Capítulo 6

Daryk

Quando aquela fêmea chegou mais perto, senti uma palpitação estranha em meu peito. Era uma bela fêmea, apesar de estar com meus sentidos fracos consegui sentir seu cheiro, era bom. Um aroma único que nunca senti antes. Era estranhamente sedutor.

Achei gracioso o rubor na sua face por eu estar nu, eu não me importava, mas os humanos tinham outros costumes. Não resisti em chegar mais perto para sentir mais. Os cabelos escuros com leve ondas me faziam querer tocá-lo, mas o que mais me atraiu foram seus olhos cor de jade. Foi o verde mais bonito que já vi, limpos, vivos. Seus lábios cheios em um tom rosa pálido eram terrivelmente sedutores.

Por um momento, esqueci de tudo e desejei prendê-la entre meus braços, abraçar suas curvas suaves tão bem expostas naquelas roupas levemente justas. Ela é pequena, delicada.

Será que aguentaria a minha dominância?

Duvidava.

Mas isso não estava certo. Quando ela me tocou, eu reagi inesperadamente. Eu nunca reagi tão rápido assim por um simples toque e isso me fez questionar sobre quem era essa fêmea. Não podia ser só sua beleza, tinha algo nela, mas sem a minha magia, sem o meu lobo, minhas percepções não eram confiáveis.

Agora estava ansioso por seu retorno, ela disse que iria buscar um alimento, mas eu já estava a ponto de ir atrás para saber a razão de sua demora. Ela me passava confiança, cuidou de mim e seu olhar me passa sinceridade. Além disso, depois que ela me resgatou, confie o bastante para me permitir ceder ao cansaço, sequer me lembro quando fui colocado nessa cama.

Depois de um tempo, escutei passos, mas não era somente os dela, tinham mais três. Houve batidas na porta antes que fosse aberta. A fêmea entrou trazendo comida, mas meu olhar foi para os outros que estavam atrás, principalmente o macho. Pela sua postura, certamente se tratava do líder daquela família e pela sua hostilidade aparente, ele estava se sentindo ameaçado pela minha presença.

— Não sei do que gosta, então coloquei algumas opções — A fêmea disse e colocou a refeição nos pés da cama. — Também providenciei algumas roupas.

Observei a outra fêmea colocar as roupas em cima da cadeira, mas voltei minha atenção para o macho, eu precisava respeitar o território alheio.

— Acabei não me apresentando, meu nome é Selene, aquele é meu irmão Erik, sua esposa Loren e a minha avó Laura — olhei brevemente para eles e acenei apenas, era o suficiente para passar meu entendimento e respeito.

A fêmea falou pausadamente, talvez ela ache que não a entenda, mas eu conhecia esse idioma o suficiente, porém, eu não queria falar por enquanto. Eu precisava usar da minha condição para ganhar tempo.

— Ele não entende o que falamos? — O macho perguntou para a fêmea e não gostei do tom que direcionou a ela.

— Eu não tenho certeza, mas acho que entende um pouco, isso pode ter sido consequência de um trauma. Devemos esperar um pouco.

— Ótimo, só me faltava essa. — O macho demonstrou sua impaciência e quis rosnar para ele, mas me contive. — Mesmo assim, vou falar. — Olhou para mim com seriedade. — Aqui é uma casa de família, nós vamos cuidar de você até que melhore, mas depois, terá que ir embora.

— Erik. — A fêmea de cabelos dourados o repreendeu, era justo, só ela poderia.

— Aqui sempre tem muita gente, elas não ficam sozinhas, então nem pense em fazer mal para elas. Respeite minha casa.

O que? Ele estava me comparando a um humano imundo? Eu jamais faria mal a uma fêmea, elas são preciosas. Só os humanos que não entendem isso.

— Okay, Erik, você já deu o recado. Agora podem sair para que eu possa tirar os curativos, por favor?

Ainda ouvi reclamações do macho antes que saíssem, daria trabalho para ganhar sua confiança. Olhei para a fêmea novamente e ela sorriu como se quisesse me confortar. Realmente, encantadora.

— Eu vou tirar seus curativos para que você tome um banho. Ou prefere comer primeiro? — Ela perguntou, mas neguei balançando a cabeça. — Tudo bem. — Aproximou-se e tocou em meu braço, induzindo-me a sentar na beirada da cama. — Eu vou te tocar, se sentir incômodo, me avise.

Apesar de ter sentado como pediu, não larguei o lençol, eu estava preocupado com minhas reações, era melhor ter cuidado. Contudo, um calor percorreu meu corpo quando seus dedos delicados me tocaram. Apertei o lençol tentando me conter, mas o cheiro dela e sua pele tão próxima…

Quando me tornei um macho tão descontrolado assim?

— Estou impressionada — ela disse enquanto apalpava minha cabeça. — Trabalhei um bom tempo em hospitais e nunca vi uma recuperação tão rápida quanto a sua. Na verdade, é algo impossível. — Ela embrenhou os dedos em meus cabelos, apalpando.

Não me contive e fechei os olhos, eu sei que não era um carinho, mas estava gostando do seu toque. Ela tirou os curativos um por um, com cuidado, delicadeza. A cada coisa, ela se preocupava em explicar, mas eu só conseguia prestar atenção em seu toque.

O que está acontecendo comigo?

É como se ela fosse minha fêmea, mas não poderia ser, não tinha sentido eu ter uma fêmea de outro lugar que não fosse o meu mundo. Provavelmente, estava apenas confuso e agradecido por seus cuidados. Não podia confiar no meu julgamento nesse momento.

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