༺ Maribel Varrozzinni ༻Os meses haviam se passado e eu não tinha mais notícias de Bryan. Depois que a Esther deu aquele show, preferi me afastar da família dele. Ainda perguntava algumas coisas para Vincenzo, mas nunca prolongava a conversa.Minha fisioterapia estava indo bem; eu já conseguia andar com a ajuda de muletas. A vida continuava, mesmo com Bryan em coma, mas eu sempre esperava que ele acordasse.Enquanto o Dr. Kemal, meu médico, me ajudava com os exercícios, ele comentou:— Você parece estar com o pensamento longe hoje, Maribel.Suspirei, desviando o olhar.— Só estou pensando na vida e em tudo o que aconteceu.— Você é uma mulher misteriosa — ele disse, com um tom curioso. — Percebo que carrega uma tristeza nos olhos.Dei de ombros, tentando minimizar.— Só passei por muito sofrimento Dr.— Posso perceber isso. Mas você é uma mulher forte — ele respondeu com um sorriso encorajador.Assenti, mas minha expressão permaneceu séria.— Sim, mas o que tem me preocupado ultimamen
༺ Bryan Fernandes ༻Estava sentado na cama quando decidi perguntar sobre Maribel. A dúvida me corroía desde ontem. Ergui os olhos para meu pai, que lia um livro numa poltrona próxima.— Pai, como está a Maribel? — perguntei, quebrando o silêncio.Ele levantou o olhar do livro, com uma expressão mista de surpresa e cautela.— Tenho falado pouco com ela — disse ele, medindo as palavras. — Ela se afastou, mas soube que continua fazendo fisioterapia para voltar a andar melhor. Está se movimentando com muletas.— Então ela voltou a andar? — minha surpresa era evidente na voz.— Sim — confirmou ele, com um leve sorriso. — Fez uma pequena cirurgia com o médico e conseguiu recuperar alguns movimentos da perna. Parece que tudo começou quando o cuidador dela estava auxiliando nos exercícios. Ela sentiu o toque das mãos dele nas pernas e mencionou ao médico, que logo pediu alguns exames e decidiu pela cirurgia. E parece que deu tudo certo.Um sorriso brotou no meu rosto, mesmo que pequeno.— Que
༺ Maribel Varrozzinni ༻No dia seguinte, ainda custava acreditar que Bryan havia finalmente acordado. A vontade de ir ao hospital era enorme, mas estava presa aos exercícios que o médico havia passado. Júnior, meu cuidador, estava ao meu lado, e ao perceber minha distração, perguntou:— O que está acontecendo, Maribel? Você está tão distraída hoje.Suspirei fundo antes de responder.— Soube que Bryan acordou. Estou indignada que Vincenzo não me avisou. Ele está estranho desde o acidente.Júnior tentou me tranquilizar.— Talvez ele não tenha tido tempo, mas com certeza ele vai ligar.Dei de ombros, desanimada.— Talvez não. Quem sabe ele queira que eu me afaste do Bryan. Já causei muita dor.Júnior parou por um momento, refletindo sobre as minhas palavras.— Talvez seja melhor assim, um tempo longe de todos. Sempre que você e Bryan se encontram, nunca se entendem, e sempre acaba acontecendo algo ruim.Fiquei surpresa com a resposta dele.— Você acha isso mesmo? Talvez você esteja certo
༺ Bryan Fernandes ༻Encarava meu pai com os braços cruzados, irritado. Ele tinha um semblante sério, claramente não gostando da maneira como o olhava, mas eu não me importava. Precisava entender por que ele não havia avisado Maribel de que eu havia acordado.— Por que você não avisou Maribel que eu havia acordado? — perguntei, tentando controlar minha raiva.Meu pai suspirou fundo, claramente cansado.— Bryan, eu não quero começar outra briga com você. Só esqueci, acontece.Balancei a cabeça, sem conseguir acreditar na desculpa.— Já faz dois dias que acordei. Será que não podia tirar um minuto para avisá-la? Ela tinha direito de saber.Ele me encarou de um jeito cansado, repetindo a mesma desculpa.— Eu realmente esqueci. Estou com muito trabalho na empresa, acontece.— Não. Você não avisou porque ainda tem interesse na Maribel, não é?Ele ficou indignado e com raiva.— Preste atenção no que está falando! Maribel, eu só vejo como a mãe do meu neto.Discordei completamente.— Não conc
༺ Vincenzo Fernandes ༻Depois de uma noite turbulenta e a discussão desnecessária com Bryan, fiquei repensando muita coisa. Eu não tive coragem de admitir para o meu filho que estou completamente apaixonado pela Maribel. Talvez fosse a hora de esquecer um amor como o dela.Seria injusto da minha parte pedir para que o meu filho se afastasse dela e abrisse mão, no meio dos dois eu era apenas um intruso. Sei que Maribel é louca pelo Bryan, mesmo que ela não admita.Sentado à minha mesa no escritório, me peguei perdido em pensamentos. A voz da minha secretária me trouxe de volta à realidade por um momento.— Senhor Vincenzo, está tudo pronto para a reunião. Já podemos ir? — ela perguntou, mas novamente me perdi em devaneios.Ela me chamou novamente, desta vez com mais insistência.— Senhor Vincenzo?Olhei para ela, um pouco atordoado.— O que foi que você disse?— A reunião, senhor. Os acionistas estão esperando.Respirei fundo, tentando me recompor.— Já vou — respondi, endireitando a p
༺ Maribel Varrozzinni ༻Mais semanas haviam se passado e eu não tive nenhuma aproximação com Bryan. Foquei na minha fisioterapia e nos meus estudos. Enquanto terminava um exercício no hospital, meus pensamentos vagavam para ele.Já deve ter recebido alta, pensei, murmurando para mim mesma: “Por que não consigo esquecer esse homem? Por que Deus não arranca esse amor do meu peito?”— Maribel! — chamou Kemal, meu fisioterapeuta, tirando-me de meus devaneios. — Você precisa se concentrar nos exercícios.Estava tão longe que levei um susto.— O que você disse?— Estou dizendo para você se concentrar — ele repetiu, com paciência.— Desculpe, Kemal — respondi, voltando aos exercícios.Depois de um tempo, perguntei:— Quanto tempo você acha que vou precisar das muletas?— Isso leva tempo, Maribel. Depende muito da sua recuperação e do seu progresso.Suspirei fundo, continuando com os exercícios.— Não vejo a hora de voltar a andar normalmente.— Você está progredindo bem. Se continuar assim,
༺ Bryan Fernandes ༻Fazer fisioterapia se tornou uma tortura para mim. Depois do acidente, os médicos disseram que eu precisaria de sessões intensivas para recuperar as funções afetadas pelos traumas na cabeça.Hoje, estava na sala de fisioterapia com Murat, meu fisioterapeuta. Ele tinha aquele sorriso paciente e confiante que eu encontrava irritante e reconfortante ao mesmo tempo.— Vamos lá, Bryan. Concentre-se em seguir meu dedo com os olhos sem mover a cabeça, — ele disse, movendo o dedo lentamente de um lado para o outro.Suspirei, já irritado.— Murat, isso é impossível. Minha cabeça parece que vai explodir cada vez que faço isso.Ele continuou movendo o dedo, sem perder a calma.— Sei que é difícil, mas você está progredindo. É importante ser persistente.Bufei, tentando seguir o dedo com os olhos.— Não parece que estou progredindo. Parece que estou patinando no mesmo lugar.Murat parou o movimento e me encarou.— A recuperação leva tempo, Bryan. Você sofreu um acidente sério
༺ Maribel Varrozzinni ༻Encarei minha família sem saber como iria acomodar todo aquele pessoal. Minha irmã Micaela, com seu jeito debochado, foi a primeira a abrir a boca.— E aí, Maribel, como a gente vai ficar? Onde é que dormiremos?Respirei fundo, tentando manter a calma, e respondi, colocando Micaela no seu lugar:— Micaela, por favor, pare com as provocações. Eu não tolerarei mais isso.Ela, é claro, se fez de ofendida, batendo palmas de maneira sarcástica.— Agora você está se achando só porque está nos dando um teto?Ainda tentando manter a calma, respondi:— Não se trata disso. Mas eu não tolerarei desaforo debaixo do meu teto. E você sabe muito bem quando está sendo debochada e querendo me provocar.Micaela respondeu com desdém:— Não estou te provocando, mas olha só esse apartamento luxuoso. Quem é o bacana que está te bancando? Arrumou um velho rico, foi?Fiquei furiosa, mas tentei não perder o controle:— Respeite-me, Micaela, ou você vai se arrepender.Ela continuou, des