As horas passaram, e o medo começou a se apoderar de mim. Caminhei de um lado para o outro no quarto que agora compartilhava com Eirik e as crianças, incapaz de acalmar a crescente agitação em meu peito. Algo de errado havia acontecido, eu sentia isso no fundo de mim.Não aguentei mais e saí do quarto à procura de Eirik, mas ele não estava em nenhum lugar da casa. Meu coração batia mais forte enquanto eu saía para o lado de fora, onde o encontrei de pé ao lado de vários homens. Me aproximei rapidamente, com a preocupação pesando a cada passo.— Hakon ainda não chegou com as crianças — disse, minha voz carregada de ansiedade.Sentia meu coração acelerar ainda mais, como se antecipasse o perigo.— Relaxe, a caça leva tempo, e eu sei que Hakon cuidará muito bem dos pequenos — me tranquilizou Eirik com um tom calmo.Neguei com a cabeça; suas palavras não eram tranquilizadoras, só me enchiam ainda mais de preocupação.— Vamos procurá-los, por favor — supliquei.Eirik me olhou e assentiu im
A luz do sol que se filtrava por um pequeno buraco na parede desapareceu, indicando que a noite havia chegado. O som de passos me distraiu, e logo apareceu um homem alto, de cabelo loiro quase branco e olhos castanhos. Ele me observou atentamente antes de entrar na cela, trazendo um prato cheio de frutas. Olhei fixamente para ele, notando de imediato que não era um lobo. Meu corpo inteiro entrou em alerta.— Sou Graham, líder das tropas do sul. Eirik me pediu para te alimentar e proteger até que as crianças voltem — disse ele.Olhei diretamente para o rosto dele. Sua pele tinha uma textura parecida com mármore, e embora seus olhos fossem castanhos, havia algo de anormal neles. Esse homem diante de mim não era humano.— Você não é um lobo. O que você é? — perguntei.Ele sorriu, mostrando dentes muito brancos, com caninos muito mais longos do que o normal.— Sou um vampiro, prazer — respondeu ele.Eu ri, embora, a essa altura, nada mais devesse me impressionar.— Você vai se queimar no
Quanto mais nos aproximávamos do território de Ivar, o cheiro de morte se tornava cada vez mais penetrante, envolvendo o ar com uma sensação de dor; era nauseante o que se podia sentir naquele lugar. Os homens que estavam comigo tinham bem claro que a probabilidade de perdermos a vida naquele lugar imundo era alta.Meu coração começou a bater com uma intensidade que eu nunca tinha experimentado antes. Era preocupante a rapidez com que batia. Passei a mão pelo peito para tentar me acalmar, mas isso não estava funcionando. A preocupação tomou conta de mim, não só pelo perigo iminente, mas também pela desesperança de saber que meus filhos estavam nas garras daquela maldita bruxa. A fúria ardia no meu peito; eu estava disposto a destruir qualquer coisa que aparecesse em nosso caminho.Meus filhos não mereciam isso. Cada pensamento, cada imagem dos seus rostos inocentes me preenchia de uma raiva incontrolável. Eu não podia permitir que sofressem nas mãos daquela filha da puta.— Você acha
Eu me lancei contra Ivar com fúria, arrancando um pedaço de sua carne. Um grito dilacerante emergiu de sua garganta, mas ele não ficou para trás. Com uma ferocidade igual à minha, Ivar contra-atacou; suas garras e presas se cravaram no meu pescoço, uma dor intensa percorreu meu corpo. O lancei longe de mim, para então atacá-lo.Nos movíamos com rapidez; cada golpe e mordida eram ainda mais fortes que o anterior. Apesar da agonia que ambos sentíamos, não havia espaço para rendição. Sabia que essa batalha era uma questão de vida ou morte.Um golpe no costado me desestabilizou, e caí no chão, lutando para recuperar a compostura. Ivar não perdeu tempo e se lançou sobre mim, sua mandíbula se fechando com ferocidade ao redor do meu pescoço, tentando rasgá-lo. A agonia era intensa, mas num lampejo de força, algo despertou dentro de mim.Com um rugido de determinação, usei minhas patas para lançá-lo para longe, seu corpo batendo no chão com um estrondo. Não perdi um segundo: corri até ele, mo
Abri os olhos lentamente e observei meu entorno. Estava no quarto. Ao tentar me mover, uma dor aguda percorreu todo o meu corpo. Soltei um leve gemido e, com esforço, consegui me sentar na cama, percebendo que estava apenas coberta por um pedaço de tecido. As memórias do que aconteceu voltaram à minha mente, me atingindo com força.Olhei para a janela; os raios do sol passavam por ela. Me envolvi no tecido, desci da cama com dificuldade e caminhei até a porta do quarto. Justo quando estava prestes a chegar, a porta se abriu. Graham entrou, me olhou e fez uma expressão estranha.— Vejo que não morreu — disse ele, em tom sério.Exalei lentamente, deixando o ar sair dos meus pulmões, e continuei caminhando em direção à porta. Não estava de humor para falar sobre o que aconteceu ontem; na verdade, eu apagaria esse acontecimento da minha mente para sempre.— As crianças voltaram — acrescentou Graham.Parei imediatamente e o olhei nos olhos. Tinha uma leve esperança de que Eirik estivesse c
Estava sentado na cama, o olhar perdido no nada, mas minha mente queimava com pensamentos sombrios. O que sentia agora era primitivo, uma fome selvagem que me exigia devorar tudo em meu caminho, até que o mundo inteiro se ajoelhasse diante de mim. Antes, a sorte dos inocentes me importava, mas agora compreendia uma verdade simples e brutal: na guerra, os sacrifícios são inevitáveis. A sede de sangue e poder me consumia, e eu não podia esperar para me saciar. Tiana... ela voltaria para o meu lado, e juntos reinaríamos sobre as cinzas de quem ousasse nos desafiar.Levantei-me, caminhando calmamente até a banheira cheia de água no canto do quarto. Enquanto avançava, a porta rangiu, se abrindo de repente. Ela entrou. Seus olhos percorriam meu corpo nu, mas eu não me movi. Gytha se aproximou com aquele olhar frio e calculista, parando bem à minha frente. Sua mão deslizou pelo meu peito, como se tivesse algum direito sobre mim. Afastou-a com brusquidão, repugnado pela sua ousadia.— Você é
Vários dias se passaram, e não tínhamos notícias de Eirik. A incerteza me consumia como um veneno que lentamente se espalhava por todo o meu corpo. Graham, apesar de ser excepcional no que fazia, não podia desfazer em tão pouco tempo o que levou meses para ser planejado. Estávamos contra o relógio, presos em uma corrida desesperada onde cada segundo contava. Precisávamos de mais ajuda.Saí do quarto, deixando meus pequenos mergulhados em um sono profundo, alheios a toda a porcaria em que tinham sido envolvidos. Precisava de ar, de um respiro que aliviasse o nó em minha garganta e a dor que perfurava meu coração. Sabia que, enquanto ele não voltasse, a paz continuaria sendo um maldito sonho para mim.Andei um pouco; a essa hora, todos já estavam dormindo, e os que ainda estavam acordados vigiavam para que nada de ruim acontecesse.—Tiana—. A voz que ansiava ouvir deslizou no ar como um sussurro, e meu coração começou a bater com força.Virei-me com o coração descontrolado. Ali estava E
Eu a vi ali, olhando para mim como se eu fosse uma besta que precisava ser exterminada. Isso me machucou profundamente. Ela supostamente me ama, mas mudou. Desde que voltou, já não é a mesma, ou talvez nunca tenha sido, e me enganou para me manipular. Sim, deve ser isso. Agora ela está com meus filhos, mas logo os afastarei dela. E quanto a Tiana... pensarei bem no que fazer com ela.Me virei e observei o lugar em chamas. Em breve, vou encurralá-los e fazê-los sair como ratos; sei onde estão todos os esconderijos que podem usar.Sorri. Tiana e todos eles estavam em minhas mãos, não havia onde se esconder. Em breve, todos esses homens me aceitarão como líder.Caminhei até um grupo de homens que estavam espancando alguém brutalmente. Afastei um deles e olhei para baixo. Um garoto de uns quinze anos estava todo machucado, implorando por piedade.— Vou lhe conceder a liberdade —disse-lhe.O garoto sorriu e assentiu. Tirei minha espada e a enfiei com força em sua testa, matando-o instantan