No dia seguinte...
Nádia
Passei a manhã com Hanna. Brincamos até dizer chega, a babá agora participava das brincadeiras, com certeza Mansur tinha falado com ela. Isso era um ponto positivo, pois significava que ele estava sempre pronto a ouvir.
Na hora do almoço, fingi uma dor de cabeça. Não estava disposta a encarar todos na mesa. Não demorou muito, a empregada trouxe meu almoço no quarto.
Eu comi empurrada, estava muito nervosa ainda revivia as palavras ácidas de Latifa.
Como Hanna essa hora dormia, resolvi também tirar uma soneca. Estava quase dormindo, quando ouvi batidas na porta. Sentei-me assustada na cama.
— Entre.
Experimentei um momento de fraqueza, quando vi Mansur entrando no meu quarto.
Meu Deus! O que ele está fazendo aqui?
— Majestade. Aconteceu alguma coisa?
<Eu estava pronta. Examinei-me novamente no espelho. O vestido não era justo, mas não deixava de revelar minhas curvas. Era um pouco acima dos joelhos, ressaltava o meu busto e quadris. A cor me favorecia, branco com detalhes de renda.Prendi os cabelos no alto da cabeça e soltei alguns fios laterais e os enrolei com a escova e o secador, para dar o formato encaracolado. Esfumacei os olhos e passei um batom da cor telha.Escutei batidas na porta, atendi pensando ser a empregada, mas me surpreendi com Mansur na soleira da porta. Ele estava lindo, estonteante. Ele usava traje real: Kandoora (um camisolão branco comprido) por cima o Bisth (túnica dourada por cima do kandoora), o tarboosha (cordão branco trabalhado).Os cabelos brilhavam pelo gel, barbeado e exalava aquele perfume que era a marca registrada dele.—Vim ver se estava pronta. — Havia algo de assustador naquele sorriso. Seus olhos me correram s
Virei-me. Há uma distância grande entre nós, mas agora parecia que tinha um elo conectando meus olhos aos intensos dele. Inspirei e tentei desfazer o aperto grande que estava dando em minha garganta. Quando ele se aproximou, meu corpo respondeu com ondas de calor, mãos suadas, coração agitado. Ele percorreu o salão em segundos, vi muitos olhares femininos sendo direcionados a ele, conforme avançou.Bem próximo a mim, ele soltou um suspiro:—Dance comigo!Eu o olhei fixamente enquanto o que ele acabou de dizer girava em meu cérebro. O olhar dele era intenso sobre mim. Era tudo tão inacreditável, que fiquei sem reação.Senti seu toque quente, era sua mão que agora pegava a minha.—Vem! —Ele dizia de forma imperativa, como se não aceitasse uma recusa.Pessoas abriram espaço para nós avançarmos par
Acordei cedo, embora tenha dormido muito mal. Resolvi correr, era uma forma de descontar em meu corpo minhas frustrações, testando meus limites. Dei três voltas no palácio, tentando não pensar em nada, só no ritmo da minha respiração. Entrei louco para tomar um banho. Logo vi minha mãe com o jornal nas mãos.— O jantar saiu na primeira página da coluna social, mas você conseguiu chamar mais atenção que o próprio evento. — Ela me disse com desprezo. — Leia!Ela quase me jogou o jornal na cara.O Sheik Mansur Mohamed Al Jain realizou nessa sexta-feira à noite, o grande Jantar beneficente para ajudar as vítimas de guerra. Mas o que mais corre é o boato que o sheik esteja interessado numa moça. Ele surpreendeu a todos ao tirá-la para dançar. Não sabemos nada sobre ela, já que o lo
NádiaOuvi batidas fortes na porta. Sentei-me assustada na cama.—Entre.Era Zilá que me procurava na penumbra do meu quarto.—Senhorita Nazira, o Sheik a chama.Levei algum tempo para me concentrar nas palavras dela. Perguntei depois de um tempo confusa.—O Sheik?—Sim, ele pediu para chamá-la.Fitei o relógio. Eram sete horas da manhã.—Você sabe por quê?—Acredito que tenha a ver com a menina Hanna.—Hanna? —Perguntei com estranheza. As palavras dela me preocuparam.—Está certo. Diga a ele que só vou me trocar, que já vou.Quando ela saiu, me levantei rápido. Coloquei um vestido jeans, com dois grandes bolsos na frente e fiz um rabo de cavalo. Com ele eu ficava bem à vontade para dar atenção a Hanna.Depois de escovar o
MansurVi Nádia sumir no corredor com Hanna, voltei meus olhos para Hajid.—Admito que você é ousado. Vem aqui na minha casa, depois de tudo. —Eu bufei. — Esta guerra fria, eu conheço: Se aproximam de mim como se tudo fosse esquecido, me rondando, me sondando, mas é só uma capa, pois no fundo, me querem ver pelas costas. Estou acostumado a lidar com esse tipo de gente, todos os dias.— Você tem classe, isso eu admito.—É muita cara de pau de sua parte voltar aqui depois de tudo que ouvi de você, nessa mesma sala.—Não retiro nenhuma de minhas palavras. Se não fosse por você, Raissa estaria viva hoje.— Ela teve complicações no parto. —Eu explodi. —Eu a amava. Ela me deixou. Eu não a mandei embora. Eu nem sabia que ela estava grávida, quantas vezes tenho que repetir
MansurSentei no banco à frente de Nádia e a observei. Ela dava atenção para Hanna. Senti-me feliz vendo as duas conversarem. Nádia fazia seu trabalho, fazia agora Hanna repetir algumas palavras em inglês. Fechei os olhos.Essa viagem era uma maneira de estar com ela num local diferente, sem a presença de minha mãe e sem Hajid que a rondava. A viagem me surgiu de última hora. Ontem, falei com minha assistente para desmarcar todos os meus compromissos, precisava de umas férias. Sentia Nádia na defensiva o tempo todo. Queria que nessa viagem ela conhecesse meu verdadeiro “eu”.O homem, não o Sheik. O ser humano, não a majestade, o homem simples, não o homem cercado de luxo. Na casa, que iríamos, não teria empregados, seriamos só nós e Cosima. Lá eu contava apenas com um caseiro que deixava a casa limpa, ma
À tarde fiquei deitada na minha cama de papo para o ar. Hanna costumava dormir essa hora. Havia tanta adrenalina correndo em minhas veias que não consegui tirar um cochilo.Quando deu cinco e meia, me arrumei para ser sacrificada. Tomei banho, me perfumei, só passei batom e realcei os olhos, pois estava corada por ter passado o dia no sol. Coloquei o vestido que havia trazido. Era preto com paetês, um pouco acima dos joelhos, à cinturado, mas não muito apertado. Como teríamos que andar uma boa parte até o iate, então não coloquei os sapatos e os segurei na mão.Fui até a sala, e quase caí de costas em ver Mansur em um lindo terno preto sem gravata, a camisa branca realçando o bronzeado. Ele também segurava os sapatos em uma das mãos.Eu senti minhas pernas fraquejarem. Respirei fundo e tentei sorrir para ele, mas meu sorriso saiu nervoso.—
Eu o beijei profundamente, então o empurrei para que ele se deitasse de costas. —Maktub! —Eu disse olhando para ele emocionada.Ele completou:—Maktub! Estava escrito! Você me pertence.Mansur se levantou e foi por cima de mim, ele me observou, seu peito subindo e descendo rapidamente.—Nunca pensei que pudesse amar novamente.—Você nunca me contou sua história com Raissa.Ele se sentou e fitou os pés, eu me sentei e o abracei. Depois de um breve tempo, ele me fitou, e carinhosamente prendeu uma mecha do meu cabelo para atrás de minha orelha. Sua expressão era sombria quando ele me contou tudo e acrescentou:— Eu prolonguei muito a relação, sem pedi-la em casamento. Fora um erro. Os jornais não podiam me ver acompanhado com alguma mulher, em algum almoço de negócios, que colocavam em questão o meu relacionamento