Júlia
No dia seguinte…
— Essa reunião foi ridícula, Álvaro! — Escuto a voz brava e imponente do Senhor Bennett invadir o seu escritório nas primeiras horas do dia, quando poucos funcionários se arriscam a vir trabalhar e automaticamente fico de pé. Nossos olhos se encontram e eu prendo a respiração. — Eu te ligo depois. — Ele avisa, encerrando a ligação. E à medida que coloca o aparelho dentro do bolso lateral da sua calça social, ele caminha lento, porém, firme na minha direção. — Senhorita Ricci?
— Eu aceito! — digo repentina. Ele une as sobrancelhas. — A sua proposta, Senhor Bennett. Eu aceito!
— Ah, que ótimo!
Bennett aponta uma cadeira atrás de mim e dá alguns passos para atrás da sua mesa, sentando-se em seguida. Os seus olhos vorazes me analisam. Então, ele abre uma gaveta da mesa e puxa um papel de dentro dela.
— Eu fiz um contrato, Senhorita Ricci — Bennett fala com secura na voz, arrastando o papel na minha direção. Entretanto, não desvio os meus olhos dos seus e me forço a engolir o nó em minha garganta. — Caso queira garantir que não será passada para trás. — Ele explica.
— Eu tenho certeza de que o Senhor cumprirá com a sua palavra.
— Você está certa disso?
Respiro fundo.
— O Senhor não? — rebato. Um riso presunçoso se aloja no canto dos seus lábios e ele recolhe o papel de volta.
— Ok! Esse final de semana está bom para você?
— Precisa ser essa noite, Senhor Bennett. — Imponho. Outra vez as suas sobrancelhas se erguem para mim.
— Quanta pressa!
— Só me diga quando e onde, e eu estarei lá.
— Vamos fazer as coisas por parte, Ricci. Como quer o seu dinheiro?
— Em notas. Nada de cheques ou contas bancárias.
— Ok, em dinheiro então.
— O pagamento precisa ser feito assim que a noite se encerrar.
— Pode apostar que estarei com ele. E, quanto ao endereço, o mandarei para o seu e-mail. — Meneio a cabeça em concordância.
— Até a noite, Senhor Bennett!
— Até, Senhorita Ricci!
***
À noite…
Após deslizar um batom vermelho pela minha boca, solto um suspiro audível e me olho no espelho. Um vestido preto que mantenho no meu armário para ocasiões especiais será o meu figurino para essa noite. As alças finas mantêm os meus braços desnudos. O tecido abraçado ao meu corpo, desenhando as suas curvas com perfeição. Escolhi manter os meus cabelos soltos e a maquiagem deve esconder as olheiras ao redor dos meus olhos. Por fim, borrifo o perfume e antes de pegar a minha bolsa, olho-me no reflexo outra vez.
O meu rosto sério demais reflete o desgosto dessa noite, mas é preciso.
— Seja forte, Júlia — sussurro para a minha imagem no reflexo do espelho. — Suporte cada segundo dessa Noite Negra e faça valer a pena. E sorria no final dela — sibilo, olhando-me com firmeza como se essas palavras pudessem tornar-me a muralha que preciso ser.
— Senhorita Ricci? — Um homem indaga minutos depois, assim que entro em um hall de um hotel luxuoso. E apenas confirmo com um menear. — Por aqui, por favor! — Ele me guia até um elevador em um corredor privado. Aperta o botão da cobertura e me olha nos olhos. — O Senhor Bennett já a aguarda, Senhorita. — As portas se fecham e o pulsar da caixa metálica faz um frio percorrer a minha espinha dorsal.
Segundos depois, as portas se abrem, revelando outro hall exuberante a meia luz. Nervosa, dou os primeiros passos para dentro dele e os meus olhos percorrem o cômodo silencioso.
Respiro fundo e me forço a entrar ainda mais o local.
O silêncio é estarrecedor. A quietude me faz estremece por dentro. Contudo, continuo andando até encontrar a escadaria e começo a subir os degraus, entrando em um corredor no segundo seguinte. Depois, aproximo-me da primeira porta, a abro cautelosa e um quarto amplo entra no meu campo de visão. No entanto, não vejo Bennett em lugar nenhum.
Melhor assim. Penso.
Dessa forma ganho tempo para me acostumar com essa… situação. Portanto, me livro da minha bolsa e aproveito para observar ao meu redor. As cortinas estão fechadas, escondendo a escuridão da noite e as luzes ofuscantes da cidade. E algumas velas iluminam o cômodo, deixando-o um tanto obscuro e misterioso. Entretanto, aporta se abre e eu congelo no meu lugar.
— Eu não sabia se deveria ter entrado… — Começo a falar, quando encontro o seu olhar avaliativo que sobe e desce pelo meu corpo, como se quisesse escanear cada parte dele. — Eu não o encontrei em lugar nenhum, então…
Bennett começa a abrir os botões da sua camisa e o meu nervosismo me faz engasgar com as palavras.
— Eu tenho um pedido para fazer. — Continuo falando, impondo firmeza na minha voz. — Eu não quero que me beije na boca, Senhor Bennett. — Esse seu maldito silêncio está me incomodando. Contudo, não paro de falar. — Esse é um ato muito íntimo e ele envolve sentimentos, que não é o caso nessa noite…
— Eu preciso que saiba três coisas sobre mim essa noite, Júlia. — Bennett me interrompe bruscamente. É a primeira vez que ele usa o meu primeiro nome e a imperatividade de suas palavras me diz que esse não é um ato de carinho. — Um, eu estou pagando um valor muito alto por essa noite. Então eu quero tudo que tenho direito com você. Inclusive, a porra do beijo na boca. Dois, nunca diga não para mim, Júlia. Essa palavra não existe no meu dicionário. Portanto, quando eu quero, mesmo que você me diga que não, eu vou lá e pego. E três, nunca me toque sem a minha permissão. Na cama sou eu quem manda e desmanda e você apenas me obedece. Alguma dúvida?
Engulo em seco. No entanto, não tenho tempo de responder-lhe, pois logo as suas mãos possessivas estão em cima de mim e a sua boca parece querer me devorar inteira.
Bennett— Eu estive pensando sobre o projeto da Bolt Vitton — falo, mantendo os meus olhos fixos na planta do cliente mais importante da empresa, enquanto analiso a superioridade e complexidade do projeto. — Não dá para colocar qualquer um na frente desse…— Uau, quem é ela? — Sou brutalmente interrompido pelo meu sócio e atordoado, olho para o homem que tem um olhar deslumbrado fixo além das paredes de vidro do meu escritório.— O que disse? — indago ainda confuso.— Meu Deus, David ela se parece com uma deusa enquanto caminha pelo corredor. — Álvaro Abravanel comenta, soltando um suspiro um tanto sonhador. Uno as sobrancelhas e olho na mesma direção que ele, encontrando Júlia Ricci, a nossa mais nova contratada no corredor, enquanto ela fala algo para a sua coordenadora.E sim, ele tem razão. Ela é uma mulher extremamente linda e perfeita em tudo que faz: digo referindo-me ao seu andar elegante, ao seu sorriso de dentes perfeitos, ao seu corpo e até mesmo o seu jeito de falar com as
BennettVê o seu vestido deslizar pelo seu corpo e revelar o conjunto de lingerie negra me acende por dentro. Logo o meu olhar voraz se rasteja pelas suas curvas preciosas, subindo pelos seios fartos e firmes dentro de um sutiã meia taça e suspiro, descendo um pouco mais para a calcinha rendada que esconde pouco do seu tesouro. Minhas mãos reclamam a sua maciez e o seu calor. Portanto, aproximo-me devagar, a puxo para mais perto de mim e antes de tomar a sua boca em um profundo beijo de língua, o meu olhar penetra no seu.— O seu perfume! — rosno, explorando a sua pele agora com a minha boca e língua. Aspirando o seu cheiro como um selvagem e quando ela ofega nos meus braços, segura nos meus ombros. E imagino que logo ela estará entregue, e que será minha… pelo menos por uma noite inteira.O preço do prazer.Cada uma delas sempre tem um preço a
JúliaAo abrir a porta da minha casa e olhar para as quatro paredes da minha sala, senti-me indigna de pisar no piso lustroso. No entanto, fecho porta atrás de mim e ela faz o som do mais pesado ferro, permitindo que as lágrimas inundam os meus olhos e que escorram imediatamente pelo meu rosto. Desesperada, largo as bolsas de qualquer jeito no chão e começo a arrancar o vestido do meu corpo, assim como a calcinha e o sutiã. E como se estivesse pegando fogo vou apressada para dentro do banheiro. Ligo o chuveiro e sinto imediatamente a água fria molhar os meus cabelos, e consequentemente ela escorre pelo meu corpo febril.O som da sua respiração ofegante preenche os meus ouvidos no mesmo instante, misturando-se ao som da água que cai no chão e o meu choro antes silencioso ganha um volume considerável, além de gritos e soluços. Sem conseguir impedir, sinto o calor da sua boca
Júlia— Amanhã, nas primeiras horas do dia.Meu sorriso se amplia e o meu coração bate mais forte.— Júlia, o Alex já está acordado, embora ele ainda esteja na UTI. E gostaria que você o visse e que conversasse com ele antes de começarmos.— É claro.— Preciso que ele se sinta seguro e tranquilo. E ninguém melhor do que a mãe para fazer essa parte.— Farei isso com o maior prazer, Doutora Lina.— Me chame apenas de Lina, Júlia. Agora vá ver o seu filho, querida. Nos vemos amanhã de manhã.***— Mamãe! — Alex fala assim que me vir entrar no quarto e ele me estende os seus braços, que eu não hesito em ir para eles. Contudo, afago levemente o seu tronco, fazendo um carinho ali, enquanto escuto as fracas batidas do seu coração.
JúliaOlhá-lo através de uma janela de vidro transparente é algo realmente frustrante. Eu queria tanto poder estar lá bem do seu lado. Segurar na sua mão e dizer que tudo vai ficar bem. No entanto, não posso me aproximar dele ainda. Contudo, eu não desisto dele um só segundo e fico horas em pé apenas o observando dormir tranquilamente. Sorrio esperançosa quando percebo que a sua respiração já está normal. Alex está tranquilo e segundo os médicos, ele só precisa ficar alguns dias no tratamento intensivo para não haver qualquer rejeição do seu corpo ao novo coração.Falta pouco, filho. Sibilo mentalmente. Entretanto, desperto quando sinto um toque firme no meu ombro e ao virar-me, encontro Melissa em pé do meu lado.— Por que ainda está aqui?— Eu… me perdi
JúliaEntretanto, ponho a minha bandeja em cima da mesa, porém, mas não toco na comida, pois, estou ansiosa para pegar o telefone e saber se ele está bem. Então, ligo para Melissa e quando ela atende, peço licença para meus companheiros de trabalho e me afasto um pouco.— Como ele está? — pergunto assim que tenho a oportunidade.— Se recuperando muito bem. — Sorrio aliviada. — Ele até já perguntou por você. — Meu coração se aquece.— Então ele já acordou?— E a médica já liberou as visitas, mas não podemos ficar muito tempo com ele. Ela disse que o Alex precisa descansar bastante. — Minha ansiedade de ir vê-lo e de chegar perto dele aumenta ainda mais e me angustio só de pensar que ainda tenho mais algumas horas aqui dentro.— Está bem. Est
Júlia— Um brinde ao mais novo destaque da Bennett Designer! — Melissa grita o seu desejo em meio a música ambiente, chamando a atenção de alguns clientes dentro do bar.— Ao sucesso da nossa querida amiga! — Paco sugere, erguendo o seu copo de cerveja e não seguro um sorriso acanhado.— A recuperação do Alex — falo, erguendo o meu copo na sequência.— Brindemos então! — Minha amiga ralha e os nossos copos tilintam no ar. Em seguida sinto o gosto da bebida direto no meu paladar e o álcool causa um efeito quase anestesiante na minha garganta.Me disseram que era como andar de bicicleta. Que você jamais se esquece de como se faz, mas na prática isso aqui é bem diferente. E não importa o quão Melissa esteja animada com essa noite, ou o quanto ela me incentive a ir dançar, me div
JúliaHoras mais tarde…— Onde está o garoto mais bonito e mais forte desse mundo? — pergunto, adentrando o quarto de hospital e sorrio amplamente ao vê-lo sorrir para mim.— Mamãe! — Alex abre imediatamente os seus braços para mim. E Deus, eu não penso duas vezes em correr para ele e beijá-lo, e beijá-lo sem parar, escutando o agradável som da sua risada, que faz o meu coração de mãe se aquecer.— Sua maluca, o que pensa que está fazendo? — Melissa retruca atrás de mim, me fazendo parar.— Matando a saudade do meu pequeno.— Desse jeito, ele vai voltar para a unidade intensiva! — Ela resmunga e eu bato na madeira.— Vire essa boca para lá, Melissa! — Minha amiga me lança um olhar inquisitivo.— E aí, como foi? — Troco