༺ Maribel Varrozzinni ༻Mais semanas haviam se passado e eu não tive nenhuma aproximação com Bryan. Foquei na minha fisioterapia e nos meus estudos. Enquanto terminava um exercício no hospital, meus pensamentos vagavam para ele.Já deve ter recebido alta, pensei, murmurando para mim mesma: “Por que não consigo esquecer esse homem? Por que Deus não arranca esse amor do meu peito?”— Maribel! — chamou Kemal, meu fisioterapeuta, tirando-me de meus devaneios. — Você precisa se concentrar nos exercícios.Estava tão longe que levei um susto.— O que você disse?— Estou dizendo para você se concentrar — ele repetiu, com paciência.— Desculpe, Kemal — respondi, voltando aos exercícios.Depois de um tempo, perguntei:— Quanto tempo você acha que vou precisar das muletas?— Isso leva tempo, Maribel. Depende muito da sua recuperação e do seu progresso.Suspirei fundo, continuando com os exercícios.— Não vejo a hora de voltar a andar normalmente.— Você está progredindo bem. Se continuar assim,
༺ Bryan Fernandes ༻Fazer fisioterapia se tornou uma tortura para mim. Depois do acidente, os médicos disseram que eu precisaria de sessões intensivas para recuperar as funções afetadas pelos traumas na cabeça.Hoje, estava na sala de fisioterapia com Murat, meu fisioterapeuta. Ele tinha aquele sorriso paciente e confiante que eu encontrava irritante e reconfortante ao mesmo tempo.— Vamos lá, Bryan. Concentre-se em seguir meu dedo com os olhos sem mover a cabeça, — ele disse, movendo o dedo lentamente de um lado para o outro.Suspirei, já irritado.— Murat, isso é impossível. Minha cabeça parece que vai explodir cada vez que faço isso.Ele continuou movendo o dedo, sem perder a calma.— Sei que é difícil, mas você está progredindo. É importante ser persistente.Bufei, tentando seguir o dedo com os olhos.— Não parece que estou progredindo. Parece que estou patinando no mesmo lugar.Murat parou o movimento e me encarou.— A recuperação leva tempo, Bryan. Você sofreu um acidente sério
༺ Maribel Varrozzinni ༻Encarei minha família sem saber como iria acomodar todo aquele pessoal. Minha irmã Micaela, com seu jeito debochado, foi a primeira a abrir a boca.— E aí, Maribel, como a gente vai ficar? Onde é que dormiremos?Respirei fundo, tentando manter a calma, e respondi, colocando Micaela no seu lugar:— Micaela, por favor, pare com as provocações. Eu não tolerarei mais isso.Ela, é claro, se fez de ofendida, batendo palmas de maneira sarcástica.— Agora você está se achando só porque está nos dando um teto?Ainda tentando manter a calma, respondi:— Não se trata disso. Mas eu não tolerarei desaforo debaixo do meu teto. E você sabe muito bem quando está sendo debochada e querendo me provocar.Micaela respondeu com desdém:— Não estou te provocando, mas olha só esse apartamento luxuoso. Quem é o bacana que está te bancando? Arrumou um velho rico, foi?Fiquei furiosa, mas tentei não perder o controle:— Respeite-me, Micaela, ou você vai se arrepender.Ela continuou, des
༺ Bryan Fernandes ༻Alguns dias tinham se passado e eu não aguentava mais esperar pela resposta do meu pai. Estava me arrumando para ir à casa de Maribel quando minha enfermeira, Rosa, entrou no quarto.— Ainda é cedo, Bryan. Você não pode se estressar devido ao acidente. Melhor desistir dessa visita — ela disse.— Tentarei me manter calmo — respondi, continuando a me arrumar em frente ao espelho.Então, meu pai entrou pela porta, com uma expressão séria.— Não acredito que você está querendo fazer isso de novo, metendo os pés pelas mãos — comentou, cruzando os braços.Suspirei fundo, olhando para ele enquanto abotoava a camisa.— Pai, eu não posso mais ficar esperando. Preciso conversar com Maribel e também quero ver o meu filho. Faz mais de seis meses que eu nem sei como ele está — respondi.— Larga de ser mentiroso. Você sempre está recebendo foto do garoto. Isso é desculpa porque você quer ver Maribel — disse meu pai, indignado.— Talvez seja um pouco, mas quero ver meu filho pess
༺ Maribel Varrozzinni ༻Continuo encarando Bryan com seriedade. Ele entrega o presente que comprou para Breno, e eu agradeço.— Espero que nosso filho goste. Comprei na faixa etária dele — ele comenta.O clima estranho se instala, e Vincenzo resolve quebrar o silêncio.— Fico feliz de ver que você voltou finalmente a andar — ele diz.— Foi um longo processo, mas graças a Deus estou conseguindo voltar à minha rotina normal — respondo.Vincenzo então pergunta:— Você não vai nos apresentar a sua família, Maribel?— Claro — respondo. — Esta é minha mãe, Vera, e meu pai, Alísio. E esta é minha irmã, Micaela. Meu irmão Matthew não está, ele saiu para procurar emprego.Bryan sorri e comenta:— Fico feliz que você esteja com sua família.Concordo com um aceno de cabeça, mas meu pai, não se contém.— Como vai ficar a situação de vocês? Ele tem um filho com você, Maribel — ele diz, olhando diretamente para Bryan.— Pai, não é o momento para isso — repreendo-o, tentando manter a calma.— Tudo q
༺ Bryan Fernandes ༻Eu me aproximo devagar, sentando ao lado de Maribel e segurando sua mão. Ela me observa sem dizer uma palavra, e tomo coragem para falar.— Maribel, não acha que já está na hora de acabarmos com isso? — pergunto, minha voz cheia de expectativas.Ela desvia os olhos por um momento, respirando fundo.— Não sei, Bryan. Minha vida está de cabeça para baixo ultimamente. Já não sei se somos mais inimigos ou amigos.Seguro seu queixo suavemente, fazendo-a me encarar.— Eu te amo demais. Quero ficar com você e com nosso filho. Por que não podemos ser uma família?Ela, ainda na defensiva, responde.— Não é tão simples assim. Existem outros fatores. Você sabe muito bem disso.— Que fatores? — insisto. — Aqueles que você cria na sua cabeça?Ela desvia os olhos novamente.— Não insista nisso, Bryan. Você sabe muito bem os motivos. Ainda tem muita mágoa envolvida.Faço ela me encarar novamente.— Se é isso mesmo que você quer, diga olhando nos meus olhos. Entenderei e vou te de
༺ Maribel Varrozzinni ༻Ainda observava Bryan, completamente perplexa. Havíamos conversado sobre voltarmos, mas não de nos casarmos. Como eu ia explicar isso agora para a minha família? E, principalmente, será que eu estava pronta para me casar com ele?Meu pai acaba tirando minha atenção de Bryan quando comenta, satisfeito:— Finalmente, você tomou atitude de homem e vai honrar as calças que veste.— Sim, dessa vez vou fazer as coisas da forma certa. — Bryan responde rapidamente.Minha mãe também se levanta, animada:— Ah, as coisas estão se acertando. Estou tão feliz por você filha!Micaela, de um jeito invejoso, responde:— Já não era sem tempo. Já passou da hora dela ficar fazendo esse doce todo.— Cala a boca, Micaela, e para de se meter na minha vida. — digo, com raiva.Micaela levanta furiosa:— Já estou de saco cheio de você ficar mandando eu calar a boca. Quem você pensa que é?— Sou a dona da casa e também da minha vida. Ao invés de se incomodar com a minha vida, deveria ter
༺ Bryan Fernandes ༻Entro no carro sorridente, sem acreditar que a conversa com Maribel tivesse dado tão certo. Enquanto me sento no banco do carona, meu pai percebe o meu sorriso radiante.— Finalmente se entendeu com a Maribel? — ele comenta.Balanço a cabeça, ainda em êxtase.— Sim, finalmente vou ficar com a mãe do meu filho, casar, e seremos muito felizes.— Vá com calma, filho. Não é assim, tudo tem o seu tempo. Por que tanta pressa?— Do jeito que a Maribel é impulsiva, pode mudar de ideia — respondo, preocupado.Meu pai cai na gargalhada.— Não se preocupe com isso. Tenho certeza de que ela não mudará. Ela te ama.Concordo com as palavras dele e pergunto:— Como o senhor está com relação a isso tudo?— Por que está falando sobre isso comigo? — ele pergunta, surpreso.— Porque sei que o senhor gosta dela, mesmo que não admita.Ele suspira, frustrado.— Sinto um carinho especial pela Maribel, mas sei separar as coisas. Esqueça isso. Além disso, estou interessado agora em outra p