Capítulo 6

As correntes em suas mãos queimavam ao ponto de não a deixar mais dormir, mesmo que estivesse exausta.

Ela abriu os olhos com dificuldade, e percebeu que estava em algum lugar escuro.

Ayla tossiu, e ao tentar se mexer, percebeu que não estava sozinha naquele lugar escuro e úmido, uma voz feminina gemeu ao seu lado e ela logo ouviu barulhos de correntes.

— Quem está aí? — ela perguntou em meio a escuridão.

Ela sentia o balançar, e tarde demais percebeu que estava dentro de um barco.

— Não faça muito barulho, ou eles vão descer aqui e nos bater. — disse a voz feminina e ela percebeu que estava muito perto.

Ayla rapidamente começou a se mover e tatear no escuro, até que tocou na fêmea.

— Não me apalpe dessa forma, aqui, segure minhas mãos. Está com medo, eu sei, mas tudo que ficará bem quando chegarmos. — disse a loba.

Ayla segurou nas mãos escorregadias dela, e percebeu que sua garganta estava muito seca, mas havia algo muito mais urgente do que sua sede.

— Para onde estamos indo?

— Estamos a caminho da cidade de Narciso.

Ayla ficou de boca aberta.

Narciso era uma terra conhecida pelos melhores bordéis e arenas de lutas arranjadas da ilha, um lugar brutal aonde as pessoas iam para fazer fortuna.

Pode se dizer sem exagerar que era o tipo de lugar que ela como princesa da ilha jamais deveria ir.

Ela soltou as mãos da outra jovem, enquanto pensava em tudo que havia acontecido para levá-la aquele ponto.

— Por que estão nos levando para lá? — perguntou após alguns segundos, apesar de já saber a resposta.

— Vão nos vender por um bom preço em algum bordel da cidade.

Ayla respirou fundo, enquanto seu coração batia mais rápido.

Seu sangue começou a ferver, ela não estava com medo, estava com raiva.

Ela trincou os dentes, e sacudiu suas correntes enquanto tentava liberar a raiva que sufocava. Imediatamente, a outra loba a segurou tentando conte-la.

— Por favor não faça isso, senão eles vão nos machucar. Por favor, eu prometo que tudo ficará bem!

Ao ouvir o nítido medo na voz da outra, Ayla parou.

Não queria que ninguém a machucasse.

Passado seu surto de raiva, ela perguntou:

— Qual o seu nome?

— Briny Gun. — respondeu a loba. — E o seu?

Ela pensou sobre isso, e decidiu mentir.

— Diana.

— Sem sobrenome?

— Apenas Diana.

— Como você veio parar aqui, Diana?

— Fui sequestrada enquanto ia viver com meu marido em Green.. — E você, Briny?

Briny Gun suspirou pesadamente, então disse:

— Fui vendida pelo meu pai para pagar uma dívida.

Ayla sentiu um grande aperto no coração pela outra, ainda mais ao pensar que seu pai daria a sua vida por ela, e Briny parecia uma boa fêmea.

Naquele momento, ela se deixou levar pela compaixão que sentia por Briny:

— Briny, não se preocupe, vou escapar de Narciso e levá-la comigo, ficará segura.

Briny não respondeu, mas na escuridão, Ayla podia ouvir a outra loba chorar baixinho.

Horas depois, quando Ayla estava quase dormindo, ela pensou que ouviu Briny sussurrar na escuridão:

“Obrigada, Diana.”

Horas depois, Ayla foi arrastada para fora do barco e viu onde estava.

Em um porto repleto de barco e pessoas caminhando de um lado ao outro, ela se sentia totalmente repugnante, com suas pernas doendo e seu estomago roncando.

A loba foi empurrada pelo macho grande e com um rosto cruel para que andasse por uma estrada, ela viu Briny seguir atrás com outro macho e quando olhou mais atentamente, viu que havia outras fêmeas.

“Eles vão me vender, e se descobrirem que minha identidade, meu preço vai triplicar”

Ela poderia falar que era uma princesa que John iria matar qualquer um que ousasse machucá-la, mas se fizesse isso, muitos inimigos iriam atrás dela.

Não, seria melhor ficar quieta e esperar a oportunidade para fugir.

Quando pensou nisso, ela se lembrou das palavras de Jornet, de que iria resgatá-la.

Será mesmo? Ela se lembrou de sua frieza e percebeu que talvez a razão do casamento fosse apenas para atingir o comandante. Ela sentiu um nó se formar em sua garganta, ao perceber que estava desamparada. Ninguém viria por ela.

Pela primeira vez em sua vida, estava sozinha.

Após algumas horas de caminhada, eles entraram em um dos vilarejos repletos de jovens e machos que andavam com roupas bonitas, o macho a empurrou para dentro de uma casa.

No interior do lugar, havia diversas cadeiras e vários machos e fêmeas sentados, como se estivessem esperando.

Ela olhou para Briny que vinha logo atrás, ela tentou falar algo para a outra, mas recebeu um tapa no rosto.

A loba caiu no chão, e sentiu o gosto metálico de sangue. Ayla mal teve tempo de se recuperar, e foi levantada pelo macho.

— Vamos fêmea, se levante! — ele esbravejou, e a empurrou para subir em pequeno altar.

Ela subiu, cambaleando, mas com ódio em seus olhos.

Céus, tinha que fugir logo daquela cidade infernal.

Antes que pudesse processar o que estava acontecendo, um outro macho se aproximou e simplesmente rasgou todas as suas roupas.

Ela sentiu todo o seu mundo desabar, enquanto era segurada por dois machos e um terceiro rasgava suas roupas, e uma loba começava falando o seu valor e suas características, enquanto todos aqueles lobos olhavam o seu corpo!

A loba se debateu contra eles, e tudo que conseguiu foi receber mais apertões e ameaças.

Eles a estavam vendendo! Um daqueles machos a compraria!

Se Xander nunca tivesse ido ao castelo, se ela tivesse casado com qualquer outro, talvez ela não estivesse naquela situação...

Quando a loba se aproximou ao ver os lobos interessados, ela começou a aumentar o seu valor, até que uma loba ofereceu um valor exorbitante por ela.

— Vendida para Eliza!

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