(Atenção: Capítulo a seguir pode conter gatilhos ou gerar desconforto para quem tem Ofidiofobia - medo de serpentes) Selene“Os raios de sol tocavam minha pele me energizando, o cheiro de mato e flores era agradável e me deixava mais relaxada. Deitada em meio a aquele capim baixo daquele jardim natural, eu contemplava aquele céu limpo e os sons calmos da natureza ao redor.Os seres quase minúsculos voavam livremente sem pressa ou qualquer preocupação, o mato se mexia discretamente quando um ou outro passava correndo. Eu estava tranquila.De repente, a mata ao redor ficou silenciosa. Os seres daquele lugar pareciam ter sumido ou se escondido. — Socorro… ajude-me… O silêncio foi quebrado por um grito distante. Era uma mulher. A súplica vinha de dentro da mata. Levantei depressa e olhei ao redor tentando descobrir de que direção veio o pedido de socorro.— Ajude-me…A voz soprou em meus ouvidos mais uma vez e corri em direção ao chamado. — Por favor… Mais na frente, eu a vi. O tecido
SeleneRespirei fundo mais uma vez me sentindo mais calma. Daryk permanecia na minha frente me observando atentamente, porém, eu ainda sentia a sensação das cobras rastejando em minha pele.— O que você sonhou? — Daryk tentou tocar meu pescoço, mas recuei. — Você estava arranhando seu pescoço.— Eu… — Meus lábios tremeram, o choro ameaçando vim de novo.— Vamos embora agora! — De repente ouvi a voz de Eyra, ela estava olhando para fora e os outros saíram. Daryk fechou os olhos por um momento.— Droga! Precisamos ser rápidos. — O que foi? — perguntei ficando mais nervosa. Ele levantou e começou a guardar as coisas na mochila e me forcei a levantar também.— É difícil de explicar agora, não temos tempo.Olhei para fora e Zarek tirava a única peça de roupa que usava, apressado. Em seguida, ele se transformou em um grande lobo amarelado. Daryk me puxou pelo braço para fora da gruta.— Fique com Eyra.— O que? Onde você vai? O que está acontecendo.— A proteja, Eyra. Vamos nos adiantar e
SeleneA besta avançou em Eyra, mas ela o jogou longe ganhando tempo para nós. — Não olhe para trás, corra!! — Eyra veio atrás de mim e me ultrapassou ao mesmo tempo que agarrou meu braço para me puxar. Eu não conseguia ir mais que isso, acabei tropeçando e caindo. — Se você ao menos fosse uma bruxa anciã ajudaria matando essa besta. — Eyra me ajudou a levantar do chão e continuamos correndo. Não… Elas não matavam, apenas criavam vidas. Foi isso que ela disse no meu sonho.— E suas pernas são muito curtas e fracas para correr. Droga, Daryk!!Olhei para trás e agora eram duas se aproximando, as bestas eram rápidas e não tínhamos chances, elas estavam nos alcançando. Um rosnado feroz ecoou, o lobo negro surgiu entre as arvores e pulou em uma das bestas. Daryk! Eles rolaram pelo chão e a outra besta não desviou sua atenção de nós, mas Eyra conseguiu jogá-la longe mais uma vez.— Isso não é o suficiente! — Eyra reclamou enquanto me puxava novamente. — Mas eu não tenho força o sufici
SeleneDaryk correu comigo em suas costas até chegarmos em um pequeno córrego, o dia estava amanhecendo. Quando desci, vi meu estado, estava manchada de sangue, mas ainda não sabia se ele estava bem.Ele bebeu água e se deitou próximo a margem, estava cansado. Sentei ao seu lado e respirei fundo. Nunca me senti tão inútil como hoje, era um sentimento tão ruim, mas que eu não via uma saída e, para ser honesta, não imaginei que seria assim logo na nossa chegada. Acho que acabei criando minhas próprias suposições, Daryk não me enganou, ele foi sincero nas coisas que disse, mas me deixei levar pela ansiedade e desconsiderado o fato desse mundo ser perigoso. Esperei em silêncio até que ele se transformasse de volta, ele estava ensanguentado, mas os ferimentos já estavam fechados, apenas levemente vermelhos. Ele caminhou até a água e se lavou. Nu, parou na minha frente e depois se agachou.— Você está bem? — perguntou-me e olhei minhas mãos manchadas de um sangue que não era meu. Na verda
SeleneComo esperado, foi apenas mais um dia de viagem, porém, só foi possível porque Daryk me levou nas costas a maior parte do tempo. E agora, a caminhada estava mais tranquila porque estávamos chegando. Estava aliviada por ainda não ter anoitecido.— Podemos conversar um pouco? — Eyra disse depois de um tempo caminhando ao meu lado. — Afastei o capuz para olhá-la, felizmente, o clima aqui não estava quente.— Aconteceu alguma coisa?— Não. — Olhou para trás e acompanhei seu gesto. Daryk lhe direcionou um olhar duro, mas ela fez uma cara desgostosa antes de olhar para frente novamente. — Com o que você sonhou? — Ah, isso… — Fiquei um pouco incerta se deveria falar sobre aquilo, mas considerando nossas poucas conversas, percebi que podia confiar nela. — Talvez não tenha sido um sonho.— Não entendi.— Acho que foi uma visão do passado, com uma das bruxas anciãs. Ela estava sendo perseguida por um homem que manipulava cobras. O mais estranho foi que ele me viu, assim como ela, no fim
Surpreendentemente, logo a frente, estava o acampamento, mas eu não via nada além de uma grande área desprovida de vegetação. Daryk não soltou mais minha mão e senti uma sensação estranha passar pelo meu corpo antes de me deparar com aquilo. Pisquei, atordoada. Como isso é possível?Em um instante eu estava naquele vazio e agora em um acampamento. Então essa era a barreira? Olhei para trás e não parecia ter nada de diferente, a floresta por onde tínhamos saído ainda estava lá.No espaço havia várias tendas, inúmeras, parecia uma pequena vila. As tochas estavam espalhadas já preparadas para a noite que estava vindo. Logo à frente, um casal estava esperando, mas muitos pararam seus afazeres e outros, saíram das barracas para observar.Apertei a mão de Daryk, nervosa. Tantos olhares…A mulher de cabelos longos e vermelhos se aproximou junto ao homem, seu vestido singelo de algodão ia até os pés e uma joia parecida com a minha se destacava no seu pescoço, mas a pedra era vermelha, não ver
DarykNão queria deixá-la sozinha, mas eram tantas coisas a serem feitas, que eu não podia simplesmente negligenciar. Selene precisava de mim, principalmente agora que estava vulnerável em um lugar estranho, então resolveria as pendências mais urgentes e voltaria para seu lado.Desde que partimos que ela vem guardando seus sentimentos para si e eu não pude lhe dar a atenção devida, ela simplesmente colocou outras coisas em cima ignorando o resto devido a curiosidade e impacto que meu mundo estava causando. Isso não estava certo.Segurei o suspiro cansado e tentei me concentrar nas palavras de Cassius, ele estava a frente de tudo desde que o último conflito aconteceu e organizou da melhor maneira possível. Tanto esse acampamento quanto a distribuição dos afazeres foi por sua causa.Cassius é um bom líder, meu pai confiava nele, assim como Zarek é meu beta, Cassius era do meu pai. Ele também sofreu muito, mas olhando-o dar todo esse relatório e comandos, pensei que talvez ele cogite a i
Daryk— Daryk? — Selene abriu os olhos quando deitei ao seu lado.— Sim, continue dormindo. — A abracei e a encaixei no meu peito. Ela relaxou e soltou uma respiração suave.— Você demorou.— Desculpe. — Beijei o topo de sua cabeça e fechei os olhos por um momento. — Tudo bem. Imagino que tenha muito o que fazer agora que está de volta.— Um pouco, mas não se preocupe com isso.— Lyra disse que eu também terei muitas responsabilidades já que sou sua mulher.— Não pense nisso agora. As coisas vão se ajeitar com o tempo.— Mesmo assim… eu… — Selene se afastou e sentou. — Eu não quero mais colocar ninguém em risco, o que aconteceu antes, eu não entendo, não sei como evitar. E se acontecer de novo? Eu… — Seu suspiro foi cansado. — Eu quero pelo menos ser útil em alguma coisa. Não posso ser mais um fardo, Daryk.— Deite aqui. — pedi, mas sei que pareceu uma ordem, de fato, foi um pouco, não acredito que ela está com esse tipo de pensamento tolo.Selene bufou sutilmente mostrando sua chate