SeleneQuando o ar voltou, o puxei pela boca de forma desesperada, mas em seguida, me afastei o suficiente para vomitar. Daryk me amparou e me acalmei aos poucos, limpei a boca com a costa da mão e quando virei, todos me olhavam, principalmente aquela mulher. A mulher de pele morena trajava uma longa capa, mas não chegava a arrastar no chão, ainda assim, foi possível ver um pouco das roupas que pareciam ser couro natural, um short e uma blusa curta. A mulher alta exalava poder, sua cabeça raspada nas laterais mantinha os cabelos longos presos em um rabo de cavalo alto. Cabelos vermelhos, assim como os olhos.Seu olhar foi para meu peito onde meu colar estava por baixo da camisa de gola alta. Dei um passo para trás me sentindo ameaçada e Daryk rosnou alto. Ela abaixou a cabeça e disse algo que não compreendi, mas que parecia ser um pedido de desculpas.— Tudo bem? — Daryk virou para mim.— Sim, está melhor. — Consegue seguir? A carrego se preciso.— Eu consigo, já melhorou — respondi
SeleneDepois de mais um tempo de caminhada, senti as bolhas nos meus pés, por mais confortável que fosse o tênis, ainda machucou bastante. O ar era mais pesado e isso me cansava mais, talvez fosse apenas uma questão de tempo para me acostumar, esperava que sim.Ainda assim, não reclamei, Daryk me olhava hora ou outra e sabia que estava perto de perder a paciência pela minha teimosia em querer acompanhar, mas parecia fraqueza da minha parte pedir que me carregasse, eu poderia aguentar mais um pouco.Todos aqui eram tão fortes, até mesmo a mulher não se comparava a mim, era ridículo eu pensar assim, mas inevitável. Não entendo como meu destino se cruzou com o dele, alfas são líderes, eles estão nessa posição por sua força física e intelectual, é assim na natureza, é uma regra que não muda. Eu tinha muitas dúvidas, não só desse mundo como de mim mesma.No fim do dia, finalmente achamos um lugar para ficar. Tinha uma pequena gruta nos pés de uma grande estrutura rochosa e uma cachoeira n
Selene— Todos os tipos de vida… — Eyra continuou diante do meu silêncio. — Isso causava medo e inveja. No fim, elas foram consideradas uma ameaça. A história se perdeu um pouco, faz muito tempo.— Mas tem uma última viva?— Tem, mas eu nunca a vi. Ela desapareceu antes do nascimento da última geração.— E como sabe que ainda está viva?— As bruxas sentem, apenas isso. Franzi o cenho, intrigada. Isso era possível? Bem, não é como se eu pudesse duvidar, não quando já vi tudo isso até aqui. Ainda assim, estava cada vez mais curiosa.— É o colar que faz isso? Manipula as vidas?— Não, mas essa pedra armazena magia, pode-se colocar coisas específicas e normalmente, eram usados como proteção. Eu não sei muito, apenas que são perigosos dependendo do que tem dentro.— Você consegue sentir o que tem dentro do meu?— Não. Mas ele me causa medo e repulsa. O pressionei por cima da roupa, eu não sentia nada ruim vindo dele, ao contrário, ele me passava segurança e tranquilidade. — Bem, mas não
Selene— Por que insistiu em andar se estava machucando os pés? — Daryk perguntou depois do beijo. Mantive meus braços ao redor do seu pescoço e colada a ele. Isso não era realmente importante, mas se fosse tão simples expor em palavras conseguiria fazer Daryk entender que eu me sentia perdida em meio a tantas mudanças, contudo, principalmente, com o passado, não o meu, mas o da minha família, mas isso implicava no meu futuro e minha intuição dizia que algo grande iria acontecer, só que não era bom.Eu não poderia ter certeza, é claro, muito menos entendia a dimensão disso, mas era certo que aconteceria.Observei seus olhos atentos e seus traços fortes. Os cabelos estavam um pouco para trás e espalhados na água, o rosto molhado era bem visível por ainda ser dia. — Eu não quero ser um peso para você, já basta eu ser uma humana em um mundo onde não parece ter ninguém fraco. — Foi uma desculpa idiota, devia ter procurado outra.— Não quero que pense assim. Você é minha companheira. Is
(Atenção: Capítulo a seguir pode conter gatilhos ou gerar desconforto para quem tem Ofidiofobia - medo de serpentes) Selene“Os raios de sol tocavam minha pele me energizando, o cheiro de mato e flores era agradável e me deixava mais relaxada. Deitada em meio a aquele capim baixo daquele jardim natural, eu contemplava aquele céu limpo e os sons calmos da natureza ao redor.Os seres quase minúsculos voavam livremente sem pressa ou qualquer preocupação, o mato se mexia discretamente quando um ou outro passava correndo. Eu estava tranquila.De repente, a mata ao redor ficou silenciosa. Os seres daquele lugar pareciam ter sumido ou se escondido. — Socorro… ajude-me… O silêncio foi quebrado por um grito distante. Era uma mulher. A súplica vinha de dentro da mata. Levantei depressa e olhei ao redor tentando descobrir de que direção veio o pedido de socorro.— Ajude-me…A voz soprou em meus ouvidos mais uma vez e corri em direção ao chamado. — Por favor… Mais na frente, eu a vi. O tecido
SeleneRespirei fundo mais uma vez me sentindo mais calma. Daryk permanecia na minha frente me observando atentamente, porém, eu ainda sentia a sensação das cobras rastejando em minha pele.— O que você sonhou? — Daryk tentou tocar meu pescoço, mas recuei. — Você estava arranhando seu pescoço.— Eu… — Meus lábios tremeram, o choro ameaçando vim de novo.— Vamos embora agora! — De repente ouvi a voz de Eyra, ela estava olhando para fora e os outros saíram. Daryk fechou os olhos por um momento.— Droga! Precisamos ser rápidos. — O que foi? — perguntei ficando mais nervosa. Ele levantou e começou a guardar as coisas na mochila e me forcei a levantar também.— É difícil de explicar agora, não temos tempo.Olhei para fora e Zarek tirava a única peça de roupa que usava, apressado. Em seguida, ele se transformou em um grande lobo amarelado. Daryk me puxou pelo braço para fora da gruta.— Fique com Eyra.— O que? Onde você vai? O que está acontecendo.— A proteja, Eyra. Vamos nos adiantar e
SeleneA besta avançou em Eyra, mas ela o jogou longe ganhando tempo para nós. — Não olhe para trás, corra!! — Eyra veio atrás de mim e me ultrapassou ao mesmo tempo que agarrou meu braço para me puxar. Eu não conseguia ir mais que isso, acabei tropeçando e caindo. — Se você ao menos fosse uma bruxa anciã ajudaria matando essa besta. — Eyra me ajudou a levantar do chão e continuamos correndo. Não… Elas não matavam, apenas criavam vidas. Foi isso que ela disse no meu sonho.— E suas pernas são muito curtas e fracas para correr. Droga, Daryk!!Olhei para trás e agora eram duas se aproximando, as bestas eram rápidas e não tínhamos chances, elas estavam nos alcançando. Um rosnado feroz ecoou, o lobo negro surgiu entre as arvores e pulou em uma das bestas. Daryk! Eles rolaram pelo chão e a outra besta não desviou sua atenção de nós, mas Eyra conseguiu jogá-la longe mais uma vez.— Isso não é o suficiente! — Eyra reclamou enquanto me puxava novamente. — Mas eu não tenho força o sufici
SeleneDaryk correu comigo em suas costas até chegarmos em um pequeno córrego, o dia estava amanhecendo. Quando desci, vi meu estado, estava manchada de sangue, mas ainda não sabia se ele estava bem.Ele bebeu água e se deitou próximo a margem, estava cansado. Sentei ao seu lado e respirei fundo. Nunca me senti tão inútil como hoje, era um sentimento tão ruim, mas que eu não via uma saída e, para ser honesta, não imaginei que seria assim logo na nossa chegada. Acho que acabei criando minhas próprias suposições, Daryk não me enganou, ele foi sincero nas coisas que disse, mas me deixei levar pela ansiedade e desconsiderado o fato desse mundo ser perigoso. Esperei em silêncio até que ele se transformasse de volta, ele estava ensanguentado, mas os ferimentos já estavam fechados, apenas levemente vermelhos. Ele caminhou até a água e se lavou. Nu, parou na minha frente e depois se agachou.— Você está bem? — perguntou-me e olhei minhas mãos manchadas de um sangue que não era meu. Na verda