4

Lucas narrando

— L-Lara… — chamei, sentindo meu rosto esquentar mais do que deveria.

— O que foi, mozão? — ela perguntou, inclinando-se levemente para sussurrar no meu ouvido com aquela voz sensual de antes.

— S-seus s-seios estão… — gaguejei, desviando o olhar enquanto o calor subia pelo meu rosto. — E-estão encostando… Aí, que calorão, meu Pai…

Lara soltou uma risada suave e continuou a falar próximo ao meu ouvido:

— Não se preocupe com isso… — a voz dela era baixa, mas carregava uma malícia que me deixava ainda mais desconfortável. — Nem com nada. Eu vou me esforçar para ser a melhor namorada do mundo, então conto com você, hein.

— Pera, pera aí! — exclamei, afastando meu rosto dela. — Você realmente aceitaria um cara como eu?

Lara narrando

Eu mal pude conter o sorriso enquanto percebia as pessoas ao redor começando a se juntar. Meu plano estava funcionando melhor do que eu esperava.

— Olha só, mozão… — provoquei, apontando com o queixo para o pequeno grupo que começava a nos observar de longe. — Tá funcionando.

Lucas olhou ao redor, os olhos arregalados ao notar as pessoas cochichando e lançando olhares curiosos. Ele claramente não sabia o que fazer com aquilo.

— Tá, mas vamos com calma, que é minha primeira vez… — ele murmurou, tentando se afastar de mim, visivelmente desconfortável. — Essa história toda me deu mó sede. Vou comprar um refrigerante.

Eu segurei um risinho, mas decidi entrar no jogo.

— Eu vou querer um suco de caixinha, tá? — pedi, sorrindo de maneira doce. — De laranja, meu amor. — Pisquei para ele, aumentando a encenação para os nossos espectadores. — Agora que estamos namorando… — fiz questão de levantar a voz o suficiente para que todos em volta ouvissem. — Você pode comprar um para mim também.

Lucas revirou os olhos, mas se levantou sem protestar e foi em direção às máquinas de venda. Conforme ele se afastava, as pessoas que nos observavam começaram a se dispersar aos poucos. Soltei um suspiro aliviado, mas não pude evitar o aperto no peito.

Noah. Ele era tudo o que eu queria, e esse plano maluco era minha única chance de conquistá-lo.

“Eu só não quero que ninguém roube o Noah de mim…”, pensei, sentindo uma onda de tristeza invadir meu peito. Olhei para o chão por um instante e suspirei novamente.

— Também é minha primeira vez, sabia? — murmurei, baixinho, para ninguém ouvir.

Lucas narrando

Caminhei pelo corredor até a máquina de refrigerantes, ainda tentando processar tudo aquilo. Foi quando ouvi vozes conhecidas. Virei discretamente na direção delas e meus olhos se arregalaram ao reconhecer Noah e Sophia. Eles estavam de mãos dadas, parados próximos à entrada de outra sala.

— Obrigado por aceitar meu pedido. — A voz de Noah era gentil, mas segura.

Sophia sorriu para ele, e eu pude ouvir sua resposta clara como o dia:

— Eu fico feliz quando estou com você.

Meu coração apertou como se alguém tivesse acabado de cravar uma faca nele.

— O quê? É sério isso? — sussurrei para mim mesmo, escondendo-me para que eles não me vissem.

Noah deu um passo mais próximo dela e segurou seu rosto com delicadeza.

— Eu também fico muito feliz quando estou com você, Sophi.

Sophia sorriu ainda mais.

— Posso te chamar de Sophi? — ele perguntou, a voz soando como um sussurro cheio de carinho.

— Claro que pode — respondeu ela, com um brilho nos olhos. — Você é meu namorado agora, então pode me chamar do que quiser.

E, como se aquilo não fosse devastador o suficiente, eles se beijaram. Foi um beijo suave, mas carregado de emoção, e tudo dentro de mim parecia ruir naquele instante.

“Não pode ser…”, pensei, tentando ignorar a onda de tristeza e confusão que me invadia. “A gente era só amigo… Não pensei que esse tipo de cena ia me afetar assim.”

Sem conseguir suportar mais, virei as costas e corri de volta para o corredor onde Lara estava me esperando. Cada passo parecia mais pesado, e as palavras trocadas entre Noah e Sophia continuavam ecoando na minha mente.

Ao chegar perto de Lara, a voz dela me chamou de volta à realidade.

— E aí, mozão? Tá tudo bem? — perguntou, inclinando a cabeça para me observar melhor.

Respirei fundo, tentando esconder o nó na garganta. Entrego seu suco sem fala nada e saio.

“Eu não pensei que isso fosse tão difícil”, murmurei para mim mesmo enquanto sentia o coração apertar ainda mais.

Lara narrando

A quadra estava praticamente vazia, exceto por mim e Lucas. O eco dos meus passos foi abafado pelo silêncio, e lá estava ele, sentado contra a parede, abraçado aos joelhos com a cabeça enfiada entre eles. Ele parecia tão derrotado que, por um momento, pensei em deixá-lo quieto. Mas, sinceramente, desistir não era meu estilo.

— E aí? Vai falar o que aconteceu? — perguntei, me aproximando.

— Me deixa, vai — respondeu, sem nem me olhar.

— É o Noah e a Sophia, né? — Insisti, cruzando os braços. Ele permaneceu em silêncio, mas seu corpo tenso confirmou minha suspeita. Suspirei, rolando os olhos. — Olha, vamos nos empenhar no plano e tudo vai dar certo.

Ele continuou sem reagir, o que começou a me irritar. Bufei alto.

— Até quando vai ficar aí igual um perdedor? — imitei a voz dele com um tom sarcástico. — “Olha só, eu sou o Lucas, um virgão que está admitindo minha derrota e entregando minha amada de mão beijada pro Noah, o cara mais lindo e popular da escola”. Patético!

Ele finalmente levantou o olhar, e sua expressão era de pura irritação.

— Olha, não tô pra brincadeiras — disse ele com a voz firme. — Tô realmente pra baixo... me deixa, vai.

Suspirei, derrotada, mas não consegui simplesmente ir embora. Sentei ao lado dele e, sem pensar muito, comecei a fazer um cafuné em sua cabeça.

— Tudo bem, meu benzinho...

Ele afastou minha mão, erguendo a cabeça para me encarar.

— Olha... — começou ele, franzindo o cenho. — Fazer bullying uma hora dessas é baixo até pra você.

Dei uma risada curta.

— Não é bullying, tô falando sério. — Olhei para ele com um sorriso travesso. — Me ajuda, vai! Vamos fingir ser um casal de verdade. Se der certo, a gente ganha um “feliz para sempre”.

Ele parecia relaxar um pouco, embora ainda não estivesse totalmente convencido.

— Até porque — continuei, cutucando seu braço de leve —, a gente não tem nada a perder.

— É, mas não sei se consigo... — murmurou ele, desviando o olhar.

Revirei os olhos e, antes que ele pudesse continuar com as desculpas, agarrei seu rosto, forçando-o a me olhar nos olhos.

— Ficar triste e com medo não vai resolver seus problemas, não é?

Lucas narrando

Ela estava tão perto que não tive como evitar reparar nos detalhes. Seus olhos brilhavam de forma quase desafiadora, e a luz fraca que vinha das janelas da quadra acentuava a curva suave de suas bochechas. Nossa, olhando assim mais de perto... ela é muito linda.

— Não dá pra evitar... — disse, gaguejando um pouco. — É que não tenho a mesma experiência que você.

Ela riu, balançando a cabeça enquanto se levantava.

— Isso não tem nada a ver — rebateu. — Se quer fazer alguma coisa, vai e se j**a. Tá querendo o quê? Ficar virgem pra sempre?

Antes que eu pudesse responder, meu celular começou a tocar. Peguei do bolso e atendi rapidamente.

— Alô?

— E aí, meu mano, cadê você? — era Gabriel. — Não te vi na sala no primeiro período. Tá ligado que tem prova agora no segundo período, né?

— Sim, já tô indo. — Desliguei e guardei o telefone. Virei-me para Lara. — Tenho que ir. Tem uma prova agora.

Lara narrando

Enquanto ele falava ao telefone, percebi que algumas pessoas haviam entrado na quadra e nos observavam de longe. Um pequeno grupo começava a se formar.

— Não acredito que vai sair assim — falei alto, para que todos ouvissem.

Ele franziu a testa, confuso.

— Uai, você quer que eu faça o quê? — perguntou, com um tom levemente irritado.

Suspirei, apontando para o meu rosto com um olhar exagerado.

— Quero um beijo.

— Sério?

— Não, claro que é sério, seu idiota. — Sorri maliciosamente, provocando-o. — Tá todo mundo olhando. É a hora perfeita. Ou o virgão acha que não dá conta?

Ele congelou no lugar, os olhos arregalados. Então, aproveitei a deixa para continuar provocando.

— É, acho que não dá conta. — Cruzei os braços e dei de ombros, aumentando o tom de voz. — Desse jeito, você nunca vai ter um relacionamento. E, com certeza, nunca vai ter a Sophia pra você.

Era óbvio que minhas palavras o atingiram. Ele respirou fundo, hesitou por um momento, mas então, surpreendentemente, avançou.

— Tá. Depois não reclame.

Lucas narrando

Antes que eu pudesse pensar muito, puxei Lara para perto. Sua expressão de surpresa só durou um segundo antes de ser substituída por aquele sorriso malicioso que ela sempre usava. Com uma mão, segurei firme em sua cintura, enquanto com a outra ergui seu queixo, fazendo-a olhar diretamente para mim.

Ela piscou rapidamente, e, por um breve instante, parecia tão surpresa quanto eu me sentia. Mas, ignorando qualquer dúvida, inclinei-me e a beijei.

O toque inicial foi suave, mas logo se tornou mais intenso, quente. Sua boca era macia, e o gosto de seu gloss de morango ficou gravado em minha mente. Eu mal conseguia acreditar no que estava acontecendo, e, ao mesmo tempo, sentia o peso dos olhares ao nosso redor.

Quando nos afastamos, Lara tinha um sorriso satisfeito no rosto, enquanto eu tentava processar o que acabara de acontecer.

Lara narrando

Senti minha respiração um pouco acelerada e meus lábios ainda formigando do beijo. Lucas realmente tinha uma pegada forte.

— Nada mal, virgão... nada mal mesmo. — Sorri, dando um tapinha em seu peito.

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