༺ Maribel Varrozzini ༻ — Vincenzo? Alô? Não tive tempo de perguntar mais nada porque a ligação foi encerrada; Vincenzo simplesmente desligou na minha cara. Mas o que ele havia me falado me deixou muito nervosa e preocupada. Comecei a me sentir culpada ao lembrar das palavras que disse a Brayan. Não poderia imaginar que aconteceria tudo isso. Para ele chegar ao extremo, com certeza, estava esgotado. Será que realmente, esse tempo todo, eu estava sendo muito cruel com Brayan e muito ressentida pelos meus sentimentos? Me sentei no sofá, tentando formular tudo que aconteceu. As palavras que Vincenzo disse não saíram da minha cabeça: ele estava entre a vida e a morte. Júnior rapidamente surgiu no batente da porta perguntando com um sorriso, tirando-me dos meus pensamentos. — Maribel, então nosso convidado de honra vai comparecer? Nossa, que cara é essa? Aconteceu alguma coisa? — Sim, aconteceu, mas é difícil acreditar. Ele não vai poder vir porque está com o filho entre a vida e a mor
༺ Esther Fernandes ༻Até agora, havia me mantido neutra em tudo o que Maribel vem fazendo com a minha família, mas cheguei ao meu limite. Percebi que meu irmão estava destruindo a própria vida por causa dela.Meu pai era cego, não sei se ele estava apaixonado por ela ou simplesmente não queria enxergar a maldade que ela vinha fazendo com o Bryan. Porém, eu não permitirei mais que isso aconteça; ela não machucará mais ninguém da minha família e desuni-los.— Você não deveria ter falado dessa forma com a Maribel, ela não tem culpa do que aconteceu. Você sabe que o seu irmão é um irresponsável — ele disse, completamente enfurecido com o meu comportamento. E respondi:— Eu não precisava? Pai, põe a mão na sua consciência. Essa mulher está destruindo a nossa família. Sei que o Bryan não é a melhor das pessoas, porém, você tem que admitir que desde que ela surgiu nas nossas vidas, ele vem se matando a cada dia por culpa dela.— Você sabe que tudo que está acontecendo é culpa dele mesmo. Foi
༺ Maribel Varrozzinni ༻Depois da minha discussão com o Esther, achei melhor sair daquele hospital. Não estava suportando os olhares acusadores dela e do João Paulo, mesmo não tendo culpa na história. Enquanto Júnior me conduzia ao carro, ele comentou.— Foi melhor assim, pelo menos você não precisa estar sendo julgada por uma coisa que não fez. Quem agiu com a irresponsabilidade foi o Bryan, não se sinta culpada por isso.Concordei com as palavras dele e respondi.— Eu não me sinto, mas conheço muito bem aquela garota, insuportável. Olha, não sei quanto tempo aguentei perto dela. Menina cheia de si que se acha melhor do que os outros.Júnior concorda com as minhas palavras e responde.— Isso é verdade. Ela é bem petulante e ousada. E arrogante. Também até entendo é uma patricinha mimada que tem tudo né? Mas olha se ela não mudar a vida vai ensiná-la.— Concordo plenamente, Júnior. Se Esther não mudar, a vida vai ensiná-la da pior forma possível. — assenti enquanto olhava pela janela,
༺ Bryan Fernandes ༻07 meses depois...Acordei com a visão embaçada, uma dor de cabeça pulsante e a sensação de que algo estava muito errado. Lentamente, percebi estar em um quarto de hospital. Olhei para o lado e vi um soro pendurado e vários remédios dispostos na mesa ao lado da cama." Onde estou? Como vim parar aqui?" pensei em voz alta, tentando juntar as peças de um quebra-cabeça confuso.Uma enfermeira entrou no quarto, e ao perceber que eu havia acordado, deu um sorriso gentil.— Finalmente você acordou! Sua família vai ficar muito feliz — disse ela, ainda sorrindo.Minha mente estava um turbilhão. Nada fazia sentido. Olhei para ela, confuso.— O que aconteceu? — perguntei, tentando encontrar respostas em seu olhar.— Você sofreu um acidente de carro. Ficou entre a vida e a morte, mas parece que é muito forte e sobreviveu — respondeu à enfermeira, sua voz suave tentando me acalmar.— Um acidente de carro? — minha surpresa era evidente.Ela hesitou um pouco antes de responder.—
༺ Maribel Varrozzinni ༻Os meses haviam se passado e eu não tinha mais notícias de Bryan. Depois que a Esther deu aquele show, preferi me afastar da família dele. Ainda perguntava algumas coisas para Vincenzo, mas nunca prolongava a conversa.Minha fisioterapia estava indo bem; eu já conseguia andar com a ajuda de muletas. A vida continuava, mesmo com Bryan em coma, mas eu sempre esperava que ele acordasse.Enquanto o Dr. Kemal, meu médico, me ajudava com os exercícios, ele comentou:— Você parece estar com o pensamento longe hoje, Maribel.Suspirei, desviando o olhar.— Só estou pensando na vida e em tudo o que aconteceu.— Você é uma mulher misteriosa — ele disse, com um tom curioso. — Percebo que carrega uma tristeza nos olhos.Dei de ombros, tentando minimizar.— Só passei por muito sofrimento Dr.— Posso perceber isso. Mas você é uma mulher forte — ele respondeu com um sorriso encorajador.Assenti, mas minha expressão permaneceu séria.— Sim, mas o que tem me preocupado ultimamen
༺ Bryan Fernandes ༻Estava sentado na cama quando decidi perguntar sobre Maribel. A dúvida me corroía desde ontem. Ergui os olhos para meu pai, que lia um livro numa poltrona próxima.— Pai, como está a Maribel? — perguntei, quebrando o silêncio.Ele levantou o olhar do livro, com uma expressão mista de surpresa e cautela.— Tenho falado pouco com ela — disse ele, medindo as palavras. — Ela se afastou, mas soube que continua fazendo fisioterapia para voltar a andar melhor. Está se movimentando com muletas.— Então ela voltou a andar? — minha surpresa era evidente na voz.— Sim — confirmou ele, com um leve sorriso. — Fez uma pequena cirurgia com o médico e conseguiu recuperar alguns movimentos da perna. Parece que tudo começou quando o cuidador dela estava auxiliando nos exercícios. Ela sentiu o toque das mãos dele nas pernas e mencionou ao médico, que logo pediu alguns exames e decidiu pela cirurgia. E parece que deu tudo certo.Um sorriso brotou no meu rosto, mesmo que pequeno.— Que
༺ Maribel Varrozzinni ༻No dia seguinte, ainda custava acreditar que Bryan havia finalmente acordado. A vontade de ir ao hospital era enorme, mas estava presa aos exercícios que o médico havia passado. Júnior, meu cuidador, estava ao meu lado, e ao perceber minha distração, perguntou:— O que está acontecendo, Maribel? Você está tão distraída hoje.Suspirei fundo antes de responder.— Soube que Bryan acordou. Estou indignada que Vincenzo não me avisou. Ele está estranho desde o acidente.Júnior tentou me tranquilizar.— Talvez ele não tenha tido tempo, mas com certeza ele vai ligar.Dei de ombros, desanimada.— Talvez não. Quem sabe ele queira que eu me afaste do Bryan. Já causei muita dor.Júnior parou por um momento, refletindo sobre as minhas palavras.— Talvez seja melhor assim, um tempo longe de todos. Sempre que você e Bryan se encontram, nunca se entendem, e sempre acaba acontecendo algo ruim.Fiquei surpresa com a resposta dele.— Você acha isso mesmo? Talvez você esteja certo
༺ Bryan Fernandes ༻Encarava meu pai com os braços cruzados, irritado. Ele tinha um semblante sério, claramente não gostando da maneira como o olhava, mas eu não me importava. Precisava entender por que ele não havia avisado Maribel de que eu havia acordado.— Por que você não avisou Maribel que eu havia acordado? — perguntei, tentando controlar minha raiva.Meu pai suspirou fundo, claramente cansado.— Bryan, eu não quero começar outra briga com você. Só esqueci, acontece.Balancei a cabeça, sem conseguir acreditar na desculpa.— Já faz dois dias que acordei. Será que não podia tirar um minuto para avisá-la? Ela tinha direito de saber.Ele me encarou de um jeito cansado, repetindo a mesma desculpa.— Eu realmente esqueci. Estou com muito trabalho na empresa, acontece.— Não. Você não avisou porque ainda tem interesse na Maribel, não é?Ele ficou indignado e com raiva.— Preste atenção no que está falando! Maribel, eu só vejo como a mãe do meu neto.Discordei completamente.— Não conc