Lucas narrando
— L-Lara… — chamei, sentindo meu rosto esquentar mais do que deveria. — O que foi, mozão? — ela perguntou, inclinando-se levemente para sussurrar no meu ouvido com aquela voz sensual de antes. — S-seus s-seios estão… — gaguejei, desviando o olhar enquanto o calor subia pelo meu rosto. — E-estão encostando… Aí, que calorão, meu Pai… Lara soltou uma risada suave e continuou a falar próximo ao meu ouvido: — Não se preocupe com isso… — a voz dela era baixa, mas carregava uma malícia que me deixava ainda mais desconfortável. — Nem com nada. Eu vou me esforçar para ser a melhor namorada do mundo, então conto com você, hein. — Pera, pera aí! — exclamei, afastando meu rosto dela. — Você realmente aceitaria um cara como eu? Lara narrando Eu mal pude conter o sorriso enquanto percebia as pessoas ao redor começando a se juntar. Meu plano estava funcionando melhor do que eu esperava. — Olha só, mozão… — provoquei, apontando com o queixo para o pequeno grupo que começava a nos observar de longe. — Tá funcionando. Lucas olhou ao redor, os olhos arregalados ao notar as pessoas cochichando e lançando olhares curiosos. Ele claramente não sabia o que fazer com aquilo. — Tá, mas vamos com calma, que é minha primeira vez… — ele murmurou, tentando se afastar de mim, visivelmente desconfortável. — Essa história toda me deu mó sede. Vou comprar um refrigerante. Eu segurei um risinho, mas decidi entrar no jogo. — Eu vou querer um suco de caixinha, tá? — pedi, sorrindo de maneira doce. — De laranja, meu amor. — Pisquei para ele, aumentando a encenação para os nossos espectadores. — Agora que estamos namorando… — fiz questão de levantar a voz o suficiente para que todos em volta ouvissem. — Você pode comprar um para mim também. Lucas revirou os olhos, mas se levantou sem protestar e foi em direção às máquinas de venda. Conforme ele se afastava, as pessoas que nos observavam começaram a se dispersar aos poucos. Soltei um suspiro aliviado, mas não pude evitar o aperto no peito. Noah. Ele era tudo o que eu queria, e esse plano maluco era minha única chance de conquistá-lo. “Eu só não quero que ninguém roube o Noah de mim…”, pensei, sentindo uma onda de tristeza invadir meu peito. Olhei para o chão por um instante e suspirei novamente. — Também é minha primeira vez, sabia? — murmurei, baixinho, para ninguém ouvir. Lucas narrando Caminhei pelo corredor até a máquina de refrigerantes, ainda tentando processar tudo aquilo. Foi quando ouvi vozes conhecidas. Virei discretamente na direção delas e meus olhos se arregalaram ao reconhecer Noah e Sophia. Eles estavam de mãos dadas, parados próximos à entrada de outra sala. — Obrigado por aceitar meu pedido. — A voz de Noah era gentil, mas segura. Sophia sorriu para ele, e eu pude ouvir sua resposta clara como o dia: — Eu fico feliz quando estou com você. Meu coração apertou como se alguém tivesse acabado de cravar uma faca nele. — O quê? É sério isso? — sussurrei para mim mesmo, escondendo-me para que eles não me vissem. Noah deu um passo mais próximo dela e segurou seu rosto com delicadeza. — Eu também fico muito feliz quando estou com você, Sophi. Sophia sorriu ainda mais. — Posso te chamar de Sophi? — ele perguntou, a voz soando como um sussurro cheio de carinho. — Claro que pode — respondeu ela, com um brilho nos olhos. — Você é meu namorado agora, então pode me chamar do que quiser. E, como se aquilo não fosse devastador o suficiente, eles se beijaram. Foi um beijo suave, mas carregado de emoção, e tudo dentro de mim parecia ruir naquele instante. “Não pode ser…”, pensei, tentando ignorar a onda de tristeza e confusão que me invadia. “A gente era só amigo… Não pensei que esse tipo de cena ia me afetar assim.” Sem conseguir suportar mais, virei as costas e corri de volta para o corredor onde Lara estava me esperando. Cada passo parecia mais pesado, e as palavras trocadas entre Noah e Sophia continuavam ecoando na minha mente. Ao chegar perto de Lara, a voz dela me chamou de volta à realidade. — E aí, mozão? Tá tudo bem? — perguntou, inclinando a cabeça para me observar melhor. Respirei fundo, tentando esconder o nó na garganta. Entrego seu suco sem fala nada e saio. “Eu não pensei que isso fosse tão difícil”, murmurei para mim mesmo enquanto sentia o coração apertar ainda mais. Lara narrando A quadra estava praticamente vazia, exceto por mim e Lucas. O eco dos meus passos foi abafado pelo silêncio, e lá estava ele, sentado contra a parede, abraçado aos joelhos com a cabeça enfiada entre eles. Ele parecia tão derrotado que, por um momento, pensei em deixá-lo quieto. Mas, sinceramente, desistir não era meu estilo. — E aí? Vai falar o que aconteceu? — perguntei, me aproximando. — Me deixa, vai — respondeu, sem nem me olhar. — É o Noah e a Sophia, né? — Insisti, cruzando os braços. Ele permaneceu em silêncio, mas seu corpo tenso confirmou minha suspeita. Suspirei, rolando os olhos. — Olha, vamos nos empenhar no plano e tudo vai dar certo. Ele continuou sem reagir, o que começou a me irritar. Bufei alto. — Até quando vai ficar aí igual um perdedor? — imitei a voz dele com um tom sarcástico. — “Olha só, eu sou o Lucas, um virgão que está admitindo minha derrota e entregando minha amada de mão beijada pro Noah, o cara mais lindo e popular da escola”. Patético! Ele finalmente levantou o olhar, e sua expressão era de pura irritação. — Olha, não tô pra brincadeiras — disse ele com a voz firme. — Tô realmente pra baixo... me deixa, vai. Suspirei, derrotada, mas não consegui simplesmente ir embora. Sentei ao lado dele e, sem pensar muito, comecei a fazer um cafuné em sua cabeça. — Tudo bem, meu benzinho... Ele afastou minha mão, erguendo a cabeça para me encarar. — Olha... — começou ele, franzindo o cenho. — Fazer bullying uma hora dessas é baixo até pra você. Dei uma risada curta. — Não é bullying, tô falando sério. — Olhei para ele com um sorriso travesso. — Me ajuda, vai! Vamos fingir ser um casal de verdade. Se der certo, a gente ganha um “feliz para sempre”. Ele parecia relaxar um pouco, embora ainda não estivesse totalmente convencido. — Até porque — continuei, cutucando seu braço de leve —, a gente não tem nada a perder. — É, mas não sei se consigo... — murmurou ele, desviando o olhar. Revirei os olhos e, antes que ele pudesse continuar com as desculpas, agarrei seu rosto, forçando-o a me olhar nos olhos. — Ficar triste e com medo não vai resolver seus problemas, não é? Lucas narrando Ela estava tão perto que não tive como evitar reparar nos detalhes. Seus olhos brilhavam de forma quase desafiadora, e a luz fraca que vinha das janelas da quadra acentuava a curva suave de suas bochechas. Nossa, olhando assim mais de perto... ela é muito linda. — Não dá pra evitar... — disse, gaguejando um pouco. — É que não tenho a mesma experiência que você. Ela riu, balançando a cabeça enquanto se levantava. — Isso não tem nada a ver — rebateu. — Se quer fazer alguma coisa, vai e se j**a. Tá querendo o quê? Ficar virgem pra sempre? Antes que eu pudesse responder, meu celular começou a tocar. Peguei do bolso e atendi rapidamente. — Alô? — E aí, meu mano, cadê você? — era Gabriel. — Não te vi na sala no primeiro período. Tá ligado que tem prova agora no segundo período, né? — Sim, já tô indo. — Desliguei e guardei o telefone. Virei-me para Lara. — Tenho que ir. Tem uma prova agora. Lara narrando Enquanto ele falava ao telefone, percebi que algumas pessoas haviam entrado na quadra e nos observavam de longe. Um pequeno grupo começava a se formar. — Não acredito que vai sair assim — falei alto, para que todos ouvissem. Ele franziu a testa, confuso. — Uai, você quer que eu faça o quê? — perguntou, com um tom levemente irritado. Suspirei, apontando para o meu rosto com um olhar exagerado. — Quero um beijo. — Sério? — Não, claro que é sério, seu idiota. — Sorri maliciosamente, provocando-o. — Tá todo mundo olhando. É a hora perfeita. Ou o virgão acha que não dá conta? Ele congelou no lugar, os olhos arregalados. Então, aproveitei a deixa para continuar provocando. — É, acho que não dá conta. — Cruzei os braços e dei de ombros, aumentando o tom de voz. — Desse jeito, você nunca vai ter um relacionamento. E, com certeza, nunca vai ter a Sophia pra você. Era óbvio que minhas palavras o atingiram. Ele respirou fundo, hesitou por um momento, mas então, surpreendentemente, avançou. — Tá. Depois não reclame. Lucas narrando Antes que eu pudesse pensar muito, puxei Lara para perto. Sua expressão de surpresa só durou um segundo antes de ser substituída por aquele sorriso malicioso que ela sempre usava. Com uma mão, segurei firme em sua cintura, enquanto com a outra ergui seu queixo, fazendo-a olhar diretamente para mim. Ela piscou rapidamente, e, por um breve instante, parecia tão surpresa quanto eu me sentia. Mas, ignorando qualquer dúvida, inclinei-me e a beijei. O toque inicial foi suave, mas logo se tornou mais intenso, quente. Sua boca era macia, e o gosto de seu gloss de morango ficou gravado em minha mente. Eu mal conseguia acreditar no que estava acontecendo, e, ao mesmo tempo, sentia o peso dos olhares ao nosso redor. Quando nos afastamos, Lara tinha um sorriso satisfeito no rosto, enquanto eu tentava processar o que acabara de acontecer. Lara narrando Senti minha respiração um pouco acelerada e meus lábios ainda formigando do beijo. Lucas realmente tinha uma pegada forte. — Nada mal, virgão... nada mal mesmo. — Sorri, dando um tapinha em seu peito.Lucas Narrando Não acredito que a gente se beijou de verdade. E o mais inacreditável é que ela não recuou, ela deixou que eu a beijasse e ainda retribuiu o beijo. "Será que fui bem?" Penso, batendo os dedos na mesa. — Ei — Gabriel, me cutuca, fazendo voltar para a realidade. — Desculpa, cara, tava tentando passar a matéria da prova mentalmente. — Blz, — disse Gabriel. — Mas e aí, onde você estava no primeiro período? Não te vi, achei que tinha morrido! "Eu estava na quadra, beijando a Lara" penso "mas não posso te falar isso. Pelo menos não agora." Lara Narrando Continuei sorrindo até o Virgão sumir do meu campo de visão e, quando isso aconteceu, caí de joelhos. — Seu virgão idiota, digo para mim mesma. Eu não disse que era para ser na boca! No dia seguinte... Lucas Narrando — Lucas, Lucas, eu podia ouvir em alto e bom som a voz de Sophia me chamando. — Acorda, Luquinhas, se não vou ter que te dar um beijinho para te acordar! — Aí, que soninho, digo, fazend
Lara narrando “Nossa, Noah… Que coincidência te encontrar aqui!” Enquanto caminho pelo salão do karaokê, com as luzes piscando e a música ambiente preenchendo o ar, me deparo com Noah encostado em uma das paredes, sorrindo timidamente. Ele veste aquela jaqueta casual que sempre me faz lembrar do verão, e seus olhos se arregalam por um instante quando me vê. — É mesmo? — diz ele, com um tom sem graça, enquanto ajeita os fones de ouvido. A música aumenta e, de repente, Noah começa a cantar: — “Oh, my darling, your English is perfect…” Não pude evitar soltar uma risada debochada e, com um sorriso largo, exclamo: — Nossa, Noah, seu inglês é perfeito! Parece até que você é um americano! Ele cora e, meio envergonhado, interrompe a canção: — Para com isso, Lara… Não sou tão bom assim. Mas, olha, eu sei que você é bem melhor. Enquanto fala, ele me estende o microfone com um gesto brincalhão. — Toma aqui — diz, e eu, toda abobada, recebo o aparelho com um misto de surpres
Lucas narrando— Alô? — digo enquanto me levanto devagar e caminho em direção à saída do local. — Sério que ela fez isso?O ambiente ainda está impregnado do calor do beijo e do toque de Lara, e sinto seus traços na minha pele enquanto me afasto. Ela não diz nada, e a indiferença pesa em cada passo.— Cara, você me salvou. — digo — Como assim, te salvei? — ele pergunta, com aquele tom que mistura surpresa e preocupação.— Depois te conto. Agora, tenho que desligar — respondo rapidamente, enquanto meu pensamento se perde: "Droga, o que foi aquilo?"Lara narrandoMeu coração bate descompassado, e eu me pego sem saber explicar a velocidade com que ele pulsa. — Será que é por causa do beijo? — balanço a cabeça em negação, tentando expulsar o pensamento que insiste — Não, isso não faz sentido...Mas a verdade se recusa a ser ignorada.Lucas narrandoalgumas horas depois...escuto uma voz me chamando com urgência:— "Lucas!" — A voz cresce em volume, clara e insistente. Reconheço imediat
Perspectiva de Lara Outro estrondo cortou o silêncio da casa, seguido de um clarão intenso que iluminou por um breve momento a sala. Meu coração disparou, e antes que eu pudesse raciocinar, senti meu corpo reagir no instinto do medo. — O que foi? — Lucas perguntou no escuro. — A energia acabou? Vi seu vulto se mexer, prestes a se virar completamente. Num impulso, me joguei sobre ele. O impacto nos fez tombar para trás, afundando no sofá. Lucas caiu por baixo, e eu sobre ele, sentindo seu peito quente contra meu rosto. O tempo pareceu desacelerar. Sua pele nua estava quente, firme. Seu cheiro era tão bom, amadeirado, misturado com um resquício de sabonete e algo que era unicamente dele. Meu pijama estava desabotoado, expondo parte da minha barriga, e a forma como meu corpo estava colado ao dele me fez perceber um detalhe alarmante: ele estava sem camisa. Por um momento, fiquei ali, sentindo sua respiração acelerada, minha própria mente um caos. O calor do seu corpo se mistura
Lara narrando — Ah! Achei. — Meu tom foi animado ao encontrar o que procurava. — O q-que é i-isso? — Lucas gaguejou, olhando para o pequeno objeto em minha mão. — Uma vela de aromaterapia sem fogo. Ganhei de uma amiga hoje cedo. — Respondi enquanto uma lembrança tomou conta da minha mente. Flashback — Feliz dois anos de amizade! — minha amiga disse, me entregando um pacote pequeno e colorido. — O pacote com três estava em promoção, então aproveitei! Flashback off Liguei a vela, e por um instante, tanto eu quanto Lucas ficamos apenas olhando para a chama artificial, enquanto um aroma adocicado e suave começou a se espalhar pela sala. — Que gostoso. — Quebrei o silêncio, inalando o cheiro delicado no ar. — Esse cheirinho é muito bom. Lucas riu de leve. — Só você mesmo… — Pelo jeito, os garotos não têm esse tipo de coisa, né? Ele deu de ombros, e o silêncio voltou a reinar entre nós. O aroma da vela preenchia o ambiente de maneira reconfortante, tornando tudo mais
No dia seguinte... Lara Narrando O sol da manhã iluminava o campus, refletindo nos cabelos avermelhados de Mel, que estava sentada ao meu lado na arquibancada próxima à quadra esportiva. Ela girava distraidamente uma mecha do cabelo entre os dedos enquanto me olhava com um sorriso de quem sabe mais do que diz. — Nossa, Mel — soltei, rindo. — Você é perfeita, boa nos esportes, toca piano muito bem e ainda arrasa com os meninos. — Por isso sou uma das três mais populares do campus — respondeu ela com um olhar convencido, mas bem-humorado. — Mas fala aí, você tá bem? Meu sorriso murchou um pouco. Desviei o olhar para o chão, chutando de leve uma pedrinha próxima ao meu pé. — Você percebeu, né? — murmurei. — Sim — disse sem hesitar. — Mas não sei o motivo. Ela inclinou levemente a cabeça, estudando minha expressão.<
Lucas estava sentado no terceiro degrau da escada que levava à entrada principal do prédio da faculdade. Os corredores já estavam quase desertos, e a luz amarelada do entardecer entrava pelas grandes janelas, projetando sombras longas no chão. Em suas mãos, o celular, inclinado em um ângulo estratégico, exibia os gráficos vibrantes de eFootball. Ele mantinha o olhar fixo na tela, os dedos deslizando freneticamente sobre os botões virtuais enquanto coordenava ataques rápidos. — Vai, vai, passa pra ele! — murmurou, inclinando levemente o corpo como se isso pudesse ajudar seu atacante digital a driblar o goleiro adversário. Ao seu lado, Gabriel, seu melhor amigo, observava a partida com olhos atentos. Gabriel era o oposto de Lucas em vários aspectos. Enquanto Lucas era alto, magro e usava óculos de armação grossa, Gabriel era um pouco mais baixo, com cabelo bagunçado que parecia nunca ter visto um pente. Ele vestia uma camiseta preta com o logo de uma banda de rock dos anos 80 que
O som estridente do sinal ecoou pelos corredores, anunciando o início das aulas. Lucas correu pelos azulejos brilhantes do corredor principal, ainda com o celular em mãos. — Fala sério! — esbravejou, parando subitamente para ajustar a mochila. — Eu achei que daria tempo de jogar mais uma! — Ele bufou, guardando o celular no bolso de trás da calça jeans. — Agora vou ter que esperar até o intervalo pra pegar aquele jogador. Gabriel, que caminhava ao seu lado com uma expressão relaxada, apenas colocou uma mão no ombro do amigo, lançando-lhe um olhar simpático que parecia dizer: "sinto muito, cara." — Valeu pela solidariedade — murmurou Lucas com sarcasmo. Os dois seguiram juntos pelo corredor até o momento em que se separaram, cada um indo para sua respectiva sala. Lucas entrou na sua turma e foi direto para o fundo da sala, seu lugar habitual. Ele gostava de sentar ali, onde podia observar tudo sem ser notado. A sala era ampla, com janelas altas que deixavam entrar a luz da ma