MAYSUNAcordo atordoada, sem nem saber em que momento adormeci, com a voz de Tita me chamando, em um impulso me levanto e só então olho para a enorme bandeja em suas mãos, que me deixa assustada por ter dormindo tanto. Depois que termino de almoçar, pergunto por Kadar e ela logo me informa que ele havia ligado dizendo que não viria para o almoço, porém era para ela trazer minha refeição no quarto. Fico feliz por não ter que comer ao lado de pessoas que já demostraram o quanto minha presença não os agrada.Passo parte da tarde entre a companhia de Tita e lendo um dos livros que trouxe, e novamente, minha outra refeição é feita no quarto. Maktoum ainda não chegou, então aproveito que o desconforto na minha vagina já não está me incomodando como antes e tomo um longo banho, só que dessa vez, deixo a banheira de lado e entro debaixo da ducha quente, deixando que a água escorra pelo meu corpo dolorido. As lágrimas que segurava desde ontém começam a descer. Termino o banho e vou até o close
FÁTIMACom os olhos fixos no objeto em minhas mãos, vários pensamentos invadem a minha mente. Estava tão preocupada com tudo que estava acontecendo com o meu filho e a possibilidade de termos que sair à procura de outro lugar para morar que não me dei conta de que, após tantos anos, o destino colocou a minha filha em meio a um mundo a qual me neguei a continuar vivendo. Maysun não se tornou princesa por casar com Kadar Maktoum, pois esse título ela sempre teve. Com os olhos fixos na foto onde estou com meus pais, meus pensamentos me levam para vinte e dois anos atrás.Fujairah - Palácio Nuaimi— Aylla, você sabe que seu pai jamais permitirá uma loucura dessas. Daqui a uma semana será seu casamento, você não pode cogitar em trazer esse desgosto para nossa família. Seu pai ao contrário dos homens do nosso mundo, jamais quis uma segunda esposa, no entanto, a única herdeira de toda a sua fortuna é você. Através dessa união com o Sheik Hamad, um filho varão dará continuidade a tudo que seu
KADARAcabo por não ver Maysun o dia todo. Assim que deixo meus aposentos, ainda cogito em passar em seu quarto, mas ao parar em frente a sua porta, resolvo por deixá-la dormir mais um pouco. Antes de deixar o palácio, dou ordens a sua serva para acordá-la dentro de duas horas e avisá-la para permanecer no quarto até o meu retorno. Sei que Maysun tem a língua bem afiada, porém não quero vê-la sozinha com qualquer membro da minha família, esse foi um dos motivos que me levou a mandar fazer algumas reformas no Palácio que jamais cogitei que seria meu lar, mas diante dos fatos e sabendo como minha mãe é, achei melhor mantê-la longe de todos.Tenho muitas coisas que precisam ser resolvidas na empresa. A reunião com alguns fornecedores acaba tomando boa parte do meu dia, mas fico satisfeito com o resultado. No final do dia, recebo duas ligações, uma delas é de Jamil me informando sobre o dossiê que pedi sobre os pais de Maysun. Fico surpreso com o rumo da investigação, pois segundo ele, pr
MAYSUNPasso boa parte da manhã no jardim, preferindo almoçar em meu quarto para não encarar as três mulheres. Pergunto por Maktoum em uma certa hora da tarde, e Tita me informa que certamente ele chegará só pela noite. Cansada de permanecer presa e sozinha, já que Tita tem seus afazeres, resolvo descer novamente e ao chegar na sala, encontro Haifa e seu irmão Kaisar conversando. Não sei o que dá na mulher, que dessa vez me cumprimenta, e como sou educada, faço o mesmo, mas se ela pensa que o sorriso em sua face pode me enganar, está completamente enganada, está visível no fundo dos seus olhos quais são suas verdadeiras intensões. Ela logo se despede, dizendo que irá até os aposentos do tio ver como ele está. Fico sozinha na sala com Kaisar que por incrivel que pareça, começa a falar, me contando que no palácio há uma biblioteca. Meu coração acelera quando ouço sobre a biblioteca, sempre gostei de ler, através da leitura consigo imaginar uma vida bem diferente da que vivo em Dubai. Um
KADARDurante o trajeto até o palácio cogito a ideia de deixar Maysun passar algumas horas na biblioteca, embora meu objetivo seja fazer daquela atrevida a esposa perfeita, não poderei deixá-la ficar presa no quarto até chegar o dia de nos mudarmos. Porém assim que adentro a sala principal, me deparando com a cena a minha frente, meus órgãos internos começam a funcionar a todo vapor, algo queima por dentro, como se um vulcão em erupção estivesse dentro de mim. Ódio. Raiva. Um misto de sensações ruins se apodera de todo o meu ser, e tudo que ecoa na minha mente é a possibilidade de alguém tocar no que é meu.Com o ódio inflamando em minhas veias, saio puxando-a na direção do quarto vermelho. Desde que assumi o comando das empresas, não entro neste lugar, mas será o ambiente ideal para mostrar a ela quem é o seu dono. O medo em seus olhos me deixa em puro êxtase, sei que sua reação será exatamente essa ao olhar as imagens na parede. A maldita ainda cogita tentar fugir, o que acaba por a
KADARTrês dias se passaram desde que Maysun está naquele lugar, e ao contrário do que pensei, ela continua inabalável, se mantendo forte. Nem os piores criminosos aguentaram tanto tempo ao passarem pela Tortura Vermelha. Porém já não vejo o mesmo brilho que antes havia nos seus olhos, é como se o seu corpo está ali presente, mas sua alma não. Ela está três dias ouvindo o mesmo som , tendo somente uma refeição ao dia e permanecendo no escuro total, só ligo a luz nos momentos que adentro o seu quarto.Nem mesmo quando a possuí durante esses três dias nenhum som saiu entre seus lábios, ela simplesmente abriu as pernas e permaneceu com os olhos arregalados fixos na direção da maldita parede, como se fosse uma boneca inflável.Desde ontem não consigo falar com Jamil para saber como está indo o rumo das investigação sobre os Wehbe. Completamente esgotado, — pois são três malditos dias que não consigo dormir direito, sempre as imagens dela dormindo com seus longos cabelos escuros passam com
MAYSUNDor. Frio. Meu corpo está fraco e dolorido, minha cabeça dói, sinto um forte desconforto entre minhas pernas, minha boca está seca, minha garganta doendo. Preciso abrir meus olhos, mas novamente apago, caindo em uma escuridão sem fim. Sinto algo macio e quente sobre mim, meu corpo está aquecido, mas algo perfurante incomoda a minha mão. Abro os olhos lentamente, ainda está no escuro, exceto por uma pequena luz vindo de um abajur ao longe. Movimento-me e logo sinto meu corpo dolorido. Fecho novamente meus olhos, vozes ecoam na minha mente, meu ofuscado cérebro começa a procurar entre suas lembranças recentes o que ouve, pouco a pouco as imagens fragmentadas começam a me torturar.Depois da noite que Maktoum me colocou naquele quarto, não tive nenhuma noção do tempo transcorrido, não sabia se era dia ou noite, então comecei a calcular o tempo pela hora que ele entrava com um prato de comida, percebendo ao vê-lo impecavelmente em um terno, que minhas refeições estavam sendo feitas
KADARTrês dias se passam desde o dia que encontrei Maysun naquele quarto caida no chão. Fecho meus olhos e as lembranças dos últimos dias invadem a minha mente.Depois dela ser atendida pelo Dr. Kassan, fiquei mais aliviado ao saber que a pancada em sua cabeça não terá consequências graves. Tita está encarregada da medicação que deverá ser administrada de acordo com os horários estabelecidos pelo médico. Ao sair do quarto dela, vou até meus aposentos, tomo uma ducha quente e minutos depois, já vestido, caminho em direção ao corredor de acesso a escada. Me deparo ao descer com alguns pares de olhos fixos na minha direção. Visto minha armadura de homem frio, fechando-a por completo e termino de descer os últimos degraus. O silêncio paira no ambiente, e pela expressão da minha mãe, sei que ela está louca para abrir sua boca e como sempre falar a mesma ladainha. Para a minha surpresa, ela se mantem quieta, ao contrário da mulher a minha frente, que a cada dia me causa uma enorme irritaçã