Gatilho.LOREQuando Ruel finalmente sumiu no meio da multidão, me apressei em segurar o Thomas que tentava passar e ir atrás do loiro. Agora estávamos nos movimentando lentamente no ritmo da música. O clima entre nós dois era ruim e desconfortável. Não por ele e sim por mim. O alto segurava minha cintura como se não quisesse, e sua mão direita que segurava a minha estava frouxa.Movi os olhos pelo salão, logo notando que os meus pais ainda não estavam ali. Onde eles foram? Será mesmo que o Vincent estava certo?Os Evans e os Orlando's estavam juntos? Fizeram um acordo? Todo o meu sofrimento foi em vão? As tentativas de assassinatos? A tentativa de estupro? O sequestro?Argh...Isso tudo é irritante e estressante.Cerrei os dentes e encarei a mesa vazia do outro lado da grande sala. Meu segurança ainda se movimentava enquanto eu me mantinha pensativa.Ouvir o que o Ruel tinha dito me deixou confusa e tudo mais caótico. No fundo, eu sabia que ele não tinha toda a culpa, boa parte dela
Gatilho.LORESentei no banco de passageiro e minha amiga começou a dirigir o meu carro, o que me fez agradecer. Eu não tinha forças e nem estava em condições de segurar um volante. Eu queria chegar logo e poder abraçá-lo. Dizer que estava tudo bem e que eu tinha o perdoado.Cada minuto que passava, parecia que o quarteirão dele ficava mais longe. Eu estava apertava as minhas coxas impaciente e ansiosa. Meu rosto molhado devido às lágrimas que ainda insistiam em descer.Quando vi seu portão, meu coração disparou. Anne parou o veículo e desci em questão de segundos. Apertei o botão da campainha e sua demora de abrir o aço branco em minha frente me frustrou. Toquei mais uma vez e nada. Impaciente toquei mais três vezes e ouvi o barulho dele sendo aberto.Caminhei em passos ligeiros pelo seu jardim e me aproximei da porta de entrada, a qual ainda estava fechada, mas logo foi aberta por Julie. A garota me olhava confusa. Vestia uma blusa larga e um short de pano. Ignorei-a e me apressei e
Gatilho.RUELEstava focado nas ruas que passavam. Orlando dirigia desesperadamente, nos levando para a mansão dos Evans. Durante o caminho todo o silêncio pairou no carro, e só foi quebrado quando pedi apenas para irmos para a casa dos meus pais.Meus pais.Meu coração doía sem acreditar no que tinha acontecido. Eu sentia um vazio dentro de mim. Eu a amava, independente das nossas desavenças. A culpei tanto por não ter interferido quando o Ralph me espancava. Eu sabia que ela sofria também, mas não mais do que eu.E agora ela estava morta.Suicídio?Não. Ela não se drogava.Meus olhos arderam querendo permitir que as lágrimas descessem, mas eu não queria deixar. Não tinha o direito de me sentir triste, sendo que também a torturei por meses. Culpando-a e acusando-a.Lore ao meu lado estava calada. Tão deprimida quanto eu. Notava uma hora ou outra que a morena desviava sua atenção para mim, mas continuei olhando para frente. Estava enfurecido, mesmo sabendo que ela não tinha culpa nenh
Gatilho,LOREOlhei novamente para o rosto sereno do loiro que agora estava dormindo. Ele só conseguiu pregar os olhos há uma hora antes. Seu corpo e sua mente o castigava. Ruel estava deprimido e triste, mas agora que sua mãe foi assassinada, ele parecia pior. Culpado e ressentido.Levantei da cama e andei até o seu closet, onde peguei um moletom seu e vesti, juntamente com um short meu da cor azul de algum pijama que ainda estava por aqui. Talvez eu tenha esquecido ou ele tenha trazido da sua casa.Peguei o telefone vendo que eram quase sete da manhã.Entrei no banheiro, lavando o rosto e encarando o quarto assim que voltei. Observei o loiro mais uma vez quando sua mão rastejou pelo tecido branco da cama, provavelmente me procurando.Andei até a sacada e olhei o céu lá fora pelo vidro fechado. As nuvens escuras, anunciando que iria chover o dia todo. Isso normalmente acontece quando ocorre uma morte. Por um lado é triste e deprimente.Peguei um dos cigarros da carteira do Vincent em
Gatilho.LORE— Por quanto tempo?— Finalmente dei um fim nisso há semanas atrás. — respondeu.Isso ainda acontecia?— Meu Deus, Vincent! — franzi a testa e me aproximei do seu corpo, deitando por cima dele e segurando o seu rosto. — Por isso que você sempre andava com machucados? No rosto. Também já notei algumas cicatrizes pelo seu corpo...Ruel me olhou brevemente, e logo trouxe sua mão direita até minha bochecha, alisando-a.— As cicatrizes consegui durante uma missão. — explicou sorrindo fraco. — Mas os machucados pelo rosto foi por causa dele.Envolvi seu pescoço com os meus braços e suspirei angustiada. Ruel se apressou em ajeitar-me, colocando minhas pernas em cada lado do seu corpo e alisou minhas coxas.Ralph era um homem horrível.— Eu culpei minha mãe durante anos por isso. — continuou. — Por ela não tomar uma atitude e me livrar das mãos daquele monstro, mas ela não fazia nada, Lore. — sua voz saiu baixa. — E agora me sinto um lixo por não me sentir tão deprimido como eu
RUELJá haviam se passado uma hora e meia de viagem. Minha avó morava em San Diego, então é apenas duas horas de carro de Los Angeles até lá. Saímos de casa às oito.— Quando você tirou essa foto? — perguntou confusa e olhei o que ela segurava. Meu celular novo estava em suas mãos.A morena encarava a tela do aparelho com uma expressão surpresa. Uma pequena linha traçou seus lábios encarando sua fotografia no papel de parede. Uma das inúmeras fotos que tirei do seu corpo coberto enquanto ela dormia.— No dia em que você lutou com a Julie. — eu disse.Porra, a Julie. Esqueci de avisar a garota que eu chegaria tarde em casa.Lore sabia que ela estava na tela do meu telefone, só que não sabia qual era a foto.— Achei que você não usava fotos minhas... — comentou, nervosa e pressionou seus lábios grossos. — Não mais...— Nunca tirei você dela. — levei uma das mãos até a sua coxa e comecei a distribuir carinhos em sua pele. — Você também nunca tirou o anel...Olhei Orlando de relance e not
LOREComo eu não queria voltar para casa ainda, ontem passei a noite na Anne. Não sei se irei me controlar ao ver o rosto cínico do meu pai. Fingindo não ser culpado da morte da Kate. Tudo fazia parte do seu plano. Da vingança. Eu não sabia que ele faria algo tão ruim, mas isso não chega nem perto do que ele ainda pode fazer. Sempre espere o pior do chefe da máfia.Enquanto passava pelo portão principal do colégio, vi o meu carro estacionado. Ruel já deve ter chegado. Continuei andando ao lado da minha amiga que logo avistou o seu namorado e fomos de encontro. O Vincent estava de costas na frente do Carter. Usava um moletom por cima do uniforme.Ajeitei a saia do traje secundário que eu usava, era da Anne. Ele ficava um pouco apertado e curto demais para mim. Pressionei os lábios abaixando o pano rebelde mais uma vez e bufei irritada quando não consegui. Decidi ignorá-lo.Shawn sorriu para a morena, que logo se apressou em deixar um selinho demorado em seus lábios e o loiro olhou para
Gatilho.RUELMeu rosto estava coberto com um tipo de pano, impedindo-me de ver qualquer coisa. Eu apenas conseguia ouvir o barulho do pneu do carro passando e pulando devido às pedras. Não tinha a mínima ideia para aonde os caras estavam nos levando.Foi tudo muito rápido. O Carter estava dirigindo, me conduzindo para casa, já que eu levei o carro da Lore pro colégio para devolvê-lo. Paramos na loja de conveniência, pois estávamos com sede e compraríamos uma cerveja. Shawn também precisava abastecer o seu veículo. Quando estávamos entrando novamente, fomos atingidos na cabeça. Fiquei zonzo na hora, mas pude notar que o meu amigo estava sangrando no chão. Então apaguei.Acordei com os movimentos frenéticos que o automóvel dava pela estrada. Eu estava deitado no metal. Minha visão estava totalmente escura. Corri os pés pelo cobre abaixo de mim, e suspirei aliviado ao sentir um corpo há um metro do meu. Era o Shawn.Estávamos em um porta-mala.Sentei e senti um cheiro forte de cigarro v