5

Lucas Narrando

Não acredito que a gente se beijou de verdade. E o mais inacreditável é que ela não recuou, ela deixou que eu a beijasse e ainda retribuiu o beijo.

"Será que fui bem?" Penso, batendo os dedos na mesa.

— Ei — Gabriel, me cutuca, fazendo voltar para a realidade.

— Desculpa, cara, tava tentando passar a matéria da prova mentalmente.

— Blz, — disse Gabriel. — Mas e aí, onde você estava no primeiro período? Não te vi, achei que tinha morrido!

"Eu estava na quadra, beijando a Lara" penso "mas não posso te falar isso. Pelo menos não agora."

Lara Narrando

Continuei sorrindo até o Virgão sumir do meu campo de visão e, quando isso aconteceu, caí de joelhos.

— Seu virgão idiota, digo para mim mesma. Eu não disse que era para ser na boca!

No dia seguinte...

Lucas Narrando

— Lucas, Lucas, eu podia ouvir em alto e bom som a voz de Sophia me chamando. — Acorda, Luquinhas, se não vou ter que te dar um beijinho para te acordar!

— Aí, que soninho, digo, fazendo biquinho, esperando que Sophia me beije.

— Mas é um virgão mesmo... de repente, a voz de Sophia se transformou na voz de Lara.

— Que história é essa de me dar um beijinho? — Ela estava sobre mim, com o rosto bem próximo do meu, e eu podia sentir o cheiro do seu gloss de morango. — Levanta logo essa bunda dessa cama e vamos tomar café!

Ela então saiu de cima de mim e colocou as mãos na cintura.

— Pera aí, como você entrou no meu quarto?

— Segredos de uma garota bonita.

— Mas aqui é o dormitório masculino!

— Com grande beleza, vem grandes poderes.

— Não acredito que você citou as palavras do Homem-Aranha!

— Eu que não acredito, que você ainda está deitado — disse Lara, brava. — O que é, quer que eu esmague isso que tem entre as pernas?

Com um salto, me levanto, tiro a blusa e desabotoei a bermuda. Me lembro que a Lara estava no quarto, então subo de volta, pego minha toalha e vou para o banheiro.

Quando passo por ela, nossos olhos se encontram por um instante e a lembrança do nosso beijo invade minha mente.

"Como eram macios seus lábios" penso "e logo balanço a cabeça para afastar aquele pensamento."

Lara Narrando

Num salto, ele se levanta e tira sua blusa. Fiquei totalmente boquiaberta com aquela barriga sarada. Desde quando aquele nerd virgão tinha aquele físico?

Ele então desabotoa a bermuda e começa a tirá-la.

— Não acredito que ele vai ficar só de cueca comigo aqui, sinto minhas bochechas esquentarem.

Mas logo ele percebe que não está sozinho, sobe a bermuda abotoando-a e pega a toalha, indo para o banho.

No caminho até o banheiro, nossos olhos se encontram por um momento.

"Nossa, de perto ele é até bonitinho, ainda mais com essa barriguinha trincadinha." Balanço a cabeça afastando aqueles pensamentos. — No que você está pensando, Lara?

Uma semana depois...

Lucas Narrando

O som abafado dos teclados ressoava pela sala vazia enquanto eu jogava, imerso em meu pequeno mundo digital. O ambiente estava silencioso, apenas o zumbido baixo do ar-condicionado preenchia o espaço. A luz fraca do fim da tarde se infiltrava pelas janelas, tingindo tudo com um tom dourado.

Por acaso, desvio o olhar da tela e encaro a janela. Meu coração aperta ao ver o casal mais famoso do campus lá fora. Noah e Sophia estavam juntos novamente, sempre perfeitos, sempre inseparáveis.

— Chegou cedo — comentou uma voz familiar.

Me viro e vejo a professora Hika entrando na sala. Ela carregava alguns livros e me olhava com aquele olhar atencioso, como se tentasse decifrar o que se passava na minha cabeça.

— É... Eu queria ficar um pouco sozinho — respondo, voltando o olhar para a janela.

— Está tudo bem?

Hika era uma professora legal, do tipo que realmente se importava com os alunos. Sempre tentava ajudar de alguma forma. Mas, dessa vez, não havia nada que ela pudesse fazer.

Minha atenção volta para fora, e lá estão eles novamente. Noah segurava Sophia pela cintura enquanto a beijava, como se ela fosse a única coisa no mundo que importava. Era a terceira vez naquela semana que eu via aquela cena. Como se a vida quisesse esfregar na minha cara que eu nunca vou ter ela.

Engulo seco, forçando um sorriso fraco antes de me virar para a professora.

— Tá sim.

Ela hesitou, como se quisesse dizer algo, mas apenas assentiu antes de sair da sala.

Algumas horas mais tarde...

Ando pelo pátio vazio, passando as mãos pelo cabelo em frustração.

— Ahh! — solto um suspiro exasperado, levando as mãos à cabeça.

A cena de Sophia e Noah se beijando na entrada da escola não saia da minha mente. E o pior? Eu realmente achei que ela notaria que eu estava mal. Que viria falar comigo. Me sinto patético. Mas a verdade é que ela nem me viu.

Acabou.

Fecho os olhos por um instante, e a cena se forma diante de mim.

Sophia tropeça, mas se apoia em Noah para evitar a queda.

— O que foi, Sophi? — pergunta ele, segurando-a com firmeza. — Está tudo bem?

— Está sim, graças a você — ela sorri, os olhos brilhando. — Meu herói, você merece um beijo.

— Mas... bem aqui? — Noah hesita, olhando ao redor.

— Sim, algum problema?

— E aquele cara que vivia grudado em você?

Sophia solta uma risadinha.

— Ah, o Lucas? — ela dá de ombros. — Ele é só um amigo de infância. Agora você é meu namorado, então não faz sentido ter ele grudado em mim.

Abro os olhos de repente, balançando a cabeça com força.

— Cara, eu tenho que parar de me auto sabotar... — murmuro para mim mesmo.

Mais tarde, no fim das aulas...

O céu, antes apenas nublado, agora estava completamente cinza. Raios cortavam a paisagem distante, e o vento gelado carregava o cheiro de terra molhada.

— Caramba... — murmuro, olhando para cima. Grossas gotas de chuva começavam a cair. — Logo hoje que esqueci meu guarda-chuva, vai chover...

— Não se preocupe, eu trouxe o meu — comenta Gabriel ao meu lado, balançando um pequeno guarda-chuva preto.

Levanto uma sobrancelha, analisando aquele objeto minúsculo.

— Ah tá... — digo, irônico. — E nós vamos dividir isso aí, agarradinhos?

— Para de reclamar! — grita Gabriel, enquanto eu me sento no último degrau da escada da entrada da escola.

O som da chuva agora era constante, e o vento fazia as árvores balançarem violentamente.

— Cara, hoje tô tendo um daqueles dias... — bufo. — E parece que só vai piorar. Olha só essa chuva.

— Cara, pois eu tô tendo um dia ótimo! — Lucas sorri, empolgado. — Consegui hulsha um gacha e peguei uma skin lendária!

Reviro os olhos.

— Bom para você...

Gabriel ignora meu tom de desdém e continua sorrindo.

— Então, cara, eu vou indo. Tenho um encontro hoje.

Levanto a cabeça, curioso.

— Hum... Conseguiu chamar a Maria do sexto período para sair, é?

— Sim! E ela aceitou. Então, vou me arrumar para minha noite romântica.

Antes que eu possa responder, uma voz animada interrompe nossa conversa.

— Sai da frente, perdedor! — Lara surge de repente, empurrando Gabriel de leve.

— Ah, amor, você está aí! — Gabriel sorri ao vê-la.

Eu pisquei algumas vezes.

— Amor? — Gabriel pergunta, confuso.

— Depois te explico.

Lara cruza os braços.

— Olha, hoje não vai dar pra gente se ver.

— Ah é? Por quê?

— Vou sair com as minhas amigas. Vamos num karaokê.

— Ok.

— Tchau! — ela diz, saindo saltitando em direção à chuva.

Gabriel a observa ir embora e depois se vira para mim, rindo.

— Aí, maluco... que cara é essa? Você perdeu sua amiga de infância que era linda e fofinha, mas ganhou essa garota que é linda e gostosa! Tá reclamando de barriga cheia.

Eu apenas suspiro, encarando a chuva.

— Cara, eu poderia viver só com o monóxido de carbono da Lara... — comenta Gabriel, babando.

Me permito rir de leve antes de responder, minha voz carregada de um vazio estranho.

— Cara... eu sou o próprio monóxido de carbono.

Gabriel franze o cenho.

— Como assim?

Mantenho meu olhar fixo na chuva que caía.

— Ninguém precisa de mim.

O trovão corta o céu, e o som da chuva engrossando se mistura ao silêncio pesado entre nós.

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