Capítulo 05

Rd Narrando

— Filho é você? — A dona Lúcia pergunta assim que me ouve colocando as chaves na mesa de vidro da sala.

— Cheguei coroa — Aviso, não demorou muito pra piveta brotar na sala.

— Ti tio — Ela disse vindo correndo pra cima de mim.

— Você não tá irritando a vovó não é Raissa — Digo sério e ela me olha, tem o mesmo jeito de sonsa da mãe não é possível.

— Avise ele Issa, que o único que irrita a vovó é ele por não escolher logo uma mulher pra casar nesse morro — Minha mãe disse séria e ao mesmo tempo sorrindo.

— Você não perde uma oportunidade né coroa, só esquece que o filho tem alergia de coleira — Ela fecha o semblante.

— Sua mãe já está velha Randle, sua vida é perigosa, não quero morrer antes de ver um filho seu.

— A senhora tem muito pela frente ainda — Falo pegando uma maçã em cima do balcão.

— No próximo baile do morro você terá a sua oportunidade, espero que escolha uma boa pessoa, não é porque você faz o que faz que deve casar ruim — Minha mãe avisa.

— Faço o que preciso mãe, a senhora sabe disso — Ela pega Raissa no chão e leva pra cima.

Minha mãe já passou por muita coisa pra criar eu e a minha irmã, mas desde que a Raiane morreu ela ficou decidida com a ideia de que eu preciso arrumar uma fiel, e é por esse motivo que eu nunca trouxe ninguém aqui, e nem quero, a dona Lúcia iria fazer um monte de perguntas e espalhar pro morro todo que eu tenho uma fiel, já basta a Vitória achando que tem chance disso acontecer com ela.

            Lívia Narrando

Já estava dando dez horas da noite e eu continuava aqui fazendo o planejamento de aula pra essa semana, quando a minha irmã entrou do nada no meu quarto.

— Desculpe professora, mas preciso de um rimel emprestado — Amanda diz indo direto nas minhas coisas.

— Pra onde vai desse jeito? — Falo me virando vendo a mesma toda arrumada com um vestido curto e um salto alto.

— Eu tô muito gata não tô? — Perguntou enquanto passava o rimel.

— A nossa mãe sabe pra onde você tá indo?

— Claro que não né Liv, ela está no segundo sono lá no sofá.

— Meu Deus Amanda, custa avisar a Dona Cláudia? — Reclamo.

— Custa quando você está faltando no trabalho por uma boa causa.

— Você só pode ter perdido o juízo. — Falo passando a mão no rosto.

Amanda saiu logo em seguida, e talvez essa seja a primeira pista para a confirmação da personalidade de duas irmãs totalmente diferentes, e bom, eu não preciso dizer qual seja a minha.

6:04 am  a hora que meu despertador tocou me fazendo perceber que passei a noite sentada na cadeira, minhas costas doíam.

Pra tentar disfarçar a cara amassada tomei um banho, me arrumei como de costume e saí do quarto, minha mãe sempre acordou junto comigo, ela sempre diz que eu não posso sair de casa sem tomar o café dela.

Morro da rocinha 6:53am

Eu já estava no morro, estacionando minha moto pra ser mais exata, hoje estava bem calmo em comparação aos outros dias. Assim que chego em frente ao colégio meu telefone toca, era a Amanda.

— Amanda onde você tá? — Pergunto brava.

— Que mal humor Liv, devia parar de tomar aquele café amargo da mamãe — Diz com voz de sono e eu desligo, não sou obrigada a ouvir uma bêbada.

Assim que piso os pés no colégio sinto uma paz invadir meu corpo, e como se a minha alma flutuace por esses corredores.

— Bom dia senhora Ana — a comprimento assim que a vejo no corredor.

— Lívia, foi Deus que colocou você no nosso caminho — Exclamou.

— em que posso ajudá-la?

— É a minha filha, ela vai dar a luz essa semana e eu preciso ficar com ela — Ela disse preocupada

— Claro, onde ela mora? Adoraria conhecê-la

— Ela iria te amar também minha querida, mas minha filha mora em Porto Alegre, eu preciso de alguns dias, e você vai ficar no comando da escola até eu chegar de viagem — Ela avisou, como de implorasse pela minha resposta.

— Senhora, eu, ainda não sei como tudo funciona aqui — Explico preocupada.

— Não se preocupe Lívia, as meninas vão te ajudar, o único problema é que hoje a tarde eu teria uma reunião com o Rd, ele quer saber se o dinheiro está sendo aplicado de forma correta na escola — Ela deduz.

— e está? — Pergunto

— Sim claro que está, temos todas as notas de tudo que compramos para nossos alunos, não tem nenhum erro, Rd não costuma demorar muito não se preocupe.

— Agradeço por confiar em mim senhora.

— Você tem cara de líder Lívia, não vai me decepcionar, e se precisar de mim não esite em ligar.

— Pode deixar comigo.

Mesmo com as mãos geladas eu aceitei o pedido da diretora, talvez isso me ajude com alguma experiência.

Algumas horas depois fui para sala de aula explicar aos meus alunos o que aconteceria nos próximos dias e é claro, eles não quiseram a nova professora, então foi um trabalho longo e difícil convencer crianças.

Meu coração se cortou quando sai da sala e eles continuavam chamando pelo meu nome, decidi que algumas horas do dia ficaria na sala com eles todos os dias. até a diretora voltar.

— Lívia, o Rd está na sua nova sala — Márcia, uma outra professora avisou.

— Obrigada — me direciono imediatamente pra lá e quando abro a porta lá estava ele. Um homem alto, um físico deslumbrante, parecia ter as costas cobertas de tatuagens e não só os braços. de boné pra trás e um olhar desconfiado ele me fitou de cima a baixo.

— Demorou demais, acha que eu sou desocupado mina.? — Diz com a voz grossa.

— Bom, pelo visto não é só você — me dirigi até a mesa e sentei-me a sua frente.

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