07

KADAR

Além dos homens que estam vigiando a casa dos Wehbe, o próprio Jamil ficou fazendo o monitoramento no hospital. Depois das palavras que ouvi quando estive na residência de Maysun, que nunca aceitaria minha proposta, coloquei em ação o que já tinha cogitado desde o momento que li no dossiê a situação deles em relação a casa onde vivem. Depois de efetuar a compra da residência, avisei ao antigo proprietário que precisava com urgência que o imóvel fosse desocupado.

Quando fui informado que o estado de saúde do pequeno Wehbe tinha piorado, sabia que sua irmã não teria outra alternativa a não ser me procurar, e tudo aconteceu mais rápido do que eu esperava. Através dos homens que estavam e estão vigiando cada passo dela, soube antes mesmo dela chegar até a empresa que enfim aquela atrevida iria engolir cada palavra que me foi dito e aceitar tudo que eu tinha a propor. Para melhorar ainda mais o meu dia, soube que novamente seu irmão passou mal, onde a única alternativa era fazer imediatamente a cirurgia.

Mesmo relutando, Maysun acabou assinando o contrato que a tornará, não só minha esposa, como minha propriedade. Deixamos a empresa seguindo para o hospital onde sua família se encontra. Durante todo o percurso percebo o quanto ela está nervosa, perdida em seus pensamentos, certamente imaginando como contará aos pais que em uma semana será minha concubina, para satisfazer as minhas necessidades sexuais e sempre a disposição de me servir em exclusividade.

Assim que chego nesta imundice que chamam de hospital, respiro fundo e adentro o ambiente, pior do que estar neste lugar é ter que olhar para essas pessoas que estão nos corredores. Umas feridas, outras com uma expressão de dor em sua face, o cheiro impregnado no ambiente causa um forte embrulho no meu estômago. A cada passo que dou, a imagem que vejo a minha frente só aumenta o incômodo dentro da minha barriga. Ao entrar no quarto que os pais de Maysun estão, trato de dar a notícia do nosso casamento. A princípio, meu desejo era fazer dela meu novo brinquedinho, mas ao ouvir as palavras da atrevida que nunca seria minha, acabou despertando um desejo incontrolável de mostrar a ela que sempre consigo tudo que quero, porém o motivo maior que me fez mudar meus planos em relação ao destino que cogitei, foi ver no fundo dos olhos da minha mãe que o mal estar do meu pai não passou de uma simulação para me coagir a dar a eles a resposta que a anos esperam ouvir. Se cogitaram que poderiam me manipular como um fantoche, acabaram dando um tiro nos próprios pés, pois, a chegada de Haifa só me deu certeza do que eles tinham em mente.

Mesmo sabendo que no momento em que me tornasse o Sheik de Maktoum teria que me casar, o casamento nunca foi um assunto que ocupou meus pensamentos e muito menos me casar com alguém escolhida por meus pais ou de uma classe tão inferior a minha. Diante dos últimos acontecimentos, e com a m*****a que não sai dos meus pensamentos, resolvi unir o útil ao agradável, além de tonar a bela Maysun Wehbe a submissa e esposa perfeita, farei os meus pais terem a confirmação que ninguém manipula Kadar Maktoum.

Assim que deixo ela e sua família a sós, resolvo tudo sobre o pagamento da cirurgia e da hospedagem, deixando o ambiente em seguida. Adentro meu veículo, começando a organizar meus pensamentos e só então lembro que em meio a toda correria, acabei esquecendo de avisá-la sobre o compromisso que teremos amanhã. Deixo os pensamentos de lado e durante o trajeto até o palácio, faço algumas ligações, quando o carro chega, em passos largos sigo até a entrada principal. Fico totalmente surpreso ao ver todos reunidos, e mais ainda ao olhar meu pai em sua cadeira de rodas com um largo sorriso em sua face. Já se fazia mais de seis meses que ele não deixava seus aposentos. Minha mãe diz que estavam me aguardando para o almoço, aproveitando o momento em que todos estão presentes, anuncio:

— Amanhã mande preparar um jantar em especial. Terei um comunicado a fazer.

Assim que minhas palavras são proferidas, um sorriso de satisfação surge, não só na face dos meus pais, como na da mulher a minha frente.

MAYSUN

Depois da euforia que ficamos por saber que meu menino ficará bem, me dou conta de que já é mais de meio dia e meus pais ainda não comeram nada. Me ofereço para ficar com Burak para que eles possam ir até nossa casa descansar e comer alguma coisa, porém a porta é aberta e uma das enfermeiras que veio mudar o soro do meu irmão avisa que além da conta do hospital já estar paga, tanto eu como os meus pais temos livre acesso a lanchonete do hospital. Sinto minha garganta fechar e um calafrio percorrer todo o meu corpo. Não sei se fico feliz por saber que a partir de hoje eles terão uma vida com mais conforto, ou triste por ver que Kadar está fazendo sua parte em relação ao contrato.

Resolvo ainda não contar nada sobre a casa, deixarei que eles aproveitem o momento em que meu irmão nasceu de novo. Meus pais mesmo vivendo de uma forma precária sempre foram pessoas dignas, sempre orgulhosos e jamais me deixariam aceitar a proposta de Maktoum, mesmo sabendo que perderiamos a vida do Burak e o lugar que sempre tivemos por lar. Por isso, deixei transparecer o quanto estou feliz com essa união. O fato de Kadar dar a notícia do casamento acabou não levantando suspeitas do que está acontecendo, eles acreditam que para um homem na posição dele — que poderia escolher qualquer mulher entre seu meio social — me escolher é porque realmente sente algo forte. Se eles soubessem que a única coisa que aquele demônio tem em mente é me tornar seu objeto de prazer em vez de sua esposa, que ele só deseja mostrar que sempre tem aquilo que quer mesmo utilizando dos piores métodos para isso, ficariam horrorizados.

Eles só aceitam ir a lanchonete depois que eu insisto muito, dizendo que meu futuro marido só quer ajudar a família da mulher que será sua esposa. Antes de irem, meus pais seguram a minha mão e perguntam se realmente estou feliz, no mesmo instante respondo que sim, que mesmo não cogitando que tão cedo me casaria, Kadar Maktoum no momento em que apareceu na minha vida a mudou para sempre, o que não é uma mentira, já que aquele arrogante me fez engolir meu orgulho e ir até ele. Parecendo contentes com as minhas palavras, eles saem do quarto e vão finalmente almoçar, enquanto permaneço no quarto ao lado do leito do meu irmão, que se encontra ainda sedado. Meus olhos percorrem todo o ambiente que é totalmente diferente do quarto em que estava antes, além do luxo em volta do cômodo, também tem um sofá cama para o acompanhante se acomodar melhor. Um sorriso se faz presente em minha rosto por saber que minha mãe não passará mais a noite toda sentada em uma cadeira e nem sentirá dor. Viro a cabeça na direção da cama e dois pares de olhos azuis se fixam em mim, trazendo uma sensação maravilhosa para o meu coração. Nada poderia me deixar mais feliz do que esse momento. Não sei o que acontecerá nos próximos dias ou como será a minha vida a partir de hoje, mas estou com o coração em paz por saber que as pessoas que amo estão felizes e bem.

Depois que recebo um recado enviado por Maktoum junto a um vestido que devo usar hoje a noite, não consigo mais me concentrar em nada, e por sorte foi exatamente no momento que minha mãe chega do hospital. Mesmo ela pedindo para eu me acalmar, estou em um estado de puro pânico, pela dúvida se os pais dele estão cientes da forma como o filho deles me coagiu a aceitar essa união e ao mesmo tempo se eles não estão envolvidos. Talvez haja esperança para que não aconteça esse casamento, ao verem quem é a futura esposa do filho não aceitarão essa situação, fazendo assim com que ele mude de ideia e eu tendo a minha liberdade de volta.

Passo o resto do dia perdida em pensamentos até que chega a hora em que começo a me arrumar. De banho já tomado, pego a roupa mais velha que eu tenho e a visto. Se o senhor dono do mundo pode utilizar dos meios que tem para conseguir o que deseja, também farei do meu jeito. Me olho no espelho e um sorriso de satisfação se faz presente na minha face, embora tenha um rosto bonito como já diz o meu nome, com os trapos que estou vestido tudo que não vão notar é a minha beleza. Realmente pareço uma mendiga. Respiro fundo e dou alguns passos em direção a porta, e assim que ia deixar o ambiente, minha mãe surge de algum lugar parando na minha frente. Sua expressão ao me ver é assustadora. Alguns segundos em silêncio me olhando ela resolve falar:

— Aonde você pensa que vai desse jeito?

Fico tão nervosa que não consigo responder, pois seus olhos insondáveis encaram os meus, e é como se estivesse examinando a minha alma.

— Se você está tão feliz com esse casamento como nos disse, não me deixe cogitar que em suas palavras não havia verdade.

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