quarto me arrancam do meu eterno sofrimento e imediatamente abro a porta para encarar o olhar amedrontado do frágil adolescente humano.— Tino, o que faz acordado a essa hora? — Ele respira fundo algumas vezes. Parece querer recobrar o seu fôlego. E isso me faz acreditar que ele correu até aqui.— É a Hazel! — Ele diz entre uma respiração pesada e outra. Contudo, uno as sobrancelhas.— O que tem a Hazel?— Ela… ela… — Tino toma o fôlego outra vez. — Eles a levaram, Tristan. A pegaram a caminho da floresta negra
TristanEu disse que a protegeria e é exatamente isso que irei fazer.Não demora para o dia finalmente amanhecer e logo estamos pisando em terras cobertas de gelo. No topo de uma montanha é possível ver Alfhein com suas paredes de tijolos grandes e azuladas, forjadas no mais duro gelo. E do lado de fora, alguns homens de peles pálidas demais, com seus cabelos brancos e compridos guardam a sua entrada larga, como se guardassem o mais preciso tesouro. Por alguns segundos os meus olhos percorrem a grande muralha congelada, por onde um vento quase congelante joga fagulhas de neve como se elas fossem meras poeiras e algo me chama a atenção.— Vamos! — ordeno com um ganido, guiando os lobos para um pequeno monte que nos dará acesso aos seus muros. Um salto preciso e logo estamos dentro da cidade. — Algum sinal da Hazel? — pergunto assim que volto a minha forma humana.— Não consigo sentir o cheiro dela, Alfa. — Draco fala, olhando além das incontáveis janelas desse lugar. Meneio a cabeça.—
HazelA imagem grotesca das duas feras se atacando ferozmente ainda está desenhada dentro da minha cabeça. Os rosnados violentos ainda gritam dentro dos meus ouvidos, enquanto sou estupidamente carregada para fora dos muros de gelo. As lágrimas embaçam os meus olhos à medida que tenho dificuldade para respirar, enquanto corremos pela terra branca de neve, entre os galhos secos de uma floresta. E quando as minhas forças pensam em me abandonar, penso em desistir.— Vamos, Hazel, levante-se! — A garota-lobo pede com desespero, fazendo-me ficar de pé outra vez e ela torna a me puxar.— Eu não… eu não aguento mais!— Você precisa aguentar. Eu prometi para o Tristan que a manteria segura. Agora vamos, corra ou eles vão nos alcançar!Tristan. Pelos deuses, ele veio a minha procura! Ele me protegeu mesmo acreditando que sou a garota da vila que matou um dos seus. Eu conheço essa lealdade entre os lobos e eles jamais perdoam quem ataca qualquer um da sua alcateia.Então, por que ele quis me sa
AsterinDentro do quarto de hóspede que conheço muito bem, vou para perto de uma janela e no mesmo instante os meus olhos percorrem ávidos por cada extremidade na esperança de vê-lo voltar, mas isso não acontece e já tem horas.— Que você esteja bem! — sussurro uma prece como um lamento, porque eu bem sei que tudo isso é culpa minha.Se eu não tivesse fugido.Se eu tivesse confiado nele.Se eu não fosse tão burra, ele estaria seguro aqui e agora.Uma batida na porta me faz despertar dos meus murmúrios angustiantes e um serviçal passa por ela carregando uma bandeja farta.— O que é isso? — questiono, porém, ele não me responde. Contudo, Asterin entra no meu campo de visão logo em seguida.— Pedi para servirem as suas refeições no seu quarto.— Por quê?— Porque não a quero transitando pela casa, Hazel. E menos ainda do lado de fora dela.— Então eu sou sua prisioneira?— Não, mas prometi protegê-la. E estamos com poucos membros da alcateia aqui. Portanto, não ouse sair desse cômodo! —
Hazel— Me ajude a levá-lo para o quarto. Atlas pede logo alguns membros da alcateia surgem e eles o carregando escadas acima. Preocupada, vou logo atrás deles, mas a porta se fecha antes que eu consiga entrar no quarto. Angustiada, encosto-me em uma parede e escorrego por ela, sentando-me no chão e não seguro as lágrimas. Tristan está completamente destroçado e o fato de ele está sujo de sangue, e completamente sem forças me preocupa demasiado. Contudo, assim que percebo algum movimento dentro do longo corredor, me apresso em secar as minhas lágrimas e fico de pé. No entanto, o estranho de jaleco sequer me olha e ele simplesmente adentra o cômodo em seguida.Por que eles não saem lá de dentro nunca? E por que não me dizem o que está acontecendo? Questiono silenciosamente, enquanto ando de um lado para o outro. E a minha cabeça se preenche de pensamentos negativos. Algumas horas depois, a porta finalmente se abre e eu paro abruptamente, analisando as fisionomias cansadas e preocupada
HazelPortanto, apresso os meus passos e adentro o cômodo, aproximando-me da sua cama com cuidado outra vez. — Você não pode morrer, Tristan Tybalt — ralho determinada. — Você prometeu me proteger, se lembra? Portanto, não pode simplesmente desistir de mim agora — Respiro fundo e afasto-me só um pouco. Fecho os meus olhos e estendo as minhas mãos na sua direção, proferindo algumas palavras. — Achaiah Aladial. Achaiah Aladial Eiael. Logo sinto um calor nas pontas dos meus dedos começar a se espalhar pelos meus braços e isso faz o meu coração bater com um pulsar firme, e ritmado. Um movimento e outro, e eu as ergo para o alto, abrindo os meus braços. E para a minha felicidade, vejo a deusa adentrar o cômodo.— Thrym, deusa da paz e da ordem. Senhora da cura! — A reverencio.— Por que me invocou, Hazel? — Em resposta, olho para Tristan deitado na cama.— Você precisa ajudá-lo! — rogo quase como uma súplica.— Você precisa focar na profecia, Hazel. — Meneio a cabeça fazendo não.— Por fa
Tristan… Kyra! … Você vai ficar bem! … Senti a sua falta!… Por que demorou tanto?… Tristan, eu não sou… … Estou com saudade, Kyra! … Tristan…Essas palavras conturbadas não param de preencher os meus ouvidos, enquanto me lembro do sonho da noite passada. Kyra estava tão linda, porém, ela não sorriu para mim. Foi a primeira que sonhei com a minha esposa dessa maneira depois que tudo aconteceu. E esse sonho me trouxe uma sensação de paz. Me pergunto se ela apareceu apenas para me perdoar. E se sim, porque ela foi embora tão rápido e me deixou com um gosto diferente no meu paladar.Respiro fundo para afastar esse questionamento da minha cabeça e me dou conta de que Hazel está bem aqui, sentada de frente para mim, no banco traseiro do meu carro. Entretanto, ela está absorta em seus próprios pensamentos, enquanto fita o lado de fora com o seu olhar distante.Me pergunto no que ela está pensando. Mas imediatamente a minha consciência me diz que isso não é da minha conta.— Você vai g
Hazel— Você vai gostar daqui. — Anabela diz assim que abre a porta de um quarto de hóspedes para mim e inevitavelmente olho ao meu redor. É um cômodo bem pequeno se comparado ao quarto que fiquei na casa do Alfa, porém, espaçoso suficiente para três pessoas transitarem tranquilamente aqui dentro.— Você o conhece a muito tempo? — A minha curiosidade escapa da minha boca sem que eu consiga freá-la a tempo e no mesmo instante ela se vira para me olhar. Contudo, Anabela abre um sorriso amistoso para mim.— O Senhor Tybalt foi um anjo na minha vida. — Ela comenta com um suspiro e arqueio as sobrancelhas, aguçando ainda mais a minha curiosidade. — Ele me salvou no momento que eu mais precisava.— Como assim?— Eu tinha um namorado e… eu o amava muito, mas um dia ele foi atacado.— Atacado? — A interrompo, chegando mais perto.— Uma alcateia o atacou durante uma caça em Emogorn. Nenhum caçador saiu vivo naquele dia.Emogorn. Essa é a floresta dos lobos cinzentos. Definitivamente Darius pod