Diana simplesmente apontava para a área externa do fundo e as risadas graves que enchia o lugar. O espaço no fundo da casa era mais verde e bem iluminado, na beira da piscina, o irmão mais velho estava sentado com um amigo que parecia estar bebendo algumas cervejas, após o jantar e acenava para ela de longe, enquanto se sentava para voltar ao jantar. Marco já estava com quase 40 anos e se tornou o chefe da família depois que o pai deles voltou para a Argentina alguns anos após divórcio. Ele era cópia do pai, só menos rugas, cabelos brancos e bigode característico de Ernesto, o restante era igual. Mesmo assim, era mais alto, mas tinha os mesmos olhos escuros e sobrancelhas grossas. E ele estava acompanhado de alguém que ela já conhecia há séculos. Heitor! Tinha que ser. — O Heitor? Ele estava lá também? — Ellora perguntou, fingindo desinteresse total no assunto. — Eu nem vi ele, estava muito cheio
Há tempos que ela não tinha aquele olhar, sem jeito e perdido, até parecia que tinha 17 anos, outra vez era como se estivesse conhecendo o primeiro namorado. Cheia de dúvidas e incertezas. Martha sorria para a filha, tirando os cabelos escuros do rosto como fazia quando era pequena. Gostava do fato de confiar nela o suficiente para lhe contar tudo sem receio. Ou precisar fazer delongas. — Hoje em dia, querida, eu não sei. O mundo é tão diferente e vocês jovens são tão desapegados que não sabem aproveitar esses momentos de descobertas, amores intensos. Você então se fale. Mas sabe que sou a moda antiga, que acredita no amor-perfeito daqueles de cinema e livros românticos, até à primeira vista. – Ela então ajeitava os óculos de grau, prestando atenção na sua caçula. Ainda ficava em silêncio, olhando. — Esse rapaz é assim? Uma noite e não sai da sua cabeça? – Ela era sabia e não havia nada que pudesse esconder. — Sim. Passamos horas conversando. Nos conhecemos de verdade e
Ellora se virava na cama como se procurasse um lugar para se proteger, olhando o celular e as últimas mensagens que recebeu, já era bem tarde. Mas não seria motivo para não responder. A diferença de horário teria que ser o menor dos problemas. Foi o combinado.Então olhava para Martha que estava atenta, observando a filha pela primeira vez em anos, totalmente perdida em pensamentos. — Eu vou dar uma chance. Não sei se quero pensar no depois. Já quero fugir se eu pensar nisso. – E antes que pudesse responder, mostrava uma foto entre tantas que vira. Aquela era diferente daquelas que estavam nas redes sociais oficiais da realeza. Parecia mais natural e espontânea, mostrava o rosto de verdade com quem conversou por horas na última madrugada. Mas se perguntava porque ele havia escondido quem realmente era na primeira conversa. — Mãe, ele é muito mais bonito que nessas fotos. Educado, gentil e o cheiro dele quase não saiu do meu cabelo mesmo depois de ter lavado. – Ela sorria. — Tô
Ele conseguiu a fazer sorrir, não estava brava ou chateada. Só precisava entender e ele tinha seus motivos, era razoável. Imaginava quantas vezes pessoas apenas se aproximavam para ter seus 5 minutos de fama e o nome vinculado ao dele. – Pode deixar, vou depositar todas minhas fichas e técnicas nesse evento canônico. – Lá vinha o historiador dar as caras entre suas brincadeiras. – Um marco, talvez. – Mal sabiam o que poderia acontecer entre eles. A única coisa que restava era tentar depositar todas as energias e foco dela no novo projeto principal, e a nova versão precisava ser finalizada com máxima prioridade, e começar a criar os novos relatórios com a equipe para enfim defender o projeto e garantir que seria implementado em toda a rede. Mesmo com as relutâncias de alguns colegas, ela tinha apoio da diretoria para fazer aquela grande mudança acontecer. A ideia era automatizar completamente o atendimento, utilizando I.As para interpretar os resultados e até respostas vindas dire
Os algoritmos de redes sociais também não ajudavam em nada Lola, que por alguns momentos tentava pausar aquele sentimento descontrolado. Mas depois das pesquisas que fez. Sempre aparece alguma notícia nova ou antiga sobre a família real. Mas sempre gerava um comentário engraçado sobre o assunto, nem que fosse uma mensagem. A lembrar sempre de quem ele era. Mas nenhuma daquelas notícias se comparava com as fotos que recebia da rotina do príncipe, ele era um homem comum, principalmente com ela. A fazia rir e sorria toda boba quando o mostrava o cachorro com quem dividia o quarto. E Max adorava flertar e instigar, de uma forma inteligente. A fazia ficar vermelha, quando a elogiava. Principalmente depois que tomou coragem de mandar uma foto dela recém-saída das aulas de dança. No final do dia, sempre fazia questão de ir à academia, cuidar da mente e do corpo, colocar para fora todo o estresse e as tensões que vinham de todas as formas. Ellora Munõz: Hoje a professora acabou comigo,
O plano para o dia era acordar cedo e poder correr no parque perto de casa, como sempre fazia, depois da longa semana que teve. Era a forma preferida de esvaziar a mente, sozinha e com a natureza em sua volta. Logo cedo, perto das 7h00 da manhã, Ellora saiu do apartamento em silêncio para não acordar Patrícia e com um par de fones no ouvido e tênis confortáveis. E quando regressasse, iria tomar coragem e contar à amiga sobre a futura mudança, a compra do apartamento deu certo. Era todo dela. Estava guardando e mantendo aquele segredo desde o começo da semana. A consumia.Assim que saía pela rua e deixava o ritmo da música guiar, em direção ao parque, a menos de 10 minutos de distância do apartamento,, passava um bom tempo por lá, mais de 1 hora correndo até se sentir exausta e, no limite, só iria parar comprar algo para refrescar. Estava pronta para ir para casa. Por aquele momento, se sentia distante de tudo, e quando viu uma sombra agradável em uma das colinhas e irresistível de
— Então, vou estar em evento em Los Angeles, depois do feriado de 4 de julho. Queria saber se você gostaria de me encontrar lá? – Ele estava nervoso e até sem jeito em fazer aquele convite. – Posso reservar um quarto para você no hotel e no mesmo andar que vou ficar, assim a gente pode sair e jantar. Ter um final de semana juntos, eu pensei. Um encontro, de verdade. Se você quiser, é claro. É claro que ela queria, os olhos dela brilharam com a ideia de passar mais tempo com Max, ela planejava e vinha pensando algumas vezes na possibilidade. E até como tocaria no assunto, não só com uma sugestão do que queriam. — Na sexta? – Enquanto falava, olhava o calendário e a agenda do trabalho não tinha nada reservado para aquele dia. Ficava mais empolgada ainda, poderia bloquear o dia para não ter imprevisto e sair conforme o combinado. — Eu posso, na verdade, eu adoraria. Só me passe depois o que preciso fazer e como faço para chegar até você, horário e lugar que eu dirijo até lá. O rosto
A semana era curta, 4 de julho era uma das datas mais esperadas para todos, e ainda no fim da semana tinha um encontro mais inesperado que pensou. No trabalho, Ellora tentava ocupar a mente com as tarefas ao longo da segunda e, após o trabalho, iria direto para casa, mãe. A maioria dos feriados em família, inclusive a de Patrícia, estaria lá. Todos se reuniam, viviam na mesma vizinhança, então se tornava uma grande festa. Como uma grande comunidade, bem semelhante à do Brasil, onde todos se conhecem desde sempre. Ao chegar a noite, já estava na casa da mãe, e Ellora ia cozinhar e ajudar com os preparativos para o feriado. Tradição por tradição. Cada um tinha sua função. Nem tinha tempo para tirar a roupa do trabalho, ainda estava com a saia até a altura dos joelhos e camisa social enquanto preparava os ingredientes para o dia seguinte. Amava aqueles momentos simples, como sempre fizeram desde a infância, eram as melhores memórias de família. Todos festejando e comemorando.