Tudo ao seu redor sempre terminava em sangue.
Jornet devia ser amaldiçoado por ter nascido quando não deveria, mas havia uma parte dele que gostava da dor e do sangue que derramava. Era justamente essa parte que ele desprezava que o fez sobreviver aos primeiros anos de sua vida.
Havia algo de reconfortante quando ele saía vitorioso em uma luta, e matar seu adversário era tão natural quanto sentir sede.
Mas naquele momento que o macho segurou a flecha e os lobos os cercaram, não sentiu prazer em lutar. Ele sentiu apenas um ímpeto de lutar para proteger a fêmea. A todo custo.
Até mesmo com a sua própria vida, e foi isso que ele pensou ao se colocar no trajeto da flecha que ia até a loba.
Xander não sentiu dor quando a flecha com ponta de prata o atingiu, o macho sentiu alívio por ela se cravar em sua carne, ao invés de Ayla.
Ele entrou em uma espécie de furor de batalha enlouquecido, toda sua visão estava marcada em tons de vermelho.
Enquanto ele lutava seguindo um instinto de protegê-la que ele mesmo desconhecia que fosse tão forte, o macho fez de tudo para eliminar todo o perigo em menor tempo possível.
Quando tudo finalmente terminou, ele se viu coberto com o sangue de seus inimigos, e seu primeiro pensamento não foi olhar se ele estava ferido, e sim se a loba estava bem.
Seu coração ansiava por vê-la.
Quando ele se virou, ele viu Ayla escondida perto de uma arvore e seu rosto estava marcado pelo pavor.
Ele levou um segundo apenas para perceber que o pavor dela era dele. Ela estava assustada com o que viu ele fazer, e Xander por um momento se perguntou se não deveria deixar que ela o odiasse e temesse, já que seus planos a fariam sofrer de qualquer maneira.
Em seguida ele se viu levantando sua mão em uma vã esperança de que isso demonstrasse que ela não precisava temer a ele, ao fazer isso, ele percebeu enojado de si mesmo que não aguentava o medo dela.
Céus, ele estava entrando em um terreno perigoso. Algo que não seria esperado dele, mas do outro dele.
Enquanto tudo isso passava em sua mente, um instante mudou tudo para ele.
A lâmina de prata brilhou intensamente na escuridão da noite, e ele a viu queimar a pele do pescoço da loba que era sua. Todo o seu corpo estremeceu e se impulsionou para frente, até que ouviu a ameaça do outro macho.
Ao ouvir as ameaças de morte do macho, seu corpo parou.
Ele nunca sentiu um ímpeto tão forte de despedaçar alguém como naquele momento, nem para proteger sua própria vida ele sentiu algo tão forte.
— Solte-a, se quiser que eu o deixe viver. — ele mentiu, jamais conseguiria deixar o macho que colocou uma faca no pescoço de Ayla viver.
O lobo riu com escárnio, e pressionou ainda mais a faca no pescoço da fêmea, e Xander apertou com tanta força o cabo da espada que sentiu seus dedos estalarem.
Ele viu os olhos de Ayla se umedecerem e as lágrimas descerem lentamente, enquanto ela era dominada pelo macho.
Xander sentiu que sua cabeça explodiria com tantos pensamentos e imagens sangrentas rodando em sua mente que envolviam o lobo a sua frente.
De repente, o macho assobiou e um outro se juntou a ele montado em um cavalo e puxando outro para ele.
Xander viu o que viria, e tentou se mover, mas o macho o parou ao pressionar mais a faca no pescoço de Ayla e um filete de sangue descer.
Ela fechou os olhos e Jornet viu o sofrimento em seu rosto.
— Quer que eu a mate na sua frente? — questionou o macho.
Xander engoliu em seco, e rangeu os dentes de ódio.
Ele parou de olhar para o macho e olhou nos olhos de sua fêmea.
Ela estava olhando para ele e havia arrependimento em seu olhar...
Ela deve estar arrependida de ter se casado com um macho que nem sequer conseguiu garantir sua segurança, pensou ele com uma sensação amarga de arrependimento e desprezo por si mesmo.
Ele assistiu impotente enquanto o macho a colocava no cavalo e firmava ainda mais a
faca em seu pescoço, não lhe dando nenhuma brecha para que pudesse resgatá-la.Antes que ela desaparecesse no bosque, ele jurou:
— Eu vou resgatá-la. Eu juro a você, espere por mim!
Ele não sabia se ela havia acreditado nele, ou se acreditava que tudo estava perdido agora.
Ele só sabia que nunca pararia de procurá-la.
Por todos os deuses, Xander mataria todos os desgraçados que a tiraram dele.
De preferência, com dor.
Ele viu Ayla desaparecer no bosque, e uma parte sua foi novamente quebrada.
As correntes em suas mãos queimavam ao ponto de não a deixar mais dormir, mesmo que estivesse exausta. Ela abriu os olhos com dificuldade, e percebeu que estava em algum lugar escuro. Ayla tossiu, e ao tentar se mexer, percebeu que não estava sozinha naquele lugar escuro e úmido, uma voz feminina gemeu ao seu lado e ela logo ouviu barulhos de correntes. — Quem está aí? — ela perguntou em meio a escuridão. Ela sentia o balançar, e tarde demais percebeu que estava dentro de um barco. — Não faça muito barulho, ou eles vão descer aqui e nos bater. — disse a voz feminina e ela percebeu que estava muito perto. Ayla rapidamente começou a se mover e tatear no escuro, até que tocou na fêmea. — Não me apalpe dessa forma, aqui, segure minhas mãos. Está com medo, eu sei, mas tudo que ficará bem quando chegarmos. — disse a loba. Ayla segurou nas mãos escorregadias dela, e percebeu que sua garganta estava muito seca, mas havia algo muito mais urgente do que sua sede. — Para onde estamos ind
Toda a sua dignidade havia sido arrancada dela, no momento que suas roupas foram rasgadas diante de vários machos e fêmeas, como se ela fosse um objeto sem sentimentos. Enquanto ela era transportada por uma carroça acompanhada de outras lobas que passaram pelo mesmo processo, ela não conseguia falar. Seus olhos já estavam inchados de tanto chorar, e sua garganta seca. Ela sabia para onde estavam indo, havia ouvido a conversa das outras. Eliza era dona de um Bordel chamado Rubi. E lá, era seria tratada como uma meretriz, e não importaria se Xander a encontrasse depois, nunca chegaria a tempo. Ela se encolheu na carroça e fechou os olhos. Como poderia ser possível? A apenas dois dias, ela era uma princesa, e tratada com todo o respeito e cuidado, os machos nem sequer ousavam a encarar por muito tempo por medo de sua reação e a do comandante. E agora, dois machos a seguravam, tiraram suas roupas na frente de todos, e bateram nela. A humilharam... Ela não conseguia mais se enxergar
Já fazia horas que estavam cavalgando, e em certo momento ela caiu para frente adormecendo. — Vamos parar naquela estalagem. — disse Jornet, e quando ela abriu os olhos viu que estavam de frente para uma estalagem. Quando entraram, o calor do ambiente foi mais do que bem-vindo, e ela viu que vários pares de olhos masculinos se voltaram para ela quando entrou. De repente, todos se voltaram para seus pratos ou passaram a encarar sua mesa. — Vamos pedir um quarto. — a voz de Xander atrás dela respondeu a questão que ela se perguntava. Quando ela olhou para o macho, viu que ele simplesmente encarava todos os machos da estalagem, como se estivesse passando um sério aviso. Ela se lembrou dele matando o homem no bordel a poucos dias, e do sangue em seu rosto. Do modo selvagem que continuou a perfurá-lo mesmo depois de morto, de como seu rosto ficou irreconhecível. — Acorde fêmea e comece a andar, estou morrendo de fome. — ele a despertou de seus pensamentos, a cutucando para andar. Era
Ela sentiu seu coração bater mais devagar naquele momento, e seus pensamentos se embaralharam em sua mente.— Você... — ela pigarreou. — O senhor Jornet estava esperando minha permissão?O macho se acomodou mais em sua cadeira e se serviu de mais vinho, então voltou seu olhar para ela.— Sim. E pode me chamar de Xander.Ela ficou imensamente confusa.— Eu... estou confusa Xander.— Eu sei, mas ainda não respondeu minha pergunta.Ela piscou algumas vezes, então percebeu que ele havia perguntado se poderia tocá-la.— Você não pareceu precisar de permissão quando me tocou no banquete no dia do torneio, ou quando falou sobre bebês. — Ela o lembrou.Ele sorriu, e seus olhos também sorriam, Ayla percebeu que ele ficava ainda mais atraente relaxado.Todo o seu rosto se iluminava com o seu sorriso, era como se ela estivesse sendo enfeitiçada.Sentiu vontade de sorrir também, mas se conteve.— Era diferente. Havia pessoas ao redor, estávamos em um banquete. Não havia nada o que temer, e por is
Lentamente, o macho abriu os olhos e respirou fundo, como se não pudesse mais se conter, ele procurou desesperadamente seu olhar.Os olhos dele brilhavam como estrelas na escuridão, intensos e quentes.Devagar, ele começou a se mover, seus quadris fizeram um movimento de vaivém deliciosamente irresistível, e ela acompanhou seus movimentos, sentindo-o ainda mais próximo, se é que isso era possível.Ayla se viu completamente perdida em Xander, totalmente envolvida em cada movimento de seu corpo, em cada investida, e a cada estocada do macho, ela se sentia mais perto do precipício.Era como se estivesse à beira de um penhasco, e a cada sensação, estava cada vez mais perto de se jogar, seu coração batendo como um louco, seus mamilos cada vez mais rígidos e quando o macho inclinou cabeça e sugou-o um deles, ela enlouqueceu.A loba jogou a cabeça para trás, um gemido preso em sua garganta que finalmente foi libertado, enquanto ela era consumida pelo movimento da língua e dos lábios do macho
Ela o olhou chocada com sua reação, e logo o empurrou para longe. — Não ria assim de mim. — disse depois. Xander foi gradualmente parando de rir e em um movimento rápido, puxou a fêmea para ele. Ela tentou resistir, mas ele a beijou profundamente, interrompendo seus protestos. A loba que antes tentava se desvencilhar de seus braços, foi lentamente se rendendo a ele e a seu beijo profundo, enquanto seu corpo se aproximava mais e o calor dele a envolvia de um modo delicioso. Alguns segundos depois, o macho sussurrou contra seus lábios. — Eu senti a mesma coisa. Ayla sorriu, e se aninhou mais nos braços dele. Ela se agarrou ao seu calor, e sentiu que as coisas poderiam ser boas para ela. Aquele macho era bom, ela sentia isso em seu coração, ela confiou nele naquele momento, abrindo completamente seu coração. Como ele não poderia ser digno de confiança? Ele havia salvado sua vida, quando nem mesmo sabia quem ela era, e agora, essa sensação de pertencimento... Ela era sua, sabia
A loba o encarou, certa de que não havia ouvido corretamente.Ele havia dito que ela não poderia sair?— Meu senhor, receio não ter ouvido corretamente.— Você ouviu perfeitamente. — respondeu ele impiedoso.Xander estava de pé em sua frente, estava usando um casaco de pele marrom escuro e lembrava um pouco o macho que conheceu na floresta, sua barba mais cheia, seus cabelos mais bagunçados e sua expressão mais selvagem.— Eu sou sua companheira, não uma prisioneira. — Rebateu, e algo nele começou a preocupá-la, era como se ele não fosse ele mesmo.O lobo respirou fundo, então abriu a porta do quarto e a puxou para dentro.— Você pode caminhar por toda essa Ala Oeste, mas o restante do Forte está proibido, além de que haverá guardas a acompanhando o tempo todo. Não pode sair porque eu não posso ir com você. — Eu não quero guardas me acompanhando, eu quero servas me ajudando em minhas necessidades. E não precisa me acompanhar o tempo todo.— Você é muito mimada, não consegue
Ele tinha os olhos de seu pai, disse Noah. E aquelas palavras o deixaram triste, porque Xander queria ter o conhecido... Antes que pudesse pensar muito sobre isso, o macho mudou repentinamente de assunto. — A apresente a mim durante o banquete essa noite, desejo conhecê-la. O macho assentiu. . . . Algumas horas haviam se passado, quando o guarda enviou a mensagem de Xander que ela deveria se vestir adequadamente para um banquete aquela noite. A única coisa que ela pensou foi que o macho devia estar tentando confundi-la, afinal, não havia sido ele mesmo que disse que ela teria que preparar sua própria comida? Ninguém iria servi-la, ele disse. Mas agora a convidava para um banquete? O que aquele macho terrível estava tramando? Ela percebeu que não poderia contrariá-lo, e se arrumou adequadamente para um banquete. A loba optou por um vestido preto, com alguns detalhes com pérolas na cintura. Ela soltou os cabelos ondulados escuros, e seguiu os guardas pelos corredores de pedr