O som estridente do sinal ecoou pelos corredores, anunciando o início das aulas. Lucas correu pelos azulejos brilhantes do corredor principal, ainda com o celular em mãos.
— Fala sério! — esbravejou, parando subitamente para ajustar a mochila. — Eu achei que daria tempo de jogar mais uma! — Ele bufou, guardando o celular no bolso de trás da calça jeans. — Agora vou ter que esperar até o intervalo pra pegar aquele jogador. Gabriel, que caminhava ao seu lado com uma expressão relaxada, apenas colocou uma mão no ombro do amigo, lançando-lhe um olhar simpático que parecia dizer: "sinto muito, cara." — Valeu pela solidariedade — murmurou Lucas com sarcasmo. Os dois seguiram juntos pelo corredor até o momento em que se separaram, cada um indo para sua respectiva sala. Lucas entrou na sua turma e foi direto para o fundo da sala, seu lugar habitual. Ele gostava de sentar ali, onde podia observar tudo sem ser notado. A sala era ampla, com janelas altas que deixavam entrar a luz da manhã, iluminando os detalhes do ambiente. As paredes eram decoradas com cartazes de eventos do Campus e mapas mundiais já um pouco desbotados. O cheiro de café e papel novo pairava no ar, misturado ao murmúrio dos alunos que se acomodavam em seus lugares. Lucas largou a mochila ao lado da carteira e afundou-se na cadeira, ajeitando o cabelo bagunçado. Ao seu lado, como sempre, estava Sophia, sua amiga de infância. Ela já estava com o material organizado sobre a mesa, rabiscando algo no caderno com sua caneta colorida. — Acorda, Lucas! — disse Sophia, cutucando-o com o cotovelo. Lucas soltou um resmungo e virou o rosto lentamente para ela. Sophia estava sorrindo, os olhos brilhando com uma animação contagiante. — Hoje é um grande dia. Acho que algo especial vai acontecer — falou ela, empolgada. Lucas arqueou uma sobrancelha e cruzou os braços, tentando esconder a leve curiosidade que as palavras dela despertaram. — Você e suas previsões… Sophia riu, inclinando-se levemente para ele. Enquanto ela se ajeitava na cadeira, Lucas desviou o olhar, tentando parecer distraído, mas os pensamentos fervilhavam em sua mente. Eu queria que você prevesse que nós dois ficássemos juntos… Ele suspirou internamente. Eu não sou bom com as garotas, refletiu. Só de pensar em falar com elas, eu fico me tremendo todo. Mas com a Sophia é diferente... Ela é minha amiga de infância. Meu primeiro amor. E dizem que o primeiro amor nunca acontece, mas se as coisas continuarem assim, eu já ficarei feliz. — Eu fico tímida perto de garotos — comentou Sophia de repente, puxando Lucas de volta à realidade. Ele piscou, confuso por um momento, e a encarou. — Mas com você é diferente — continuou ela, abrindo um sorriso sincero. — É como se eu pudesse falar tudo o que eu quisesse. Lucas sentiu o coração acelerar com as palavras dela, mas manteve a expressão neutra, como se não significassem nada de especial. Antes que ele pudesse formular uma resposta, o professor entrou na sala, chamando a atenção de todos com seu passo firme e sua pilha de livros. Sophia se virou para frente, ajeitando-se para prestar atenção na aula. Lucas, por outro lado, continuou olhando para ela por alguns segundos, perdido nos próprios pensamentos. Cara, para de fantasiar, repreendeu-se mentalmente. Ela só fala com você porque você está na Friendzone. Ele soltou um suspiro discreto, endireitou-se na cadeira e abriu o caderno, tentando focar no que quer que o professor estivesse dizendo. E assim, a manhã começou, com Lucas preso entre as expectativas da realidade e as esperanças que ele sabia que eram apenas sonhos distantes. No dia seguinte... O corredor do Campus estava movimentado, com alunos indo e vindo entre as salas. As vozes se misturavam em uma cacofonia de conversas animadas, passos apressados e o som ocasional de risadas. Lucas andava distraído, os fones de ouvido pendurados no pescoço enquanto ajustava a alça da mochila. Do outro lado do corredor, uma cena chamou atenção de todos. Noah, com seu sorriso impecável e sua presença que parecia atrair olhares automaticamente, caminhava de mãos dadas com Sophia. Seu cabelo loiro brilhava sob a luz do corredor, e sua expressão descontraída fazia parecer que ele era intocável, como se todo o ambiente girasse ao redor dele. Lucas só percebeu algo estranho quando os murmúrios ao redor aumentaram. Ele parou por um instante, franzindo o cenho, enquanto olhava ao redor, tentando entender o que havia causado tanto alvoroço. Noah parou em frente à porta da sala de Sophia, segurando sua mão com delicadeza. Os olhos castanhos dele encontraram os dela, que estavam iluminados por um misto de timidez e felicidade. Foi ótimo te acompanhar até aqui disse Noah, em um tom casual, mas com aquele charme natural. Sophia riu baixinho, as bochechas ficando levemente rosadas. Antes que ela pudesse responder, Noah se inclinou e a beijou, um gesto que fez o tempo parecer desacelerar para os que estavam ao redor. O corredor pareceu explodir em murmúrios mais altos e olhares curiosos. Lucas ficou paralisado no meio do caminho, os olhos fixos na cena. Ele sentiu algo pesado apertar seu peito, como se o chão estivesse desaparecendo sob seus pés. — Não pode ser... — murmurou para si mesmo, mas antes que pudesse processar o que sentia, um grito furioso ecoou atrás dele. — COMO ELE PODE FAZER ISSO?! Lucas se virou, confuso, e viu Lara parada não muito longe, com os olhos brilhando de raiva. Ela apertava os punhos, tremendo como uma panela de pressão prestes a explodir. Antes que ele pudesse sair do caminho, Lara avançou, agarrando-o pela gola da camisa. — Que isso, garota? Tá maluca?! — perguntou Lucas, arregalando os olhos enquanto tentava se soltar. Lara o encarou, os olhos faiscando de raiva. — Se eu tô maluca? — gritou, puxando-o ainda mais perto. — EU QUERO MATAR ALGUÉM! Lucas piscou, surpreso com a intensidade dela. — Tá... Tá bom, mas por quê? Ela apontou com o queixo para o fim do corredor, onde Noah e Sophia ainda estavam na porta da sala, trocando olhares carinhosos. — COMO ELE PODE PREFERIR AQUELA CDF AO INVÉS DE MIM?! — gritou Lara, tão alto que algumas pessoas próximas chegaram a parar para olhar. Lucas seguiu o olhar dela e congelou novamente. Ele já sabia o que veria, mas isso não tornava a cena menos dolorosa. Lá estava Sophia, sua amiga de infância, a garota por quem ele era apaixonado, sendo beijada pelo cara mais bonito e popular do Campus. O aperto no peito de Lucas ficou ainda mais forte, e ele desviou os olhos, engolindo em seco. — Não sei... — murmurou, tentando esconder a tristeza que o consumia, mas sua voz saiu mais fraca do que ele esperava. Lara, ainda segurando-o pela camisa, estreitou os olhos ao perceber a expressão dele. — O que foi? — perguntou, inclinando a cabeça. — Pera aí... — Um sorriso malicioso começou a surgir em seu rosto enquanto as peças se encaixavam. — Você gosta dela, não é? Da CDF! Lucas não respondeu, mas sua expressão de constrangimento e a maneira como desviou o olhar foram o suficiente para Lara. Ela soltou uma gargalhada alta e debochada. — É lógico que gosta! — exclamou, soltando a gola da camisa dele com um empurrão leve. — Os dois meio que se atraem, né? Nerd com nerd... combinação clássica. Lucas revirou os olhos, sentindo o constrangimento crescer. — Dá um tempo, vai... Mas antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, algo mudou na expressão de Lara. Ela franziu a testa por um momento, como se estivesse pensando, e então um brilho travesso iluminou seu rosto. — Pera aí... — começou ela, mais para si mesma do que para Lucas. Seus olhos estreitaram e um sorriso diabólico surgiu lentamente. — Acho que tive uma ideia. Lucas levantou uma sobrancelha, desconfiado. — Que ideia? Mas Lara não respondeu. Ela apenas cruzou os braços e lançou um último olhar para Noah e Sophia antes de voltar sua atenção para Lucas, com um plano começando a se formar em sua mente. E assim, as engrenagens do destino começaram a girar.Lara tamborilava os dedos impacientemente na lateral da perna enquanto observava Noah caminhar pelo corredor. Sua postura era impecável, e aquele sorriso – o sorriso que fazia todas as garotas perderem o fôlego – parecia ainda mais brilhante quando ele virou-se para Sophia, segurando sua mão com uma naturalidade irritante. Lara Narrando — Vamos fingir que estamos namorando — digo rompendo o silêncio ao meu redor. Lucas, que estava absorto tentando entender tudo o que acontecia, arregalou os olhos e a encarou, confuso. — O quê? Cruzei os braços e inclinei a cabeça, observando Sophia e Noah com um olhar afiado enquanto o casal se despedia. Noah, antes de partir, lançou uma piscadela para Sophia, o que fez as bochechas dela corarem. A cena fez o meu estômago embrulhar. — É isso mesmo que você ouviu — responde, e um sorriso malicioso foi se formando em meu rosto. — Nós fingimos que estamos juntos. Assim, o Noah finalmente me nota. — fiz uma pausa dramática antes de acrescent
Lucas narrando — L-Lara… — chamei, sentindo meu rosto esquentar mais do que deveria. — O que foi, mozão? — ela perguntou, inclinando-se levemente para sussurrar no meu ouvido com aquela voz sensual de antes. — S-seus s-seios estão… — gaguejei, desviando o olhar enquanto o calor subia pelo meu rosto. — E-estão encostando… Aí, que calorão, meu Pai… Lara soltou uma risada suave e continuou a falar próximo ao meu ouvido: — Não se preocupe com isso… — a voz dela era baixa, mas carregava uma malícia que me deixava ainda mais desconfortável. — Nem com nada. Eu vou me esforçar para ser a melhor namorada do mundo, então conto com você, hein. — Pera, pera aí! — exclamei, afastando meu rosto dela. — Você realmente aceitaria um cara como eu? Lara narrando Eu mal pude conter o sorriso enquanto percebia as pessoas ao redor começando a se juntar. Meu plano estava funcionando melhor do que eu esperava. — Olha só, mozão… — provoquei, apontando com o queixo para o pequeno grupo que começava a
Lucas Narrando Não acredito que a gente se beijou de verdade. E o mais inacreditável é que ela não recuou, ela deixou que eu a beijasse e ainda retribuiu o beijo. "Será que fui bem?" Penso, batendo os dedos na mesa. — Ei — Gabriel, me cutuca, fazendo voltar para a realidade. — Desculpa, cara, tava tentando passar a matéria da prova mentalmente. — Blz, — disse Gabriel. — Mas e aí, onde você estava no primeiro período? Não te vi, achei que tinha morrido! "Eu estava na quadra, beijando a Lara" penso "mas não posso te falar isso. Pelo menos não agora." Lara Narrando Continuei sorrindo até o Virgão sumir do meu campo de visão e, quando isso aconteceu, caí de joelhos. — Seu virgão idiota, digo para mim mesma. Eu não disse que era para ser na boca! No dia seguinte... Lucas Narrando — Lucas, Lucas, eu podia ouvir em alto e bom som a voz de Sophia me chamando. — Acorda, Luquinhas, se não vou ter que te dar um beijinho para te acordar! — Aí, que soninho, digo, fazend
Lara narrando “Nossa, Noah… Que coincidência te encontrar aqui!” Enquanto caminho pelo salão do karaokê, com as luzes piscando e a música ambiente preenchendo o ar, me deparo com Noah encostado em uma das paredes, sorrindo timidamente. Ele veste aquela jaqueta casual que sempre me faz lembrar do verão, e seus olhos se arregalam por um instante quando me vê. — É mesmo? — diz ele, com um tom sem graça, enquanto ajeita os fones de ouvido. A música aumenta e, de repente, Noah começa a cantar: — “Oh, my darling, your English is perfect…” Não pude evitar soltar uma risada debochada e, com um sorriso largo, exclamo: — Nossa, Noah, seu inglês é perfeito! Parece até que você é um americano! Ele cora e, meio envergonhado, interrompe a canção: — Para com isso, Lara… Não sou tão bom assim. Mas, olha, eu sei que você é bem melhor. Enquanto fala, ele me estende o microfone com um gesto brincalhão. — Toma aqui — diz, e eu, toda abobada, recebo o aparelho com um misto de surpres
Lucas estava sentado no terceiro degrau da escada que levava à entrada principal do prédio da faculdade. Os corredores já estavam quase desertos, e a luz amarelada do entardecer entrava pelas grandes janelas, projetando sombras longas no chão. Em suas mãos, o celular, inclinado em um ângulo estratégico, exibia os gráficos vibrantes de eFootball. Ele mantinha o olhar fixo na tela, os dedos deslizando freneticamente sobre os botões virtuais enquanto coordenava ataques rápidos. — Vai, vai, passa pra ele! — murmurou, inclinando levemente o corpo como se isso pudesse ajudar seu atacante digital a driblar o goleiro adversário. Ao seu lado, Gabriel, seu melhor amigo, observava a partida com olhos atentos. Gabriel era o oposto de Lucas em vários aspectos. Enquanto Lucas era alto, magro e usava óculos de armação grossa, Gabriel era um pouco mais baixo, com cabelo bagunçado que parecia nunca ter visto um pente. Ele vestia uma camiseta preta com o logo de uma banda de rock dos anos 80 que