༺ Bryan Fernandes ༻Encarava meu pai com os braços cruzados, irritado. Ele tinha um semblante sério, claramente não gostando da maneira como o olhava, mas eu não me importava. Precisava entender por que ele não havia avisado Maribel de que eu havia acordado.— Por que você não avisou Maribel que eu havia acordado? — perguntei, tentando controlar minha raiva.Meu pai suspirou fundo, claramente cansado.— Bryan, eu não quero começar outra briga com você. Só esqueci, acontece.Balancei a cabeça, sem conseguir acreditar na desculpa.— Já faz dois dias que acordei. Será que não podia tirar um minuto para avisá-la? Ela tinha direito de saber.Ele me encarou de um jeito cansado, repetindo a mesma desculpa.— Eu realmente esqueci. Estou com muito trabalho na empresa, acontece.— Não. Você não avisou porque ainda tem interesse na Maribel, não é?Ele ficou indignado e com raiva.— Preste atenção no que está falando! Maribel, eu só vejo como a mãe do meu neto.Discordei completamente.— Não conc
༺ Vincenzo Fernandes ༻Depois de uma noite turbulenta e a discussão desnecessária com Bryan, fiquei repensando muita coisa. Eu não tive coragem de admitir para o meu filho que estou completamente apaixonado pela Maribel. Talvez fosse a hora de esquecer um amor como o dela.Seria injusto da minha parte pedir para que o meu filho se afastasse dela e abrisse mão, no meio dos dois eu era apenas um intruso. Sei que Maribel é louca pelo Bryan, mesmo que ela não admita.Sentado à minha mesa no escritório, me peguei perdido em pensamentos. A voz da minha secretária me trouxe de volta à realidade por um momento.— Senhor Vincenzo, está tudo pronto para a reunião. Já podemos ir? — ela perguntou, mas novamente me perdi em devaneios.Ela me chamou novamente, desta vez com mais insistência.— Senhor Vincenzo?Olhei para ela, um pouco atordoado.— O que foi que você disse?— A reunião, senhor. Os acionistas estão esperando.Respirei fundo, tentando me recompor.— Já vou — respondi, endireitando a p
༺ Maribel Varrozzinni ༻Mais semanas haviam se passado e eu não tive nenhuma aproximação com Bryan. Foquei na minha fisioterapia e nos meus estudos. Enquanto terminava um exercício no hospital, meus pensamentos vagavam para ele.Já deve ter recebido alta, pensei, murmurando para mim mesma: “Por que não consigo esquecer esse homem? Por que Deus não arranca esse amor do meu peito?”— Maribel! — chamou Kemal, meu fisioterapeuta, tirando-me de meus devaneios. — Você precisa se concentrar nos exercícios.Estava tão longe que levei um susto.— O que você disse?— Estou dizendo para você se concentrar — ele repetiu, com paciência.— Desculpe, Kemal — respondi, voltando aos exercícios.Depois de um tempo, perguntei:— Quanto tempo você acha que vou precisar das muletas?— Isso leva tempo, Maribel. Depende muito da sua recuperação e do seu progresso.Suspirei fundo, continuando com os exercícios.— Não vejo a hora de voltar a andar normalmente.— Você está progredindo bem. Se continuar assim,
༺ Bryan Fernandes ༻Fazer fisioterapia se tornou uma tortura para mim. Depois do acidente, os médicos disseram que eu precisaria de sessões intensivas para recuperar as funções afetadas pelos traumas na cabeça.Hoje, estava na sala de fisioterapia com Murat, meu fisioterapeuta. Ele tinha aquele sorriso paciente e confiante que eu encontrava irritante e reconfortante ao mesmo tempo.— Vamos lá, Bryan. Concentre-se em seguir meu dedo com os olhos sem mover a cabeça, — ele disse, movendo o dedo lentamente de um lado para o outro.Suspirei, já irritado.— Murat, isso é impossível. Minha cabeça parece que vai explodir cada vez que faço isso.Ele continuou movendo o dedo, sem perder a calma.— Sei que é difícil, mas você está progredindo. É importante ser persistente.Bufei, tentando seguir o dedo com os olhos.— Não parece que estou progredindo. Parece que estou patinando no mesmo lugar.Murat parou o movimento e me encarou.— A recuperação leva tempo, Bryan. Você sofreu um acidente sério
༺ Maribel Varrozzinni ༻Encarei minha família sem saber como iria acomodar todo aquele pessoal. Minha irmã Micaela, com seu jeito debochado, foi a primeira a abrir a boca.— E aí, Maribel, como a gente vai ficar? Onde é que dormiremos?Respirei fundo, tentando manter a calma, e respondi, colocando Micaela no seu lugar:— Micaela, por favor, pare com as provocações. Eu não tolerarei mais isso.Ela, é claro, se fez de ofendida, batendo palmas de maneira sarcástica.— Agora você está se achando só porque está nos dando um teto?Ainda tentando manter a calma, respondi:— Não se trata disso. Mas eu não tolerarei desaforo debaixo do meu teto. E você sabe muito bem quando está sendo debochada e querendo me provocar.Micaela respondeu com desdém:— Não estou te provocando, mas olha só esse apartamento luxuoso. Quem é o bacana que está te bancando? Arrumou um velho rico, foi?Fiquei furiosa, mas tentei não perder o controle:— Respeite-me, Micaela, ou você vai se arrepender.Ela continuou, des
༺ Bryan Fernandes ༻Alguns dias tinham se passado e eu não aguentava mais esperar pela resposta do meu pai. Estava me arrumando para ir à casa de Maribel quando minha enfermeira, Rosa, entrou no quarto.— Ainda é cedo, Bryan. Você não pode se estressar devido ao acidente. Melhor desistir dessa visita — ela disse.— Tentarei me manter calmo — respondi, continuando a me arrumar em frente ao espelho.Então, meu pai entrou pela porta, com uma expressão séria.— Não acredito que você está querendo fazer isso de novo, metendo os pés pelas mãos — comentou, cruzando os braços.Suspirei fundo, olhando para ele enquanto abotoava a camisa.— Pai, eu não posso mais ficar esperando. Preciso conversar com Maribel e também quero ver o meu filho. Faz mais de seis meses que eu nem sei como ele está — respondi.— Larga de ser mentiroso. Você sempre está recebendo foto do garoto. Isso é desculpa porque você quer ver Maribel — disse meu pai, indignado.— Talvez seja um pouco, mas quero ver meu filho pess
༺ Maribel Varrozzinni ༻Continuo encarando Bryan com seriedade. Ele entrega o presente que comprou para Breno, e eu agradeço.— Espero que nosso filho goste. Comprei na faixa etária dele — ele comenta.O clima estranho se instala, e Vincenzo resolve quebrar o silêncio.— Fico feliz de ver que você voltou finalmente a andar — ele diz.— Foi um longo processo, mas graças a Deus estou conseguindo voltar à minha rotina normal — respondo.Vincenzo então pergunta:— Você não vai nos apresentar a sua família, Maribel?— Claro — respondo. — Esta é minha mãe, Vera, e meu pai, Alísio. E esta é minha irmã, Micaela. Meu irmão Matthew não está, ele saiu para procurar emprego.Bryan sorri e comenta:— Fico feliz que você esteja com sua família.Concordo com um aceno de cabeça, mas meu pai, não se contém.— Como vai ficar a situação de vocês? Ele tem um filho com você, Maribel — ele diz, olhando diretamente para Bryan.— Pai, não é o momento para isso — repreendo-o, tentando manter a calma.— Tudo q
༺ Bryan Fernandes ༻Eu me aproximo devagar, sentando ao lado de Maribel e segurando sua mão. Ela me observa sem dizer uma palavra, e tomo coragem para falar.— Maribel, não acha que já está na hora de acabarmos com isso? — pergunto, minha voz cheia de expectativas.Ela desvia os olhos por um momento, respirando fundo.— Não sei, Bryan. Minha vida está de cabeça para baixo ultimamente. Já não sei se somos mais inimigos ou amigos.Seguro seu queixo suavemente, fazendo-a me encarar.— Eu te amo demais. Quero ficar com você e com nosso filho. Por que não podemos ser uma família?Ela, ainda na defensiva, responde.— Não é tão simples assim. Existem outros fatores. Você sabe muito bem disso.— Que fatores? — insisto. — Aqueles que você cria na sua cabeça?Ela desvia os olhos novamente.— Não insista nisso, Bryan. Você sabe muito bem os motivos. Ainda tem muita mágoa envolvida.Faço ela me encarar novamente.— Se é isso mesmo que você quer, diga olhando nos meus olhos. Entenderei e vou te de