Capítulo 3

Ela não respondeu, ao invés disso, reuniu forças para se afastar dele.

Para o seu azar, mesmo que sua mente ordenasse, seu corpo não se movia para longe, era como se ela estivesse hipnotizada por ele, como se o seu corpo estivesse reagindo ao aroma dele...

Ela se sentiu amarrada aquele macho, e mesmo já tendo conhecido outros machos até mais bonitos, Ayla nunca se sentiu tão atraída assim.

Como se ele fosse uma luz repleta de calor, e ela estivesse sozinha e com frio na escuridão, o que não fazia o menor sentido.

Ela podia sentir toda a hostilidade que ele nutria em relação a ela, mas foi como se tivesse retornado as semanas que se seguiram depois de seu encontro na floresta, e de como se sentiu perdida buscando uma maneira de encontrá-lo novamente.

Ela fechou os olhos, e sentiu os lábios quentes do macho tocarem a pele desprotegida de seu pescoço.

Todo o seu corpo foi preenchido com uma sensação de calor muito intensa, e foi como se a loba estivesse caminhando sobre brasas, uma sensação tão poderosa que ela se sentiu doente.

Xander era o primeiro macho que não tentava ganhar sua simpatia, ou fazia tudo que ela ordenava, pelo contrário, ele parecia fazer tudo que ele desejava.

— Pare... — pediu.

— Sua pele é tão macia. — Sussurrou contra sua pele.

Ela congelou, e reunindo todas as suas forças, a loba se afastou dele.

Ela não se atreveu a voltar seu olhar para o macho, primeiro ela tinha que acalmar seu coração, e suas pernas que tremia.

Antes que pudesse sequer parar a tremedeira nas pernas, uma mão grande e áspera se fechou sobre ela e ela teve que encará-lo.

— Está tremendo?

Ela viu nos olhos verdes-escuros como sua inexperiência com contato físico com o sexo oposto o divertia.

A loba sentiu sua dignidade indo embora.

— Você não tem família? — perguntou ela, desejando mudar de assunto.

Xander retirou a mão de sua perna e olhou para a mesa.

— Eu tenho. — respondeu.

Ayla ficou interessada, já que não sabia muito sobre ele, apenas que não era do Sul.

— Eles vêm para o casamento?

Sem olhar para ela, ele respondeu:

— Não.

Ela não fez mais perguntas e se concentrou em comer e beber.

Ficaram em silencio depois disso e ela aproveitou o banquete, e de vez em quando, ela o olhava de canto de olho.

Ela se perguntou como ele não se sentia diminuído perto de todos aqueles lobos com seus clãs, suas roupas caras e sua vida repleta de riqueza.

A loba tinha tantas perguntas pairando em sua mente, que em certo momento, elas começaram a ficar muito altas em sua mente.

Como era natural seu, Ayla não se conteve.

— Como foi sua infância? — perguntou ela depois de um tempo.

Xander virou a cabeça e a olhou.

— Logo você vai saber.

A resposta dele só criou mais dúvidas em sua mente, mas quando ele se voltou para frente e continuou bebendo, ela entendeu que ele não queria conversar.

Afinal, ele não tinha sido exatamente um príncipe encantado com ela, então porque ela deveria se importar com a história dele quando claramente ele não queria compartilhar?

Naquele momento, a loba se voltou para o vinho.

Após algumas taças, começou a sentir que suas mãos estavam pesadas e sua cabeça também.

Ela olhou para o lado e viu o macho bebendo tranquilamente.

Resolveu se levantar, precisava de um pouco de ar, e estava cansada de ser ignorada por aquele lobo que no dia seguinte seria seu companheiro.

Que tragédia.

No minuto que ficou de pé, foi brutalmente atingida por uma vertigem que a fez cambalear para trás, e teria caído se o macho não a tivesse segurado.

Xander se levantou imediatamente e a segurou contra seu corpo, impedindo sua queda.

Ayla se viu presa naqueles braços poderosos e seus rostos ficaram a centímetros um do outro, enquanto ela era encarada por intensos olhos verdes escuros...

Tudo isso pareceu para ela que acontecia em uma batida do coração, e ela só despertou para o quão próxima dele estava, quando ouviu a voz grave e alta do comandante ressoar pelo salão.

— Já está tarde, deve descansar.

Ela piscou algumas vezes, tentando se recuperar da vertigem, e esperou que o lobo a soltasse.

Ele a soltou, mas ainda se manteve próximo o suficiente para segurá-la caso precisasse.

Do outro lado do salão, Leon que estava com sua família, o pequeno Derek e Luna, olhou para sua filha mais velha.

Ele acenou com a cabeça e Luna Kane se levantou, caminhando em direção a Ayla.

No momento que Ayla viu a amiga, se sentiu melhor e se apoiou um pouco nela, deixando o salão.

Quando as duas chegaram no corredor silencioso, Luna disse:

— Eu não acredito que irá se casar amanhã.

— Ele não gosta de mim e tem muita experiência. — murmurou Ayla.

Luna ignorou totalmente o que a outra disse, já que Ayla era a filha do lobo mais poderoso da ilha. Ninguém se atreveria a não gostar dela, ainda mais ela sendo tão bonita.

— Ele não parecia não gostar de você quando a segurou, ou quando puxou sua cadeira para mais perto dele... E sobre ele ter mais experiência, acho que isso é uma coisa boa.

Ela nem percebeu quando Luna empurrou a porta de seu quarto e a deitou na cama.

E se ele não gostasse dela? E se fosse péssima na primeira noite?

Ayla bufou e pensou em seu guardião, Dimitri, e quanto ele fazia falta. Ele entenderia o que ela estava sentindo.

— Luna... Será que Dimitri um dia vai retornar?

Luna tirou os sapatos e se deitou ao seu lado, olhando para Ayla disse:

— Eu acho que não.

Ayla esperava desesperadamente que sim, pois não imaginava a ilha sem Dimitri e seu sorriso sarcásticos e piadas sujas, e sobretudo, sem sua lealdade inabalável.

Dimitri sempre foi o modelo de homem que ela esperava casar-se.

A saudade dele doía.

Ela puxou as cobertas e cobriu a si e Luna.

Antes de adormecer, ela se lembrou das palavras intensas de Xander.

“Sua pele é tão macia.”

Por que apenas aquelas palavras a faziam o querer tão desesperadamente?

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