༺ Bryan Fernandes ༻Retirei-me do hospital completamente destruído, vir embora era a minha melhor opção, pois já havia causado mal demais à Maribel. Por minha culpa, ela nunca mais poderá voltar a andar, e me sinto tão mal por isso. Não queria que nada disso tivesse acontecido. Meu plano era apenas tê-la de volta, e saiu tudo errado devido às minhas atitudes. Agora, ela estaria presa em uma cadeira de rodas, talvez para sempre!Respirei fundo enquanto caminhava pelas avenidas de Istambul. Hoje está fazendo um clima frio, e andar um pouco me faria bem, pois não me encontro em ótimo estado! Se Maribel não me perdoar, nem faço ideia do que sou capaz de fazer com a minha própria vida. Me pergunto quando me deixei chegar a essa situação? Ao fundo do poço.Andei mais algumas quadras e decidi parar em um café para tomar algo. Agradeço por não estar de carro, pois não estou nas melhores condições para dirigir. Assim que entrei no estabelecimento, me sentei em uma das mesas próxima à janela e p
༺ Maribel Varrozzini ༻Acabei adormecendo após chorar horrores ao saber que talvez nunca mais voltasse a andar. Era devastador demais, e o mundo parecia ter ficado cinza para mim. Não sei como vou contar isso para minha mãe. Parece que, desde que recebi essa notícia, estou presa em um pesadelo do qual não consigo acordar.Conviver com essa nova realidade não será fácil, e tenho medo de acabar afundando em uma profunda depressão por causa disso. Queria tanto que tudo isso fosse apenas um sonho ruim! Me pergunto quanto mais sofrimento ainda terei que enfrentar. Limpei rapidamente minhas lágrimas.Percebi a porta se abrir e vi que era Vincenzo, me observando com tristeza nos olhos. Odeio quando as pessoas têm pena de mim. Não tive coragem de dizer nada, ou me manifestar de alguma forma.Neste momento, tudo o que eu queria era que tudo isso fosse um pesadelo e que eu acordasse logo, descobrindo que ainda posso andar. Notei que ele colocou as mãos nos bolsos e comentou:— Sinto muito! Não t
༺ Bryan Fernandes ༻ 03 meses depois… Algum tempo havia se passado depois do acidente de Maribel. Tentei de todas as formas me aproximar, porém, ela havia proibido minha entrada, em seu condomínio. Meu pai havia contratado um cuidador para ela. Na hora, não achei que fosse a melhor opção, já que se tratava de um homem, mas ele mal ouviu minhas reclamações. Precisei fazer um acompanhamento psicológico para aguentar tudo que venho passando, e foi a melhor coisa que fiz, pois estava me afundando no álcool. Todos os dias, antes de ir ao trabalho, eu tento falar com Maribel, mas ela nunca me recebe. Quando pedi para a senhora que trabalhava para ela me deixar entrar, ela simplesmente se negou, mas me revelou que Maribel sempre gosta de passear no parque em frente ao apartamento no horário da tarde. Era minha única opção para conseguir falar com ela. Já estava aguardando, e claro que me encontrava escondido. Depois de alguns minutos, finalmente ela aparece ao lado do cuidador, que vai emp
༺ Maribel Varrozzini ༻ Três meses haviam se passado, e muita coisa não havia mudado em minha vida. Daqui a alguns dias, conviverei finalmente com meu filho. Já o vi várias vezes na incubadora, mas em breve poderei tê-lo em meus braços. Confesso que essa aflição de estar nessa situação me deixa um pouco nervosa. Só espero dar conta de cuidar dele, apesar da minha nova deficiência. O primeiro mês foi horrível. Tive que me adaptar a essa nova situação de não ter os movimentos das minhas pernas. No entanto, conforme os dias foram passando, comecei a me acostumar e aceitei finalmente a nova realidade. Recebi ajuda de um psicólogo que tentava me fazer enxergar que a vida era bonita, apesar dos obstáculos que eu havia enfrentado. Todos os dias, Júnior, meu cuidador, me levava até a praça para pegar um ar e ver as pessoas. Ele dizia que isso era bom para mim, assim eu não caía numa profunda depressão. Infelizmente, hoje foi um dos dias em que acabei encontrando Bryan, e posso dizer que foi
༺ Bryan Fernandes ༻ Semanas se passaram depois do meu último encontro com Maribel. A cada dia, sentia que as esperanças de tê-la de volta seriam mínimas. No entanto, eu me agarrava a esse último fio de confiança. Com tudo que vem acontecendo ultimamente, eu deixei mais de lado as baladas e, principalmente, as mulheres. Estou tentando ser um novo homem e mostrar para ela que mudei. Apenas vou para o trabalho e depois retorno para casa. Minha vida nunca mais foi a mesma desde que Maribel voltou para ela. Realmente, não consigo ficar com outra mulher, pois os meus pensamentos logo me levam para aqueles olhos da cor de violeta. Respirei fundo, observando a cidade pela janela do meu escritório, constatando que as pessoas levam sua vida como de costume. Tudo para mim passa em câmera lenta. Ouço a porta da sala abrir, mas nem me dou ao trabalho de ver quem é, apenas quando a pessoa comenta. — Você precisa voltar a ir ao psicólogo. Estou preocupado com todo esse seu isolamento, Bryan. Você
༺ Maribel Varrozzini ༻Não contive minha fúria ao saber que Bryan estava com meu filho nos braços. Ele havia sido o primeiro a pegá-lo e eu estava furiosa por isso. Já deixei claro que não quero aproximação dele com meu filho, mas parece que nada adianta dizer isso, ao perceber a tensão que se instalou no quarto médico, com todos nos observando.— Olha, sei que vocês têm suas diferenças, mas peço que aqui dentro se comportem, pois não é só o seu filho que está nessa unidade neonatal!— Não se preocupe, eu não vim arrumar confusão, apenas visitar meu filho. Quem não se comporta como uma pessoa com educação é a própria mãe dele. Outra coisa, Maribel, não pense que pode me tirar o direito de conviver com meu filho, pois isso eu não vou permitir. — olhei para ele furiosa, pois não estava acreditando na tamanha cara de pau de me chamar de mal-educada.Ao perceber que o clima ficava ainda mais tenso, o médico comentou novamente.— Como disse, resolvam suas diferenças lá fora. Eu não quero vo
༺ Bryan Fernandes ༻ Saio apressadamente desse maldito hospital e, assim que chego no estacionamento, não consigo me conter e dou um soco com toda a força que possuo na parede. Então tudo não passava de uma farsa? Eu pensava que ela estava realmente casada com meu pai. Os dois me fizeram de idiota, não consigo esquecer isso. Tentei de todas as formas conseguir o perdão de Maribel, mas cheguei à conclusão de que cada dia isso estava se tornando um túnel sem fim. Parei no primeiro bar que estava aberto e fechei os olhos enquanto aguardava o garçom me servir uma dose de uísque. Todos esses meses eu tentei de todas as formas fazer com que o coração dela amolecesse, mas o ódio que ela sente por mim é maior do que tudo. Estou cansado disso. Meu pai também não passava de um traidor. Eu não sei por que não me surpreendo que ele tenha feito isso para me punir, para me fazer pagar. Sempre foi assim, ele resolve as coisas com alguma punição para que eu aprenda. Depois da quinta dose, já não e
༺ Vincenzo Fernandes ༻ Bryan chegou aqui de repente, e acabamos discutindo. No entanto, eu podia perceber que ele estava completamente bêbado, então não insisti em ir mais fundo nessa discussão. Após me dizer as coisas mais horríveis que ele poderia ter falado, simplesmente saiu, e mandei os meus seguranças fecharem o portão. Porém, não adiantou de nada; ele passou com seu carro por cima do portão, catando pneu. Rapidamente, andei até o meu carro, e João Carlos assumiu o banco do motorista. Dirijo apressadamente, não posso deixar que nada aconteça com o meu filho. Assim que avisto seu carro, digo para João Carlos buzinar para que ele pare, mas simplesmente não me ouve, me ignora e acelera mais. Tenho medo do que possa acontecer, principalmente porque a rua está movimentada de carros. O carro dele tem momentos que vai para um lado da rua e, no outro, para o outro lado. Ao perceber que continuo sério, olhando para o carro à minha frente, João Carlos comenta. — Esse idiota, que irre