As correntes em suas mãos queimavam ao ponto de não a deixar mais dormir, mesmo que estivesse exausta.
Ela abriu os olhos com dificuldade, e percebeu que estava em algum lugar escuro.Ayla tossiu, e ao tentar se mexer, percebeu que não estava sozinha naquele lugar escuro e úmido, uma voz feminina gemeu ao seu lado e ela logo ouviu barulhos de correntes.— Quem está aí? — ela perguntou em meio a escuridão.Ela sentia o balançar, e tarde demais percebeu que estava dentro de um barco.— Não faça muito barulho, ou eles vão descer aqui e nos bater. — disse a voz feminina e ela percebeu que estava muito perto.Ayla rapidamente começou a se mover e tatear no escuro, até que tocou na fêmea.— Não me apalpe dessa forma, aqui, segure minhas mãos. Está com medo, eu sei, mas tudo que ficará bem quando chegarmos. — disse a loba.Ayla segurou nas mãos escorregadias dela, e percebeu que sua garganta estava muito seca, mas havia algo muito mais urgente do que sua sede.— Para onde estamos indo?— Estamos a caminho da cidade de Narciso.Ayla ficou de boca aberta.Narciso era uma terra conhecida pelos melhores bordéis e arenas de lutas arranjadas da ilha, um lugar brutal aonde as pessoas iam para fazer fortuna.Pode se dizer sem exagerar que era o tipo de lugar que ela como princesa da ilha jamais deveria ir.Ela soltou as mãos da outra jovem, enquanto pensava em tudo que havia acontecido para levá-la aquele ponto.— Por que estão nos levando para lá? — perguntou após alguns segundos, apesar de já saber a resposta.— Vão nos vender por um bom preço em algum bordel da cidade.Ayla respirou fundo, enquanto seu coração batia mais rápido.Seu sangue começou a ferver, ela não estava com medo, estava com raiva.Ela trincou os dentes, e sacudiu suas correntes enquanto tentava liberar a raiva que sufocava. Imediatamente, a outra loba a segurou tentando conte-la.— Por favor não faça isso, senão eles vão nos machucar. Por favor, eu prometo que tudo ficará bem!Ao ouvir o nítido medo na voz da outra, Ayla parou.Não queria que ninguém a machucasse.Passado seu surto de raiva, ela perguntou:— Qual o seu nome?— Briny Gun. — respondeu a loba. — E o seu?Ela pensou sobre isso, e decidiu mentir.— Diana.— Sem sobrenome?— Apenas Diana.— Como você veio parar aqui, Diana?— Fui sequestrada enquanto ia viver com meu marido em Green.. — E você, Briny?Briny Gun suspirou pesadamente, então disse:— Fui vendida pelo meu pai para pagar uma dívida.Ayla sentiu um grande aperto no coração pela outra, ainda mais ao pensar que seu pai daria a sua vida por ela, e Briny parecia uma boa fêmea.Naquele momento, ela se deixou levar pela compaixão que sentia por Briny:— Briny, não se preocupe, vou escapar de Narciso e levá-la comigo, ficará segura.Briny não respondeu, mas na escuridão, Ayla podia ouvir a outra loba chorar baixinho.Horas depois, quando Ayla estava quase dormindo, ela pensou que ouviu Briny sussurrar na escuridão:“Obrigada, Diana.”Horas depois, Ayla foi arrastada para fora do barco e viu onde estava.Em um porto repleto de barco e pessoas caminhando de um lado ao outro, ela se sentia totalmente repugnante, com suas pernas doendo e seu estomago roncando.A loba foi empurrada pelo macho grande e com um rosto cruel para que andasse por uma estrada, ela viu Briny seguir atrás com outro macho e quando olhou mais atentamente, viu que havia outras fêmeas.“Eles vão me vender, e se descobrirem que minha identidade, meu preço vai triplicar”Ela poderia falar que era uma princesa que John iria matar qualquer um que ousasse machucá-la, mas se fizesse isso, muitos inimigos iriam atrás dela.Não, seria melhor ficar quieta e esperar a oportunidade para fugir.Quando pensou nisso, ela se lembrou das palavras de Jornet, de que iria resgatá-la.Será mesmo? Ela se lembrou de sua frieza e percebeu que talvez a razão do casamento fosse apenas para atingir o comandante. Ela sentiu um nó se formar em sua garganta, ao perceber que estava desamparada. Ninguém viria por ela.Pela primeira vez em sua vida, estava sozinha.Após algumas horas de caminhada, eles entraram em um dos vilarejos repletos de jovens e machos que andavam com roupas bonitas, o macho a empurrou para dentro de uma casa.No interior do lugar, havia diversas cadeiras e vários machos e fêmeas sentados, como se estivessem esperando.Ela olhou para Briny que vinha logo atrás, ela tentou falar algo para a outra, mas recebeu um tapa no rosto.A loba caiu no chão, e sentiu o gosto metálico de sangue. Ayla mal teve tempo de se recuperar, e foi levantada pelo macho.— Vamos fêmea, se levante! — ele esbravejou, e a empurrou para subir em pequeno altar.Ela subiu, cambaleando, mas com ódio em seus olhos.Céus, tinha que fugir logo daquela cidade infernal.Antes que pudesse processar o que estava acontecendo, um outro macho se aproximou e simplesmente rasgou todas as suas roupas.Ela sentiu todo o seu mundo desabar, enquanto era segurada por dois machos e um terceiro rasgava suas roupas, e uma loba começava falando o seu valor e suas características, enquanto todos aqueles lobos olhavam o seu corpo!A loba se debateu contra eles, e tudo que conseguiu foi receber mais apertões e ameaças.Eles a estavam vendendo! Um daqueles machos a compraria!Se Xander nunca tivesse ido ao castelo, se ela tivesse casado com qualquer outro, talvez ela não estivesse naquela situação...Quando a loba se aproximou ao ver os lobos interessados, ela começou a aumentar o seu valor, até que uma loba ofereceu um valor exorbitante por ela.— Vendida para Eliza!Toda a sua dignidade havia sido arrancada dela, no momento que suas roupas foram rasgadas diante de vários machos e fêmeas, como se ela fosse um objeto sem sentimentos. Enquanto ela era transportada por uma carroça acompanhada de outras lobas que passaram pelo mesmo processo, ela não conseguia falar. Seus olhos já estavam inchados de tanto chorar, e sua garganta seca. Ela sabia para onde estavam indo, havia ouvido a conversa das outras. Eliza era dona de um Bordel chamado Rubi. E lá, era seria tratada como uma meretriz, e não importaria se Xander a encontrasse depois, nunca chegaria a tempo. Ela se encolheu na carroça e fechou os olhos. Como poderia ser possível? A apenas dois dias, ela era uma princesa, e tratada com todo o respeito e cuidado, os machos nem sequer ousavam a encarar por muito tempo por medo de sua reação e a do comandante. E agora, dois machos a seguravam, tiraram suas roupas na frente de todos, e bateram nela. A humilharam... Ela não conseguia mais se enxergar
Já fazia horas que estavam cavalgando, e em certo momento ela caiu para frente adormecendo. — Vamos parar naquela estalagem. — disse Jornet, e quando ela abriu os olhos viu que estavam de frente para uma estalagem. Quando entraram, o calor do ambiente foi mais do que bem-vindo, e ela viu que vários pares de olhos masculinos se voltaram para ela quando entrou. De repente, todos se voltaram para seus pratos ou passaram a encarar sua mesa. — Vamos pedir um quarto. — a voz de Xander atrás dela respondeu a questão que ela se perguntava. Quando ela olhou para o macho, viu que ele simplesmente encarava todos os machos da estalagem, como se estivesse passando um sério aviso. Ela se lembrou dele matando o homem no bordel a poucos dias, e do sangue em seu rosto. Do modo selvagem que continuou a perfurá-lo mesmo depois de morto, de como seu rosto ficou irreconhecível. — Acorde fêmea e comece a andar, estou morrendo de fome. — ele a despertou de seus pensamentos, a cutucando para andar. Era
Ela sentiu seu coração bater mais devagar naquele momento, e seus pensamentos se embaralharam em sua mente.— Você... — ela pigarreou. — O senhor Jornet estava esperando minha permissão?O macho se acomodou mais em sua cadeira e se serviu de mais vinho, então voltou seu olhar para ela.— Sim. E pode me chamar de Xander.Ela ficou imensamente confusa.— Eu... estou confusa Xander.— Eu sei, mas ainda não respondeu minha pergunta.Ela piscou algumas vezes, então percebeu que ele havia perguntado se poderia tocá-la.— Você não pareceu precisar de permissão quando me tocou no banquete no dia do torneio, ou quando falou sobre bebês. — Ela o lembrou.Ele sorriu, e seus olhos também sorriam, Ayla percebeu que ele ficava ainda mais atraente relaxado.Todo o seu rosto se iluminava com o seu sorriso, era como se ela estivesse sendo enfeitiçada.Sentiu vontade de sorrir também, mas se conteve.— Era diferente. Havia pessoas ao redor, estávamos em um banquete. Não havia nada o que temer, e por is
Lentamente, o macho abriu os olhos e respirou fundo, como se não pudesse mais se conter, ele procurou desesperadamente seu olhar.Os olhos dele brilhavam como estrelas na escuridão, intensos e quentes.Devagar, ele começou a se mover, seus quadris fizeram um movimento de vaivém deliciosamente irresistível, e ela acompanhou seus movimentos, sentindo-o ainda mais próximo, se é que isso era possível.Ayla se viu completamente perdida em Xander, totalmente envolvida em cada movimento de seu corpo, em cada investida, e a cada estocada do macho, ela se sentia mais perto do precipício.Era como se estivesse à beira de um penhasco, e a cada sensação, estava cada vez mais perto de se jogar, seu coração batendo como um louco, seus mamilos cada vez mais rígidos e quando o macho inclinou cabeça e sugou-o um deles, ela enlouqueceu.A loba jogou a cabeça para trás, um gemido preso em sua garganta que finalmente foi libertado, enquanto ela era consumida pelo movimento da língua e dos lábios do macho
Ela o olhou chocada com sua reação, e logo o empurrou para longe. — Não ria assim de mim. — disse depois. Xander foi gradualmente parando de rir e em um movimento rápido, puxou a fêmea para ele. Ela tentou resistir, mas ele a beijou profundamente, interrompendo seus protestos. A loba que antes tentava se desvencilhar de seus braços, foi lentamente se rendendo a ele e a seu beijo profundo, enquanto seu corpo se aproximava mais e o calor dele a envolvia de um modo delicioso. Alguns segundos depois, o macho sussurrou contra seus lábios. — Eu senti a mesma coisa. Ayla sorriu, e se aninhou mais nos braços dele. Ela se agarrou ao seu calor, e sentiu que as coisas poderiam ser boas para ela. Aquele macho era bom, ela sentia isso em seu coração, ela confiou nele naquele momento, abrindo completamente seu coração. Como ele não poderia ser digno de confiança? Ele havia salvado sua vida, quando nem mesmo sabia quem ela era, e agora, essa sensação de pertencimento... Ela era sua, sabia
A loba o encarou, certa de que não havia ouvido corretamente.Ele havia dito que ela não poderia sair?— Meu senhor, receio não ter ouvido corretamente.— Você ouviu perfeitamente. — respondeu ele impiedoso.Xander estava de pé em sua frente, estava usando um casaco de pele marrom escuro e lembrava um pouco o macho que conheceu na floresta, sua barba mais cheia, seus cabelos mais bagunçados e sua expressão mais selvagem.— Eu sou sua companheira, não uma prisioneira. — Rebateu, e algo nele começou a preocupá-la, era como se ele não fosse ele mesmo.O lobo respirou fundo, então abriu a porta do quarto e a puxou para dentro.— Você pode caminhar por toda essa Ala Oeste, mas o restante do Forte está proibido, além de que haverá guardas a acompanhando o tempo todo. Não pode sair porque eu não posso ir com você. — Eu não quero guardas me acompanhando, eu quero servas me ajudando em minhas necessidades. E não precisa me acompanhar o tempo todo.— Você é muito mimada, não consegue
Ele tinha os olhos de seu pai, disse Noah. E aquelas palavras o deixaram triste, porque Xander queria ter o conhecido... Antes que pudesse pensar muito sobre isso, o macho mudou repentinamente de assunto. — A apresente a mim durante o banquete essa noite, desejo conhecê-la. O macho assentiu. . . . Algumas horas haviam se passado, quando o guarda enviou a mensagem de Xander que ela deveria se vestir adequadamente para um banquete aquela noite. A única coisa que ela pensou foi que o macho devia estar tentando confundi-la, afinal, não havia sido ele mesmo que disse que ela teria que preparar sua própria comida? Ninguém iria servi-la, ele disse. Mas agora a convidava para um banquete? O que aquele macho terrível estava tramando? Ela percebeu que não poderia contrariá-lo, e se arrumou adequadamente para um banquete. A loba optou por um vestido preto, com alguns detalhes com pérolas na cintura. Ela soltou os cabelos ondulados escuros, e seguiu os guardas pelos corredores de pedr
Quando seu rosto foi revelado, ela viu se tratar de Xander, e de modo inacreditável, estava carregando uma bandeja com comida. Ela só conseguiu ficar surpresa, enquanto o macho fechava a porta com suavidade, então, sem dizer uma palavra, caminhou até a pequena mesinha e depositou a bandeja com cuidado lá. A loba observou-o em silencio, e puxou as cobertas até o pescoço. — Levante-se e venha se alimentar. — disse ele sem olhar para ela. O que? — Ayla, levante-se e venha se sentar aqui. — ele comandou, e dessa vez, o macho havia se voltado para ela e seu olhar era dominador. Ela engoliu em seco, e percebeu que não queria ficar com uma roupa tão fina perto dele, mesmo que o casamento já tivesse sido consumado, ela não o desejava mais. Sentia raiva dele agora, pelo modo absurdo que ela vinha sendo tratada. — Vire-se. Estou indecente. — disse. Ele franziu o cenho parecendo muito confuso, e disse: — O que isso tem a ver comigo? Por acaso eu não já a vi nua? Esqueceu de nossa... —